Quinze dias depois, entra no ar um novo episódio de meu folhetim ilustrado adulto, MACÁRIO.
O episódio anterior foi o mais violento até agora: esta semana, apresentamos o mais bizarro. E, desta vez, não teremos sexo.
AVISO: Leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém cenas de vômito, constrangimento, terror, vampirismo e maus tratos a animais.
Meu corpo dava uns sinais esquisitos, mas
procurei ignorar enquanto andava, tranquilo, pelo campus da faculdade. As
agulhadas no pescoço e a sensação de peso no estômago não deviam ser nada...
grave.
Jantar no restaurante universitário. Até
aqui, a rotina seguia como se nada grave houvesse acontecido. Eu não matei uma
garota... Não posso ser condenado por um crime cometido nos sonhos. Não neste
plano de realidade. É este o plano de realidade onde vivo, respiro e estou
agora andando, não aquele onde empurrei uma garota pela janela... Uma garota
que se transformou em pantera e tentou me matar. E que, portanto, se matei, o
fiz em legítima defesa. Ih, ih, ih!
A revolta no estômago de antes passou depois
de um minuto. Não era nada... Talvez precise começar a tomar um daqueles
iogurtes reguladores de digestão. Ou começar uma dieta, sei lá. Acho que devo
começar a comer mais comida saudável, mais frutas, legumes... isso de viver
vida de solteiro, comendo muita comida pronta, daquelas que é só aquecer, não
fazia bem para a saúde... E isso que, antes de sair de casa, ingeri só pão com
manteiga e café com leite!
Até que fiz uma boa refeição. Agora, a
caminho da aula...
Nesse momento, o meu celular novo, em meu
bolso, começa a tocar. Olho para o visor, mas não aparecia o número, apenas:
“(privado)”, assim, entre parênteses. Ainda assim, atendo – pode ser gente
conhecida, e ainda não passei os números de meus conhecidos para a agenda
interna do aparelho...
Digo “alô?”, mas ninguém falou. O único som
que fez foi uma espécie de apito, um som agudo, que poderia ser provocado por
alguma interferência magnética. Desse jeito, eu não conseguiria ouvir quem
estaria querendo falar comigo. Desliguei depois de alguns segundos naquele som
agudo. Ponho o celular no bolso e sigo meu caminho.
Mas aí, na porta do edifício do curso de
Medicina, comecei a sentir uma sensação esquisita... Uma vertigem... Um
enjoo... Um peso no estômago... Um trancar na garganta... Urgh... Urgh...
Entrei correndo no prédio do curso. Como um
raio, corri para o banheiro masculino mais próximo. Procurei um vaso sanitário
desocupado – oh, que bom, não havia mais ninguém ali, no banheiro – me apoiei
sobre ele... e vomitei.
Vomitei tudo o que havia comido há poucos
minutos!
Que sensação mais desagradável. Fazia tanto
tempo desde que tive uma indisposição estomacal pela última vez...
Saí do banheiro muito grogue, me sentindo um
tubo de pasta de dente espremido.
Oh, céus... só faltava isso... após a
tristeza e a incerteza de estar vivendo uma realidade ou um sonho, uma
intoxicação alimentar por causa da refeição do RU. Não é meu dia.
Mas como isso, de repente?
- Macário?
Ouço uma voz feminina a meu lado, assim que
saio do banheiro. Uma voz que eu podia facilmente reconhecer.
- C... Créssida?!
Era mesmo ela, me olhando com preocupação,
por trás dos óculos.
- Macário, o que você tem?
- Que tenho o quê?! – tentei ser antipático,
mas não consegui.
- Está pálido! E está com uma péssima
aparência!
- Eu?!
- Você, sim...
- C... Créssida... eu... acho que foi a
comida do RU... me fez mal...
- Uau... Mas não pode ser, Macário! Eu também
jantei no RU e não estou sentindo nada errado... a comida estava até
deliciosa...
- Mas pra mim fez mal...
- Macário, você está bem?
- Eu... eu estou... eu só estou fraco. Só...
só preciso... de água.
Ali perto havia um bebedouro. E comecei a
beber, beber e beber. Bebi freneticamente, enchendo meu estômago. Só queria que
o jato de água do bebedouro fizesse a água jorrar com mais abundância. Quanto
tempo será que passei bebendo, até ouvir Créssida perguntar novamente:
- Macário, insisto! Você está bem?!
- Eu... – comecei a falar, depois que me dei
por satisfeito. – Eu já me sinto melhor...
- Puxa, Macário! Talvez seja melhor você não
assistir à aulas hoje... Talvez seja melhor você procurar um médico no
hospital... Olhaí, você está até verde!
- Eu estou?! N-não, Créssida, eu estou bem
agora, é sério! Eu posso assistir à aula de hoje... Eu... eu...
Aquela revolta no estômago voltou! E acabei
regurgitando toda a água que bebi... em cima do corpo de Créssida! Com a água
também vieram uns restos de comida que não haviam saído do meu estômago.
- Aargh, Macário!!! – gritou Créssida,
acudindo a roupa molhada. – Isso não teve graça!!!
- Créssida... – tentei falar, com um fio de
mistura de água e saliva escorrendo de minha boca. – Me... me desculpa... eu
não queria... eu...
De repente, senti uma agulhada dolorosa, e
uma sensação de queimadura em meu pescoço. Bem na parte das marcas de mordida!
- AAARRRGH!!! – acabei gritando e caindo no
chão, tal a intensidade da dor.
- Ma-Ma-Macário!! P-pare já com isso,
Macário!! Você está me assustando!!! O que você tem?! – gritava Créssida.
- Eu... Eu não sei! Meu pescoço!! Está
doendo!!! Me ajuda, Créssida!!!
Voltei meu olhar em sua direção. E Créssida
deu um grito, soltando a pasta do curso no chão.
- Macário! MACÁRIO!!! NÃO! NÃO!!!
Ela apenas olhou para mim e fez uma expressão
de horror! Até caiu sentada no chão.
- Créssida!! Me ajuda!!! – tentei pedir, mas
ela estava tentando se afastar.
- Se afaste, Macário! Não chegue perto de
mim!!!
- Créssida! O que foi?! O que está havendo?!
Eu sentia uma furiosa contração nos meus
músculos faciais, e uma vontade de avançar logo para cima de Créssida, querendo
logo uma explicação para sua expressão de horror... Apenas estendi a mão,
gritando, com raiva:
- Créssida, diga o que está havendo!!
Agora!!!
E ela, quase chorando:
- NÃÃÃOOO!!! SE AFASTE!!!
- Créssida!!!
- AAAAAHHHHHHH!!!
- Ei, o que está havendo aqui?! – gritou uma
terceira voz.
Levantei o olhar: entre a assustada Créssida
e eu, ambos sentados no chão, estava um dos professores do curso, que devia
estar na sua sala e foi atraído pelos gritos.
- Mas que escândalo todo é esse?! – perguntou
o professor.
Créssida voltou a olhar para mim, e sua
expressão de terror se desfez. A sensação de dor no meu pescoço sumiu.
- Aaiii... – gemi, sentindo o alívio.
- Macário? – Créssida também pareceu ter se
acalmado.
- Alguém pode explicar o que está havendo?! –
insistiu o professor.
- Ungh... Professor... Eu... Eu acho que não
estou legal... – comecei a falar, já me sentindo mais aliviado, estranhamente.
– Uma indisposição estomacal, uma dor no pescoço...
- Sim, evidentemente você não está bem,
senhor Macário. – falou o professor, que fazia aquele tipo sisudo, que gostava
de chamar os alunos de “senhor”, “senhora”, “senhorita”. – Você evidentemente
não aparenta estar bem... Mas por que o senhor assustou a moça desse jeito?
- Eu assustei?! Eu... Hã, Créssida?! O que
aconteceu?!
Ela também levantou do chão, trêmula. Tirou
os óculos, sacou um lenço de um bolso e começou a enxugar a testa.
- Oh... professor, eu... oh, desculpe,
professor, o Macário começou a agir de forma estranha e eu acabei me
assustando... Sabe como esse rapaz é imprevisível, não?
- Mas que exagero, senhorita Créssida. –
disse o professor. – Tudo bem que o senhor Macário aqui não está em sua melhor
aparência, mas não a ponto de ele ter se transformado em um monstro ou coisa
assim...
- Eu... eu também não entendi o que houve com
ela... – falei.
Ela olhou para o professor com uma expressão
de “será mesmo?”. Claro que reparei, já conheço esse tipo de expressão. Mas o
que será que ela quis dizer?
- E o que aconteceu com sua roupa, senhorita
Créssida? Se molhou no bebedouro?! – continuou o professor, de olho na camiseta
molhada dela, o sutiã escuro transparecendo sob o tecido úmido, o que já estava
criando uma situação de constrangimento.
- N-não, professor... – interferi, rápido,
com a justificativa. – F... fui eu que... que vomitei água... em cima dela...
mas... mas foi sem querer, viu? Juro. Eu não quis... Eu vomitei há pouco o que
comi, depois bebi água, e... bem...
Ao redor, ainda havia provas incontestáveis:
poças de água regurgitada no corredor.
- O negócio parece muito sério mesmo. –
respondeu o professor. – Senhor Macário, faça o seguinte: o hospital é aqui
próximo, procure o médico. Veja com ele se você está em condições de assistir à
aula, peça uns exames se necessário, para avaliar sua condição. Eu poderia
examinar você, mas vou começar minha aula daqui a alguns minutos.
O professor também atuava como médico no
Hospital Universitário.
- Hum... es... está bem, professor. O... Obrigado.
V... Vou fazer isso. Acho que vou ter de fazer isso... Com a licença de vocês.
Obrigado.
E me virei e saí em direção à porta do
edifício. Felizmente não havia mais ninguém por perto para ter visto o que
aconteceu – e isso era estranho, na verdade, pois naquele horário começava a
chegar gente, em peso.
Estava com as pernas um pouco bambas, mas
conseguia andar. Já sentia a plena coordenação de meu corpo retornando, mas
também um vazio no estômago, e a garganta secando. Créssida me alcançou.
- Macário! Espere! Me deixe te acompanhar...
- Créssida. O... Olha, desculpa por eu ter...
Eu não quis vomitar água sobre...
- Não, Macário, está tudo bem... Digo,
felizmente, foi só água que você vomitou sobre mim... Pior se tivesse sido
comida, mesmo... Digo, uns pedacinhos de comida vieram no jorro, mas... Nenhuma
sujeira, hein?
- Argh... Agora... Pode explicar agora por
que você se assustou?
- Você, primeiro, explique direito o que
aconteceu, por que você está agindo desse jeito...
- Já disse, Créssida. A comida do RU não me
caiu bem, meu corpo não aceitou a água que tomei, e... ainda por cima, senti
uma dor no pescoço... bem aqui.
E apontei o ponto. Bem onde estavam as marcas
da mordida.
- Macário? Como assim, as marcas no pescoço
começaram a doer?
- Eu... eu não sei, Créssida, só senti como
se alguém tivesse encostado um ferro em brasa no meu pescoço. – falei com uma
leve rispidez. – Tem alguma coisa aqui na minha marca? Elas abriram? Vê pra
mim...
Créssida examinou o local.
- Não... nada errado. Só as cicatrizes. Acho
que a tua sensação de dor foi puramente psicológica, Macário...
- Será? Eu não sei explicar o que houve... Eu
acho que não sei explicar mais nada do que está havendo na minha vida...
- A mim isso ainda não aconteceu. Minhas
marcas não doeram, mas... mas eu acho que também estou sendo acometida por um
surto de loucura...
- Surto de loucura? Como assim?!
- Macário! Você... Eu devia estar delirando
naquele instante... tinha certeza que, na hora em que você teve a dor no
pescoço... você também estava se transformando em monstro!
- Eu?! – arqueei a sobrancelha.
- Sim, Macário! Eu tinha certeza que você
tinha... que você tinha se transformado... digo... o seu rosto estava virando o
de um... de... um morcego, Macário!
- Rosto de morcego?! – arqueei a outra sobrancelha.
- Com dentes e tudo, Macário! Estava feito um
Nosferatu!
- Nosferatu, eu?! Mas...!
Passei a língua pelos meus dentes, e não
sentia meus caninos crescidos e nem pontiagudos.
- Ahn... Macário. Acho que deve ser delírio,
mesmo. Acho que nós dois estamos tendo delírios sabe. Ou quem sabe... você é
que faz uma expressão horrorosa quando sente dores fortes, hein? – ela deu uma
risadinha amarela.
- Eu... estava tão horroroso assim, Créssida?
- Estava... de tanta gente que já vi
contorcendo o rosto de dor, você é que faz o rosto mais feio que já vi... ah,
ah... eu... Ah, Macário, desculpe... ultimamente também não ando muito certa da
cabeça, Macário. Ando tendo uns sonhos meio loucos... o maníaco mordedor ainda
está mexendo comigo, sinto como se ele fosse voltar... tenho feito umas
investigações por conta própria... tem aparecido mais gente por aí internada no
hospital com marcas de mordida... e não estou conseguindo tirar o menino aquele
da cabeça, sabe, o menino que arrancaram a orelha... e...
- Você...
- Mas não é coisa que realmente me preocupe,
Macariozinho, querido... – ela tentava rir, mas não estava conseguindo. – Eu
vou superar essa, Macário, claro que vou. Você que agora que precisa superar o
seu mal... Olha, eu deixo passar por agora, de você ter vomitado água em cima
de mim, de você estar fazendo meus seios aparecerem assim, por baixo da
camiseta, mas... – de fato, os seios de Créssida estavam muito evidentes sob o
tecido molhado, mas ainda bem que ela estava usando um sutiã grosso, com bojo,
que ajudava a esconder os bicos dos seios que, nesse momento, deveriam estar
intumescidos devido às emoções fortes. – Bem, vou ter de voltar pro meu
alojamento e trocar de roupa, vou ter de me atrasar para a aula para... (suspiro)
fazer o quê. Escuta, Macário, faça como o professor falou, procure um médico.
Vá para o hospital, converse com o doutor. E não tente fugir.
- É, Créssida, talvez você esteja certa...
eu... vou fazer como você está recomendando. Obrigado. Espero que, além de um
médico para tratar de meu problema digestivo, também não precise de um
psiquiatra... – suspirei, e depois foi minha vez de dar um meio sorriso: – Ah, mas
se eu faço uma cara horrível quando estou com dor, você faz muito escândalo
quando está assustada. O que você grita, hein?!
- Eu?! Macário!...
E, rindo, nos afastamos. Ela foi para outra direção.
A descontração ajudou a me distrair do que eu
sentia, mas, quando me vi sozinho, a fraqueza e o reviramento no estômago
voltaram. Andava muito cambaleante. Estava fraco, continuava fraco. Será que
vou conseguir chegar ao hospital?! Preciso ver o médico... preciso contar o que
está havendo... preciso...
O celular toca novamente. Atendo: é o mesmo
número “(privado)” de novo, mas, do outro lado da linha, apenas aquele estranho
som agudo. Desligo.
Quem quer que seja, será que você não se
toca?! Por que não fala logo quem é e o que quer?!
Consegui chegar próximo à entrada do
hospital. Continuava fraco, mas para dar entrada acho que ainda tenho forças...
Próxima à porta do hospital universitário, havia
uma vending machine, uma máquina
automática de guloseimas, ao lado de uma de refrigerantes. Tem muita gente que
costuma pegar lanche dessas máquinas no caminho da faculdade, uma conveniência
oferecida ali... Acho que preciso mesmo é colocar algo no estômago, testar meu
corpo antes de procurar o médico. Meu organismo não estava agindo
corretamente...
Com algumas moedas de meu bolso, consegui
pegar um saco de batatas fritas da máquina. Vai servir...
Mas não consegui comer. Por algum motivo, eu
punha a batata frita na boca, mastigava, engolia... e acabava cuspindo
imediatamente, mesmo mastigando bastante. Come, Macário! Engole logo essas
batatas! Chegou um ponto em que nem engolir eu conseguia mais. Argh! Ei, o que
está havendo que essas batatas, de repente, ficaram com um gosto ruim?! Não
estariam estragadas, estariam?! Mas onde já se viu, colocarem produtos
estragados na vending machine?!
- Macário?!
Olho para o lado. Maura. Com a roupa de
enfermeira e os olhos arregalados.
- Maura. Cof!
- O que está fazendo aqui? Por que não está
no curso? Digo, é hora do seu curso, não é?
- Maura, eu... cof, cof... – tossi, cuspindo
batatas. – Eu acho que estou doente...
- Pelo jeito sim, Macário... Mas olha só o
que você fez, Macário. Que sujeira, Macário! Desaprendeu a comer salgadinho,
cara?!
O chão estava coalhado de restos de batata
frita cuspida.
- Eu estava tentando comer batata frita e não
consigo! Cuef! Olha... eu como e... – tentei comer uma batata frita diante de
Maura, mas acabei cuspindo. Tentei mais duas vezes, mas não deu certo. Maura
até se afastou para o lado.
- Puxa, Macário!!! – Maura me olhou com
expressão de nojo. – Logo aqui, na frente do hospital?!
- Urgh... O que está havendo comigo? Cof,
cof... Primeiro vomito tudo o que comi, depois vomito toda água que bebi,
depois meu pescoço dói... cuof! E agora... Eu... eu... Maura... tem algum...
Cof, cof! Algum médico disponível aqui no hospital?!
- Ter, tem, Macário, mas... Você... você está
legal?
Estranhamente, senti meu sangue ferver... Mas...
Mas não é óbvio?! Precisava fazer essa pergunta, Maura?! Precisa de óculos,
agora?!
- Claro que NÃO!!! – gritei, rispidamente. –
Não está vendo que eu NÃO estou legal, sua...?
- Macário?! IAAAAAHHHHHHH!!!
Foi a vez de Maura fazer uma expressão de
horror e gritar, assustada.
- Maura?!
- Socorro!!! – e Maura saiu correndo. –
Monstro!!!
- Maura!! Volta aqui!! O que é que está...
está...
Meu rosto se volta para uma vidraça do
hospital. E levo um grande susto: refletido na vidraça, estava um rosto
realmente assustador, uma carranca de morcego. Aquele... aquele... sou eu?!
- IAAAAHHH!!! – foi minha vez de gritar. E de
sair correndo, cobrindo o rosto.
Corri sem direção, a mochila em minhas costas
balançando perigosamente, prestes a rasgar. Não prestei atenção na direção que
corri, só procurava evitar as pessoas que passavam por mim. E cobria o rosto.
Não! Não!! Não me olhem assim! Não olhem!!!
Não vejam no que eu me transformei!!!
Quando finalmente achei um local onde não
havia gente ao redor, recobrei a consciência. Eu estava em um beco, na cidade.
Não faço ideia de como vim parar aqui, mas eu já não estava mais no campus
universitário, disso sei.
Olho em redor: o local é conhecido, fica a
caminho do bar. Na verdade: era o mesmo beco onde enfrentei os cães demoníacos
duas vezes.
Respirei fundo. E saí de lá. Tocando meu
rosto, eu não sentia as feições monstruosas nos meus dedos. Passando a língua
de novo pelos dentes, não senti os caninos pontiagudos. Ali, perto de mim,
havia uma janela, com a cortina fechada. Olhei pela vidraça: oh, eu conhecia
aquele rosto. Esse aí é o Macário que eu realmente conhecia há anos. Claro que
é. Esse Macário não tem cara de homem morcego. Tem cara de homem humano. Esse é
o Macário que conquistava mulheres toda semana. Mas esse Macário não está legal
agora. Está com intoxicação alimentar, fraco, com delírios, e longe de um
hospital. Mas o que esse Macário pode fazer agora? Se nem comer ele consegue?!
Não... Não pode ser. Não é possível que...
que... passadas algumas semanas desde que fui mordido por um suposto vampiro...
os sintomas de vampirismo já estejam se manifestando! Mas por que só agora?
Tentei lembrar-me do que sabia a respeito de
vampiros na literatura que já consumi: vampiros só bebem sangue, não conseguem
ingerir comida. Então é isso?! Vou ter de me nutrir de sangue, agora? É só isso
que meu organismo aceita nesse momento?!
Não!!! Não concordo com isso! Nem pensar!
Com as pernas bambas, fui andando a esmo
pelas ruas. Sentia fome, muita fome. Nunca antes na vida me senti tão faminto.
Mas prefiro morrer desnutrido a chupar sangue! Isso é certo! Nada de sangue!
Nem de gente e nem de animais! Não! Eu não estava virando vampiro! Não, não
estava! É só indisposição digestiva! Tenho de ir ao hospital... um médico...
um...
O celular toca pela terceira vez. O mesmo
número que não quer se identificar. E, quando levo o aparelho ao ouvido... o
mesmo ruído agudo. Já estava começando a me irritar. Mas esperei um pouco, ver
que de repente o gaiato do outro lado da linha falava... mas não falou. Nem
mesmo quando falei “alô”.
Desliguei, e recomecei a andar... meu olhar
começou a ficar turvo... uma pontada de dor em minha testa... eu já não
prestava mais atenção ao caminho... Só consigo pensar na minha fome... ooh, mas
que fome... que sede... que fraqueza... que... que...
De repente, ouço um ruído, e meu olhar volta
ao foco. E olho ao redor, apreensivo.
Por alguma razão, eu voltei ao mesmo lugar: o
mesmo beco! Mas ainda era fim de tarde, não escureceu completamente, o
restaurante ao lado já estava em atividade, dava para ouvir os ruídos vindos da
porta, mas a lâmpada ainda não estava acesa... Mas já havia lixo nas
lixeiras...
E o lixo já havia atraído ratos.
Minha consciência saiu de foco novamente.
Aahhh... sangue, sangue...
Olho para a lixeira mais próxima, já havia um
rato procurando comida no lixo, distraído.
Olhei apreensivamente para aquele rato. Será
que...
Não, Macário, resista! Rato não! Não aquele
ratinho inocente... Mas... aahhh, eu não posso resistir... Sangue...
O instinto venceu a razão. Mas demorei para
perceber.
Não sei explicar como: tudo o que sei é que,
antes mesmo de o rato olhar para mim, eu consegui pegá-lo com uma das mãos. E,
com a ajuda da outra mão, levei o rato, que guinchava e se debatia, em direção
à minha boca... e... cravei meus dentes nas costas do roedor, rasgando sua
carne... e...
Minha mente praticamente apagou para o que
veio a seguir. Meus ouvidos apagaram ante o guinchar do rato, que morria
devagar. Só sentia que meu corpo estava finalmente aceitando, e se nutrindo com
uma benéfica proteína, que estava me devolvendo as forças perdidas... com uma
substância suculenta, ao mesmo tempo líquida e sólida... nutritiva... de sabor
distinto... de... de...
E eu quero mais... e aqui ainda tem mais... os
outros ratos começaram a fugir, mas fui mais rápido... como um gato, avanço
sobre o rato... venha cá, você... sluuurp...
E os ratos corriam por todo lado, sem saber
para onde correr, aí foi fácil pegar mais um... você também não vai fugir...
sluuuurrrp...
Quando recobrei a consciência, eu já me
sentia melhor. Muito melhor. A fraqueza havia passado. Foi como se tivesse
tomado uma vitamina de frutas depois de uma sessão de ginástica. Mas...
Ao meu redor... A lâmpada do beco estava
acesa, permitindo vislumbrar o que aconteceu.
A meus pés, havia dois ratos mortos, só pele
e osso, com grandes cortes no corpo, praticamente esvaziados, como caixinhas de
suco.
Na minha boca, um sabor de metal... um sabor
de... sangue!
Oh céus! Não me digam que...!
Olho na minha mão: um terceiro rato morto,
esvaziado, pingando o resto de sangue que lhe sobrava.
Passo a mão pela minha boca: havia sangue
nela.
Oh não!!! Não me digam que... que eu... eu...
...Eu chupei sangue de rato!!!
Olho ao redor, e cruzo meu olhar com um
rapaz... o empregado do restaurante que estava levando o lixo para fora... e
agora estava paralisado, com um olhar incrédulo.
Ele... ele viu?! Ele me viu chupando sangue
de rato?!
Faço um movimento... e o rapaz rapidamente
entra, assustado, para dentro do restaurante, e fecha a porta.
E eu não esperei aparecer mais ninguém. Saí
correndo.
Corri pelas ruas sem direção.
Quando dei por mim, já estava mais escuro, os
postes de luz acesos, e eu estava diante de um prédio em construção, ainda não
concluído. Não havia capataz próximo, e havia uma parte caída na cerca de
arame, criando uma passagem facilmente devassável, então, foi simples para eu
entrar ali e me abrigar, ou melhor, achar um canto, em uma das futuras salas do
edifício, me recostar em uma das paredes mal caiadas, sentar sobre o chão cheio
de pedrinhas de cimento endurecido... e chorar.
Essa não... agora, sim, a vida que eu amava
chegou ao fim! Eu agora sou um vampiro! Há poucos minutos suguei sangue de
rato... Recobrou parte de minhas forças, mas isso é tão desumano! E o pior é
que tinha uma testemunha!
Pela minha mente, passavam memórias. Tentava
lembrar de tudo o que havia aprendido sobre vampiros, vendo filmes e lendo a
coleção de livros de terror de meu pai, e mais os que eu havia lido na
escola... Houve uma época na vida em que cheguei a me interessar por histórias
de vampiros, mas foi muito passageiro. Tive de priorizar a literatura mais
“séria” por conta do vestibular, e a literatura escapista teve de ficar de
lado.
Mas, bem, parece que o que eu estou sentindo
agora bate com as descrições, nem sempre unânimes, de diversos escritores para
explicar como se dá a transformação de uma pessoa em vampiro. Estou sem
conseguir comer ou beber? Checado. Só recuperei minhas forças quando suguei
sangue do primeiro ser vivo que achei? Checado. Aversão à luz solar? Bem, ainda
não confirmado, afinal, já anoitecera, não de todo, mas o que sobrava do sol
era insignificante para me afetar.
E agora, qual será o próximo passo? Decerto,
eu também começarei a despertar sentidos aguçados – visão noturna, olfato
apurado, audição também apurada. E depois, acho que vou ter de arranjar um
caixão para servir de cama... Trocar minha cama por um caixão... E depois, o
que vou dizer para os meus pais? Pelo menos viverei muito mais anos que eles...
mas também vou começar a assistir as pessoas queridas morrerem enquanto
ultrapasso mais de cem anos, com a mesma aparência... Mas será que, mesmo como
vampiro, vou conseguir atuar como médico?
As coisas estavam acontecendo depressa
demais. Mas eu tinha uma certeza, agora: nesse momento, sou um morto vivo. Um
monstro. Um sanguessuga.
Mas, aah, se eu pego aquele vampiro
desgraçado! Eu... eu consegui ver, parcialmente, na noite passada, o rosto do
desgraçado! Agora sou capaz de reconhecer aquele... aquele...
Mais uma vez, o celular toca. Pego, é aquele
número não identificado novamente. Será que devo atender?
Não... vou deixar tocar até desligar.
Quando o telefone silenciou, me ocorreu uma
coisa: ei, os sintomas de vampirismo que manifestei começaram depois que escutei
aquele ruído vindo do celular. Podia ser isso! Pensando bem, o ruído lembrava
um apito de alta frequência, como os usados para treinar cães. O apito deveria
ter sido calibrado para que humanos pudessem captar o som. Comecei a passar mal
após o jantar no RU depois que ouvi o apito; depois, não consegui comer as
batatas e fiz uma cara de Nosferatu quando ouvi o apito novamente; e, na
terceira vez, eu ataquei os ratos no beco. Um novo sintoma deve se manifestar
se ouvir aquele som novamente... Mas... Mas como isso? Por que o vampirismo
está sendo ativado com um som de alta frequência? Será que eu fui hipnotizado
sem perceber, e tive a mente condicionada, de acordo com as teorias de Pavlov? Minha
mente foi condicionada para apresentar reações a partir de um apito de alta
frequência?! Mas como...? Quem teria...?
O celular toca novamente. O mesmo número. Fico
receoso. Devo atender? Não. Deixo o celular desligar. O que de fato aconteceu.
Não. Não vou atender celular nenhum. Aliás,
acho que não vou mais sair desta construção. Não me animava sequer a voltar
para casa. O certo era que, de agora em diante, acho que não vou mais poder me
encontrar com ninguém. Afinal, agora sou um monstro. Nenhuma garota vai querer
sair comigo se descobrir que agora sou um vampiro. Mas e se eu não contar para
as garotas que... não. Aí depois vou sugar o sangue delas e...!
Que maníaco mordedor que nada, Créssida... é
um vampiro legítimo quem mordeu a mim, a Valtéria, você, a Loreta... Então,
deve ser questão de tempo até que vocês também manifestem sintomas de
vampirismo, e passem a morder pescoços... como eu! Que vocês acabem se tornando
maníacas mordedoras! Chorei de novo.
Não! Nada de pescoços... humanos! Se é sede
de sangue, então que seja exclusivamente de sangue de animais. Tem muitos
vampiros que fazem assim para que possam andar em sociedade, sem serem
percebidos por...
O celular toca novamente. Mas, desta vez,
apareceu um número diferente: 846163648. Ah, afinal! Aquele número era
conhecido... mas de onde mesmo?
Atendi. Porém, do outro lado da linha, apenas
aquele estranho ruído. Desligo, irritado, a ponto de jogar o celular na
parede...
Mas, desta vez, o ruído me afetou para valer:
a pontada no pescoço voltou, acompanhada de uma dor de cabeça, que me fez me
contorcer. Não consegui segurar o grito.
As dores passaram depois de um minuto. Um
longo e agonizante minuto onde senti as piores dores já sentidas na vida. Na
cabeça, foi como aquela pontada que todos sentem ao tomar um sorvete depressa
demais, mas amplificada dez vezes. No pescoço, foi como uma flecha trespassando
a pele, a traqueia, o esôfago... a partir da marca da mordida.
Respirando forte, agora, deitado no chão
frio, poeirento e cheio de “espinhos” – na verdade, pedrinhas de cimento seco,
comuns em construções – via o mundo rodando, uma estranha espiral de cores rodando
acima de mim, aumentando minha vertigem... e agora eu aguardava que aparecesse
alguém. Talvez o vigia da obra agora apareça e queira explicações. Ele pode ter
ouvido meu grito e já estava procurando a fonte... Vai ser minha primeira
vítima humana... ah, ah. Já podia sentir o gosto de sangue humano... Sangue...
A sede de sangue voltava, enquanto as
espirais coloridas sumiam pouco a pouco do meu campo de visão.
Sangue... aah, apareça alguém logo...
Ouvi passos vindos do corredor, cujo som
aumentava à medida que se aproximava de onde eu estava deitado.
Passos leves, de bicho. Oh, um animal. Também
vai servir...
Parece que mais um sintoma de vampirismo se
manifestava agora: meus sentidos começaram a ficar aguçados. Minha audição
estava ficando mais amplificada, podia sentir. Conseguia distinguir agora de
que bicho se tratava. Pelo cheiro... é um cachorro vadio. Espere: há mais cães
vindo para cá. Não é um único cão, são... parece que são sete.
Venham, venham logo, cãezinhos... Deixem-me
livrar-lhes do sofrimento de terem de viver nas ruas, sem dono... não vai
doer...
Mas, quando os cães apareceram diante de mim,
tomei um susto.
Eram... os cães demoníacos!
Rosnantes, ameaçadores, e dispostos a brigar
e não fugir se eu resolvesse gritar.
Me levanto depressa do chão, e vejo que eles
já preparavam o bote para cima de mim.
Já sentia que gritar não adiantaria. Vou ter
de enfrenta-los se quiser mais sangue para minha nutrição.
Tiro minha mochila das costas, jogo no chão e
me posiciono para o combate.
Vocês... aah, vocês causaram desgraças,
seus... não, não causaram, mas teriam causado se eu não tivesse espantado
vocês, demônios. Aah... por causa de vocês, tive noites de sexo... mas algo me
diz que não posso deixar vocês vivos...
Contei sete cães, e agora estes estavam
dispostos ao desafio.
O que parecia ser o alfa da alcateia começou
a me olhar de uma maneira estranha, e, estranhamente, eu estava conseguindo
entender o que ele estava “falando” com aquele olhar – como se eu conseguisse
ler sua mente.
Agora
vamos devorar você, “falou” o alfa com o olhar. Agora você está sozinho. Agora você não está
protegendo ninguém. Vamos comer, turma. Hoje o prato do dia é Macário... E ele
não vai nos assustar com seu grito. Tenta nos espantar com teu grito,
Macário... Ih, ih, ih... Diz pra gente passar e dar o fora... Grita “xô”...
Não,
demônios, eu não vou gritar, “falei” com o meu olhar agora. Eu vou é trucidar vocês para que não tentem
trucidar ninguém.
Você
é mesmo capaz disso, Macário? Mas que boa ideia,
eles retrucaram com seu olhar – até pensamentos eles conseguiam ler?
Desgraçados, demoníacos! Cães das trevas!
Que
boa ideia. Depois de você, prosseguiram, vamos atacar a sua garota. Aquela, que
íamos devorar àquela noite...
Geórgia?!
Essa não... Lembrei que a Geórgia havia
marcado um encontro comigo esta noite! Não!
A
Geórgia não, seus desgraçados filhos de uma... uma cadela!
Ah,
não! Ninguém ofende nossa mãe... ela está morta!
E o primeiro avança, rosnante, salivante.
Você
também estará morto!
Consegui segurar o cachorro no ar, pelo
pescoço. E já começava a estrangulá-lo. Ele pôs meio metro de língua para
fora...
Mas os outros começaram a avançar pelos lados.
E começou uma verdadeira luta por sobrevivência.
Fui mordido, senti dentes vindo em minha
direção, senti arranhões, senti minha roupa sendo rasgada.
Mas lutei.
Lutei e venci.
Não sei como, mas consegui.
Nesse instante, minha mente apagou. E me senti
tão lobo quanto aqueles lobos. Lutei, cravei dentes e unhas, apertei pescoços,
sem ter muita consciência... Enquanto também era mordido, cravavam-me unhas,
tentavam subir em meu corpo. Um de nós terminaria morto, e não seria eu... que
já estou morto, sou vampiro... e tenho poderes!!!
Também mordi, e suguei sangue.
A luta terminou rápido.
E, quando recobrei os sentidos, eu estava
triunfante. Até soltei um grito.
Eu que terminei a luta vivo! VIVOOOO!!!
Estava arranhado, machucado, a roupa rasgada
em muitos pontos e suja de sangue e poeira de construção, mas ainda em meu
corpo. Senti sangue em minha boca. Senti sangue em minhas mãos. Passei a língua
em meus dentes: ah, agora sim sinto os caninos pontiagudos. As mordidas que
levei não foram profundas, pois foram dadas nas partes em que eu usava roupas.
Mas conseguiram abrir rombos na calça, no casaco, na camiseta. Mas eu estava
vestido. E me sentia na plenitude de minhas forças. Aah, o sangue de cachorro
demoníaco era tão nutritivo quanto o do rato!
À minha volta, três cães mortos. Não foram
feitos em pedaços. Mas também tiveram pescoços quebrados, ossos quebrados,
sangue sugado. Os outros cães sobreviventes fugiram.
Eu estava mudando. Eu me sentia mais
poderoso, agora.
Eu sou um vampiro! Tenho poderes! Tenho agora
muita força, agilidade, sentidos aguçados... Basta agora manter o nível de
sangue em dia!
E não vai ser problema para mim, agora, viver
essa vida: eu já levava uma vida noturna, então, agora só preciso levantar
algumas horas mais tarde para...
Ah, vou pensando nisso pelo caminho... vou
sair daqui agora antes que alguém veja o resultado da chacina que provoquei:
três cães mortos!
E, pegando a mochila e o celular do chão,
ganhei a rua do mesmo jeito que entrei no local.
Talvez, como vampiro, agora, fique mais fácil
para eu localizar o vampiro que me transformou nisso. Ele vai ter de aparecer,
pelo menos para me ensinar alguns segredos da vida de vampiro. De acordo com a
literatura dos vampiros, é assim: um vampiro mais experiente precisa orientar o
vampiro novato em sua nova existência, ou ele se tornará um reles selvagem, e
ameaçará o segredo da existência dos vampiros.
Esta noite não vou para o bar... vou é
barbarizar.
Aah, que trocadilho, ah, ah!
Ali próximo daquela construção, havia um
prédio com gente morando. Procurei uma vidraça fechada. Encontrei uma com a
cortina fechada por dentro. Ia servir: eu tenho que ver meu rosto, se não
sofreu nenhuma alteração...
Não sofreu. O rosto ali refletido era o já
conhecido rosto de Macário, só com o cabelo desgrenhado, com sangue nos cantos
da boca, e, ferido e com a roupa rasgada, parecia um mendigo.
Não era rosto de morcego. Parecia ainda o
Macário quando costumava ser humano. Acho que aquela aparência monstruosa só se
manifestava em momentos de raiva. Ou talvez fosse só um delírio. Um delírio que
Créssida e Maura compartilharam... Bem, deve haver explicação para isso,
também. Que vou procurar com o vampiro que agora vai ter de me treinar. Me
aguarde!
Próximo episódio daqui a 15 dias.
Até agora, como a série está? Assustadora o bastante? Bizarra o bastante? Deve continuar? Deve ser censurada? Não deve? Manifestem-se! Deixem um comentário...
E, por enquanto, é isso. Aguardem novidades. A bizarrice deve continuar no próximo capítulo...
Até mais!
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