terça-feira, 19 de março de 2013

A volta do RAIO NEGRO - o antigo e o moderno!

Olá.

Hoje, trago para vocês mas gibis da Júpiter II. Como já dito na última postagem, comprei recentemente uma nova leva de gibis da editora do polêmico e persistente José Salles, o que há muito tempo não fazia.
Por conta do tempo que levei para tomar a resolução de voltar a comprar gibis da Júpiter II, dois gibis recentes do RAIO NEGRO passaram por mim.
O clássico super-herói de Gedeone Malagola continua tendo suas aventuras clássicas republicadas pela editora. Ao mesmo tempo, estão sendo escalados artistas talentosos para desenhar os roteiros inéditos que Malagola deixou antes de sua morte, em 2008 – não apenas do Raio Negro e do Homem-Lua, mas também da Patrulha do Espaço, personagens que ele lançava pela editora Júpiter original, nos anos 50. A Patrulha do Espaço ganhou, recentemente, uma edição especial só dela, mas disso falamos depois.

O último número do Raio Negro resenhado aqui foi o número 13, com a primeira aventura do Homem-Lua. Eis as edições lançadas em 2012:

RAIO NEGRO no. 14
Lançado em abril de 2012.
Duas aventuras clássicas, uma do Raio Negro, outra de um personagem pouco lembrado que Malagola desenhava. Começa com um texto introdutório de José Salles sobre o que o leitor encontrará na edição. Na primeira aventura, A Volta da Mulher Gato!, lançada no final dos anos 60 e extraída de um almanaque de 1968, traz de volta a curiosa vilã, que os fãs conheceram na edição 13. Visivelmente, a Mulher Gato de Malagola combina a sensual ladra das histórias do Batman com o Coringa, do mesmo Batman – com um figurino espalhafatoso e sensual conforme os padrões dos anos 60, com um olhar e um sorriso psicóticos (assim como seu modo de tratar os próprios subordinados) e um talento para disfarces. Pois ela está de volta, aliada aos Agentes da Estrela Amarela – o grupo de criminosos que já teve um encontro com o Homem-Lua, na Edição 1 – tentando roubar os segredos de um cientista que desenvolve um novo combustível para foguetes (era o Brasil não querendo ficar para trás, ao menos nos quadrinhos, dos americanos e dos russos na corrida espacial dos anos 60). O tal plano envolverá a filha do cientista, e caberá ao Raio Negro deter os planos da vilã, tanto na pele do herói como na de seu alter-ego, o Capitão Aviador José Salles (ainda solteiro, mas de namoro firme com a adorável Marajoara Campos). A mocinha da história, Vilma, é bonita, apesar da falta de cuidado de Malagola para desenhar cabelos. A aventura equilibra bons e maus momentos em seu roteiro. Mas Malagola, ao contrário da primeira aventura, tomou o cuidado de desenhar a vilã de corpo inteiro desde a primeira página. Mas fica a pergunta: Malagola produziu mais aventuras em que a Mulher Gato aparece? Já a segunda aventura do gibi traz um personagem dos tempos da Editora Júpiter clássica: o aviador Jony Ciclone, um tenente-aviador aventureiro dos Estados Unidos, no melhor estilo Steve Canyon de Milton Canniff e Buz Sawyer de Roy Crane. A aventura, publicada originalmente na revista Capitão Wings no. 1, de cerca de 1952, traz Ciclone em uma missão de alto risco, acompanhado do parceiro Sargento Kelly: resgatar um porta-aviões atômico que foi capturado por inimigos do Oriente. A história é simples, num traço rústico, com seus deslizes no roteiro e guiada pela ideologia da época da Segunda Guerra Mundial, antes, durante e depois. É uma história de aviação como se fazia antigamente, válida como curiosidade sobre a vida do saudoso Malagola. De ilustrações que completam a edição, apenas a reprodução de capas das revistas originais. A capa é de Emir Ribeiro, criador de Velta.

Interlúdio: uma ilustração minha, uma interpretação pessoal do tal Jony Ciclone.

RAIO NEGRO no. 15
Lançada em novembro de 2012.
Neste número, só roteiros inéditos de Malagola interpretados por outros artistas. Tal como nos números 9 e 10 da coleção, Salles traz à luz os últimos roteiros escritos por Malagola antes de sua morte. Infelizmente, não são primores de argumento e texto para os padrões exigidos hoje – pelo jeito, a idade avançada prejudicou a mão que o criador do herói tinha para roteiros. Três aventuras. Na primeira, Os Agiotas, o Capitão Roberto Salles, passando férias junto com a agora esposa Marajoara, presencia uma agressão a um homem, e acaba se envolvendo com uma quadrilha de agiotas, donos de firmas que emprestam dinheiro e agridem quem não paga as prestações em dia, e sempre escapam da lei. Mafiosos, em suma. Mas o Raio Negro, para resolver a situação, acaba agindo feito um terrorista, ao arrepio da lei, o que soa estranho vindo de um herói das antigas, como ele. O que ele fez na história não deve ser feito em casa, ainda que seja pra fazer justiça, crianças. Os desenhos são de Paulo José, com um traço bem-feito, mas que em alguns trechos fica parecido com o conhecido traço de Malagola. Na segunda aventura, Guliver (também desenhada por Paulo José), Raio Negro enfrenta uma ameaça na historinha mais absurda da coleção. Um ladrão pé-de-chinelo, invadindo um laboratório para roubar uma fórmula secreta, é mordido por um macaco geneticamente alterado, e, no dia seguinte, começa a crescer e ficar gigantesco (e as roupas dele crescem junto!!!), e, furioso, começa a promover destruição na cidade. Nada mais que absurda, a aventura dificilmente passaria pelos editores de qualquer outra editora. E, por fim, a Patrulha do Espaço está de volta! Ou, mais precisamente, o Capitão Júpiter (que os leitores conheceram na edição 7). Em Os Caçadores, Júpiter e sua parceira Eletra são enviados a um planeta abandonado, uma ex-colônia mineradora que atualmente atrai caçadores de peles, para investigar estranhos desaparecimentos. O roteiro é o melhor da edição, e traz uma mensagem ecológica, mas derrapa no final da história, que ficou muito confuso. Desenhada por Emir Ribeiro, que faz uma quadrinização rígida, nove quadrinhos por página, desenhos diminutos e espremidos pelo texto. Uma tentativa de emular o modo como Malagola desenhava as aventuras do herói no passado. Inclui ilustrações pin-up de Leandro Gonçalez. Capa de Paulo José.

Para adquirir as presentes edições, escrevam para José Salles: smeditora@yahoo.com.br. Sai a R$ 3,00 cada uma – por esse preço, você não compra outras séries clássicas brasileiras nas livrarias, republicada em formato álbum e com acabamento de qualidade. Como se isso fosse comum para os quadrinhos nacionais... droga.
Conheça mais publicações da Editora Júpiter II no blog http://jupiter2hq.blogspot.com.br/.
É isso aí.
Para encerrar, outra ilustração minha com o Raio Negro. Desta vez, evocando a clássica luta do justiceiro do anel com os Homens Voadores (Ed. 3). E uma nova presença, em meu traço, do vilão Capitão Op-Art. Faz tempo que ele não aparece, né?
Em breve, aqui no blog, o gibi solo da Patrulha do Espaço!
Até mais!

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