segunda-feira, 27 de junho de 2011

CAPITÃO MACNAMARA - Faroeste Bleeekt!

Olá.

Hoje, volto a falar de quadrinhos - e, com essa, mando para os ares a última remessa de revistas novas adquiridas da editora Júpiter 2, do insistente José Salles.

No entanto, este quadrinho mostra que nem tudo o que a Júpiter 2 publica tem alta qualidade. Alguns caras por aí não apenas se contentam em criticar o quadrinho brasileiro, mas também esculacham-no. CAPITÃO MACNAMARA E A INVASÃO EXTRATERRESTRE, a HQ em questão, infelizmente, é uma das séries que dão razão aos detratores da nossa nona arte.

Que me perdoe o José Salles, mas CAPITÃO MACNAMARA é, possivelmente, o pior material já produzido pela editora. Vou explicar.



CAPITÃO MACNAMARA E A INVASÃO EXTRATERRESTRE foi lançado em novembro de 2008. A aventura foi publicada em duas partes - a segunda saiu em fevereiro de 2010. Uma combinação de faroeste, terror e ficção científica, que tinha por intenção (ou pretensão) homenagear os fumetti, os quadrinhos italianos, especialmente os publicados pela já lendária editora Bonelli (de Tex, Zagor, Martin Mystère, Mister No e muitos outros).

CAPITÃO MACNAMARA foi escrito por José Salles (que também já escreveu roteiros para outras revistas da editora, como algumas aventuras do Máscara Noturna). A primeira parte foi desenhada por Eduardo Manzano, e a segunda parte por E. Thomaz.

A história começa como um faroeste normal: numa pacata cidadezinha do oeste americano, um banco é assaltado, e os três bandidos se refugiam no deserto. Mas, à noite, quado eles estão descansando, eles presenciam a queda de um OVNI no deserto. Chegando mais perto do engenho voador, acabam sendo atacados por alienígenas horrendos, que vieram à Terra (velho clichê) com a intenção de dominá-la.

Esses alienígenas atacam os bandidos, e tomam as formas de seus corpos - enquanto que os assaltantes transformam-se em zumbis putrefatos. Enquanto os três aliens decidem vagar pelo oeste para tentar conhecer o planeta, os zumbis atacam outras pessoas, que se transformam em zumbis também. E, assim, processa-se o macabro plano dos aliens.

Entretanto, os aliens são pegos por um grupo de caubóis, que procuravam os assaltantes do banco. Logo, os aliens percebem o erro de terem ocupado corpos de bandidos, e só conseguem escapar porque um bando de zumbis ataca o grupo de caubóis. Somente um deles sobrevive.

E esse sobrevivente se refugia em um forte da Cavalaria (os "Casacas Azuis", os tradicionais soldados que nos faroestes vêm para termina de exterminar os índios), onde relata o que aconteceu ao comandante, o tal Capitão MacNamara. O bonachão comandante decide investigar o caso.

Enquanto isso, os aliens, analisando os erros até então cometidos, desocupam os corpos dos bandidos e ocupam os corpos de três soldados da cavalaria. Os zumbis resultantes atacam um bando de índios, e aumentam assim a legião de zumbis.

No entanto, ao voltarem para o forte, os três aliens acabam desmascarados graças a um grande defeito no plano: eles podem assumir as formas dos humanos, mas não as lembranças deles. Assim, os aliens são desmascarados graças a um detalhe contraditório - um dos aliens, tendo em mãos um colar que pertencia a um dos soldados mortos, não soube explicar de onde o ganhara.

Isso constitui uma vantagem aos terráqueos. Conseguindo dominar um dos aliens, o Capitão Macnamara e seus comandados desfecham um ataque final à nave. Mas, antes de vencerem, precisam passar por uma verdadeira barreira de monstros e de zumbis.

Na parte do roteiro, CAPITÃO MACNAMARA derrapa bastante no início - a cena inicial, do assalto ao banco, por exemplo, é pouquíssimo convincente. A história só fica melhor na segunda parte. Além disso, as características psicológicas dos personagens não são definidas a contento, de modo que todos eles parecem muito vazios. O Capitão MacNamara, nesse ínterim, é um herói passageiro, sem muitas possibilidades de conquistar fãs e, consequentemente, garantir novas aventuras. As sequências de ação são mais ou menos bem construídas, dependendo do artista que cuidou da arte. Calcada em numerosos clichês, a HQ convence pouco e corre o risco de não agradar aos que gostam de faroeste, de terror ou de ficção científica - ou dos três juntos. No fim, o que era para ser uma história séria virou uma grande paródia dos gêneros. Nem o final em aberto convenceu.

Da arte, quem se sai pior é Edu Manzano. Ele, na sua linha clara que se propõe realista, não soube criar sequências de grande impacto. É evidente que a arte de Manzano é muito apressada. Os personagens que desenhou ficam muito estáticos, têm erros de proporção e são muito tortuosos - os rostos dos personagens, por exemplo, são tortos, e os olhos muitas vezes ficam em ugares pouco apropriados de acordo com a posição das cabeças. Mas os zumbis são assustadores, e a melhor cena da primeira parte, mesmo, é quando o bando de caubóis bombardeia o bando de zumbis. As cenas das cabeças dos zumbis explodindo são impressionantes. Mas o restante é pouco convincente. E o forte, então, que ficou muito fajuto no traço de Manzano?!

A segunda parte é a melhor: devido ao lapso de tempo entre uma parte e outra, é evidente que Salles teve bastante tempo de reestudar alguns detalhes e melhorar a história. A arte de E. Thomaz é sombria, cheia de hachuras, nas proporções certas e cheia de movimento, o que garante que a história não seja um fracasso total. No entanto, ela é tão cheia de linhas curvas e tortuosas que é difícil distinguir detalhes dos cenários e dos personagens. Chega até a machucar, em muitos momentos, o olhar do leitor. Os zumbis de E. Thomaz não chegam a ser tão assustadores quanto os de Manzano, talvez por causa da grande quantidade de hachuras que deixou suas formas menos definidas. As cenas de ação são bem mais connvincentes, graças à sensação de movimento que faltou à arte de Manzano. No final, CAPITÃO MACNAMARA teria sido bem melhor se E. Thomaz tivesse desenhado a história toda.

No final, lamento dizer, mas CAPITÃO MACNAMARA é, assim, o pior material já publicado pela Júpiter 2. Sorry, Salles.

As capas: a da número 1 foi desenhada por Douglas Félix, com cores de Luís Meira; e a da número 2 é de E. Thomaz - que também fez a ilustração em sépia da terceira capa. Ah, sim, detalhe: o título da edição número 1, vocês podem reparar, vem com um erro de ortografia!!! Reparem: Extraterrestre e grafado "extreterrestre"!!! Um detalhe muito divertido, mas que felizmente foi notado por Salles - no número 2, ele não apenas corrige o erro como o justifica numa errata.

Se tiverem coragem, podem conferir: cada gibi custa R$ 3,00, e pode ser adquirido pelo tradicional endereço: smeditora@yahoo.com.br. Conheçam outros lançamentos em http://jupiter2hq.blogspot.com/.

Para encerrar: uma ilustração especial que eu fiz do Capitão Macnamara e de um dos horrendos ETs da história.

No final das contas, também fracassei na arte: reparem que as proporções do cavalo não estão legais. Também, quem manda tentar fazer ilustração às pressas? BUÁ!!!
E mais uma vez pedindo desculpas ao Salles se esculachei uma de suas prestigiosas publicações. Que bom que o restante das outras publicações da editora salvam o prestígio da HQ nacional!!!

Até mais!

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