sábado, 18 de junho de 2011

ALMANAQUE METEORO 3 - Voo alto e terraplanagem

Olá.
Recentemente, adquiri uma nova leva de revistas, todas do meio alternativo brasileiro, que é o que mais se mantém ativo apesar das vicissitudes.
O gibi de hoje é um dos mais esperados. Estou falando do ALMANAQUE METEORO NÚMERO 3!!!

O último número do ALMANAQUE havia saído no inverno de 2010, e desde então houve muita expectativa pelo terceiro número da revista, editada pelo sempre atuante Roberto Guedes, criador do herói Meteoro. Guedes vinha divulgando, em seu blog (http://guedes-manifesto.blogspot.com/), algumas imagens e dando pistas das atrações que sairiam nessa edição. Pois elas estão todas aí, e, ao contrário do que eu temia, todas elas couberam nas 52 páginas desta edição!
Para quem está chegando agora, o ALMANAQUE METEORO marca uma nova fase deste personagem, criado por Guedes em 1987. O herói, que já havia sido reformulado diversas vezes, mudou, por exemplo, o nome de seu alter-ego de Ric Marinetti para Roger Mandari. Além das novas aventuras do herói adolescente, calcadas nas velhas aventuras de heróis estilo Marvel Comics, o ALMANAQUE METEORO também traz uma miscelânea de quadrinhos, exposição de novos talentos nacionais, novos heróis criados por Guedes, histórias novas de heróis brasileiros clássicos e matérias sobre o mundo dos quadrinhos. Uma publicação de alta qualidade, e surpreendente desde o primeiro número.
Porém, no terceiro número (me perdoe, Guedes), a qualidade caiu um pouco. Já explico.
As atrações desta nova revista são as seguintes:
O ALMANAQUE traz não uma, mas DUAS aventuras do Meteoro. A primeira e principal, Doce Beijo, Amarga Decepção, traz Meteoro/Mandari metido em uma nova encrenca. Prestes a conhecer o Maligno, com o qual ele deverá lutar a qualquer momento, Mandari está assistindo a um show de rock em companhia da estonteante Laura Lopez, a garota pela qual o garotão é apaixonado; Porém, a vocalista da banda – a mascarada que dá um beijo na boca do herói na capa acima – infelizmente tem segredos malignos. E os planos que ela tem para o herói não são os mais agradáveis. Roteiro de Guedes, com arte de Cláudio Vieira (lápis) e Emir Ribeiro (nanquim). Infelizmente, o roteiro desta aventura ficou mal-ajambrado no trecho final, com um resultado decepcionante. E a arte ficou meio estranha em relação às aventuras anteriores.
A segunda aventura – e a última do gibi – é uma espécie de brincadeira: Zax, o Meteoro Humano, traz Mandari desenhando uma historinha, onde reconta, com outros nomes e visuais, a sua própria história. Trata-se de uma brincadeira porque Guedes, o roteirista, faz um exercício de metalinguagem com o próprio herói – Mandari/Meteoro chama sua versão dele mesmo de Zax, e seu alter ego chama-se, sabe como? Ric Marinetti. Entenderam?! Com desenhos de Marcelo Borba, é a melhor história do gibi.
Outro herói do Guedes que retorna no ALMANAQUE (ele estreou na última edição) é Zan-Garr da Valáquia, o cigano. Ainda sem definição claro da época onde ele vive, o herói, na história O Templo da Morte, após saber por uma estranha velha sobre o provável paradeiro de sua noiva desaparecida, cai em uma armadilha de Lilith, a rainha vampira. Terror, ação, referências ao cristianismo e sensualidade compõem esta aventura, escrita por Guedes e desenhada por Fábio Cerqueira.
Temos também uma estréia no ALMANAQUE: Jonni Star, uma heroína conhecida nos meios alternativos norte-americanos, criação de John G. Pierce. A personagem tem a sua primeira história publicada no Brasil, e exclusiva para o ALMANAQUE – muito embora Pierce já seja conhecido, por seus textos sobre quadrinhos. Nela, Jonni Star, uma espécie de Supergirl, impede um assalto a uma fazenda – ou o que parecia um assalto. Percebendo o erro, agora ela precisa reverter a situação antes que seja tarde. Texto de Pierce, com assistência de Gary Robinson e Mark Lewis, e arte do brasileiro Emir Ribeiro (isso aí, o criador da Welta – sabiam que ele já desenhou nos EUA?). Tradução e adaptação de Guedes.
E, antes da aventura do Zax, outro personagem clássico brasileiro retorna numa aventura inédita: Chet, o caubói, criado em 1980 pelos irmãos Wilde e Watson Portella. Uma espécie de versão nacional do italiano Tex, o caubói, na história O Natal de Chet, investiga uma suposta irregularidade em um negócio envolvendo a compra de um rancho – pertencente à tia de sua parceira Sarah, e cobiçado por um negociante inescrupuloso. Texto de Wilde Portella, e arte de A-Lima.
Todas as HQ têm letras de Sandro Marcelo. No entanto, houve um errinho de diagramação: em duas páginas da história de Chet, alguns balões ficaram sem o contorno preto!
Completam a edição três matérias: uma entrevista de Guedes com Steve Englehart, importante roteirista e desenhista da Marvel e da DC Comics, onde o americano faz revelações sobre sua matéria; outra entrevista, de César Britto, com Primaggio Mantovi, ítalo-brasileiro bastante conhecido pelos seus trabalhos no Estúdio Disney Brasileiro e por seus livros sobre o faroeste; e uma matéria de Gérson Fasano, trazendo mais um gibi antigo e dicas para os colecionadores – a bola da vez são as antigas edições brasileiras de Speed Racer.
A capa da edição é de Sebastião Seabra e Zé Borba (que também fizeram a bela capa da edição anterior).
Como viram, a qualidade baixou um pouco: não, é mais pelas histórias em quadrinhos, que infelizmente tiveram roteiros bastante medianos (quem leva a pior é a história de Jonni Star, bastante arrastada para caber em apenas quatro páginas!). Com relação às matérias, está tudo OK ainda. Na parte gráfica, 10.
E agora, esperamos com ansiedade o número 4.
Adquiram o seu gibi, ao preço de R$ 7,00 (subiu um pouco, hein?) com o próprio Guedes: guedesbook@gmail.com. Garantam também os números atrasados!
Para encerrar, uma ilustração – infelizmente, mediana (buá!) – do herói Zan-Garr. Para o momento, é a mais apropriada.
Tá falado! (brincadeira...)
Até mais!

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