quarta-feira, 7 de março de 2012

RECRUTA ZERO de volta às bancas! (Bah, que novidade!)

Olá.
Semana passada, nas bancas de todo o Brasil, chegou uma novidade ótima em termos de quadrinhos clássicos.
Trata-se do gibi do RECRUTA ZERO!

Não que seja uma novidade a publicação do personagem criado por Mort Walker em 1950 no Brasil – este personagem já foi publicado e republicado à exaustão em terras brasileiras. Mas são outros os motivos que fazem este gibi ser uma grande novidade.
Primeiro, porque este gibi foi lançado pela editora Pixel Media, selo do grupo Ediouro, que atualmente publica os gibis de Luluzinha Clássico e Luluzinha Teen (este, totalmente produzido no Brasil). É um ensaio para que a Pixel Media retome a diversificada linha de quadrinhos que tinha quando apareceu?
Segundo, porque o gibi republica as tiras do personagem – e coloridas. Tá, isso também não é novidade, nos sebos e livrarias o que a gente mais encontra é coletâneas de tiras do Recruta Zero.
E, terceiro, porque o Recruta Zero não vem só – no gibi, estão incluídas várias outras tiras, criadas por Walker, seu colega Dik Browne e outros colegas da King Features Syndicate, a empresa que distribui as tiras do personagem para o mundo todo. E esses personagens vem embutidos de curiosidades históricas subliminares – isso, claro, só para quem entende um pouco de História das HQ, como eu. Para os leitores novos, é uma oportunidade de conhecer alguns personagens clássicos, todos já publicados no Brasil, mas pouco lembrados.
Bão. Quem lê a página de quadrinhos dos jornais já sabe quem é o Recruta Zero, o soldado preguiçoso e trapalhão que, inicialmente, apareceu como um estudante universitário. O soldado, de quem eu já falei no blog, é alvo constante da ira do gorducho Sargento Tainha. Recruta Zero, criado nos EUA por Mort Walker em 1950, é a mais famosa sátira às instituições do exército, tanto o americano quanto o de qualquer país, inclusive o brasileiro. Um personagem universal, portanto. Bem, isso é o básico.
O material do gibi são as tiras mais recentes, produzidas por Walker e seu filho Greg. Bom.
O gibi começa com o nosso herói, Zero, em conflito com o Sargento Tainha.
A seguir, vem a tira de um colega de Walker: Hagar, o Horrível, criado por Dik Browne em 1973. As tiras do viking grosseirão e pai de família também são as mais recentes, produzidas pelo filho de Dik, Chris, que assumiu a tira após a morte do pai, em 1989. No segmento Esses vikings são bárbaros!, Hagar e seu fiel parceiro Eddie Sortudo vão com suas tropas saquear castelos na Inglaterra, atividade com a qual Hagar sustenta sua família.
A seguir, mais uma cria de Walker: Zezé & Cia, criação conjunta de Walker e Dik Browne. Essa tira é um caso de spin-off (série surgida de outra) dos quadrinhos: Zezé & Cia surgiram em 1954 como personagens secundários das tiras do Recruta Zero, na fracassada tentativa de dar ao personagem uma vida civil. Zero voltou ao exército depois de duas semanas em casa, mas a irmã e o cunhado dele ficaram. Reformulados, mas ficaram. Zezé, seu marido Cazuza, seus filhos Zozó (o mais velho), Zizi, Zuzu (os gêmeos) e Trixie (a bebê), uma típica família de classe média americana, estrela tiras, atualmente com roteiro de Brian e Greg Walker e arte de Chance Browne (familiares dos criadores, claro).
A seguir, mais uma cria de Walker: A Arca dos Bichos (também conhecida como A Arca de Noé). Criada por Walker (que assina com seu primeiro nome, Addison) e Frank Johnson, A Arca dos Bichos trata da vida de um grupo de animais faantes e humanos (dentre estes, o capitão incompreendido) que habita uma arca a navegar pelos mares.
A seguir, mais Hagar. No segmento Homens ao Mar!, Hagar e seu parceiro Eddie Sortudo vivem situações quando o navio deles afunda e eles vão parar em uma ilhota deserta.
A seguir, mais Zero. No segmento A Estonteante Dona Tetê!, vemos tiras onde prontifica a gostosona secretária do General Dureza (comandante do decadente quartel Swampy), virando a cabeça do próprio. E pensar que Dona Tetê já chegou a dar muita dor de cabeça a Walker, visto que as feministas de plantão reclamam que a personagem promovia indiretamente o machismo nos quadrinhos...
A seguir, mais uma cria de Walker: Sam & Silo, criados em 1961 por Walker e Jerry Dumas. As tiras tratam de uma dupla de policiais meio incompetente, a “lei” na cidadezinha de Lagoa dos Patos.
A seguir, mais Zezé & Cia – mas nas tiras, prontifica a dupla de lixeiros Zeca & Fiapo, responsáveis por recolher o lixo da família.
A seguir mais Zero. Manobras Militares traz as trapalhadas do Recruta e seus amigos no front.
A seguir, uma tira que destoa das demais por não ser cria de Walker, e nem produzida por ele: Zé Fumaça. Esse personagem é o primeiro caso de spin-off conhecido nos quadrinhos: ele surgiu em 1934 nas tiras do personagem Barney Google, criadas por Billy de Beck em 1919. As presentes tiras do personagem, um caipirão desconfiado, ladrão de galinhas e indolente, cujo único interesse na vida é o jogo de carteado, foram produzidas por Fred Lasswell, ex-ajudante de Billy de Beck, que assumiu a tira após a morte deste em 1942.
A seguir, uma curtinha de Zezé & Cia, Querida, Cheguei!
E, encerrando a edição, mais Hagar. O Descanso do Guerreiro traz o viking enfrentando sua nêmesis: a autoritária esposa Helga, a única capaz de questionar o viking. Isso torna o personagem um espelho das famílias americanas de classe média.
Enfim. Imperdível para quem adora quadrinhos clássicos, para quem não tem preconceitos com qualquer quadrinho, para quem cansou dos mangás atulhando as bancas, etc. Um sopro de vida no mundo dos quadrinhos clássicos das bancas.
O número 1 já está nas bancas, pela bagatela de R$ 4,50! Não percam!
Para encerrar: sendo hoje quarta-feira, é dia de Mãe de Gatos. Esta é a última tira do arco A primeira semana de Sabrina, estrelando a nova gatinha da Deninha. Em breve,disponível também no site Mãe de Gatos.
É isso aí.
Amanhã, quinta-feira (mantendo a programação normal), é dia e Teixeirão.
Até mais!

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