domingo, 9 de fevereiro de 2014

Livro: SÓ PARA LEMBRAR

Olá.
No momento em que escrevo, o 30º Rodeio Crioulo Internacional de Vacaria – RS, o maior evento de tradicionalismo gaúcho da região Nordeste do Rio Grande do Sul, está chegando ao seu fim.
E, aproveitando a ocasião, hoje vou falar de livro. O livro escolhido hoje é sobre Vacaria. E se chama SÓ PARA LEMBRAR – VACARIA EM FOTOS, de Adhemar Pinotti.

O autor do livro é uma das figuras mais proeminentes da cidade de Vacaria. Nascido em Bom Jesus, residiu de Vacaria de 1953 a 2012 – atualmente, se não estou enganado, reside em São Paulo, SP. Advogado, ex-vereador, e nas horas de folga historiador. Um de seus três filhos, Endrigo Pinotti, além de advogado e empresário, é um reconhecido cartunista (aliás, Vacaria tem três cartunistas reconhecidos nacionalmente: Endrigo Pinotti, Ronaldo Cunha Dias e Eloar Guazzelli). Ele manteve, por mais de dez anos, uma coluna semanal no jornal Correio Vacariense, de Vacaria, RS, chamada Só Para Lembrar, onde contava histórias da história de Vacaria e publicava fotos históricas da cidade. Só Para Lembrar também era o nome do programa de rádio que ele também mantinha, até 2012, na Rádio Esmeralda de Vacaria. Já o seu blog, o Só Para Lembrar, apesar de estar desatualizado, continua ativo: http://adhemarpinotti.blogspot.com.br/
Bem. Foi derivado do programa de rádio e da coluna semanal do jornal que Adhemar Pinotti produziu o livro, publicado em 2011 pela Gráfica e Editora Lorigraf, com o patrocínio da Prefeitura Municipal de Vacaria e de diversas empresas locais. Na ocasião, Vacaria completara 161 anos de sua emancipação política (foi em 1850 que o então povoado de Vacaria foi elevado à categoria de Vila, e emancipada do município de São Borja).
Pinotti, como historiador, havia feito história em 1995, quando fez uma revelação sobre um dos maiores símbolos municipais de Vacaria, a Catedral Nossa Senhora da Oliveira. Até esta data, a versão aceita pela historiografia local era que o Frei Pacífico de Bellevaux e o Frei Efrem de Bellevaux, capuchinhos que tanto fizeram pela saúde e pela educação do município no início do século XX, foram os autores, em 1907, da planta da catedral em estilo neogótico. A eles, atualmente, se atribui a construção e as modificações no projeto. Foi revelado, na coluna do Correio Vacariense, que na verdade a planta da catedral Nossa Senhora da Oliveira foi encomendada da Alemanha, pelo Frei Teófilo de Villards.
A Catedral Nossa Senhora da Oliveira foi construída de 1910 a 1930, e abriga a imagem de Nossa Senhora da Oliveira, uma imagem da Virgem Maria encontrada por volta de 1750, nos Campos de Cima da Serra.
Bem, se eu ficar contando aspectos da história de Vacaria, vou, certamente, ficar me estendendo muito. Mas o básico é o seguinte: Vacaria é conhecida como “Porteira do Rio Grande” por fazer parte da principal rota dos tropeiros, os cavaleiros que levavam e traziam gado de Sorocaba, SP, principal ponto de venda de gado para o restante do país. Vacaria também foi a cidade onde se instalou a primeira estação rodoviária do Brasil, em 1939. E onde se realiza, de dois em dois anos, o Rodeio Crioulo Internacional, desde 1958. E é, até onde sei, a segunda maior cidade produtora de maçã do Brasil, com pomares quilométricos, mantidos por grandes empresas, que anualmente, na época da safra, empregam milhares de pessoas da cidade e de outras cidades. Cultura que foi introduzida em meados da década de 1970. Ah: e também comporta a até recentemente única obra construída do arquiteto Oscar Niemayer no Rio Grande do Sul, a Casa do Povo, interditada em 1998 e reaberta em 2012.
Bem. No livro de 380 páginas, Pinotti publicou milhares de fotos históricas de Vacaria, entre fotos grandes, pequenos retratos e reduções de fotos grandes para o tamanho médio 3x4. Ele inicia, nas primeiras páginas, com um prefácio, alguns trechos de obras historiográficas sobre a história de Vacaria e uma cronologia da evolução histórica da cidade, além de transcrições de documentos históricos. Só aí parte para a seção de fotos, organizadas por temas: Abastecimento, Aeroporto, Arquitetura, Arte, Bustos, Café, Cemitérios, Cinemas, Comércio, Comunicações, Desfiles, Educação, Empresas, Escritores, Esportes, Extrema, Fazendas, Hotéis, Instituições Bancárias, Instituições de 1922, Moinhos, Neve, Obras Municipais, Política, Pontes, Praças, Prefeituras, Presidentes da República que visitaram Vacaria, Repartições Públicas, Saúde (onde entra o Hospital Nossa Senhora da Oliveira, nossa principal instituição de saúde), Segurança, Símbolos Municipais, Sociedade, Religião (incluindo, claro, fotos da Catedral N. Sra. Da Oliveira e de sua planta baixa), Templos Maçônicos, Tradicionalismo, Transportes, Vista Aérea de Vacaria, Vacaria – Ontem e Hoje e Variadas. À parte humana – os habitantes da cidade – são reservados os capítulos A Raça Vacariana, Cidadania Vacariense, Destaques da Sociedade de 1924 e Sociedade. Alguns temas, com subtemas – Educação, por exemplo, com os subtemas Colégios e Universidades, Colégio São José (atualmente, colégio Bom Jesus), Formaturas e Professores; e Política, com os subtemas Políticos, Prefeitos e Intendentes, Presidentes do Legislativo – 1935 a 2010 e Legislatura de 1935 a 2010. Pelos temas, dá pra notar que as fotos variam entre visões de construções municipais, paisagens, retratos, recortes de jornal... fotos do início do século XX até hoje. Ah: todas as fotos são em tons de cinza - o livro ficarias mais caro se fosse colorido.
No capítulo sobre Artes, Pinotti reserva espaço para falar de três artistas: o pintor Antônio Rigotti, o mais prolífico pintor de telas do município, e os cartunistas Endrigo Pinotti e Ronaldo Cunha Dias. Ele ignorou Eloar Guazzelli (que, dentre outras obras, adaptou para HQ a peça O Pagador de Promessas de Dias Gomes e o romance A Escrava Isaura de Bernardo Guimarães – esta, com roteiro de Ivan Jaf).
O livro não é muito diferente de obras similares de história, onde se resgata a história de cidades através de fotos, ilustrações, enfim, de fontes históricas figurativas. Através da análise de fotografias antigas, podemos aprender muito mais sobre história do que com os documentos comuns, oficiais, escritos. É com isso que historiadores lidam continuamente quando vão escrever a história de suas cidades.
O que conta a favor do livro de Adhemar Pinotti é que até 2011 não tínhamos um livro, até onde sei, exclusivo para fotos e documentos figurativos sobre Vacaria. Algumas fotos, as mais atuais, tiradas pelo próprio Pinotti. As mais antigas vieram de arquivos públicos e privados, cedidas a título de cortesia.
E, sendo uma edição local, é mais fácil de procurar em livrarias e bancas de revista da cidade e região de Vacaria. Ou pedir mais informações para o próprio autor, no endereço aampinotti@gmail.com. O preço normal da edição é R$ 60,00.
Canções de nossa terra.
Para encerrar, vou deixar aqui dois desenhos meus de obras públicas de Vacaria. O primeiro já foi publicado aqui, um desenho da Casa do Povo, que fiz na ocasião do falecimento de Oscar Niemayer.
O segundo, inédito, é uma igreja. Não é a Catedral de Nossa Senhora da Oliveira. É a Catedral de Nossa Senhora de Fátima, localizada no bairro de mesmo nome, afastada alguns quilômetros do Centro da cidade. É a igreja com a arquitetura mais moderna do município, como vocês podem ver nesta modesta representação pictográfica... Fiz, como sempre digo, o melhor que pude para ser o mais fiel possível ao original.
E a “Copa do Mundo dos Rodeios” vai chegando a seu final, com recorde de público. Agradecimentos a todos que compareceram a Vacaria, RS, para prestigiar este evento. Agora, só daqui a dois anos, pessoal.
E é isso aí, gurizada.
Até mais!

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