sábado, 21 de abril de 2018

MAX UND MORITZ, ou JUCA E CHICO - os primeiros moleques pop


Olá.
Hoje, vamos tratar de narrativas sequenciais – não são necessariamente histórias em quadrinhos, mas seu descendente mais próximo.
Hoje, vamos tratar de uma narrativa que é considerada uma das precursoras das histórias em quadrinhos como a conhecemos. Embora não seja uma história em quadrinhos propriamente dita, ela costuma ser muito citada pelos especialistas em HQ como uma história em quadrinhos pioneira.
Hoje vou tratar de Max und Moritz, ou, na tradução brasileira, JUCA E CHICO.



PREÂMBULO
Max und Moritz – Eine Bubengeschichte in sieben Streichen (na tradução brasileira, Juca e Chico – História de Dois Meninos em Sete Travessuras), publicado pela primeira vez na Alemanha em 1865, é um dos livros infantis mais vendidos de todos os tempos – porém, nos dias de hoje, o que nele está escrito não passa pelo filtro do politicamente incorreto, pois é de outra época, e quando a educação das crianças era bem diferente, sem as leis protetivas e sem a moderna psicologia infantil, que exclui a palmatória e os castigos físicos.
Seu autor, tanto dos textos em versos como das ilustrações, foi Wilhelm Busch (1832 – 1908), influente pintor, caricaturista e poeta, famoso por suas histórias satíricas.
Com frequência, Busch costuma ser citado entre os pioneiros europeus das modernas HQ – foi no século XIX que, segundo o consenso dos especialistas no assunto, as narrativas ilustradas sequenciais, ou melhor, as histórias ilustradas com desenhos que formam sequência, saíram dos livros ilustrados, então restritos ao público alfabetizado da época, começaram a sair em publicações voltadas a um público maior, como as revistas humorísticas e os jornais, e passaram a fazer parte da cultura de massa, ou seja, chegaram à apreciação do público em geral, graças às ilustrações que facilitam o entendimento das histórias. Inicialmente na forma de ilustrações montadas em uma única prancha, com legendas embaixo, sem a presença de balões de fala e onomatopeias (palavras que imitam sons) inseridas nas ilustrações, mas com a presença de símbolos cinéticos (linhas indicando movimento).
Ainda se discute, entre especialistas amadores e profissionais, qual teria sido, de fato, a primeira HQ propriamente dita. A primazia das narrativas sequenciais de massa, de acordo com as características apontadas acima, caberia aos europeus, mas o Brasil também corre nesse páreo. Há quem aceite que o pioneiro das HQ, propriamente dito, foi o francês Jean Charles Péllerin, que começou a divulgar suas Estampas de Épinal em 1820; há quem aceite que o pioneiro das modernas HQ foi o suíço Rudolf Töpffer, que começou a publicar suas primeiras histórias nessa mesma época (sua obra mais citada é o Monsieur Vieux-Bois, de 1827). Busch veio mais tarde, quase junto com Rafael Bordalo Pinheiro (Portugal) e Ângelo Agostini (Brasil).
À parte das polêmicas entre especialistas em HQ, o fato é que Max und Moritz atravessa o tempo. O que torna essa obra ímpar a outras obras de sua época é que Max und Moritz serviu de inspiração para outras obras posteriores, e seus personagens principais são as primeiras “crianças terríveis” das narrativas sequenciais. São os antepassados de personagens como Sobrinhos do Capitão, Luluzinha e Bolinha, Dênis o Pimentinha, Reco-reco Bolão e Azeitona, Turma do Gordo, os sobrinhos do Pato Donald, do Mickey e do Zé Carioca... e, num estágio mais avançado, dos Skrotinhos de Angeli.

WILHELM BUSCH
Well, um perfil rápido do autor.
Heinrich Christian Wilhelm Busch nasceu em 15 de abril de 1832 em Wiedensahl, localidade próxima a Hannover, e faleceu em 9 de janeiro de 1908 em Mechtshausen. Ele iniciou os estudos em engenharia mecânica, mas mudou sua formação para a pintura, estudando em Düsselforf, Antuérpia e Munique – porém, ele conquistou fama internacional como cartunista de humor. Suas primeiras histórias ilustradas começaram a ser publicadas a partir de 1859, nos jornais Münchener Bilderbogen e Fliegede Blätter, de Munique. Seu estilo de desenho e de poesia tendeu sempre para a sátira e para o humor. Max und Moritz saiu em 1865, e foi o terceiro livro publicado pelo autor, e seu primeiro best-seller (ver adiante).
Por volta de 1870, Busch já era uma celebridade no Alemanha, por conta de suas histórias satíricas ilustradas, muito próximas ao cotidiano das pessoas. No entanto, foi por volta desse ano que Busch resolveu parar com as narrativas figuradas, e a se dedicar exclusivamente ao desenho e à ilustração, já tendo deixado material suficiente para apreciação das novas gerações. Busch pintou cerca de mil quadros a óleo, a maioria não tendo sido vendida até a morte do artista, em 1908, e ainda fez alguns trabalhos em escultura. Mas, ainda em vida, Busch exerceu influência sobre artistas do mundo todo. Um deles foi o luso-brasileiro Rafael Bordalo Pinheiro, que, ao publicar, no semanário O Besouro no. 38, de 1878, a prancha Fagundices – Phrases e Pensamentos Fagúndicos, acrescentou o subtítulo “Imitação livre de Busch”, em referência ao trabalho do alemão.
Da extensa obra de Busch, Max und Moritz é a mais lembrada, porém, o Brasil conheceu outros exemplos de sua obra (ver adiante).

O CONTEXTO DE CRIAÇÃO
As informações a seguir, a respeito do contexto da criação de Max und Moritz, foram extraídas do verbete sobre a obra na Wikipedia:
“Depois de um curso incompleto em Düsseldorf e Antuérpia, Wilhelm Busch quis continuar seus estudos de artes em Munique, mas esse desejo resultou em um desentendimento com seu pai, que o mandou para Munique com um último auxílio financeiro. Contudo, o curso de artes na Academia de Belas Artes de Munique não correspondeu às suas expectativas. Busch entrou em contato com a cena artística de Munique no clube de artistas Jung München, em que se reuniam quase todos os pintores importantes da cidade. No jornal desse clube, Busch e vários outros artistas publicaram caricaturas e textos informativos. Kaspar Braun, que editava os jornais satíricos Münchener Bilderbogen e Fliegende Blätter interessou-se pelo estilo de Busch e ofereceu a ele um trabalho autônomo. Graças a essa remuneração, ele estava pela primeira vez com as contas em dia e tinha dinheiro o suficiente para seu sustento.
Entre 1860 e 1863, Wilhelm Busch contribuiu com mais de cem trabalhos para o Münchener Bilderbogen e Fliegende Blätter. Busch achava que sua crescente dependência em Kaspar Braun o restringia, então ele procurou um novo editor: Heinrich Richter, filho do pintor saxônio Ludwig Richter. Na editora de Richter tinham sido publicadas até então apenas obras de seu pai, assim como livros infantis e de cunho religioso e edificante. Busch possivelmente não estava ciente da natureza do trabalho da editora quando combinou com Heinrich Richter a publicação de um livro ilustrado. Ele era livre para escolher o tema, porém, sua proposta encontrou objeções por parte de Richter. Busch começou a trabalhar no Max und Moritz em novembro de 1863, quando sua obra anterior Bilderpossen ainda estava no prelo. Em 12 de dezembro do mesmo ano ele tinha desenhado cerca de cem ilustrações que ofereceu para publicação a Richter em outubro de 1864.
As dúvidas de Heinrich Richter perante as histórias do Bilderpossen de 1864 foram confirmadas. O livro se mostrou um fracasso, pois não era nem uma coletânea de contos, um livro ilustrado ou de caricatura, e ainda superava em muito a crueldade encontrada em Struwwelpeter (traduzido para o português como João Felpudo). Ainda em novembro de 1864, o editor deu esperanças a Busch de que a vendagem no período de Natal aumentaria, o que, no entanto, não aconteceu. No começo do ano de 1865, Richter rejeitou o manuscrito de Max und Moritz por causa da baixa expectativa de venda. Além disso, seu pai, Ludwig Richter, havia concluído que as pessoas que gostavam desse gênero não compravam livros.
Wilhelm Busch se comunicou novamente com seu antigo editor Kaspar Braun em 5 de fevereiro, embora desde algum tempo eles não se falavam nem se correspondiam:
Prezado Senhor Braun! [...] Envio-lhe a história de Max und Moritz, que tive o prazer de colorir, com o pedido de que a examine com carinho e um ocasional sorriso. Eu pensei que ela pudesse ser publicada como uma pequena epopeia infantil em alguns números do Fliegende Blätter.
Kaspar Braun autorizou a publicação em fevereiro de 1865, sem comentar sobre o desentendimento entre ambos, e só pediu a Busch para aperfeiçoar novamente o texto e as imagens. Diferente do que Wilhelm Busch propôs, Braun não queria publicar a história no Fliegende Blätter, mas sim aumentar a seção de livros infantis da editora Braun & Schneider. Pelos direitos autorais, Braun pagou à vista 1000 florins a Wilhelm Busch, o que correspondia a quase dois anos de salário de um trabalhador braçal e foi uma soma considerável para ele. Para Kaspar Braun e sua editora, o negócio da publicação se mostrou um golpe de sorte a médio e longo prazo. Em agosto de 1865, Wilhelm Busch desenhou a trama em uma prensa de madeira e em outubro a história ilustrada foi publicada com uma tiragem de 4000 exemplares. A vendagem dessa primeira edição, com encadernação simples de papelão claro, estendeu-se até 1868. Um exemplar dessa primeira edição foi vendido, em um leilão em 1998, por um valor equivalente a 125.000 euros.”
Como visto, Max und Moritz se tornou um grande sucesso graças a um golpe de sorte. E se tornou influente, ainda por cima, pois serviu de inspiração à primeira HQ popular moderna, propriamente dita. O alemão Rudolph Dirks, quando começou a trabalhar nos Estados Unidos, se inspirou em Max und Moritz para criar os seus Sobrinhos do Capitão (The Katzenjammer Kids), em 1897. De fato, quem conhece ambas as séries, prontamente conseguem notar as semelhanças entre os meninos Max e Moritz e os protagonistas da série de Dirks, Hans e Fritz, todos crianças arteiras, e com semelhanças físicas.
Max und Moritz ganhou tradução brasileira em 1901, sob o já citado nome de JUCA E CHICO, pelo poeta parnasiano Olavo Bilac, sob o pseudônimo de Fantásio, e publicada pela editora Laemmert. Mais tarde, JUCA E CHICO, cuja tradução se manteve inalterada por causa do renome do responsável (apenas com a atualização da ortografia), passou por outras editoras: a partir da 4ª edição, passou a sair pela Livraria Francisco Alves, e depois pela Melhoramentos, que também editou outras obras de Busch dentro da coleção intitulada Juca e Chico. A última edição conhecida do livro é da editora Itatiaia, de Minas Gerais, nos anos 1980, que também reeditou a coleção Juca e Chico, composta por outras sete obras: O Macaco e o Moleque, O Fantasma Lambão, O Corvo, O Camundongo, Rico, o Mico, A Cartola e O Trenó do Joãozinho.
A tradução de Bilac, embora não seja totalmente fiel ao original alemão, consegue captar o tom de sátira presente na obra, e o objetivo moralista. Ele preservou a construção métrica, em versos em redondilha maior (sete sílabas métricas) e rimas a cada dois versos. Pelos atuais critérios, os versos traduzidos, cheios de ideias repetidas e sinônimos, parecem “de pé quebrado”, visando ao leitor recém-alfabetizado. Outro cuidado tudo por Bilac foi o de traduzir os nomes de todos os personagens, de modo que eles se encaixassem nas rimas traduzidas. E também, nos textos, estão presentes muitas onomatopeias, que se combinam às rimas, como presente no original alemão.
A presente postagem baseia-se em edição da editora Melhoramentos (capa abaixo), de 1976, que eu encontrei por sorte em um saldo de livros usados. Nesta edição, os desenhos foram colorizados (também é possível encontrar as mesmas em preto-e-branco) e editados: alguns foram ampliados, alguns ocupando dias páginas, e outros foram espelhados. E, de fato, em suas 68 páginas (contando capa), fica parecendo mais um livro infantil simples do que uma HQ. Mas nem é uma HQ de fato, visto que não possui balões de fala, quadros separando a ação, e onomatopeias inseridas no desenho.

O LIVRO
A narrativa de JUCA E CHICO estrutura-se em um prólogo, sete capítulos e um epílogo. E trata das travessuras de dois meninos, aparentemente irmãos, que vitimam adultos da aldeia onde moram por pura diversão.
A história é carregada de humor negro e nonsense e de um moralismo irônico e cruel, de um tempo em que a pedagogia ainda era baseada em castigos físicos, limitação das brincadeiras e as crianças ainda trabalhavam cedo. Busch retrata costumes das aldeias camponesas alemãs, uma das obsessões de sua obra (ele mesmo cresceu em uma aldeia de agricultores, e alguns biógrafos dizem que foi uma amizade de infância com o filho de um moleiro que inspirou as histórias de JUCA E CHICO), e se preocupa em apresentar os personagens envolvidos nas travessuras dos meninos, suas ocupações, gostos, costumes diários. É frequente o jogo de contrastes entre a ordem e o caos – a ordem representada pelo cotidiano até então imperturbável das vítimas, o caos representado pelos dois meninos que dão um jeito de perturbar essa ordem. Ao mesmo tempo, ironiza a propensão infantil à maldade, além de subverter a imagem das crianças presente nos romances da época. Em vários dos livros de Busch, os personagens infantis são agressivos e perversos, ao contrário da imagem ideal da criança no ambiente bucólico, obediente e abnegada. A educação na época era vista como um recurso de “civilização” da criança que, naturalmente propensa à maldade, quando não se torna uma criminosa se não for corrigida a tempo, acaba morta. Claro que o objetivo de Busch é demonstrar ao leitor mais jovem o que acontece com quem é desobediente e apronta pequenos delitos “por diversão”, mas a forma como o faz é chocante ao público politicamente correto dos dias de hoje, pois, ao final das traquinagens, os meninos acabam tendo um destino trágico. Porém, graças aos desenhos de Busch, o final trágico acaba soando engraçado.
JUCA E CHICO é um bom demonstrativo das histórias antigas europeias para crianças, carregadas de nonsense, ironia e violência com objetivos pedagógicos, incutindo lições através dos sustos – em algum momento, o leitor já deve ter lido a respeito das versões originais dos “contos de fadas”, e se chocado em descobrir que histórias infantis como Chapezinho Vermelho, João e Maria, Cinderela, Branca de Neve, etc., tinham versões mais sangrentas e carregadas de erotismo. E que as crianças do século XIX ouviam antes de dormir!
Bem. O prólogo da história, na tradução de Bilac, apresenta assim os personagens principais:
Não têm conta as aventuras,
As peças, as travessuras
Dos meninos mal criados...
- Destes dois endiabrados,
Um é Chico; o outro é o Juca:
Põem toda a gente maluca
Não querem ouvir conselhos
Estes travessos fedelhos!
- Certo é que, para a maldade,
Nunca faz falta a vontade...
Andar pela rua à toa,
Caçoar de uma pessoa,
Dar nos bichos, roubar frutas,
Armar brigas e disputas,
Rir dos homens respeitáveis,
São coisas mais agradáveis,
Que ir à escola ou ouvir missa...
Antes a troça e a preguiça!
No decorrer da história, fica claro que as estripulias de Juca e Chico não possuem uma justa causa, eles buscam o próprio entretenimento e o prejuízo dos adultos, ao engendrarem as suas sete travessuras. Assim era, mais ou menos, o modelo que se tinha de um protótipo de um bandido, que prefere as travessuras e a vadiagem aos estudos e ao trabalho.
A primeira vítima das travessuras de Juca e Chico é a viúva Bolte (viúva Chaves, na tradução brasileira). A viúva possuía três galinhas e um galo. Juca e Chico induzem os galináceos a comerem quatro iscas presas umas às outras com barbantes. No desespero para se soltarem, as galinhas e o galo acabam se estrangulando ao voarem para o galho de uma árvore. E a viúva pranteia a perda de sua criação de aves.
A segunda travessura é um seguimento da primeira. A viúva, depois de chorar a perda de suas aves, decide dar a elas um destino conveniente: cozinhá-las. E, enquanto ela vai para o porão, deixando o cachorro a cuidar das aves que fritavam em uma panela, Juca e Chico, no telhado da casa da viúva, pescam as aves com um anzol, através da chaminé. E quem acaba pagando pela estripulia é o cachorro, que apanha da viúva. Vem desta travessura a mais conhecida imagem de divulgação do livro, da casa da viúva em corte, com dois andares, e os meninos fisgando as aves fritas pela chaminé.
A vítima da travessura seguinte é o alfaiate Böck (Brás Duarte). O alfaiate morava em uma casa perto de um rio, acessível através de uma ponte de madeira. Juca e Chico serram parcialmente a tábua da ponte, depois provocam o alfaiate com insultos, induzindo-o a sair de casa; este, ao tentar passar pela ponte, a quebra e cai no rio, se salvando agarrando-se a dois gansos que nadavam; e, ao voltar para casa, tem uma crise de dor de barriga, sendo salvo pela esposa.
Quarta travessura. Vítima: o mestre Lämpel (professor Gouveia), respeitável professor e sacristão, responsável por tocar o órgão nas missas, e cujo único defeito era o gosto por fumar seu cachimbo, em casa. Aproveitando a ausência do mestre, Juca e Chico invadem a casa e enchem o cachimbo do professor de pólvora. Este, quando chega em casa e vai relaxar fumando, acaba vitimado por uma violenta explosão, que deixa seu rosto queimado, sua casa revirada e seu cachimbo destruído.
Quinta travessura, vítima: o tio Fritz (tio Frederico). Juca e Chico simplesmente catam alguns besouros de uma árvore e os colocam na cama do tio. Este, quando vai dormir, acaba tendo de travar uma violenta luta com os bichinhos, até exterminá-los.
Na primeira, e nestas duas últimas travessuras, Juca e Chico não ficam para conferir o resultado, é o leitor quem acaba assistindo a desgraça dos envolvidos.
Na sexta travessura, Juca e Chico não são bem sucedidos. Eles invadem, através da chaminé, a padaria do padeiro Bäcker, a fim de roubar os biscoitos da Semana Santa. Mas não conseguem: caem primeiro em um recipiente com farinha, e, ao tentarem alcançar os biscoitos da prateleira, caem em um recipiente cheio de massa. O padeiro chega nessa hora, pega os garotos cobertos de massa, os enrola e os põe no forno, transformando-os em pão. Mas eles escapam roendo a casca do pão e fugindo.
Já a última travessura resulta na morte dos dois meninos – isso mesmo. Eles se escondem em um celeiro e fazem cortes nos sacos de trigo do agricultor Mecke. O trigo, é claro, escapa pelos buracos dos sacos, mas o agricultor pega os meninos em flagrante. Ele simplesmente enfia os garotos no saco e os leva ao moinho, e Juca e Chico acabam sendo jogados no moinho, triturados e a ração resultante é devorada por gansos famintos.
No epílogo, todas as vítimas demonstram satisfação pelo destino dos dois capetinhas. Ninguém lamenta.
JUCA E CHICO tem uma maneira um tanto estranha de passar às crianças a lição de que “o crime não compensa, e a maldade não fica sem castigo”. Na parte dos desenhos, nota-se que o traço de Busch apresenta um estilo econômico, de poucos e necessários traços, e várias hachuras, mas que transmitem a sensação de movimento.
Para os dias de hoje, JUCA E CHICO não seria uma boa história para crianças, visto que temos recursos menos violentos para transmitir lições – e nem todas muito bem sucedidas. Vale mais pelo patrimônio cultural deixado por Wilhelm Busch – e como exemplo da gênese das histórias em quadrinhos, de um modo geral. Lendo o verbete completo da Wikipedia, vocês podem ter uma ideia melhor a respeito de como funcionava o pensamento da época de Busch.
Peço aos leitores que perdoem a falta de jeito deste texto, eu bem que procurei escrever o melhor texto possível.
E, quem tiver sorte de encontrar um exemplar de JUCA E CHICO... mas esperem, há uma versão que pode ser lida na internet! Está disponível aqui: http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/LiteraturaInfantil/jucaechico/jcindice.htm

Além do já citado verbete da Wikipedia, esta postagem teve as seguintes fontes:
e verbete na Enciclopedia dos Quadrinhos, de Goida e André Kleinert, Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 73 – 74.

PARA ENCERRAR...

Não tendo outra coisa, nem tido tempo para preparar pelo menos um cartum, lanço mão de algumas ilustraçães “tapa-buraco” que fiz com meus personagens, arte-finalizadas a caneta esferográfica azul. É que, enquanto não conseguia preparar novas tiras de Letícia e Bitifrendis para seus respectivos blogs, quebrei o galho fazendo algumas ilustrações rápidas, para imprimir e colorir. Isso é constrangedor principalmente no caso de Letícia, cujas tiras inéditas não saem desde janeiro.

Mas agora, anuncio aos leitores: as tiras inéditas de Letícia voltaram, depois de cerca de quatro meses! Finalmente consegui alguma disposição para preparar material inédito com minha personagem. Confiram a primeira da nova temporada em https://leticiaquadrinhos.blogspot.com.br/.
E aguardem novidades. Porque, apesar da tal da crise, nós não podemos desistir. Nós não podemos deixar de fazer o que nós gostamos de fazer, para atender aos interesses de alguns.
Até mais!

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