Hoje, devido a alguns eventos que alteraram meus planos para esta noite, resolvi escrever no meu blog. E hoje trago a vocês mais um livro adquirido em Santa Maria, RS, por ocasião da Feira do Livro.
Tal como Xirú Lautério e os Centauros, esta publicação nem recente é. Porém, impressiona até hoje pela vivacidade e pela atualidade.
Estou falando de PENÁPOLIS - O MUNDO, SEGUNDO AS GALINHAS, de Mário Lúcio Bonotto Rodrigues, o Máucio.
Máucio, atualmente professor do curso de Desenho Industrial pela Universidade Federal de Santa Maria, RS, também já causou muito no quadrinho gaúcho. Ele é um dos integrantes do grupo santamariense Grupo de Risco, juntamente com Elias Ramires Monteiro, um dos mais geniais chargistas da atualidade (atualmente publicando charges no jornal Diário de Santa Maria); o escritor Orlando Fonseca; e o também cartunista Jorge Ubiratan Lopes, o Byrata. Esse grupo, quando se junta, lança trabalhos que valorizam não apenas as coisas do nosso Estado, mas também o quadrinho nacional como um todo. O trabalho mais importante desse grupo foi a revista Garganta do Diabo, lançada em 1992 e que foi publicada regularmente até 1998. Além de trabalhos dos quatro, a Garganta, cuja mascote também é muito conhecida (um diabinho com uma auréola de anjo, desenhada pelo Elias) publicou trabalhos de outros artistas gaúchos e santamarienses, servindo como uma espécie de vitrine de novos talentos. Atualmente, Máucio é um dos coordenadores do evento Cartucho - Encontro de Cartunistas Gaúchos. Embora ele - até onde sei - não tenha sido integrado formalmente no Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria - Quadrinhos S. A., ele deu também suas contribuições ao grupo - alguns membros do Núcleo, como Marcel Jacques e Gabriel Coser, foram alunos seus.
Bem. Foi na Garganta que Máucio lançou sua série de cartuns mais célebre, Penápolis. O cartunista é conhecido pelo traço simples e caligráfico, como todo cartum em tese deveria ser - como cartunista e professor, Máucio entende os princípios de um bom cartum como ninguém.
Depois de muitos anos publicando cartuns esparsos de Penápolis, Máucio resolveu publicar a série na forma de livro. E assim, em 2009, pela editora Bico de Pena (impresso pela Sociedade Gráfica Pallotti, de Santa Maria), Máucio lançou PENÁPOLIS.
Antes que perguntem, sim, existe uma cidade verdadeira chamada Penápolis, que fica no estado de São Paulo. Mas a PENÁPOLIS de Máucio nada mais é que um trocadilho: os personagens dos cartuns são, conforme o subtítulo entrega, galinhas, galos e frangos.
Esses galináceos, apesar de manterem a aparência de galináceos, comportam-se e agem como seres humanos. Assim, é muito divertido ver os galináceos espelhando alguns hábitos humanos: lendo, vendo TV, pintando quadros, tomando chimarrão na varanda, fazendo churrasco, no papo da mesa de bar... é difícil não se reconhecer numa dessas situações.
Máucio, em PENÁPOLIS, alia a crítica do cotidiano humano a um pouco de crítica social, mas nunca sem perder a graça. Várias piadinhas dos cartuns são trocadilhos com o mundo dos galináceos. Até mesmo alguns nomes de personalidades reais foram adaptados ao mundo galináceo: os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, o FHC, e Luís Inácio Lula da Silva, por exemplo, viraram "FH-lo" e "Luís Galináceo".
Algumas das charges mais divertidas são as que mostram as galinhas comentando notícias de TV (em algumas, a TV está apoiada sobre um ovo que faz as vezes de balcão!). O único personagem fixo da série é Pintasso, o pintor, um artista meio complicado. No mais, as galinhas de Máucio tem as mesmas vicissitudes do ser humano: criticam a sociedade, procuram emprego, casa, reclamam do salário que acaba antes do fim do mês, reclamam da apelação nas manifestações da arte... Como disse, é difícil não reconhecer em PENÁPOLIS uma situação sequer que remeta ao nosso próprio cotidiano.
PENÁPOLIS apresenta um cartum em cada página - alguns, entretanto, vêm numa sequência de duas páginas, formando uma tira.
Quem for ver o livro, verá que alguns cartuns são republicações dos anteriormente publicados na Garganta - só que, desta vez, coloridos (os originais são em preto e branco). Coloridos à mão, com lápis pastel. E foi um acerto de Máucio colocar os textos dos cartuns à mão, ao invés de fazer as letras por computador. Bão também!!! Ressalva é que alguns cartuns parecem datados, pois remetem a fatos acontecidos no passado, mais nos anos 90, época da publicação original da Garganta.
PENÁPOLIS é um livro de cartuns que vale a pena ter na estante!!! É cartuns e humor feitos por quem realmente entende do assunto! E o que é melhor, é gaúcho com muito orgulho!!!
Não sei se ainda é possível pedir um exemplar ao autor. Mas, em todo o caso, escrevam, pedindo informações, para: maucio@uol.com.br e solicitem o seu.
Para encerrar, hoje trago a vocês uma charge, publicada no jornal A Razão de Santa Maria, RS. Esta aqui alude ao episódio da Operação Furacão de 2007, quando a Polícia Federal desencadeou uma verdadeira ação contra as máquinas caça-níqueis ilegais. Algo que, de certa forma, ainda insiste em persistir em nossa sociedade: a manipulação ilegal do vício de certas pessoas pelo jogo, quando pessoas desonestas programam máquinas para que o apostador sempre perca, e acabe fazendo todas as suas economias escorrerem pelo ralo. Vergonha nacional.
Ainda assim, é um trabalho, publicado por intermédio do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria - Quadrinhos S. A., que mantinha uma página no caderno Teen do jornal A Razão de 2006 a 2008. Foram nessas páginas que as tiras de Letícia foram publicadas pela primeira vez.
Ainda assim, é um trabalho, publicado por intermédio do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria - Quadrinhos S. A., que mantinha uma página no caderno Teen do jornal A Razão de 2006 a 2008. Foram nessas páginas que as tiras de Letícia foram publicadas pela primeira vez.
Bons tempos, aqueles!
Até mais!
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