Hoje, o meu folhetim ilustrado para adultos, MACÁRIO, completa um ano de publicação quinzenal! Foi em 29 de janeiro de 2017 que o primeiro capítulo entrou no ar.
E, conforme avisado na postagem anterior, devido à efeméride ter caído em uma segunda-feira, a publicação da série, a partir do presente episódio, passará a ser às segundas-feiras!
E, sem mais delongas, o capítulo de hoje.
ATENÇÃO: leitura não recomendada para menores de 18 anos. Contém insinuação sexual e de maus-tratos às mulheres.
Não teve sexo.
Pelo menos, até agora.
Mas nada ia impedir que tivesse, a qualquer
momento.
Mas disposto eu não estava. Não com as coisas
acontecendo assim, rápido demais.
Agora, aqui estou eu, em uma tarde que estava
demorando para morrer, sentado em um sofá, com duas outras garotas me ladeando.
Os três espremidos em um sofá de dois lugares.
Estava eu contando várias coisas à vampira
Andrômeda, e sob o olhar na ninfa Âmbar.
Âmbar, de uma linda mulher, consegue se
transformar em inseto, em louva-a-deus, então, não foi difícil para ela
conseguir entrar no meu apartamentinho, através de uma fresta da janela do
banheiro. E agora descobri que Andrômeda, de uma linda mulher, também consegue
entrar em pequenos espaços, porque pode se transformar em morcego. Uma vampira
que segue o velho clichê. Mas ainda era cedo para cobrar a explicação para a
língua bifurcada.
Andrômeda foi quem me cobrou a explicação de
muitas coisas. A explicação do que Luce havia feito comigo depois que conseguiu
me tirar da mansão dele, enquanto o restante do pessoal discutia; a explicação
do pacto que firmei com Luce; a explicação do que Âmbar e eu estávamos fazendo
dentro daquele apartamento (tive de juramentar que não estava rolando sexo, de
forma alguma, mas Andrômeda parecia não acreditar, visto que eu estava sem
camisa). E a explicação do que vi quando vasculhei seu quarto, na tarde
anterior.
Enfim. Haviam duas gostosas no meu
apartamento, mas havia um clima de muita tensão.
Quando finalmente terminei de falar,
Andrômeda parecia mais calma. Mas me dirigia um olhar de reprimenda.
- Então... foi isso que o Luce lhe propôs?
- Foi.
- Hum... De você passar a trabalhar para ele?
- E acho que você também. Afinal vocês são
irmãos, certo?
- Sim... Hum... E tudo isso em troca de
nossos... segredos?
- Sim.
- Hum. Eeee... hããã... – Andrômeda parecia
estar pensando no que ia falar. – A Âmbar aí... só explicou a você sobre a
natureza das ninfas, certo?
- S-sim... Das ninfas e dos... dos
duendes-reis. É isso que o MC Claus é, não?
- E... hum... foi só isso?
Aqui, ela me dirigiu um olhar cortante. Na
sua forma de morcego, havia flagrado nós dois se agarrando. Ou melhor, flagrado
Âmbar me agarrando, porque a iniciativa não foi minha.
- Que mais você quer? – perguntei, tentando
não transparecer meu medo. – Que eu peça desculpas se te chamei de gorda? Está
bem, desculpe se eu falei que você, em relação à Morgiana, parece gorda... –
falei, apertando os dentes.
Andrômeda corou, enquanto Âmbar deu uma
risada.
- Me desculpe, sinceramente... – repeti,
implorando com o olhar.
- Ah, Macário, nem precisava ter se
preocupado com isso. – falou, dando um sorriso. Finalmente, um sorriso.
- Hein? – arregalo os olhos. Embora Andrômeda
tivesse sorrido, isso não queria dizer alívio.
- Bemmm... eu sou, sim, ciente de que sou...
hum... cheinha. – e apertou um dos “pneus” da cintura. – Difícil de acreditar
que uma vampira também tenha os mesmos problemas com os carboidratos que um
humano, não é mesmo? – e soltou uma risada. – Ah, mas é que os humanos gordinhos
são os mais suculentos. Ok, tem os seus problemas, e... Bem, há o acúmulo de gordura
sanguínea de...
- Você costuma, digo, vocês vampiros... –
cortei, envergonhado. – Desculpe a indiscrição, mas vocês, vampiros, costumam
chupar, em média, sangue de quantos... quantos humanos por dia?
- Bem... nós preferimos, atualmente, sangue
de um humano por semana.
- Um por...
- O resto da semana nos nutrimos de sangue de
animais. E esse não é difícil conseguir. Tem os abatedouros, açougues. E,
depois que inventaram a geladeira, ficou melhor ainda. Bendito seja o século
XX, neste fator.
- Ah, tá. – suspirei com um pouquinho de
alívio.
- Você imagine como era nos séculos XVIII e
XIX, quando não havia tais facilidades, ainda mais no Brasil, que sempre foi um
país quente... Bom... Sangue humano é o melhor para nós, mas anda difícil
conseguir boas amostras. Você, que estuda medicina, sabe que ultimamente o
sangue humano anda muito contaminado. Medicamentos, drogas, gordura, colesterol
ruim, álcool, vírus, poluição do ar que se espalha pelo corpo através das
hemácias.
- Pois é... – concordei tristemente.
- Se não fossem nossos poderes vampíricos, nossa
capacidade de bloqueio de algumas substâncias, ficaríamos sempre “chapados”... bem,
há casos em que somos afetados pelas drogas que circulam no sangue humano... olhe
meu caso... fui escolher logo um bêbado para sugar sangue... Aah... P(...) que
pariu...
- Ei, e o que você disse sobre “um humano por
semana”? – pergunta Âmbar. – E aquela menina de anteontem, não contava?
- Contou... – respondeu Andrômeda. – Mas é
que eu estava com raiva. E quando tenho raiva eu mal consigo me conter... E
tenho de... Ooh, aquele Luce sem-vergonha... aquele... aquele... Brás Cubas!!!
– completou, rispidamente.
- Mas você usou a... – fui perguntando, mas
parece que Andrômeda estava conseguindo captar meus pensamentos:
- Foi com a seringa, Macário. Suguei sangue
do homem bêbado com a seringa. A marca nem vai aparecer no pescoço do homem. E
duvida que ele vá lembrar do que aconteceu, pois evidentemente ele tomou um
porre... Ainda bem que não estava de carro... A quantidade de sangue que a
gente extrai nem ultrapassa a de uma bolsa de transfusão. E a mesma coisa com a
sua amiga, aquela moreninha, Macário.
Não foi muito tranquilizador. Afinal, me
fazer lembrar que tive de ver Andrômeda tirando sangue da Maura, minha amante?
- Quem vai ficar cheia de perguntas mesmo é
aquela outra sua amiga moreninha. A que tem uma juba.
- Geórgia! – exclamei, aflito. – E... e como
ela está, você sabe?
- Ela já saiu do hospital. – falou Andrômeda.
– As três garotas saíram do hospital. Fiquei vigiando. Já foram todas para suas
casas.
- A Créssida e a Maura... – foi perguntando,
mas fui cortado:
- São esses os nomes delas? – pergunta Âmbar.
– Geórgia, Créssida e Maura? Aquelas três moreninhas?
- Oh, são...
- Elas são muito bonitas, Macário. Você tem
bom gosto. – falou a ninfa, sorrindo.
- Ah, que é isso. – corei.
- Sério, Macário, é dessas garotas que eu
tenho tanta inveja... Elas são tão lindas e... morenas... e... você se preocupa
tanto com o bem estar delas...
- Algo que é preciso se preocupar. –
respondi. – Se algo acontecer com elas, eu posso ser responsabilizado, não?
- Vindo de um sujeito que, de repente, pode
se revelar um taradão... Isso é tããão comovente, Macário... Você tem um bom
coração, apesar de tudo... hmm...
E Âmbar já quis se abraçar em mim, mas
Andrômeda interferiu.
- Âmbar, não comece. – vociferou Andrômeda. –
Bem, as três garotas já saíram do hospital, é o que importa. E, bem, não
precisa se preocupar com as duas morenas do beco... elas não vão lembrar dos
acontecimentos daquela noite. Pelo menos, da parte em que encontraram você na
rua, todo estropiado.
- Você as hipnotizou?!
- Hum... Mais ou menos. Pelo menos a polícia
não vai te procurar.
- Se você garante... – mas isso não me deixou
aliviado. – Bem, a preocupação é com a Créssida, na verdade, pois ela está
investigando o suposto “maníaco mordedor”.
- Não, é sério? Maníaco mordedor?! – ironizou
Âmbar. – Aquele Luce e aquele Jorginho não sabem ser discretos...
- Isso também me preocupa. – falou Andrômeda.
– Aquele Luce adora provocar confusão só pra se divertir. Eu sempre digo pra
ele não enfiar as agulhas da seringa tão fundo, para não deixar marca, mas ele
me ouve? Que nada... Fico preocupada agora é com a garota da juba. Aquela que é
a Geórgia, não é? A garota a qual o Breevort está de olho.
- Sim... – mas aí, me lembrei de algo: – Mas o que me
preocupa é a natureza do Breevort...
- Como assim? – pergunta Andrômeda.
- Ué, você não conhece o Breevort melhor que
eu?
- Como assim, Macário?! O Breevort é um dos
mais boas-praças do nosso grupo! Pelo menos quando está diante de nós. Ele só
não é muito chegado a uma higiene, mas...
- Pelo menos quando está diante de vocês,
não? – pergunto, apreensivo. – Pois suspeito que tenha sido o Breevort quem
tenha arrancado a orelha de um menino para presentear a Geórgia!
- O Breevort?! Não pode ser! Só se ele comete
atos de violência na surdina! Porque eu sei que ele prefere descarregar sua
raiva nos esportes! Ele pratica luta-livre, mas sempre corta as unhas antes de
entrar no ringue... Ele não seria capaz de... de... ou seria? Afinal, quem mais
anda com ele é o Flávio Dragão. Eles dividem um quarto, até onde sei, e...
- O Flávio Dragão?
- Talvez seja o Flávio Dragão, mesmo. Não o
Breevort, mas o Flávio Dragão. Ora, ele não tem aquela aparência punk à toa,
certo? Pelo que sei, esse sim é um arruaceiro. E está no grupo porque o Luce
deixa. Mas o Flávio...
- O Flávio sabe se controlar. – interrompe
Âmbar. – Eu conheço ele, Andrômeda, ele e o Claus tem negócios. Ele tem aquele
jeitão de arruaceiro, mas ele sabe se controlar. Claro que sabe. Pelo menos
diante de mim ele se comporta muito bem.
- Diante de você, Âmbar, qualquer um se comporta muito bem. – retrucou
Andrômeda, de olho nos peitões da “rival”. – Claro, não é?
- Não está ajudando nada... – respondi. –
Agora eu estou confuso...
Confuso mesmo. Andrômeda não conseguiu me
convencer que Breevort não podia ser um tipo agressivo. Ele estava sempre
presente com os outros “monstros”, e ela não prestava atenção nele?! Pensando bem,
era um grupo grande, e não dava para prestar atenção em todo mundo. E, para um
vampiro, um elfo negro não devia ser mesmo uma prioridade...
- Ah, Macário. Nos desculpe... – e Andrômeda
me abraçou. – Desculpe se estamos mexendo tanto com a sua cabeça... Deve ser
insuportável para você...
- Não se preocupe, meu amor... – Âmbar também
me abraçou. – Ninguém vai te fazer mal. Não enquanto estivermos aqui, com você.
Nenhum Luce sacana vai te submeter a sacanagens de...
- Você é muito especial para nós, Macário...
E ambas apertavam suas bochechas contra as
minhas, uma de cada lado.
Aquele abraço duplo estava me sufocando, em
vez de me deixar tranquilo. Eu podia sentir... a qualquer momento, ia ter sexo.
Andrômeda não estava tão lúcida quanto queria que transparecesse... ela também
queria sexo, eu podia sentir. Mas ela ia tentar tirar Âmbar de seu caminho
primeiro.
- Meninas, eu... – falei, me desvencilhando,
mas elas não deixaram que eu me levantasse.
- Aah, Macário... – falou Âmbar, com lágrimas
nos olhos, me fazendo olhar em seus olhos. – Não vamos nos perdoar se você
acabar morto, ou transformado em zumbi, ou pior, em carne moída, por
negligência minha...
- Ou minha... – respondeu Andrômeda, puxando
meu rosto para o seu lado. – Eu repito, Macário, você é muito especial para nós.
- Meninas, eu...
- Você é diferente... você se preocupa com as
mulheres...
- Sim... você, Macário... eu acompanhei,
sabe. Eu tenho acompanhado seus passos desde que o Luce sugou seu sangue,
Macário... E eu vi, Macário, aah, Macário... – Andrômeda chorava. – Eu vi que
você ficou tão triste, quando aquela garota fugiu do hospital e... e ela
enlouqueceu... você esteve preocupado quando aquela garota enlouqueceu... e não
foi saudável...
- Andrômeda, eu...
- Lembra, Macário, a loira que não bate bem
da cabeça? Pois, sabe... o Luce sugou sangue dela também. Mas não podia prever
que ela ia agir como uma... uma... bem... sabe... ela, sabe...
- Andrômeda... não me diga que é verdade que
a Valtéria...
- É Valtéria o nome dela? – pergunta
Andrômeda.
- Valtéria... – falou Âmbar. – Ela era tão
linda, também, e... e... e loira...
- Bem, Macário, é verdade. É verdade... a
Valtéria matou e canibalizou um bando de cães e gatos de rua! E se machucou
seriamente no processo...
Oh, céus. Com os acontecimentos dos últimos
tempos, eu até já esquecia do caso da Valtéria! E já me perguntava se ela já
não estaria de volta à cidade. Faz quase duas semanas, três, não lembro direito
quanto tempo, que não vejo mais nem Valtéria, e nem Viridiana, sua amiga.
- Só pode ter sido aquele safado do Luce quem
influenciou a cabeça da coitada... que levou ela a fazer essa bobagem... Ela
poderia ter morrido! Morrido! – Andrômeda deu um murro no braço do sofá.
- E... eu ia ser considerado o culpado! –
exclamei.
- Não! – exclamou Âmbar, me puxando para si.
– Você não, Macário! Ninguém pode culpar você!
- Mas e se culparem? Quem iria acreditar que
ela foi influenciada por um vampiro a...?
- Ainda bem que só houve uma testemunha,
Macário. – falou Andrômeda, me puxando para o seu lado agora. – E essa
testemunha gosta de você.
- A Viridiana? – perguntei.
- É esse o nome da amiga da Valtéria? –
pergunta Andrômeda.
- Viridiana... – fala Âmbar. – Ela também é
tão linda... e aqueles cabelos dela, tão naturais, e sedosos... e...
- Âmbar, por favor. – pede Andrômeda. – Não é
o momento de sentir ciúme das garotas humanas do Macário.
- Mas ele só sai com garotas bonitas,
amiga... por que não posso invejar as garotas humanas?
- E por quê, amiga, se você é bem mais
gostosa que todas elas juntas? – falou, com um sorriso irônico.
- Talvez porque... porque... aah, Macário...
Por quê?!
- Por que o quê?! – perguntei.
Aquela situação estava ficando cada vez mais
tensa. Eu, prensado em um sofá por duas gostosas, que me puxavam de um lado
para outro, constantemente?! Estava garantido o sexo! Mas eu estava com medo,
muito medo. Aquele pingue-pongue todo cortava todo o tesão que eu poderia estar
sentindo naquela situação.
- Macário, me diz... aah, Macário... – Falou
Âmbar, puxando os cantos de minha boca, e eu temendo que ela fosse, ainda que
acidentalmente, furar meus olhos com aquelas unhas enormes... – Ela está
certa... essa balofa está certa... detesto admitir, mas essa balofa está
certa...
- Balofa, eu?! – falou Andrômeda, indignada.
– Quem você se chamou de balofa, sua...
- Meninas, não briguem aqui, por favor... –
pedi. – Não é o momento...
- Ah, certo... Macário... – Âmbar parecia
ignorar as ameaças, enquanto me forçava a olhar em seus olhos, com um sorriso
doentio. – Por quê, me diz?! Por que você prefere as garotas menos gostosas do
que eu?! – E, entre dentes, cantarolou: – Eu sei que eu sou bonita e gostosa, e
sei que você me olha e me quer... ah, ah...
Oh, não. A Âmbar ainda estava com álcool
agindo no sangue! E estava difícil resistir... Ela me agarrava como se eu fosse
um urso de pelúcia, e...
- Tire a mão dele, sua tarada... – vociferou
Andrômeda, alcançando o rosto de Âmbar e dando um empurrão.
Mesmo tendo sido empurrada, Âmbar não me
soltou.
- Ele quer a mim, Andrômeda...
- Tire a mão dele...
- Meninas, eu... – pedi.
- Por que deveria, Andrômeda? Porque... você
também o quer?
- Eu... – Andrômeda ficou hesitante.
- Vem tirá-lo de mim... ah, ah...
E Âmbar me beijou.
Vai ter sexo!
- Meninas, eu... – tentei pedir de novo.
- Tire a mão dele, sua tarada... – vociferou
Andrômeda, me puxando para junto dela. – Não viu o quanto ele sofreu nesses
dois dias?!
Não vai ter sexo!
- E você, o que tinha de se intrometer? –
falou Âmbar, fazendo um muxoxo. – Pelo que eu saiba, vampiros só podem entrar
em uma casa alheia se forem convidados pelo dono da casa, e não invadir, assim,
pela janela do banheiro...
- Olha só que fala... bem, eu tive de quebrar
uma regra, mas só porque você já estava tentando atacar o Macário, pensa que eu
não estava ouvindo uma parte da conversa de vocês?! E não venha me censurando,
porque você também invadiu a casa dele sem ser convidada...
- Você invadiu a casa dele porque o queria,
não é mesmo?!
Não vai ter sexo?
- Meninas, eu... – tentei pedir de novo.
- Espere aí... – falou Âmbar. – por que nós
duas não dividimos o Macário agora?
- Dividir o...
- Ele já participou de uma orgia antes, por
que não fazemos uma agora? Ele teve um bom desempenho com a Morgiana e suas
irmãs, elas eram em três, e...
- E você também esteve espionando através dos
portais mentais, sua... sua voyeur?! Até nos sonhos você bate uma s(...)
espiando as cenas de sexo dos outros?!
- Ah, pare que você também fez isso. E foi
excitante. Melhor que filmes da Emmanuelle, nééé?!
- Bem... – Andrômeda sorriu sem jeito.
Vai ter sexo!
Nem na dimensão dos sonhos não se tem mais
privacidade?!
- Hum, por que não? – Andrômeda sorriu. – Pensando
bem... Eu estava com saudades, Macário... tudo bem que naquela noite foi no
plano dos sonhos, mas eu estava sentindo falta sim...
- Nós duas estávamos sentindo falta... Aah,
Macário...
- E você está tão irresistível, sem a
camisa... Você malha, Macário?
Vai ter sexo!!
- Meninas eu... – tentei pedir, de novo.
- Aah, Macário... diz aí... que tal ter duas
gostosas no seu apartamento?!
- É, Macário, diz aí... eu ainda sou sua
gostosa? – e Andrômeda já ia aproximando aquela língua bifurcada de meu rosto.
- Não, EU é que sou a gostosa dele...
Ooh, aqueles dois pares de “melões”... Tão
próximos de mim...
Vai ter sexo!!!
- Meninas, eu...
- Ele gosta é dos meus seios... Vem, Macário,
sugar meus...
- Sugue os meus primeiro, Macário... e aí
posso sugar o seu...
As duas já iam desnudar seus seios... e o
“Bernardão” prestes a despertar... mas aí...
- MENINAS!!! – explodi.
Ambas levaram um grande susto, e acabaram
caindo do sofá.
- Macário?! – ambas exclamaram.
Fui recuperando o fôlego. Isso já estava indo
longe demais. Aquela cena, aquele diálogo, estava totalmente surreal, sem
sentido algum.
- Meninas... hoje não.
Me fiz de durão. E me levantei do sofá.
- Macário?...
- Desculpem, meninas, hoje não. Não vai ter
sexo. É isso que vocês querem, não? Mas não vai rolar!
- Macário!... – exclamaram as duas, pondo-se
em pé.
- Eu vou é me arrumar para ir para a
faculdade. Já perdi dois dias de aula.
- Mas Macário!...
- Fiquem à vontade, meninas, enquanto eu vou
tomar um banho. Com a licença de vocês.
E, sem olhar para as duas, entrei no
banheiro, tranquei a porta, tirei a calça e a cueca e entrei embaixo da água
fria do chuveiro. Por via das dúvidas, também fechei a janela do banheiro.
A água fria ajudou a esfriar minha cabeça, e
minha ereção já diminuía, mas eu estava me sentindo mal de ter tratado as
garotas daquele modo ríspido. Da última vez que fui grosseiro desse jeito, foi
com a Valtéria, enfaixada como uma múmia, me propondo fazer sexo no hospital.
Mas não podia ser daquele jeito. Âmbar e
Andrômeda estavam querendo sexo comigo, naquela tarde mesmo. Mas eu já havia
perdido dois dias de aula, mesmo. As faltas poderiam ser justificadas, por
causa dos machucados, podia alegar motivos médicos. Mas não ia faltar um
terceiro dia porque estava fazendo sexo com duas gostosas... isso não seria
direito, mesmo sendo quem sou.
Terminado o banho, e enquanto me enxugava,
estranhei que nem Âmbar, e nem Andrômeda, tivessem tentado entrar no banheiro. E
estranhei que não havia nenhum barulho vindo da minha cozinha. Esperava que
elas começassem a brigar entre si, culpando uma à outra, e já estivessem
quebrando meus móveis, mas não houve nenhum barulho. Será que as duas já tinham
ido embora? Será que deram um jeito de sair pela janela da cozinha, do meu
quarto...?
Com a toalha enrolada em torno da cintura,
saí do banheiro. Mas fiquei aliviado: elas não foram embora. Meus móveis
estavam inteiros. Mas as garotas não estavam felizes. Nem na forma humana.
Ora, que outra explicação se podia dar para
um morcego e um louva-a-deus “sentados” em meu sofá?!
Transformadas em suas formas animais, ali
estavam, Âmbar e Andrômeda, em meu sofá. Evidentemente, muito envergonhadas. A
louva-deusa estava retraída, escondendo o rosto nas garras; e a morcega, com a
cabeça escondida sob as asas, chorava. Primeira vez que eu via um morcego
chorar. Mas, bem, nem era um morcego de verdade...
- Meninas?
- Macário! – disseram a louva-deusa e a
morcega ao mesmo tempo.
- Meninas... hã... vocês... vocês estão
bravas comigo? – pergunto, apreensivo.
- Estamos envergonhadas, isso sim... tão
envergonhadas de...
- Ah, meninas, me desculpem... eu não queria
tratar vocês daquele jeito. Eu fui duro demais com vocês, não foi?
- A culpa foi nossa... – falou a morcega. –
Nós queríamos “pegar” você nesta tarde e... e nós fizemos tanta pressão, e...
Mas é que nós gostamos muito de você...
- Sim, sim... – falou a louva-deusa. – Nós
que viemos aqui com más intenções... E estávamos bêbadas... por favor, nos
perdoe...
- Não meninas, vocês é que tem de me perdoar
minha grosseria... – falei. – Mas é verdade, eu perdi dois dias de aula do meu
curso, e já devem estar se perguntando onde me enfiei... digo... Hã... meninas,
não é que eu não as deseje, à minha maneira. Eu é que estou sendo muito
pressionado, e...
- Hã... a gente entende, Macário... – falou a
louva-deusa.
- Olhem, se tudo correr bem daqui em
diante... que tal deixarmos para o fim da semana? – propus. – Aí, sim, eu
estarei liberado para... bem...
- Fim de semana, Macário?
- Só preciso de uns dias para me recuperar de
todos esses choques emocionais. E, bem, ainda não sei o que o Luce vai exigir
de mim, mas ele não pode me impedir de ver vocês, pode? Ele mesmo garantiu que
haveriam garotas à minha disposição, e isso deve incluir vocês, mas... vamos
deixar para o fim da semana. Se eu ficar faltando aulas da faculdade, posso ter
problemas... com meus pais, com meus amigos...
- Por mim tudo bem. – falou a morcega. – Eu
concordo, e você, Âmbar?
- Eu também. Eu... eu mal posso esperar pelo
sábado à noite, Macário... Aí sim você não vai poder resistir a nós. Nem
escapar... – Âmbar falou, apontando a garra em minha direção.
- Decerto não mesmo. – sorri.
Como inseto, Âmbar parecia mais sóbria.
- E aí... – falou a morcega. – Vamos embora?
Pelo menos sabemos que o Macário está bem...
- Não sei... – falou a louva-deusa. – Ele,
ali, enrolado na toalha... não dá vontade de...
E, sentada no sofá mesmo, Âmbar retoma a
forma humana. Se levanta, e já tenta me abraçar.
- Aah, Macário, tem certeza que você não
quer... olhe aí, até pelado você já está...
- Âmbar, não...
E Âmbar já ia mexendo na toalha... E
Andrômeda já estava prestes a avançar sobre nós...
Mas aí, a campainha da porta toca.
Âmbar cai sentada no sofá, assustada. Eu
também levo um grande susto.
Quem será? Ainda com a toalha enrolada na
cintura, fui atender. Talvez fosse um vizinho cobrando explicações para a
discussão que estava ouvindo... ou meus pais... ou a Geórgia, já querendo
cobrar explicações sobre os acontecimentos das últimas noites... ou o...
...Luce.
- Luce! – exclamei.
- Ooi, Macário, tudo bem? – ele dá um grande
e assustador sorriso.
De camisa alva e cabelo claro. Pelo jeito,
ele não ia mais mudar o penteado. Ia passar a ficar com aquele cabelo liso dos
lados, e repicado em cima.
- O que estava fazendo, Macário?
- Eu... eu estava no banho.
- Que banho, Macário. – Luce, ainda sorrindo,
arqueia a sobrancelha. – Sinto um perfume... tem garotas aí, não tem? Diz aí,
tinha uma garota aí, né, seu Don Juan... Hein? Hein? Não quer dividir?
Cheirei minha pele. Argh, Âmbar devia ter
deixado perfume em meu corpo quando foi tentar me agarrar.
- Não, Luce. Digo... garotas tinha, mas eu
estava no banho, sério. E... hã... entre.
- Ah, legal, pensei que não ia permitir que
eu entrasse...
E Luce entrou.
- Ah, mas eu ainda não acredito nessa
história de banho, viu? Afinal, você nu, com a toalha enrolada na cintura...
Diz aí, quem era a sortuda?
- Hã... A Âmbar e a Andrômeda, mas estávamos
apenas conversando.
- A Âmbar e a Andrômeda? Aqui?!
- Sim... Elas invadiram meu apê, e...
- Invadiram?! Mas Macário, não pode ser. A
Âmbar vá lá, mas a Andrômeda?! Vampiros não entram nas casas se não forem
convidados, nunca ouviu isso?
- Mas a Andrômeda entrou, e...
Quando ambos entramos na sala, nem Âmbar, nem
Andrômeda estavam ali.
- Ué, elas já foram embora?
- Embora como, Macário? Não vejo nenhuma
janela aberta, e... – Luce apertou a têmpora. – Não elas não foram embora.
Ainda estão aqui. Andrômeda, saia de onde estiver, sua gorducha.
Decerto, Luce possuía a capacidade de
detectar a presença alheia através da mente.
De trás do balcão que separava a sala de
estar da cozinha, esvoaçou um morcego, que já avançou em cima de Luce. Oh, com
certeza Âmbar também assumiu a forma animal para tentar se esconder.
- Quem você chamou de gorducha, seu safado,
seu crápula, seu açougueiro?! – exclamou a morcega, se debatendo no ar,
tentando arranhar Luce.
- Elogios não adiantam, maninha. – Falou
Luce, sem se importar com o morcego batendo as asas em sua cabeça. – Nem me
fazer carícias, sua bajuladora... Você que tem muito a explicar.
Andrômeda reassumiu a forma humana. Na mesma
hora, a louva-deusa também saiu de trás do balcão e assumiu a forma humana.
- Ah, aí estão vocês...
- Luce! Que veio fazer aqui, seu... –
exclamou Âmbar.
- Eu vim visitar o Macário, ué. Mas que
surpresa ver que vocês duas chegaram antes. Não puderam esperar, hein? Mal
souberam que o Macário aceitou nosso pacto, e já vieram tirar uma casquinha,
hein?!
E Luce sempre sorrindo.
- Não é nada disso! – exclamou Andrômeda. –
Seu sacana, por que você... você esteve nos observando?!
- Eu não... Eu vim ver o Macário. Vim falar
com ele umas coisinhas, e encontro ele pelado...
- Se tivesse acontecido alguma coisa, elas
também estariam peladas, Luce... – falei. – Mas olhe, não estão. Estão até
íntegras, viu? Agora acredita que eu estava no banho?
Andrômeda e Âmbar concordaram com a cabeça.
- Tá, sei. – fala Luce, com o sorriso de
ironia. – OK, Macário, melhor que você vá se vestir. Quero trocar umas palavras
com minha irmã.
Andrômeda fazia um grande beiço, olhando para
Luce.
- Com a licença de vocês. – falei. – Fiquem à
vontade.
E me retirei da sala. E tranquei a porta de
meu quarto, e a janela também, para poder me vestir. Fechei inclusive a
cortina, por garantia.
E, escolhendo a roupa, fiquei de ouvidos
atentos para tentar captar uma parte da conversa lá da cozinha.
Próximo capítulo daqui a 15 dias - isso não mudou.
Como está até o momento? Continua bom ou ruim? Precisa melhorar? Precisa parar?
Manifestem-se, ou continuarei fazendo o que me dá na telha! E pode não ser agravável para todo mundo!
Até mais!
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