segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

MACÁRIO - Capítulo 27: "As Tentações de São Macário - I"

Olá.
Hoje, o meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO, completa um ano de publicação quinzenal! Foi em 29 de janeiro de 2017 que o primeiro capítulo entrou no ar.
E, conforme avisado na postagem anterior, devido à efeméride ter caído em uma segunda-feira, a publicação da série, a partir do presente episódio, passará a ser às segundas-feiras!
E, sem mais delongas, o capítulo de hoje.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém insinuação sexual e de maus-tratos às mulheres.



Não teve sexo.
Pelo menos, até agora.
Mas nada ia impedir que tivesse, a qualquer momento.
Mas disposto eu não estava. Não com as coisas acontecendo assim, rápido demais.
Agora, aqui estou eu, em uma tarde que estava demorando para morrer, sentado em um sofá, com duas outras garotas me ladeando. Os três espremidos em um sofá de dois lugares.
Estava eu contando várias coisas à vampira Andrômeda, e sob o olhar na ninfa Âmbar.
Âmbar, de uma linda mulher, consegue se transformar em inseto, em louva-a-deus, então, não foi difícil para ela conseguir entrar no meu apartamentinho, através de uma fresta da janela do banheiro. E agora descobri que Andrômeda, de uma linda mulher, também consegue entrar em pequenos espaços, porque pode se transformar em morcego. Uma vampira que segue o velho clichê. Mas ainda era cedo para cobrar a explicação para a língua bifurcada.
Andrômeda foi quem me cobrou a explicação de muitas coisas. A explicação do que Luce havia feito comigo depois que conseguiu me tirar da mansão dele, enquanto o restante do pessoal discutia; a explicação do pacto que firmei com Luce; a explicação do que Âmbar e eu estávamos fazendo dentro daquele apartamento (tive de juramentar que não estava rolando sexo, de forma alguma, mas Andrômeda parecia não acreditar, visto que eu estava sem camisa). E a explicação do que vi quando vasculhei seu quarto, na tarde anterior.
Enfim. Haviam duas gostosas no meu apartamento, mas havia um clima de muita tensão.
Quando finalmente terminei de falar, Andrômeda parecia mais calma. Mas me dirigia um olhar de reprimenda.
- Então... foi isso que o Luce lhe propôs?
- Foi.
- Hum... De você passar a trabalhar para ele?
- E acho que você também. Afinal vocês são irmãos, certo?
- Sim... Hum... E tudo isso em troca de nossos... segredos?
- Sim.
- Hum. Eeee... hããã... – Andrômeda parecia estar pensando no que ia falar. – A Âmbar aí... só explicou a você sobre a natureza das ninfas, certo?
- S-sim... Das ninfas e dos... dos duendes-reis. É isso que o MC Claus é, não?
- E... hum... foi só isso?
Aqui, ela me dirigiu um olhar cortante. Na sua forma de morcego, havia flagrado nós dois se agarrando. Ou melhor, flagrado Âmbar me agarrando, porque a iniciativa não foi minha.
- Que mais você quer? – perguntei, tentando não transparecer meu medo. – Que eu peça desculpas se te chamei de gorda? Está bem, desculpe se eu falei que você, em relação à Morgiana, parece gorda... – falei, apertando os dentes.
Andrômeda corou, enquanto Âmbar deu uma risada.
- Me desculpe, sinceramente... – repeti, implorando com o olhar.
- Ah, Macário, nem precisava ter se preocupado com isso. – falou, dando um sorriso. Finalmente, um sorriso.
- Hein? – arregalo os olhos. Embora Andrômeda tivesse sorrido, isso não queria dizer alívio.
- Bemmm... eu sou, sim, ciente de que sou... hum... cheinha. – e apertou um dos “pneus” da cintura. – Difícil de acreditar que uma vampira também tenha os mesmos problemas com os carboidratos que um humano, não é mesmo? – e soltou uma risada. – Ah, mas é que os humanos gordinhos são os mais suculentos. Ok, tem os seus problemas, e... Bem, há o acúmulo de gordura sanguínea de...
- Você costuma, digo, vocês vampiros... – cortei, envergonhado. – Desculpe a indiscrição, mas vocês, vampiros, costumam chupar, em média, sangue de quantos... quantos humanos por dia?
- Bem... nós preferimos, atualmente, sangue de um humano por semana.
- Um por...
- O resto da semana nos nutrimos de sangue de animais. E esse não é difícil conseguir. Tem os abatedouros, açougues. E, depois que inventaram a geladeira, ficou melhor ainda. Bendito seja o século XX, neste fator.
- Ah, tá. – suspirei com um pouquinho de alívio.
- Você imagine como era nos séculos XVIII e XIX, quando não havia tais facilidades, ainda mais no Brasil, que sempre foi um país quente... Bom... Sangue humano é o melhor para nós, mas anda difícil conseguir boas amostras. Você, que estuda medicina, sabe que ultimamente o sangue humano anda muito contaminado. Medicamentos, drogas, gordura, colesterol ruim, álcool, vírus, poluição do ar que se espalha pelo corpo através das hemácias.
- Pois é... – concordei tristemente.
- Se não fossem nossos poderes vampíricos, nossa capacidade de bloqueio de algumas substâncias, ficaríamos sempre “chapados”... bem, há casos em que somos afetados pelas drogas que circulam no sangue humano... olhe meu caso... fui escolher logo um bêbado para sugar sangue... Aah... P(...) que pariu...
- Ei, e o que você disse sobre “um humano por semana”? – pergunta Âmbar. – E aquela menina de anteontem, não contava?
- Contou... – respondeu Andrômeda. – Mas é que eu estava com raiva. E quando tenho raiva eu mal consigo me conter... E tenho de... Ooh, aquele Luce sem-vergonha... aquele... aquele... Brás Cubas!!! – completou, rispidamente.
- Mas você usou a... – fui perguntando, mas parece que Andrômeda estava conseguindo captar meus pensamentos:
- Foi com a seringa, Macário. Suguei sangue do homem bêbado com a seringa. A marca nem vai aparecer no pescoço do homem. E duvida que ele vá lembrar do que aconteceu, pois evidentemente ele tomou um porre... Ainda bem que não estava de carro... A quantidade de sangue que a gente extrai nem ultrapassa a de uma bolsa de transfusão. E a mesma coisa com a sua amiga, aquela moreninha, Macário.
Não foi muito tranquilizador. Afinal, me fazer lembrar que tive de ver Andrômeda tirando sangue da Maura, minha amante?
- Quem vai ficar cheia de perguntas mesmo é aquela outra sua amiga moreninha. A que tem uma juba.
- Geórgia! – exclamei, aflito. – E... e como ela está, você sabe?
- Ela já saiu do hospital. – falou Andrômeda. – As três garotas saíram do hospital. Fiquei vigiando. Já foram todas para suas casas.
- A Créssida e a Maura... – foi perguntando, mas fui cortado:
- São esses os nomes delas? – pergunta Âmbar. – Geórgia, Créssida e Maura? Aquelas três moreninhas?
- Oh, são...
- Elas são muito bonitas, Macário. Você tem bom gosto. – falou a ninfa, sorrindo.
- Ah, que é isso. – corei.
- Sério, Macário, é dessas garotas que eu tenho tanta inveja... Elas são tão lindas e... morenas... e... você se preocupa tanto com o bem estar delas...
- Algo que é preciso se preocupar. – respondi. – Se algo acontecer com elas, eu posso ser responsabilizado, não?
- Vindo de um sujeito que, de repente, pode se revelar um taradão... Isso é tããão comovente, Macário... Você tem um bom coração, apesar de tudo... hmm...
E Âmbar já quis se abraçar em mim, mas Andrômeda interferiu. 
- Âmbar, não comece. – vociferou Andrômeda. – Bem, as três garotas já saíram do hospital, é o que importa. E, bem, não precisa se preocupar com as duas morenas do beco... elas não vão lembrar dos acontecimentos daquela noite. Pelo menos, da parte em que encontraram você na rua, todo estropiado.
- Você as hipnotizou?!
- Hum... Mais ou menos. Pelo menos a polícia não vai te procurar.
- Se você garante... – mas isso não me deixou aliviado. – Bem, a preocupação é com a Créssida, na verdade, pois ela está investigando o suposto “maníaco mordedor”.
- Não, é sério? Maníaco mordedor?! – ironizou Âmbar. – Aquele Luce e aquele Jorginho não sabem ser discretos...
- Isso também me preocupa. – falou Andrômeda. – Aquele Luce adora provocar confusão só pra se divertir. Eu sempre digo pra ele não enfiar as agulhas da seringa tão fundo, para não deixar marca, mas ele me ouve? Que nada... Fico preocupada agora é com a garota da juba. Aquela que é a Geórgia, não é? A garota a qual o Breevort está de olho.
- Sim...  – mas aí, me lembrei de algo: – Mas o que me preocupa é a natureza do Breevort...
- Como assim? – pergunta Andrômeda.
- Ué, você não conhece o Breevort melhor que eu?
- Como assim, Macário?! O Breevort é um dos mais boas-praças do nosso grupo! Pelo menos quando está diante de nós. Ele só não é muito chegado a uma higiene, mas...
- Pelo menos quando está diante de vocês, não? – pergunto, apreensivo. – Pois suspeito que tenha sido o Breevort quem tenha arrancado a orelha de um menino para presentear a Geórgia!
- O Breevort?! Não pode ser! Só se ele comete atos de violência na surdina! Porque eu sei que ele prefere descarregar sua raiva nos esportes! Ele pratica luta-livre, mas sempre corta as unhas antes de entrar no ringue... Ele não seria capaz de... de... ou seria? Afinal, quem mais anda com ele é o Flávio Dragão. Eles dividem um quarto, até onde sei, e...
- O Flávio Dragão?
- Talvez seja o Flávio Dragão, mesmo. Não o Breevort, mas o Flávio Dragão. Ora, ele não tem aquela aparência punk à toa, certo? Pelo que sei, esse sim é um arruaceiro. E está no grupo porque o Luce deixa. Mas o Flávio...
- O Flávio sabe se controlar. – interrompe Âmbar. – Eu conheço ele, Andrômeda, ele e o Claus tem negócios. Ele tem aquele jeitão de arruaceiro, mas ele sabe se controlar. Claro que sabe. Pelo menos diante de mim ele se comporta muito bem.
- Diante de você, Âmbar, qualquer um se comporta muito bem. – retrucou Andrômeda, de olho nos peitões da “rival”. – Claro, não é?
- Não está ajudando nada... – respondi. – Agora eu estou confuso...
Confuso mesmo. Andrômeda não conseguiu me convencer que Breevort não podia ser um tipo agressivo. Ele estava sempre presente com os outros “monstros”, e ela não prestava atenção nele?! Pensando bem, era um grupo grande, e não dava para prestar atenção em todo mundo. E, para um vampiro, um elfo negro não devia ser mesmo uma prioridade...
- Ah, Macário. Nos desculpe... – e Andrômeda me abraçou. – Desculpe se estamos mexendo tanto com a sua cabeça... Deve ser insuportável para você...
- Não se preocupe, meu amor... – Âmbar também me abraçou. – Ninguém vai te fazer mal. Não enquanto estivermos aqui, com você. Nenhum Luce sacana vai te submeter a sacanagens de...
- Você é muito especial para nós, Macário...
E ambas apertavam suas bochechas contra as minhas, uma de cada lado.
Aquele abraço duplo estava me sufocando, em vez de me deixar tranquilo. Eu podia sentir... a qualquer momento, ia ter sexo. Andrômeda não estava tão lúcida quanto queria que transparecesse... ela também queria sexo, eu podia sentir. Mas ela ia tentar tirar Âmbar de seu caminho primeiro.
- Meninas, eu... – falei, me desvencilhando, mas elas não deixaram que eu me levantasse.
- Aah, Macário... – falou Âmbar, com lágrimas nos olhos, me fazendo olhar em seus olhos. – Não vamos nos perdoar se você acabar morto, ou transformado em zumbi, ou pior, em carne moída, por negligência minha...
- Ou minha... – respondeu Andrômeda, puxando meu rosto para o seu lado. – Eu repito, Macário, você é muito especial para nós.
- Meninas, eu...
- Você é diferente... você se preocupa com as mulheres...
- Sim... você, Macário... eu acompanhei, sabe. Eu tenho acompanhado seus passos desde que o Luce sugou seu sangue, Macário... E eu vi, Macário, aah, Macário... – Andrômeda chorava. – Eu vi que você ficou tão triste, quando aquela garota fugiu do hospital e... e ela enlouqueceu... você esteve preocupado quando aquela garota enlouqueceu... e não foi saudável...
- Andrômeda, eu...
- Lembra, Macário, a loira que não bate bem da cabeça? Pois, sabe... o Luce sugou sangue dela também. Mas não podia prever que ela ia agir como uma... uma... bem... sabe... ela, sabe...
- Andrômeda... não me diga que é verdade que a Valtéria...
- É Valtéria o nome dela? – pergunta Andrômeda.
- Valtéria... – falou Âmbar. – Ela era tão linda, também, e... e... e loira...
- Bem, Macário, é verdade. É verdade... a Valtéria matou e canibalizou um bando de cães e gatos de rua! E se machucou seriamente no processo...
Oh, céus. Com os acontecimentos dos últimos tempos, eu até já esquecia do caso da Valtéria! E já me perguntava se ela já não estaria de volta à cidade. Faz quase duas semanas, três, não lembro direito quanto tempo, que não vejo mais nem Valtéria, e nem Viridiana, sua amiga.
- Só pode ter sido aquele safado do Luce quem influenciou a cabeça da coitada... que levou ela a fazer essa bobagem... Ela poderia ter morrido! Morrido! – Andrômeda deu um murro no braço do sofá.
- E... eu ia ser considerado o culpado! – exclamei.
- Não! – exclamou Âmbar, me puxando para si. – Você não, Macário! Ninguém pode culpar você!
- Mas e se culparem? Quem iria acreditar que ela foi influenciada por um vampiro a...?
- Ainda bem que só houve uma testemunha, Macário. – falou Andrômeda, me puxando para o seu lado agora. – E essa testemunha gosta de você.
- A Viridiana? – perguntei.
- É esse o nome da amiga da Valtéria? – pergunta Andrômeda.
- Viridiana... – fala Âmbar. – Ela também é tão linda... e aqueles cabelos dela, tão naturais, e sedosos... e...
- Âmbar, por favor. – pede Andrômeda. – Não é o momento de sentir ciúme das garotas humanas do Macário.
- Mas ele só sai com garotas bonitas, amiga... por que não posso invejar as garotas humanas?
- E por quê, amiga, se você é bem mais gostosa que todas elas juntas? – falou, com um sorriso irônico.
- Talvez porque... porque... aah, Macário... Por quê?!
- Por que o quê?! – perguntei.
Aquela situação estava ficando cada vez mais tensa. Eu, prensado em um sofá por duas gostosas, que me puxavam de um lado para outro, constantemente?! Estava garantido o sexo! Mas eu estava com medo, muito medo. Aquele pingue-pongue todo cortava todo o tesão que eu poderia estar sentindo naquela situação.
- Macário, me diz... aah, Macário... – Falou Âmbar, puxando os cantos de minha boca, e eu temendo que ela fosse, ainda que acidentalmente, furar meus olhos com aquelas unhas enormes... – Ela está certa... essa balofa está certa... detesto admitir, mas essa balofa está certa...
- Balofa, eu?! – falou Andrômeda, indignada. – Quem você se chamou de balofa, sua...
- Meninas, não briguem aqui, por favor... – pedi. – Não é o momento...
- Ah, certo... Macário... – Âmbar parecia ignorar as ameaças, enquanto me forçava a olhar em seus olhos, com um sorriso doentio. – Por quê, me diz?! Por que você prefere as garotas menos gostosas do que eu?! – E, entre dentes, cantarolou: – Eu sei que eu sou bonita e gostosa, e sei que você me olha e me quer... ah, ah...
Oh, não. A Âmbar ainda estava com álcool agindo no sangue! E estava difícil resistir... Ela me agarrava como se eu fosse um urso de pelúcia, e...
- Tire a mão dele, sua tarada... – vociferou Andrômeda, alcançando o rosto de Âmbar e dando um empurrão.
Mesmo tendo sido empurrada, Âmbar não me soltou.
- Ele quer a mim, Andrômeda...
- Tire a mão dele...
- Meninas, eu... – pedi.
- Por que deveria, Andrômeda? Porque... você também o quer?
- Eu... – Andrômeda ficou hesitante.
- Vem tirá-lo de mim... ah, ah...
E Âmbar me beijou.
Vai ter sexo!
- Meninas, eu... – tentei pedir de novo.
- Tire a mão dele, sua tarada... – vociferou Andrômeda, me puxando para junto dela. – Não viu o quanto ele sofreu nesses dois dias?!
Não vai ter sexo!
- E você, o que tinha de se intrometer? – falou Âmbar, fazendo um muxoxo. – Pelo que eu saiba, vampiros só podem entrar em uma casa alheia se forem convidados pelo dono da casa, e não invadir, assim, pela janela do banheiro...
- Olha só que fala... bem, eu tive de quebrar uma regra, mas só porque você já estava tentando atacar o Macário, pensa que eu não estava ouvindo uma parte da conversa de vocês?! E não venha me censurando, porque você também invadiu a casa dele sem ser convidada...
- Você invadiu a casa dele porque o queria, não é mesmo?!
Não vai ter sexo?
- Meninas, eu... – tentei pedir de novo.
- Espere aí... – falou Âmbar. – por que nós duas não dividimos o Macário agora?
- Dividir o...
- Ele já participou de uma orgia antes, por que não fazemos uma agora? Ele teve um bom desempenho com a Morgiana e suas irmãs, elas eram em três, e...
- E você também esteve espionando através dos portais mentais, sua... sua voyeur?! Até nos sonhos você bate uma s(...) espiando as cenas de sexo dos outros?!
- Ah, pare que você também fez isso. E foi excitante. Melhor que filmes da Emmanuelle, nééé?!
- Bem... – Andrômeda sorriu sem jeito.
Vai ter sexo!
Nem na dimensão dos sonhos não se tem mais privacidade?!
- Hum, por que não? – Andrômeda sorriu. – Pensando bem... Eu estava com saudades, Macário... tudo bem que naquela noite foi no plano dos sonhos, mas eu estava sentindo falta sim...
- Nós duas estávamos sentindo falta... Aah, Macário...
- E você está tão irresistível, sem a camisa... Você malha, Macário?
Vai ter sexo!!
- Meninas eu... – tentei pedir, de novo.
- Aah, Macário... diz aí... que tal ter duas gostosas no seu apartamento?!
- É, Macário, diz aí... eu ainda sou sua gostosa? – e Andrômeda já ia aproximando aquela língua bifurcada de meu rosto.
- Não, EU é que sou a gostosa dele...
Ooh, aqueles dois pares de “melões”... Tão próximos de mim...
Vai ter sexo!!!
- Meninas, eu...
- Ele gosta é dos meus seios... Vem, Macário, sugar meus...
- Sugue os meus primeiro, Macário... e aí posso sugar o seu...
As duas já iam desnudar seus seios... e o “Bernardão” prestes a despertar... mas aí...
- MENINAS!!! – explodi.
Ambas levaram um grande susto, e acabaram caindo do sofá.
- Macário?! – ambas exclamaram.
Fui recuperando o fôlego. Isso já estava indo longe demais. Aquela cena, aquele diálogo, estava totalmente surreal, sem sentido algum.
- Meninas... hoje não.
Me fiz de durão. E me levantei do sofá.
- Macário?...
- Desculpem, meninas, hoje não. Não vai ter sexo. É isso que vocês querem, não? Mas não vai rolar!
- Macário!... – exclamaram as duas, pondo-se em pé.
- Eu vou é me arrumar para ir para a faculdade. Já perdi dois dias de aula.
- Mas Macário!...
- Fiquem à vontade, meninas, enquanto eu vou tomar um banho. Com a licença de vocês.
E, sem olhar para as duas, entrei no banheiro, tranquei a porta, tirei a calça e a cueca e entrei embaixo da água fria do chuveiro. Por via das dúvidas, também fechei a janela do banheiro.
A água fria ajudou a esfriar minha cabeça, e minha ereção já diminuía, mas eu estava me sentindo mal de ter tratado as garotas daquele modo ríspido. Da última vez que fui grosseiro desse jeito, foi com a Valtéria, enfaixada como uma múmia, me propondo fazer sexo no hospital.
Mas não podia ser daquele jeito. Âmbar e Andrômeda estavam querendo sexo comigo, naquela tarde mesmo. Mas eu já havia perdido dois dias de aula, mesmo. As faltas poderiam ser justificadas, por causa dos machucados, podia alegar motivos médicos. Mas não ia faltar um terceiro dia porque estava fazendo sexo com duas gostosas... isso não seria direito, mesmo sendo quem sou.
Terminado o banho, e enquanto me enxugava, estranhei que nem Âmbar, e nem Andrômeda, tivessem tentado entrar no banheiro. E estranhei que não havia nenhum barulho vindo da minha cozinha. Esperava que elas começassem a brigar entre si, culpando uma à outra, e já estivessem quebrando meus móveis, mas não houve nenhum barulho. Será que as duas já tinham ido embora? Será que deram um jeito de sair pela janela da cozinha, do meu quarto...?
Com a toalha enrolada em torno da cintura, saí do banheiro. Mas fiquei aliviado: elas não foram embora. Meus móveis estavam inteiros. Mas as garotas não estavam felizes. Nem na forma humana.
Ora, que outra explicação se podia dar para um morcego e um louva-a-deus “sentados” em meu sofá?!
Transformadas em suas formas animais, ali estavam, Âmbar e Andrômeda, em meu sofá. Evidentemente, muito envergonhadas. A louva-deusa estava retraída, escondendo o rosto nas garras; e a morcega, com a cabeça escondida sob as asas, chorava. Primeira vez que eu via um morcego chorar. Mas, bem, nem era um morcego de verdade...
- Meninas?
- Macário! – disseram a louva-deusa e a morcega ao mesmo tempo.
- Meninas... hã... vocês... vocês estão bravas comigo? – pergunto, apreensivo.
- Estamos envergonhadas, isso sim... tão envergonhadas de...
- Ah, meninas, me desculpem... eu não queria tratar vocês daquele jeito. Eu fui duro demais com vocês, não foi?
- A culpa foi nossa... – falou a morcega. – Nós queríamos “pegar” você nesta tarde e... e nós fizemos tanta pressão, e... Mas é que nós gostamos muito de você...
- Sim, sim... – falou a louva-deusa. – Nós que viemos aqui com más intenções... E estávamos bêbadas... por favor, nos perdoe...
- Não meninas, vocês é que tem de me perdoar minha grosseria... – falei. – Mas é verdade, eu perdi dois dias de aula do meu curso, e já devem estar se perguntando onde me enfiei... digo... Hã... meninas, não é que eu não as deseje, à minha maneira. Eu é que estou sendo muito pressionado, e...
- Hã... a gente entende, Macário... – falou a louva-deusa.
- Olhem, se tudo correr bem daqui em diante... que tal deixarmos para o fim da semana? – propus. – Aí, sim, eu estarei liberado para... bem...
- Fim de semana, Macário?
- Só preciso de uns dias para me recuperar de todos esses choques emocionais. E, bem, ainda não sei o que o Luce vai exigir de mim, mas ele não pode me impedir de ver vocês, pode? Ele mesmo garantiu que haveriam garotas à minha disposição, e isso deve incluir vocês, mas... vamos deixar para o fim da semana. Se eu ficar faltando aulas da faculdade, posso ter problemas... com meus pais, com meus amigos...
- Por mim tudo bem. – falou a morcega. – Eu concordo, e você, Âmbar?
- Eu também. Eu... eu mal posso esperar pelo sábado à noite, Macário... Aí sim você não vai poder resistir a nós. Nem escapar... – Âmbar falou, apontando a garra em minha direção.
- Decerto não mesmo. – sorri.
Como inseto, Âmbar parecia mais sóbria.
- E aí... – falou a morcega. – Vamos embora? Pelo menos sabemos que o Macário está bem...
- Não sei... – falou a louva-deusa. – Ele, ali, enrolado na toalha... não dá vontade de...
E, sentada no sofá mesmo, Âmbar retoma a forma humana. Se levanta, e já tenta me abraçar.
- Aah, Macário, tem certeza que você não quer... olhe aí, até pelado você já está...
- Âmbar, não...
E Âmbar já ia mexendo na toalha... E Andrômeda já estava prestes a avançar sobre nós...
Mas aí, a campainha da porta toca.
Âmbar cai sentada no sofá, assustada. Eu também levo um grande susto.
Quem será? Ainda com a toalha enrolada na cintura, fui atender. Talvez fosse um vizinho cobrando explicações para a discussão que estava ouvindo... ou meus pais... ou a Geórgia, já querendo cobrar explicações sobre os acontecimentos das últimas noites... ou o...
...Luce.
- Luce! – exclamei.
- Ooi, Macário, tudo bem? – ele dá um grande e assustador sorriso.
De camisa alva e cabelo claro. Pelo jeito, ele não ia mais mudar o penteado. Ia passar a ficar com aquele cabelo liso dos lados, e repicado em cima.
- O que estava fazendo, Macário?
- Eu... eu estava no banho.
- Que banho, Macário. – Luce, ainda sorrindo, arqueia a sobrancelha. – Sinto um perfume... tem garotas aí, não tem? Diz aí, tinha uma garota aí, né, seu Don Juan... Hein? Hein? Não quer dividir?
Cheirei minha pele. Argh, Âmbar devia ter deixado perfume em meu corpo quando foi tentar me agarrar.
- Não, Luce. Digo... garotas tinha, mas eu estava no banho, sério. E... hã... entre.
- Ah, legal, pensei que não ia permitir que eu entrasse...
E Luce entrou.
- Ah, mas eu ainda não acredito nessa história de banho, viu? Afinal, você nu, com a toalha enrolada na cintura... Diz aí, quem era a sortuda?
- Hã... A Âmbar e a Andrômeda, mas estávamos apenas conversando.
- A Âmbar e a Andrômeda? Aqui?!
- Sim... Elas invadiram meu apê, e...
- Invadiram?! Mas Macário, não pode ser. A Âmbar vá lá, mas a Andrômeda?! Vampiros não entram nas casas se não forem convidados, nunca ouviu isso?
- Mas a Andrômeda entrou, e...
Quando ambos entramos na sala, nem Âmbar, nem Andrômeda estavam ali.
- Ué, elas já foram embora?
- Embora como, Macário? Não vejo nenhuma janela aberta, e... – Luce apertou a têmpora. – Não elas não foram embora. Ainda estão aqui. Andrômeda, saia de onde estiver, sua gorducha.
Decerto, Luce possuía a capacidade de detectar a presença alheia através da mente.
De trás do balcão que separava a sala de estar da cozinha, esvoaçou um morcego, que já avançou em cima de Luce. Oh, com certeza Âmbar também assumiu a forma animal para tentar se esconder.
- Quem você chamou de gorducha, seu safado, seu crápula, seu açougueiro?! – exclamou a morcega, se debatendo no ar, tentando arranhar Luce.
- Elogios não adiantam, maninha. – Falou Luce, sem se importar com o morcego batendo as asas em sua cabeça. – Nem me fazer carícias, sua bajuladora... Você que tem muito a explicar.
Andrômeda reassumiu a forma humana. Na mesma hora, a louva-deusa também saiu de trás do balcão e assumiu a forma humana.
- Ah, aí estão vocês...
- Luce! Que veio fazer aqui, seu... – exclamou Âmbar.
- Eu vim visitar o Macário, ué. Mas que surpresa ver que vocês duas chegaram antes. Não puderam esperar, hein? Mal souberam que o Macário aceitou nosso pacto, e já vieram tirar uma casquinha, hein?!
E Luce sempre sorrindo.
- Não é nada disso! – exclamou Andrômeda. – Seu sacana, por que você... você esteve nos observando?!
- Eu não... Eu vim ver o Macário. Vim falar com ele umas coisinhas, e encontro ele pelado...
- Se tivesse acontecido alguma coisa, elas também estariam peladas, Luce... – falei. – Mas olhe, não estão. Estão até íntegras, viu? Agora acredita que eu estava no banho?
Andrômeda e Âmbar concordaram com a cabeça.
- Tá, sei. – fala Luce, com o sorriso de ironia. – OK, Macário, melhor que você vá se vestir. Quero trocar umas palavras com minha irmã.
Andrômeda fazia um grande beiço, olhando para Luce.
- Com a licença de vocês. – falei. – Fiquem à vontade.
E me retirei da sala. E tranquei a porta de meu quarto, e a janela também, para poder me vestir. Fechei inclusive a cortina, por garantia.

E, escolhendo a roupa, fiquei de ouvidos atentos para tentar captar uma parte da conversa lá da cozinha.

Próximo capítulo daqui a 15 dias - isso não mudou.
Como está até o momento? Continua bom ou ruim? Precisa melhorar? Precisa parar?
Manifestem-se, ou continuarei fazendo o que me dá na telha! E pode não ser agravável para todo mundo!
Até mais!

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