Olá.
Hoje,
vamos falar de quadrinhos? Vamos! De quadrinhos do Brasil? Vamos!! De Graphic MSP? VAMOS!!!
Como
todo mundo já deve estar ciente, desde o final de 2012, os Estúdios Maurício de
Sousa, responsáveis pelos quadrinhos de Turma da Mônica, mantém um selo de
graphic novels, o Graphic MSP, onde
autores consagrados reinterpretam, a seu modo, personagens clássicos da casa.
E, até agora, temos visto trabalhos de excelente qualidade – os artistas
escalados não querem decepcionar apenas ao Maurício de Sousa, à editora Panini
e ao editor geral das publicações, Sidney Gusman, mas também ao público. Por
isso, todas as tramas tem excelentes roteiros, excelentes desenhos, grande
quantidade de referências ao universo de Maurício de Sousa e à cultura pop em
geral... enfim, cada álbum anunciado e que chega ao mercado já se torna um
verdadeiro evento nerd do Brasil. É a série Graphic
MSP limpando a barra do há muito tempo mal falado quadrinho brasileiro.
Bão, vamos rememorar: em outubro de 2012, veio o primeiro álbum, Astronauta – Magnetar, de Danilo Beyruth e Cris Peter. Em maio de 2013, o segundo, Turmada Mônica – Laços, de Victor e Lu Caffaggi. Em agosto de 2013, Chico Bento – Pavor Espaciar, de Gustavo Duarte. E, em novembro de 2013, fechando o primeiro ciclo da série, Piteco – Ingá, de Shiko. Todos pela Panini, casa editora dos quadrinhos de Maurício de Sousa desde a segunda metade da primeira década de 2000. Ainda no final de 2013, os novos álbuns da série foram anunciados. Os próximos contemplados do universo MSP serão: Bidu, por Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho; Papa-Capim, por Marcela Godoy e Renato Guedes; Turma do Penadinho, por Paulo Crumbim e Cristina Eiko Yamamoto; e Turma da Mata, por Artur Fujita, Greg Tocchini, e Davi Calil. Além disso, Astronauta e Turma da Mônica ganharão novos álbuns, continuações dos primeiros, respectivamente por Beyruth e os Caffaggi. Esses foram os nomes anunciados no final de 2013.
Bão.
Mas o projeto já começou a enfrentar percalços: Greg Tocchini, que iria cuidar
do álbum da Turma da Mata, se
desligou do projeto. Foi anunciado, no início desta semana, que Roger Cruz foi
escalado para substituir Tocchini. E que, no início de 2015, o Louco vai ganhar seu próprio álbum, por
Rogério Coelho.
Well.
O próximo álbum do projeto vai ser Astronauta
– Singularidade, de Danilo Beyruth, a continuação de Magnetar. Pois agora, no final de agosto, já chegou o primeiro
álbum deste segundo ciclo: BIDU – CAMINHOS, de Eduardo Damasceno e Luís Felipe
Garrocho.
OS AUTORES
Os
mineiros Damasceno e Garrocho despontaram há pouco na cena dos quadrinhos
brasileiros. Os dois trabalham juntos desde 2007, mas antes disso já seguiam
seus próprios caminhos (Damasceno nasceu em Formiga, Minas Gerais, formado em
Produção Editorial, e desde 2001 vive em Belo Horizonte, onde atua na área da
publicidade; já Garrocho é natural de Belo Horizonte, formado em História, teve
diversos empregos antes de assumir o ofício de quadrinhista e desde 2013
administra oficinas de HQ). Em 2010, os dois criaram o site Quadrinhos Rasos (www.quadrinhosrasos.com),
onde fazem quadrinhos baseados em letras de músicas. Garrocho, entretanto,
também mantém o site de tiras humorísticas Bufas Danadas (www.bufasdanadas.com),
feitas no paint.
Ambos
se tornaram conhecidos a partir de 2011, quando lançaram o álbum Achados e Perdidos. O motivo maior:
trata-se do primeiro álbum de HQ brasileiro publicado através de crowdfunding (financiamento coletivo) na
internet. Depois da experiência bem-sucedida, os brasileiros passaram a colocar
projetos de HQ em sites como o Catarse, onde é o público quem colabora com a
publicação, em troca de brindes como exemplares da HQ em questão, materiais
extras... Graças a Damasceno e Garrocho, o quadrinhista nacional descobriu uma
maneira de contornar as dificuldades existentes de publicar HQ no Brasil.
Em
2013, a dupla voltou com outro álbum, Cosmonauta
Cosmo, parceria entre o selo Quadrinhos Rasos e a editora Miguilim. BIDU –
CAMINHOS é, portanto, o terceiro álbum publicado da dupla. Mas, até onde
pudemos apurar, Damasceno e Garrocho, ao contrário dos autores dos álbuns
anteriores, não participaram do projeto MSP
50, série de álbuns onde artistas homenageiam o trabalho de Maurício de
Sousa, lançados entre 2009 e 2011 – e que serviram de “porta de entrada” para o
projeto Graphic MSP.
E O BIDU, QUE LATE, LATE, TAMBÉM VIROU
CHOCOLATE
A
frase acima é de um dos mais grudentos jingles de produtos licenciados com a
Turma da Mônica – lembram daqueles chocolates que traziam os personagens da
turminha esculpidos em chocolate branco, em uma “moldura” de chocolate ao
leite? Não? Senão, deixem pra lá.
Quem
não conhece o cachorrinho Bidu? Afinal, ele é a própria mascote da Maurício de
Sousa Produções. E não apenas por ele ser o personagem mais antigo de Maurício
de Sousa. Ou melhor, um dos primeiros: junto com ele, nasceu o seu dono, o
menino-cientista Franjinha. Ou quase isso.
Os
dois surgiram em 18 de julho de 1959, no jornal Folha da Tarde, de São Paulo. O então repórter policial Maurício de
Sousa desenhava as tiras de forma vertical, sem palavras. No início, Franjinha
era apenas mais um menino arteiro das HQ, e o Bidu era apenas um cachorro
normal, que agia como um cachorro.
Aliás,
quando nasceu, o cachorro, inspirado em um cãozinho que o próprio Maurício teve
na infância, chamado Cuíca, nem nome tinha; ele foi escolhido através de um
concurso interno da redação da Folha da Tarde. Quem ganhou foi um colega
chamado Petinatti, que sugeriu o termo, que na época significava adivinhão,
esperto, sabichão.
Com
o sucesso das tiras, Bidu ganhou revista própria. Em 1960, Bidu e Franjinha
apareceram na revista Zaz-Traz, da
editora Continental; depois, Bidu ganhou um gibi próprio, pela mesma editora, que
durou oito edições. Um dos editores da Continental, Jayme Cortez, se tornaria
grande amigo de Maurício e trabalharia nos estúdios dele. De início, Bidu e
Franjinha ocupavam todo o gibi, mas, devido a uma sobrecarga de serviço por
parte de Maurício, que não conseguia mais produzir sozinho material para os
gibis e para as tiras de jornal, os personagens tiveram de dividir espaço com
outros personagens. E, diga-se de passagem, Bidu teve seu destino marcado pelo
mesmo motivo do Incrível Hulk: sua cor foi definida através de um erro da
gráfica. Originalmente, o Bidu deveria ser cinza, mas o cinza da impressão saiu
meio azulado. Portanto, Bidu se tornou um cachorrinho azul!
A
importância de Bidu para Maurício de Sousa foi tão grande que, quando o autor
criou o estúdio para a produção de HQs e tiras nos anos 60, inicialmente o
estúdio se chamava Bidulândia. Mas desde cedo ficou definido que Bidu seria a
mascote do estúdio.
E é
claro que, como tantos personagens do universo de Maurício de Sousa, sua
aparência, bem como a de seu dono, foi bastante retrabalhada, até chegar à
atual. Após a Mônica assumir seu papel como personagem principal, Franjinha foi
realocado como coadjuvante, tornando-se o menino cientista.
O
personagem tem basicamente três facetas. A primeira é a de um cachorro normal,
fazendo coisas de cachorro, como roer ossos, enterrar ossos, correr atrás de
varetas, fugir do banho (e consequentemente sofrer com as pulgas em seu pelo) e
das visitas ao veterinário, interagir com outros cachorros – paquerar as fêmeas
e brigar com os cães valentões – e fugir do homem da carrocinha. É aqui que
entram o Franjinha e um dos principais coadjuvantes de suas historinhas, o
cachorrinho Duque, grande parceiro de “atividades caninas” de Bidu. E é assim,
como cachorro normal, que ele interage com Franjinha, Mônica, Cebolinha e os
demais da Rua do Limoeiro.
A
segunda é a do nonsense: em diversas tiras, Bidu aparece conversando com
objetos inanimados, com piadas metalinguísticas – a mais notória “confidente”
do cachorrinho é a Dona Pedra, sendo que as conversas entre os dois é o ponto
de partida de diversas histórias do cachorrinho.
A
terceira faceta é a metalinguística: nesse ponto, Bidu anda com as duas patas
traseiras, fala e tem como principal preocupação tentar fazer com que as suas
historinhas aconteçam direito. O Bidu, aqui, age como um ator, um cineasta,
temperamental e que se irrita quando nada sai como o planejado. É aqui que
entra o cachorrinho Manfredo, o contrarregra de boné e macacão, que tenta
assegurar que tudo saia direito, correndo de um lado para outro, erguendo
cenários, negociando com a “equipe de produção”... nessas histórias, Bidu
brinca com o próprio modo de se fazer HQ. Esse universo assume características
próprias, praticamente descolado do restante do universo da Turma da Mônica.
Aah,
mas também, como falar no Bidu sem falar em Bugu, o cachorrinho amarelo e
redondinho? O “chatinho” personagem está sempre tentando roubar o estrelato de
Bidu nas historinhas, mas o mais que consegue é ser expulso pelo próprio,
geralmente com um chute no bumbum. Bugu foi criado pelo irmão de Maurício,
Márcio de Sousa, que definia o cachorrinho como seu alter-ego. A marca
registrada de Bugu é o seu bordão de entrada: “Alô, Mamãe!”, e o de saída,
“Tchau, Mamãe!”.
As
histórias longas de Bidu, publicadas nos gibis de linha da Turma da Mônica,
sempre brincam com todos esses aspectos. Principalmente as histórias
metalinguísticas. Numa das melhores, a turma do Bidu recria, ao modo Maurício
de Sousa, a trajetória dos Beatles, com Bidu no papel de Paul McCartney, Duque
como Ringo Starr, Manfredo como George Harrison e Bugu como John Lennon. Ah:
quando a onda do momento era o “mago mascarado” Mister M, aquele que ganhou
notoriedade revelando segredos dos mágicos, foi criado um personagem, Mister B,
que revelava ao público alguns segredos dos personagens das HQ. Embora suas
formas fossem as do Bidu, em uma história, foi revelado que sua identidade
secreta era... o Bugu!!!
Com
o tempo, novos personagens foram adicionados ao universo do cachorrinho, como
os cães Zé Esquecido e Rufius e a prima Biduzete. Bidu também interage com
Floquinho, o cachorro do Cebolinha, e Monicão, o cachorro da Mônica. E com o
Mingau, o gato da Magali, e Chovinista, o porquinho de estimação do Cascão, é
claro.
O ÁLBUM
Bem,
agora vamos falar do álbum de Damasceno e Garrocho.
BIDU
– CAMINHOS propõe reimaginar o modo como Bidu e Franjinha se conheceram. Todo
mundo sabe como o álbum vai terminar, mas o mais importante é como vai se
chegar a esse final feliz.
Antes
de tudo, é preciso dizer: não se trata de um álbum de leitura fácil. Até porque
tem poucos momentos realmente com palavras; a maior parte do álbum é puramente
visual. Já explico.
O
álbum transpira, em todas as suas páginas, melancolia, ternura e sentimento,
mas com momentos calculados de humor. Como o próprio título do álbum entrega, a
trajetória do cachorrinho até conhecer o seu dono é cheia de percalços e
desencontros. Durante esta trajetória, Bidu interage com outros personagens de
seu próprio universo – participam dessa trajetória Bugu, Duque e Rufius. O
buldogue valentão é um personagem relativamente recente, logo não são muitos
que o conhecem de fato. Até a Dona Pedra marca presença, em um breve momento do
álbum. Esqueçam o Manfredo – todos os personagens caninos da história são
cachorros mesmo, mais perto do lado animal.
Mas
o álbum também é cheio de metalinguagem dos quadrinhos. Como eu disse, os
momentos com palavras são poucos – assim como em Chico Bento – Pavor Espaciar. Apenas os humanos falam com palavras.
Já os cães se comunicam através de ícones – seus balões de fala são preenchidos
com desenhos, e fica a cargo do leitor interpretar o que eles estão falando,
através dos desenhos explicativos – na base do “entendeu ou quer que eu desenhe?”.
Não é um recurso novo em histórias em quadrinhos, só é raro. Cada personagem
tem suas falas com balões personalizados: Bidu fala com balões amarelos – e
Bugu também; os de Duque são rosados; e os de Rufius, azuis-escuros e em
negativo, como plantas de projeto de arquitetura. Às vezes, os balões entram um
dentro do outro, ou “batem” em personagens. Damasceno e Garrocho brincam com o
recurso dos balões como nenhum outro autor faz hoje em dia – já falei que eu
acho o balonamento de HQ por computador e a fonte Comic Sans, muito usadas
pelos quadrinhistas da atualidade, uma patifaria? O computador, em BIDU –
CAMINHOS, entra só para colocar as letras, onde devem ser colocadas as letras,
e na colorização dos desenhos.
E
tem mais. Não só os balões: Damasceno e Garrocho também brincam com as
onomatopeias – as palavras que imitam sons, para quem não sabe. Eles não apenas
desenham-nas à mão, como as fazem “interagir” com os personagens, ou mesmo se
incorporar aos acontecimentos. Por exemplo: o “roonc” do estômago de Bidu que
se prende ao seu corpo como uma algema; o “cabrum” de um trovão que bate em sua
cabeça; o “sblosh” do personagem caindo na água que se mistura à coroa formada
pela água. E por aí vai.
Os
desenhos são quase simples, de tão estilizados. Não tem grandes detalhes
minuciosos. E: os desenhos, assim como o roteiro, foram feitos a quatro mãos.
Todas as etapas do trabalho foram feitas por Damasceno e Garrocho, em condições
igualitárias, sem diferença de estilo de um e outro – roteiro, desenho,
arte-final, cores. Como eles devem ter discutido até chegarem a esse resultado:
afinal, cada momento da história só passava se um ou outro aprovasse.
Dessa
maneira, BIDU – CAMINHOS se torna uma HQ diferenciada de qualquer outra
produzida nos dias de hoje – uma HQ mais visual que feita para ler. Quadrinhos
como ninguém mais se arrisca a fazer hoje em dia. Eu disse que não era de
leitura fácil, já que ela depende demais das imagens. E também não é fácil
descrever o álbum em palavras. Só virando suas páginas para entender.
O ENREDO
Estou
devendo o enredo do álbum, certo? Tá legal.
Como
eu disse, BIDU – CAMINHOS reimagina o modo como Bidu e Franjinha se conheceram.
O menino começa a história reclamando com a mãe que quer ter um cachorro – o
sonho de todo menino em algum momento da vida. E já começa a traçar esquemas
para obter esse cachorro.
Já
Bidu começa o álbum como um cachorro de rua comum: vagabundeando pelas ruas,
catando ossos, invadindo quintais para tomar água, e fazendo da carcaça de um
automóvel, largada em um terreno baldio, o seu abrigo. Nem nome tem ainda. E
assim, ele vive feliz. Até trava uma conversinha com a “Dona Pedra”. Uma voz em
off vai dizendo, ao longo da história, em “como conheci meu melhor amigo”. Não
se sabe de quem é a voz, nem de quem ela está falando, já que os vários
encontros que Bidu estabelece, com diferentes personagens, dão diferentes
interpretações a essa voz.
Bem.
O primeiro “encontro aleatório” de Bidu é com o Bugu, que “assalta” o abrigo do
cachorrinho. Claro que Bidu expulsa o cachorrão amarelo – e o maior desejo
deste é simplesmente ocupar a carcaça de automóvel. Atentem, leitores: num
detalhe do cenário, o bordão “Alô, Mamãe” aparece.
Depois
desse encontro, quando Bidu parece tranquilo, outro cão aparece para perturbar
sua paz: o enorme e feroz Rufius. Na briga de Bidu e o buldogue, o cachorrinho
azul sai muito machucado: se deu mal. Pouco depois, ele acaba capturado pela
carrocinha – meio que por vontade própria. E lá, ele está feliz em receber
abrigo, comida... até que Rufius é capturado, e vai para o canil. O que deixa
Bidu apreensivo.
No
canil, Bidu acaba conhecendo Duque. Este está ali porque se perdeu de sua dona
– foi capturado enquanto ele e a menina brincavam de esconde-esconde. De
repente, Rufius resolve oprimir o próprio Duque, e Bidu resolve intervir para
ajuda-lo. Bidu e Duque acabam apanhando, e, enquanto são medicados, já traçam
planos para fugir da carrocinha. De repente, eis que Rufius invade a
enfermaria, e escapa através do tubo de ventilação. Mas, como o buldogue está
preso em uma focinheira, ele resolve permitir que Bidu e Duque venham com ele –
em troca de libertá-lo da focinheira.
Durante
a fuga pelos esgotos da cidade, os três discutem. Bidu é o que está mais
desconfiado sobre Rufius, enquanto Duque confia nos planos do buldogue. Aí,
chega o momento de tensão: num acidente em um dos túneis, Rufius fica preso aos
corrimões do passadouro pela focinheira; Duque machuca a pata ao tentar
ajuda-lo; mas Bidu resolve tirar o corpo fora.
Bidu
volta a seu abrigo no terreno baldio. Mas não está feliz como deveria. Chove
torrencialmente, e ele começa a sentir os efeitos da solidão e do remorso.
Duque e Bugu olham enviesado para ele. Aqui, fica mais evidente a importância
do trabalho de cores de Damasceno e Garrocho: nas cenas iniciais, o mundo é
mais colorido, as cores são quase chapadas, mas com os devidos tons de
sombreamento; nas cenas de solidão de Bidu, sob a chuva, há uma perda de cores,
os tons são mais frios, simbolizando que a coisa está “preta” para o
cachorrinho.
São
várias páginas de sofrimento para o cachorrinho até que os remorsos crescentes
o façam deixar de lado o egoísmo e voltar aos esgotos para ajudar Rufius. Bidu
arrisca a vida para salvar a do buldogue, que por pouco não morre afogado nos esgotos;
mas, no fim, com a ajuda de Duque e Bugu, os dois deixam as diferenças de lado
e se salvam. Bidu acaba aprendendo a confiar mais nos outros – e a repensar
suas decisões, até mesmo deixar sua vidinha pacata para trás, beneficiando
outros, para achar o seu caminho.
E só
conhece Franjinha, e ganha seu nome, no final do álbum, graças a um plano
engenhoso do menino. Aliás, Franjinha avista o cachorrinho diversas vezes na
rua – já sentindo que esse seria o cachorrinho que ele quer – antes de resolver
que é ele quem vai encontrá-lo. É aí que entra uma caixa, que acompanha o
menino desde o início do álbum. Essa caixa faz eco à primeira tira dos
personagens, aliás, a de 1959.
Ah:
também fazem participações especiais no álbum a Mônica, o Titi e o Jeremias – estes
dois, os amigos mais “crescidos” do igualmente “crescido” Franjinha, já que
esses três são, no universo normal de Maurício, os personagens mais próximos da
adolescência. Antes que perguntem: para todos os efeitos, o Zé Luís, do mesmo
universo, já é adolescente. Não tanto quanto Tina e Rolo, mas Zé Luís já é
adolescente. E porque falei no Zé Luís, afinal, se ele nem aparece em BIDU –
CAMINHOS? Deixem pra lá.
Desse
modo, BIDU – CAMINHOS tem tudo para se tornar o melhor álbum, até agora, de
toda a série Graphic MSP. Tem
potencial até para superar Turma da
Mônica – Laços, o melhor do primeiro ciclo da série.
Como
todos os álbuns, BIDU – CAMINHOS inclui: as páginas com os bastidores da série,
relatando até as técnicas usadas pelos autores; o histórico do personagem
retratado, incluindo a tira onde apareceu pela primeira vez; biografia dos
autores; um posfácio de um artista convidado – o de BIDU – CAMINHOS foi escrito
pelo quadrinhista Lelis – e duas opções de capa e preço: capa dura, a R$ 29,90;
e capa cartonada, a R$ 19,90.
Nestas
eleições, Maurício de Sousa para presidente do Brasil! Eduardo Damasceno e Luís
Felipe Garrocho para governadores de Minas Gerais! (mas quem vai ser o
governador, e quem vai ser o vice?)
Para
encerrar, tudo o que tenho é mais um trecho de uma sequência inédita de tiras
de minha personagem Letícia. Já fiz isso uma vez, colocar tiras da Letícia
acompanhando um texto sobre as Graphic
MSP. E o que seria mais apropriado agora?
Letícia,
caso não saibam, é uma tira totalmente artesanal, desde que comecei a produzir
tiras dela. Toda feita a mão – desenhos, balões, texto, cinzas. O computador só
entra na hora de escanear as tiras desenhadas. Noutro momento, eu conto os
bastidores da confecção das tiras com mais detalhes. Agora, fiquem com mais um
trecho do arco “A princesa do bilboquê”, ainda sem previsão de terminar.
Inclusa, também, a tira número 600 da série, publicada recentemente. Letícia,
portanto, já é a série de tiras mais duradoura de Rafael Grasel.
Confiram
mais tiras em http://leticiaquadrinhos.blogspot.com.br/. E
não se esqueçam: em outubro, este blog também completa anos! Aguardem!
Até
mais!
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