Olá.
Esta
é a primeira postagem do ano.
Como
é de conhecimento de muitos, costumo começar os meus anos fazendo um balanço
pessoal – tudo o que aconteceu no ano que passou, na vida deste redator.
Quantos blogueiros nesse momento estarão fazendo o mesmo que eu?
Só
adianto, até aqui, que este ano foi como os anteriores: não foi nenhum mar de
rosas. Foi como a vida da grande maioria dos cartunistas brasileiros. E isso
que pouco publico trabalhos impressos...
Bem.
De pontos positivos, o que teve em 2017:
-
Fiz uma viagem apenas, a Porto Alegre. Viagem que há muito tempo eu não fazia.
-
Continuo trabalhando no Museu Municipal de Vacaria, RS, e recebendo salário em
dia;
-
Meu pai arranjou um novo emprego de mecânico;
- A internet
de casa foi substituída – saiu a linha de banda larga, entrou uma de wi-fi;
- Na
primeira metade do ano, comprei mais livros e revistas;
-
Meus dois sobrinhos mais novos, que ocupam grande parte das preocupações de
minha mãe e das minhas, passaram de ano;
-
Meu sobrinho mais velho passou no vestibular;
-
Publiquei pouco – foram três contribuições para gibis do Benjamin Peppe, do
amigo Paulo Miguel dos Anjos, mas foram participações bem importantes;
- Compareci
em reuniões de pessoas ligadas à cultura de minha cidade;
-
Assisti cursos sobre arte;
-
Pelo segundo ano consecutivo, cumpri o compromisso pessoal de não ficar sem
desenhar um único dia
-
Minha HQ folhetinesca, O Açougueiro, continua
obtendo feedback positivo nas redes sociais; e ainda estreei uma nova
empreitada artística, o folhetim ilustrado para adultos Macário.
De
pontos negativos:
-
Passei a maior parte do ano acumulando dívidas, pagando muitas contas em
atraso, e chego a 2018 ainda endividado, no vermelho mesmo, beirando o SPC;
-
Para pagar várias dessas dívidas, acabei criando mais dívidas – em outras
palavras, tive de fazer empréstimos;
-
Para tentar pagar parte dessas dívidas, precisei colocar à venda boa parte de
minhas coleções de livros e gibis – e ainda vou precisar fazer vendas para
contornar essa situação financeira. Acabei cortando em minha própria carne, em
suma;
-
Acabei envolvendo minha família, sem querer, nessa situação;
- Em
resumo, outro ano que enfrentei uma “momentânea crise financeira... que já dura
33 anos”, parafraseando o quadrinhista Lourenço Mutarelli;
-
Perdi mais um tio, para o câncer;
- O
emprego, devido ao pouco movimento, tem sido frustrante, e, até o momento, as
reformas no Museu ainda não foram declaradas terminadas;
-
Várias promessas de divulgação de meu trabalho não foram cumpridas;
-
Tive o coração partido muitas vezes: vários dos meus amigos à distância estão
envolvidos com político, e passaram a destilar seu lado mesquinho nas redes
sociais – como se a crise brasileira fosse culpa de uma única pessoa;
- A
linha nova de wi-fi não tem funcionado a contento – cai muitas vezes.
Inicio
2018 frustrado. Não sei como sair das armadilhas que armei para eu mesmo. E o
ano ainda está no quinto dia, no momento em que escrevo. Mas sigo com a
convicção de que a culpa pelos meus infortúnios é absolutamente minha, não do
governo.
Infelizmente,
neste ano eleitoral, o futuro ainda é uma incógnita – nenhum dos prováveis
candidatos à presidência parece confiável. N-e-n-h-u-m.
E
estou com dificuldades para confiar nas pessoas – levando em conta o que elas
escrevem nas redes sociais. Aquelas pessoas que você admirava, que você
acompanhava com atenção, de repente se transformam em trolls, assim que assumem
a posição do “Fora, Temer”, ou “Fora Marvel, Fora DC, Fora, Disney”. É isso que
tenho constatado. Os críticos do governo, infelizmente, demonstram ser tão
cruéis quanto seus alvos. Estão muito dispostos a eleger quem fará parte da "corja", que haverá de ser eliminada de nosso território nos próximos anos. E isso me faz ficar deslocado: “Fora, Grasel, coxinha
alienado”.
O
mundo das HQB é que tem sido o menos acolhedor, principalmente o independente.
Os quadrinhistas brasileiros se mostram pouco dispostos a se ajudarem, e a
ajudarem ao quadrinho nacional, como um todo. Só uns poucos parecem realmente dispostos a ajudar os quadrinhistas mais novos, que buscam uma oportunidade. O restante está mais preocupado com a política nacional e com o próprio trabalho, e, não raro, a condenar o trabalho alheio...
Isso
tudo, infelizmente, tem acentuado as tendências à misantropia que há anos me
perseguem. Me sinto mais calmo longe das pessoas – e me expresso muito melhor
escrevendo que falando pessoalmente...
Enfim.
Vejamos como transcorrerão os próximos dias a partir desta postagem.
Sério,
quero muito me mostrar agradecido pelo que tenho, pelo que mantive, pelo que
consegui conquistar. Mas, diante daquilo que me foi tirado, e daquilo que me
faz falta, está difícil manter alguma atitude de gratidão.
Mas
hei de manter os blogs da Rede Rafelipe ativos. Enquanto puder pagar pelo meu
material de desenho, e pela internet, e enquanto o scanner continuar
funcionando, estes blogs continuarão ativos. Ainda mais o Estúdio Rafelipe, que
em 2018 completa 10 anos de atividade, em setembro. Basicamente, a atividade
blogueira é o que tem me mantido mais motivado.
Continuem
acompanhando. É tudo o que peço aos amigos que tem nos acompanhado até aqui.
Aos meus... 17 leitores.
Veremos
como 2018 se portará...
Para
encerrar, começo o ano divulgando... fotos.
Eu
havia prometido, e hoje cumpro. Quando anunciei, no final de 2016, que ia
mostrar o meu diário de desenhos que eu ia manter em 2017, dentro do meu
compromisso idiota de desenhar todos os dias do ano... Bem. Nas fotos
seguintes, então, vocês podem ver esse diário (a capa desse caderno está no topo da postagem). Tudo o que desenhei em cada um
dos 365 dias de 2017. Houve dias em que só fiz um mínimo desenho em um minúsculo
pedaço de papel; e houve aqueles em que passei mais de seis horas por dia
desenhando. E fazer ilustrações para a série Macário contribuiu para manter essa disciplina.
E,
em 2018, o compromisso está mantido. No início de 2019, vai ter uma sequência
de fotos igual a esta. Podem anotar e depois cobrar se eu me esquecer.
Alguém
pode indicar um modo de aumentar o otimismo?
Até
mais!
Um comentário:
Força, cara. Acompanho seu blog. Fazia um tempo que não acessava. Você é um cara brilhante
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