sexta-feira, 21 de novembro de 2014

HAKOIRI - A sua próxima novela das 11 horas!

Olá.
Hoje, conforme programado, continuo uma série de resenhas de mídias eróticas japonesas conhecidas recentemente. Na última postagem, foi um anime hentai; hoje, vai ser um mangá. Em tempos recentes, o Brasil recebeu, em suas bancas, alguns títulos eróticos japoneses de mangá – e estes serão resenhados por ordem de chegada.
Então, começamos com HAKOIRI, de Cuvie.

HAKOIRI foi lançado no Brasil pela editora Nova Sampa, em setembro de 2013. A Nova Sampa, uma das mais tradicionais casas publicadoras de quadrinhos do Brasil dos anos 80 e 90, voltou, em 2012, a investir em mangás japoneses (nos anos 90, chegou a trazer aqui o Lobo Solitário de Kazuo Koike e Gozeki Kojima), mesmo sendo um reconhecido mercado de risco. Começou essa nova leva com dois mangás quase desconhecidos, Hitman e Yakuza Girl, para só depois, cerca de um mês depois, trazer aqui dois mangás mais conhecidos, Oldboy e Ikkitousen. Apesar da periodicidade irregular, com diferença de meses entre um número e outro, os fãs brasileiros não ficaram na mão: as séries foram publicadas na íntegra. E, com o sucesso da empreitada, a Nova Sampa trouxe mais mangás para o Brasil, entre títulos conhecidos e desconhecidos: Gurren Lagaan, Tarareba, Hakoiri, Nightmare Maker, Tokyo Summer of the Dead... Ikkitousen foi retomado (o mangá, que até o momento tem 17 volumes lançados no Japão, foi dividido em temporadas de seis números, e a segunda temporada já está saindo), e está em curso, também, a publicação no Brasil dos mangás Dawn – Tsumetai Te e Queen’s Blade, todos pela Sampa.
Bão. HAKOIRI foi anunciado em julho de 2013. Na ocasião, a editora capitaneada por Marcelo Del Grecco também anunciou Tokyo Summer of the Dead e Nightmare Maker. Aliás, Nightmare Maker é da mesma autora de HAKOIRI, Cuvie (como ela assina) e os seus seis volumes já foram publicados na íntegra. Tokyo Summer... é de Shiichi Kagura.
Cuvie é uma autora especializada em mangás eróticos, se igualando a autoras “ousadas” como Kyo Hatsuki (Love Junkies e Inu Neko), cujo público é prioritariamente o masculino adulto (o normal é que as mangakás mulheres desenhem histórias para o público feminino). E já era mais ou menos conhecida dos brasileiros: seu primeiro mangá publicado no Brasil foi a série medieval Dorothea (2005), cujos seis volumes foram lançados de forma discreta pela editora Panini em 2011. Portanto, Cuvie já teve três mangás publicados no Brasil – mas segue uma autora pouco conhecida. Nem seu verdadeiro nome consegui encontrar em pesquisas na internet, só consegui apurar sua idade, aproximadamente 39 anos.
HAKOIRI foi lançado em edição única de 180 páginas. Serializada na revista japonesa Champion Retsu, da editora Akita Shoten, em 2007. E a capa (acima, imagens da frente e do verso do volume) já adverte: não é recomendado para menores de 18 anos. Mas a classificação do mangá é difícil: oficialmente, é um seinen (mangá para o público masculino mais velho) erótico – e, nessa classificação, seria uma história mais séria. Mas o mangá contém elementos de comédia combinados aos de drama e os de ecchi (erotismo). Bem, eu prefiro acreditar que HAKOIRI é uma ero comedy, uma comédia erótica, tal como outros títulos lançados no Brasil, como Love Junkies, Inu Neko ou Futari H.
HAKOIRI (segundo o Google Tradutor, o nome significa “encaixotado”) combina elementos de drama e comédia, num enredo que lembra um daqueles novelões dramáticos brasileiros, com recursos um pouco absurdos para resolver a trama. Quer dizer, à primeira vista. E, sendo um mangá erótico, contém cenas de nudez e sexo semi-explícito – a autora não desenha detalhadamente a genitália dos personagens, logo, as cenas de sexo se baseiam mais na sugestão que no visual. Aliás, é fato conhecido que os japoneses, em mangás adultos voltados a públicos maiores, evitam desenhar pelos pubianos nos personagens em nu frontal. Nos mangás hentai, eles desenham pelos pubianos e genitália detalhada. Mas HAKOIRI não é um hentai, no sentido explícito da palavra. Por favor, me entendam.
Well. HAKOIRI apresenta três histórias reunidas em um único volume – a principal, dividida em sete capítulos (tal como uma peça de teatro, dois “atos de preparação” e cinco “atos principais”), e duas histórias curtas (one-shot). HAKOIRI, a história principal, versa sobre uma paixão proibida – daí a comparação com uma novela.
Os personagens principais são os jovens estudantes Kouichi Tamura e Shion Ayase. Kouichi é um jovem estudante universitário e pobre; Shion é uma menina de família rica – a mãe do rapaz é empregada da família Ayase. Os dois se conhecem desde a infância, e são apaixonados um pelo outro – uma relação proibida pelas convenções sociais. Ambos vem de uma cidade do interior. Kouichi foi para Tóquio, capital do Japão, cursar a universidade; Shion, algum tempo depois, foi estudar em um colégio feminino de Tóquio, e reside na casa do avô, um homem severo e defensor das tradições.
Shion vai procurar Kouichi em seu apartamento para cobrar uma promessa de infância: dar sua virgindade ao rapaz, e que ele seja o primeiro a fazer isso. E Kouichi, que sempre se manteve fiel à moça – e vice-versa – já está para cumprir o prometido, quando o casal é atacado: o avô de Shion, o principal opositor do relacionamento, persegue Kouichi até de helicóptero! E ainda manda seguranças atrás do casal!
Os dois fogem, e, quando já se sentem seguros em um beco, resolvem “mandar brasa” ali mesmo: Kouichi tira a virgindade de Shion sem nem mesmo tirar-lhes completamente a roupa. Também, com a intensa marcação do velho Ayase...
A partir daí, Kouichi e Shion passam por uma série de desafios para consumar o seu amor. Shion, evidente que continua, sempre que lhe é possível, encontrando Kouichi em seu apartamento de estudante – mas a moça, apesar de decidida, e um tanto manhosa, e até mesmo exige que Kouichi a carregue nas costas. Shion aplica até mesmo sexo oral no namorado. E só admite transar com Kouichi, e é isso que os dois fazem em quase todos os capítulos, quando conseguem ficar a sós. O velho Ayase resolveu, ao saber que ambos já transaram, e meio a contragosto, meio que colocar o jovem à prova, saber que ele é digno de assumir a chefia da família. Entretanto, Shion é instada a procurar um noivo em Tóquio, de preferência, no mesmo nível social que ela – pelo menos é o que ela revela a Kouichi, mais como uma desculpa para vir a Tóquio encontrar o amado. É claro que o rapaz não consegue conceber a ideia de ver a amada nos braços de outro homem.
Nessa série de desafios, Kouichi chega a ser seduzido por Satoko, a guarda-costas de Shion. Mas o rapaz, cujos sentimentos por Shion são sinceros, consegue resistir à “prova”, e está disposto a fazer de tudo para ficar com ela. Mais tarde, Satoko, de uma severidade quase mecânica, se torna uma grande aliada do rapaz.
Porém, os desafios não param por aí. Kouichi ganha um rival pelo amor de Shion: o bonitão Takao Ichijou, um playboy filho de um superintendente de polícia, se torna noivo da garota, e nem se vexa em perseguir Kouichi, quando o casal está fugindo após serem cerceados durante outra transa, e humilhar o “suburbano” estudante na frente do avô Ayase. A partir daí, os encontros entre Kouichi e Shion se tornam mais difíceis – o rapaz é praticamente impedido de ver a amada. No máximo, Kouichi, através de Satoko, consegue falar com Shion pelo telefone – e esta, que estava no banho, se masturba para ela via celular. Mas o clímax da série ocorre quando Kouichi, com a ajuda de Satoko, e usando um helicóptero, invade a igreja para resgatar Shion, que está prestes a se casar com Takao... As consequências de tal ato podem ser tanto negativas quanto positivas, mas... não há dúvidas que, no final, tudo acaba bem. Afinal, é uma novela. Com elementos de exagero, pois é difícil pensar em coisas assim acontecendo na vida real, mas Cuvie consegue conduzir a história com competência. Os desenhos, entretanto, tem uma certa falta de jeito que tira um pouco da sensualidade das personagens – e, em alguns momentos, parece que Shion não está gostando das transas, tal a pouca adequação das expressões faciais. As cenas de sexo e o consequente “mostruário de calcinhas” até que são bem conduzidas, também, e a quadrinização evita, ao contrário de muitas obras do gênero, machucar os sentidos do leitor – Cuvie aposta em uma quadrinização mais tradicional, em poucas oportunidades fazendo um personagem “invadir” um quadro vizinho, com mais espaços claros para criar um descanso para os olhos do leitor.
A revista é completa com duas histórias curtas. Na primeira, Paixão do Jovem Lobo, um rapaz, Arino, está prestes a fugir de casa e começar a vida em outra cidade. Mas, antes, ele decide passar na casa da namorada, Yuria, para se despedir. A moça, recém saída do banho, tenta convencer o rapaz, que tem uma péssima fama de mentiroso, a ficar. Mas será que ele será convencido a isso? Esse one-shot, infelizmente, é meio confuso – exige que seja lido duas vezes para que afinal seja compreendido. E a cena de sexo resume a apenas uma cena de sexo oral, deixando o resto por conta da seminudez de Yuria.
E, na segunda, Anormal, Cuvie puxa para o lado do politicamente incorreto – está mais para uma narrativa de abuso sexual, mostrado de forma positiva. Trata de como um professor de educação física, de uma forma peculiar, tenta convencer uma estudante rebelde sobre as vantagens do uso de um curtíssimo short de ginástica (como devem saber, as roupas escolares de ginástica são um fetiche forte entre os japoneses, assim como os uniformes escolares e os maiôs de natação). E, nessa “aula extra”, o professor conta com a ajuda de uma aluna já acostumada ao “método”. Como o Ministério Público deixou esta história passar?
HAKOIRI já está esgotado nas bancas, mas ainda pode ser encontrado em lojas especializadas. Preço de capa: R$ 12,90. Prazer não garantido – precisa um pequeno esforço para tal.
Para encerrar, mais uma historinha da série Pequenos Relatos, que estou produzindo especialmente para esta série de postagens. Meu treino para produzir historinhas ousadas. Nesta aqui, uma pequena discussão: a mulher precisa ser necessariamente escultural e “perfeita” para dar prazer a um homem? Desculpem a possível falta de jeito da historinha, vou me esforçar para melhorar.
Na próxima postagem, outro anime hentai. Desta vez, para dar prazer de verdade.

Até mais!

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