Hoje estou concluindo a cronologia sobre as Histórias em Quadrinhos no Brasil. No último capítulo, os anos 2000.
ANOS 2000
Embora seja expressivo o número de artistas brasileiros que aparecem, ainda é difícil, nos dias de hoje, de se encontrar HQ brasileiras nas bancas – ao contrário das HQ estrangeiras, sobretudo os mangás japoneses, que além de serem os mais vendidos da atualidade, são os que mais influenciam a nova geração de artistas gráficos. Apesar do expressivo aumento de publicações no início da década, na segunda metade do período 2001-2009, muitos títulos são cancelados, às vezes até mesmo antes da conclusão de muitas séries – muitas editoras cancelam os investimentos em artistas brasileiros. As graphic novels, as adaptações de obras da literatura e os meios alternativos representam as iniciativas mais expressivas, internamente, de sobrevivência das HQ brasileiras e de divulgação de artistas nacionais. Aliás, o grande crescimento na quantidade de fanzines demonstra uma nova tendência: em vez de simplesmente ler, os jovens querem produzir HQ. Hoje, os fanzines podem contar com maiores e melhores recursos, como a impressão em gráficas, ao invés de limitar-se ao tradicional fotocopiado (“xerocado”). Por outro lado, desenhistas brasileiros ganharam grande notoriedade no exterior, e até mesmo alcançaram as premiações mais importantes da indústria mundial. Fatos do período:
· 2001 – É lançada a nova versão da revista do Sesinho, produzida pela Exaworld Multimedia para o SESI (de cunho educativo, a revista é distribuída, até hoje, gratuitamente pelas caravanas do SESI pelo Brasil); José Aguiar começa a publicar, no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, Paraná, a série Folheteen (a série ganha posteriormente um álbum, pela editora Devir); A Editora Escala lança duas séries de HQ: a infantil Daniel, o Anjo da Guarda, de Rodrigo de Góes e Arthur Garcia, e Frauzio, de Marcatti, a primeira HQ underground a chegar às bancas (esse personagem, mais tarde, ganha um álbum – Frauzio: Questão de Paternidade – pela editora Opera Graphica), bem como a revista Mangá X, coletânea de autores diversos, que dura três números; por volta desse ano, a editora Via Lettera começa a publicar a revista Front, uma das maiores coletâneas temáticas de artistas brasileiros (entre os colaboradores que já publicaram nessa revista, estão: Lourenço Mutarelli, Gilberto Maringoni, Fábio Moon e Gabriel Bá, Samuel Casal e Fábio Zimbres); pela Opera Graphica, sai Brakan, de Júlio Emílio Brás e Mozart Couto, HQ no estilo de Conan, o Bárbaro (que dura 2 números); por volta desse ano, aparece o primeiro álbum de Alcatéia, de Eddie Van Feu e Axia Stowe (Van Feu, conhecida também como a autora da série esotérica Wicca, mais tarde, expande o universo de Alcatéia em um segundo álbum, com arte de Carolina Mylius, e em uma série de romances); pela editora Mythos, saem dois mangás produzidos por Daniel HDR: Brasimon e Dragon War; na internet, aparece a série Dado Selvagem, de Marcelo Cassaro e Lúcia Nóbrega (a HQ seria publicada, a seguir, na revista Dragão Brasil, desenhada por Lydia Megumi, e posteriormente roteirizada por Fran Elles Briggs e Petra Leão); na cidade de Rio Grande (RS), aparece o fanzine Areia Hostil, editado por Lorde Lobo e Law Tissot, que divulga diversos artistas brasileiros em diversos estilos, do humorístico ao adulto.· 2002 – É produzida a coletânea Dez na área, Um na Banheira e Ninguém no Gol, organizada por Orlando Pedroso, com onze histórias sobre futebol produzidas por Samuel Casal, Spacca (João Spacca de Oliveira), Lelis, Allan Sieber, Custódio, Maringoni, Caco Galhardo, Leonardo, Fábio Zimbres, Osvaldo Pavanelli, Emílio Damiani, Fábio Moon e Gabriel Bá (em 2009, essa HQ entra no centro de uma polêmica, quando é incluída em um programa de leitura nas escolas do Estado de São Paulo, sendo a seguir apreendida pelo governo do Estado, alegando este a obra conter termos impróprios às crianças); A Escala lança o selo Graphic Talents, com o objetivo de promover artistas nacionais. Uma revista de um personagem é publicada sob um “contrato de risco”: se fosse bem sucedida, ela teria continuidade nas bancas. Ao todo, foram 16 números, a saber: Mico Legal, de Sérgio Morettini; Betty Grupy, de Maxx; Tristão, de Amaury Ploteixa e Estevão Ribeiro; Talebang, da Rodnério Rosa Estúdio (coletânea de cartuns sobre a Guerra do Iraque); Grump, de Orlandelli; Gamemon, de Arthur Garcia, Sílvio Spotti e Alexandre Silva; Dálgor, de Dario Chaves e José Carlos Chicuta; Turma do Barnabé, de Franco e Vanderfel; Zé Louquinho e Urubunaldo, de Wilson Gandolpho; Zuzna, de Alexandra Teixeira e Henrique Magalhães; Leleco, de Antônio Lima; Velta, de Emir Ribeiro; Galo Costa, de Rai; Carcereiros, de Nestablo Ramos Neto e Eduardo Miranda; Os Pleistocênicos, de Dadi; e Lobo Guará, de Carlos Henry e Elton Brunetti. Além desses, foi lançada uma edição especial, com histórias de Mozart Couto, Marcatti, Rai, Flávio Colin, Watson Portela e Roberto Guedes. De todos esses, só Mico Legal foi bem-sucedido, ganhando três números; o Studio Seasons (grupo formado por quatro mulheres: Montserrat [Irene Castilha Rios], Sylvia Feer [Sílvia Ferreira], Simone Beatriz e Maruchan [Márcia Okuno Hajime]), pela Hant Editora, lança duas revistas em estilo mangá: Oiran e Sete Dias em Alesh (todas com 1 número lançado cada); Pela editora Camargo & Moraes, são lançados os mangás Fighter Dolls, Valiant Hook e Sad Heaven (todos com 2 números lançados cada).· 2003 – Pela editora Escala, aparece o gibi As Aventuras do Didizinho, produzida pela Twister Studio, baseada no comediante Renato Aragão, o Didi, o mais popular membro da trupe Os Trapalhões. Dos personagens que compõem a chamada Trupe do Didi, dois deles, Livinha e Mãozinha, ganham seus próprios gibis; Pela editora Conrad, aparece a revista Crocodilo, que, na mesma base ideológica da finada Chiclete com Banana, não respeitava a moral e os bons costumes; Dungeon Crawlers, de Marcelo Cassaro e Daniel HDR, pela editora Mythos, expande os conceitos do mundo de Tormenta; pela editora Via Lettera, é lançada a coletânea Mangá Tropical, organizada por Alexandre Nagado, de histórias de temática brasileira em estilo mangá produzidas por artistas brasileiros (Marcelo Cassaro, Erica Awano, Fábio Yabu, Daniel HDR, Nagado, Arthur Garcia, Sílvio Spotti, Elza Keiko, Eduardo Müller, Rodrigo de Góes e Denise Akemi); pela Ópera Graphica, sai Fantagor, de Pierre Viegas (“cópia” do herói Fantasma em estilo mangá).· 2004 – Amana ao Deus-Dará, de Edna Lopes (esposa do cantor Ed Motta), a primeira graphic novel escrita por uma mulher; O Paulistano da Glória, álbum de Xalberto, Bira Câmara e Sian, pela editora Via Lettera; aparece o personagem Cometa, de Samicler Gonçalves, nos círculos independentes; Pela editora Manticora, aparece a revista Kaos, de histórias de teor adulto, idealizada por Sam Hart, Jean Canesqui, Sandro Castelli e Anderson Cabral, que durou três números; A Editora Escala Educacional lança a série Literatura Brasileira em Quadrinhos, de adaptações de obras literárias para HQ. A coleção inicia com uma série de contos de Lima Barreto e Machado de Assis produzida por Jô Fevereiro e Francisco Vilachã, partindo depois para adaptações de romances como O Cortiço, de Aluísio Azevedo (por Ronaldo Antonelli e Vilachã), Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida (por Indigo e Bira Dantas), Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (por Sebastião Seabra) e Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado (por Jô Fevereiro), entre outros; Mercenários, de Petra Leão, Fran Elles Briggs e Denise Akemi, pela editora Talismã (esta HQ, ambientada no mundo de Tormenta, não passou do primeiro número); Pela editora Linhas Tortas, fundada no ano anterior, são publicadas as seguintes séries, todas produzidas pela equipe Olha a Frente, e com dois números lançados cada: Contos de Leemyar, Clube dos 7 e Heróis S. A; a editora ZN, no evento Anime Friends, lança dois mangás: Sugoi, coletânea de histórias organizada por Diogo Saito, e Crônicas de Faherya, de Anderson Abraços, Clayton Ferreira, Fernando Mucioli e Elisa Kwon; no fanzine Subterrâneo, aparece a versão impressa do herói Sideralman, concebido em 2001 por Will (Wilson André Filho), que mais tarde ganha uma revista própria.· 2005 – Guerreiros da Tempestade, de Anísio Serrazul, pela ND Editora, de Goiânia, Goiás; Ronin Soul, de Fabrício Velasco e Rod Pereira, pela editora Nomad; pela editora Companhia das Letras, Santô e os Pais da Aviação, de Spacca (biografia em HQ de Alberto Santos-Dumont); pela editora Peirópolis, sai Dom Quixote, adaptação do romance de Miguel de Cervantes, por Caco Galhardo; José Salles funda a SM Editora (posteriormente, Editora Júpiter II, em homenagem à extinta editora Júpiter de Gedeone Malagola). Essa editora torna-se uma das mais importantes do círculo independente, pois Salles publica nela HQ de autores brasileiros. Além de reeditar clássicos como o Raio Negro de Malagola e o Gaúcho de Júlio Shimamoto, a SM/Júpiter II lançam: Máscara Noturna, de Salles e Edu Manzano; Tormenta e Alameda da Saudade, ambas de Manzano; Corcel Negro, de Alcivan Gameleira; Artlectos e Pós-Humanos, de Edgar Franco; Boca do Inferno, coletânea de histórias de terror; entre outras; estréia o longa-metragem de animação Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n Roll, dirigido por Otto Guerra, que adapta para o cinema os célebres personagens do cartunista Angeli.· 2006 – A editora JB World Entretenimentos lança a revista As Aventuras de Betinho Carrero, a segunda HQ inspirada no empresário e artista circense Beto Carrero, com produção da Belli Studio Ilustração e Animação; pela editora Peirópolis, sai Os Lusíadas, livre adaptação do poema épico de Luís Vaz de Camões, por Fido Nesti; O Circo de Lucca, de Jozz (Jorge Otávio Zugliani), álbum que faz uma reflexão sobre a elaboração de uma HQ; um grupo de quadrinistas independentes cria o Quarto Mundo, coletivo de quadrinistas independentes, que objetiva distribuir, vender, divulgar e promover a troca de experiências de HQ independentes, a fim de contornar os problemas relativos à produção destas; estréia, dentro do bloco de animação adulta Adult Swim do canal de televisão por assinatura Cartoon Network, pequenos episódios de animação de personagens de cartunistas brasileiros (Pequeno Pônei, de Caco Galhardo, Geraldão, de Glauco Villas-Boas, Overman, de Laerte, Luke e Tantra, de Angeli, e Aline, de Adão Iturrusgarai), todos produzidos pelo estúdio de Daniel Messias, com financiamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional).· 2007 – Almirante Negro – A Revolta da Chibata em Quadrinhos, de Olinto Gadelha e Hemetério, pela editora Conrad (quadrinização do polêmico episódio histórico da Revolta da Chibata de 1910); D. João Carioca – A Corte Portuguesa Chega ao Brasil (1808 – 1821), de Lilia Moritz Schwarcz e Spacca, quadrinização da história da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil; aparecem as seguintes adaptações de obras da literatura em HQ: A Relíquia, de Eça de Queirós, por Marcatti, pela editora Conrad; Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, por Arnaldo Branco e Gabriel Góes, pela editora Nova Fronteira; e O Alienista, de Machado de Assis, por Fábio Moon e Gabriel Bá, pela editora Agir (O Alienista ganha outras adaptações para HQ quase na mesma época: pela editora Escala Educacional, por Francisco Vilachã, pela editora Ática, por Luís Antônio Aguiar e César Lobo, e pela Companhia Editora Nacional, por Laílson de Holanda Cavalcanti); Irmãos Grimm em Quadrinhos, pela editora Desiderata, adaptação para HQ dos célebres contos infantis dos alemães Wilhelm e Jacob Grimm por artistas brasileiros (Allan Alex, Fido Nesti, Claudio Mor, Vinicius Mitchell, Daniel Og, Carlos Ferreira, Walter Pax, Rafael Sica, Rafael Coutinho, Eduardo Filipe, Arthuro Uranga, Roberta Lewis, Odyr, Fábio Lyra, Allan Rabelo, S. Lobo e Sr. Blond).
· 2008 – Maurício de Souza lança a polêmica série Turma da Mônica Jovem, em que seus personagens, em um traço similar ao dos mangás japoneses, são metamorfoseados em adolescentes; Aú, o Capoeirista, álbum de Flávio Luiz Nogueira; pela editora JBC, é lançado O Catador de Batatas e o Filho da Costureira, de Ricardo Giassetti e Bruno D’Angelo, em comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil; pela editora Desiderata, O Cabeleira, adaptação do romance de Franklin Távora, por Leandro Assis, Hiroshi Maeda e Allan Alex, considerada a melhor adaptação de uma obra literária brasileira para HQ; Mesmo Delivery, graphic novel de Rafael Grampá; Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá são os primeiros artistas brasileiros a receberem o prêmio Eisner Awards, a mais importante premiação mundial das HQ. Todos, no entanto, ganharam por HQ publicadas no exterior: Moon ganhou pela arte de Sugarshock (escrita por Joss Whedon); Bá, pela arte de The Umbrella Academy (escrita por Gerard Way); e Grampá, pela coletânea 5 (em conjunto com Moon, Bá, Becky Cloonan e Vasilis Lolos). É o ponto culminante da experiência quadrinhística brasileira no exterior (Moon e Bá já haviam sido indicados para o mesmo prêmio no ano anterior. Ainda em 2008, Bá recebe, pela mesma série Umbrella, o prêmio Harvey, outra importante premiação internacional das HQ).· 2009 – Pela editora Conrad, Os Brasileiros, de André Toral; pela editora Ática, aparecem as seguintes adaptações de obras literárias, ambas com roteiro de Ivan Jaf: O Guarani, com arte de Luís Gê (nova adaptação para HQ do romance de José de Alencar), e O Cortiço, com arte de Rodrigo Rosa (nova adaptação do romance de Aluísio Azevedo); pela editora Companhia das Letras, Jubiabá, adaptação do romance de Jorge Amado, por Spacca; pela editora Pixel Media, aparece a polêmica série Luluzinha Teen e sua turma, com texto de Renato Fagundes e arte do estúdio Labareda Design, que, em estilo mangá, similar à Turma da Mônica Jovem, converte os clássicos personagens criados pela cartunista americana Marjorie Henderson Buell em 1935 em adolescentes.
Embora seja expressivo o número de artistas brasileiros que aparecem, ainda é difícil, nos dias de hoje, de se encontrar HQ brasileiras nas bancas – ao contrário das HQ estrangeiras, sobretudo os mangás japoneses, que além de serem os mais vendidos da atualidade, são os que mais influenciam a nova geração de artistas gráficos. Apesar do expressivo aumento de publicações no início da década, na segunda metade do período 2001-2009, muitos títulos são cancelados, às vezes até mesmo antes da conclusão de muitas séries – muitas editoras cancelam os investimentos em artistas brasileiros. As graphic novels, as adaptações de obras da literatura e os meios alternativos representam as iniciativas mais expressivas, internamente, de sobrevivência das HQ brasileiras e de divulgação de artistas nacionais. Aliás, o grande crescimento na quantidade de fanzines demonstra uma nova tendência: em vez de simplesmente ler, os jovens querem produzir HQ. Hoje, os fanzines podem contar com maiores e melhores recursos, como a impressão em gráficas, ao invés de limitar-se ao tradicional fotocopiado (“xerocado”). Por outro lado, desenhistas brasileiros ganharam grande notoriedade no exterior, e até mesmo alcançaram as premiações mais importantes da indústria mundial. Fatos do período:
· 2001 – É lançada a nova versão da revista do Sesinho, produzida pela Exaworld Multimedia para o SESI (de cunho educativo, a revista é distribuída, até hoje, gratuitamente pelas caravanas do SESI pelo Brasil); José Aguiar começa a publicar, no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, Paraná, a série Folheteen (a série ganha posteriormente um álbum, pela editora Devir); A Editora Escala lança duas séries de HQ: a infantil Daniel, o Anjo da Guarda, de Rodrigo de Góes e Arthur Garcia, e Frauzio, de Marcatti, a primeira HQ underground a chegar às bancas (esse personagem, mais tarde, ganha um álbum – Frauzio: Questão de Paternidade – pela editora Opera Graphica), bem como a revista Mangá X, coletânea de autores diversos, que dura três números; por volta desse ano, a editora Via Lettera começa a publicar a revista Front, uma das maiores coletâneas temáticas de artistas brasileiros (entre os colaboradores que já publicaram nessa revista, estão: Lourenço Mutarelli, Gilberto Maringoni, Fábio Moon e Gabriel Bá, Samuel Casal e Fábio Zimbres); pela Opera Graphica, sai Brakan, de Júlio Emílio Brás e Mozart Couto, HQ no estilo de Conan, o Bárbaro (que dura 2 números); por volta desse ano, aparece o primeiro álbum de Alcatéia, de Eddie Van Feu e Axia Stowe (Van Feu, conhecida também como a autora da série esotérica Wicca, mais tarde, expande o universo de Alcatéia em um segundo álbum, com arte de Carolina Mylius, e em uma série de romances); pela editora Mythos, saem dois mangás produzidos por Daniel HDR: Brasimon e Dragon War; na internet, aparece a série Dado Selvagem, de Marcelo Cassaro e Lúcia Nóbrega (a HQ seria publicada, a seguir, na revista Dragão Brasil, desenhada por Lydia Megumi, e posteriormente roteirizada por Fran Elles Briggs e Petra Leão); na cidade de Rio Grande (RS), aparece o fanzine Areia Hostil, editado por Lorde Lobo e Law Tissot, que divulga diversos artistas brasileiros em diversos estilos, do humorístico ao adulto.· 2002 – É produzida a coletânea Dez na área, Um na Banheira e Ninguém no Gol, organizada por Orlando Pedroso, com onze histórias sobre futebol produzidas por Samuel Casal, Spacca (João Spacca de Oliveira), Lelis, Allan Sieber, Custódio, Maringoni, Caco Galhardo, Leonardo, Fábio Zimbres, Osvaldo Pavanelli, Emílio Damiani, Fábio Moon e Gabriel Bá (em 2009, essa HQ entra no centro de uma polêmica, quando é incluída em um programa de leitura nas escolas do Estado de São Paulo, sendo a seguir apreendida pelo governo do Estado, alegando este a obra conter termos impróprios às crianças); A Escala lança o selo Graphic Talents, com o objetivo de promover artistas nacionais. Uma revista de um personagem é publicada sob um “contrato de risco”: se fosse bem sucedida, ela teria continuidade nas bancas. Ao todo, foram 16 números, a saber: Mico Legal, de Sérgio Morettini; Betty Grupy, de Maxx; Tristão, de Amaury Ploteixa e Estevão Ribeiro; Talebang, da Rodnério Rosa Estúdio (coletânea de cartuns sobre a Guerra do Iraque); Grump, de Orlandelli; Gamemon, de Arthur Garcia, Sílvio Spotti e Alexandre Silva; Dálgor, de Dario Chaves e José Carlos Chicuta; Turma do Barnabé, de Franco e Vanderfel; Zé Louquinho e Urubunaldo, de Wilson Gandolpho; Zuzna, de Alexandra Teixeira e Henrique Magalhães; Leleco, de Antônio Lima; Velta, de Emir Ribeiro; Galo Costa, de Rai; Carcereiros, de Nestablo Ramos Neto e Eduardo Miranda; Os Pleistocênicos, de Dadi; e Lobo Guará, de Carlos Henry e Elton Brunetti. Além desses, foi lançada uma edição especial, com histórias de Mozart Couto, Marcatti, Rai, Flávio Colin, Watson Portela e Roberto Guedes. De todos esses, só Mico Legal foi bem-sucedido, ganhando três números; o Studio Seasons (grupo formado por quatro mulheres: Montserrat [Irene Castilha Rios], Sylvia Feer [Sílvia Ferreira], Simone Beatriz e Maruchan [Márcia Okuno Hajime]), pela Hant Editora, lança duas revistas em estilo mangá: Oiran e Sete Dias em Alesh (todas com 1 número lançado cada); Pela editora Camargo & Moraes, são lançados os mangás Fighter Dolls, Valiant Hook e Sad Heaven (todos com 2 números lançados cada).· 2003 – Pela editora Escala, aparece o gibi As Aventuras do Didizinho, produzida pela Twister Studio, baseada no comediante Renato Aragão, o Didi, o mais popular membro da trupe Os Trapalhões. Dos personagens que compõem a chamada Trupe do Didi, dois deles, Livinha e Mãozinha, ganham seus próprios gibis; Pela editora Conrad, aparece a revista Crocodilo, que, na mesma base ideológica da finada Chiclete com Banana, não respeitava a moral e os bons costumes; Dungeon Crawlers, de Marcelo Cassaro e Daniel HDR, pela editora Mythos, expande os conceitos do mundo de Tormenta; pela editora Via Lettera, é lançada a coletânea Mangá Tropical, organizada por Alexandre Nagado, de histórias de temática brasileira em estilo mangá produzidas por artistas brasileiros (Marcelo Cassaro, Erica Awano, Fábio Yabu, Daniel HDR, Nagado, Arthur Garcia, Sílvio Spotti, Elza Keiko, Eduardo Müller, Rodrigo de Góes e Denise Akemi); pela Ópera Graphica, sai Fantagor, de Pierre Viegas (“cópia” do herói Fantasma em estilo mangá).· 2004 – Amana ao Deus-Dará, de Edna Lopes (esposa do cantor Ed Motta), a primeira graphic novel escrita por uma mulher; O Paulistano da Glória, álbum de Xalberto, Bira Câmara e Sian, pela editora Via Lettera; aparece o personagem Cometa, de Samicler Gonçalves, nos círculos independentes; Pela editora Manticora, aparece a revista Kaos, de histórias de teor adulto, idealizada por Sam Hart, Jean Canesqui, Sandro Castelli e Anderson Cabral, que durou três números; A Editora Escala Educacional lança a série Literatura Brasileira em Quadrinhos, de adaptações de obras literárias para HQ. A coleção inicia com uma série de contos de Lima Barreto e Machado de Assis produzida por Jô Fevereiro e Francisco Vilachã, partindo depois para adaptações de romances como O Cortiço, de Aluísio Azevedo (por Ronaldo Antonelli e Vilachã), Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida (por Indigo e Bira Dantas), Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (por Sebastião Seabra) e Brás, Bexiga e Barra Funda, de Alcântara Machado (por Jô Fevereiro), entre outros; Mercenários, de Petra Leão, Fran Elles Briggs e Denise Akemi, pela editora Talismã (esta HQ, ambientada no mundo de Tormenta, não passou do primeiro número); Pela editora Linhas Tortas, fundada no ano anterior, são publicadas as seguintes séries, todas produzidas pela equipe Olha a Frente, e com dois números lançados cada: Contos de Leemyar, Clube dos 7 e Heróis S. A; a editora ZN, no evento Anime Friends, lança dois mangás: Sugoi, coletânea de histórias organizada por Diogo Saito, e Crônicas de Faherya, de Anderson Abraços, Clayton Ferreira, Fernando Mucioli e Elisa Kwon; no fanzine Subterrâneo, aparece a versão impressa do herói Sideralman, concebido em 2001 por Will (Wilson André Filho), que mais tarde ganha uma revista própria.· 2005 – Guerreiros da Tempestade, de Anísio Serrazul, pela ND Editora, de Goiânia, Goiás; Ronin Soul, de Fabrício Velasco e Rod Pereira, pela editora Nomad; pela editora Companhia das Letras, Santô e os Pais da Aviação, de Spacca (biografia em HQ de Alberto Santos-Dumont); pela editora Peirópolis, sai Dom Quixote, adaptação do romance de Miguel de Cervantes, por Caco Galhardo; José Salles funda a SM Editora (posteriormente, Editora Júpiter II, em homenagem à extinta editora Júpiter de Gedeone Malagola). Essa editora torna-se uma das mais importantes do círculo independente, pois Salles publica nela HQ de autores brasileiros. Além de reeditar clássicos como o Raio Negro de Malagola e o Gaúcho de Júlio Shimamoto, a SM/Júpiter II lançam: Máscara Noturna, de Salles e Edu Manzano; Tormenta e Alameda da Saudade, ambas de Manzano; Corcel Negro, de Alcivan Gameleira; Artlectos e Pós-Humanos, de Edgar Franco; Boca do Inferno, coletânea de histórias de terror; entre outras; estréia o longa-metragem de animação Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n Roll, dirigido por Otto Guerra, que adapta para o cinema os célebres personagens do cartunista Angeli.· 2006 – A editora JB World Entretenimentos lança a revista As Aventuras de Betinho Carrero, a segunda HQ inspirada no empresário e artista circense Beto Carrero, com produção da Belli Studio Ilustração e Animação; pela editora Peirópolis, sai Os Lusíadas, livre adaptação do poema épico de Luís Vaz de Camões, por Fido Nesti; O Circo de Lucca, de Jozz (Jorge Otávio Zugliani), álbum que faz uma reflexão sobre a elaboração de uma HQ; um grupo de quadrinistas independentes cria o Quarto Mundo, coletivo de quadrinistas independentes, que objetiva distribuir, vender, divulgar e promover a troca de experiências de HQ independentes, a fim de contornar os problemas relativos à produção destas; estréia, dentro do bloco de animação adulta Adult Swim do canal de televisão por assinatura Cartoon Network, pequenos episódios de animação de personagens de cartunistas brasileiros (Pequeno Pônei, de Caco Galhardo, Geraldão, de Glauco Villas-Boas, Overman, de Laerte, Luke e Tantra, de Angeli, e Aline, de Adão Iturrusgarai), todos produzidos pelo estúdio de Daniel Messias, com financiamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional).· 2007 – Almirante Negro – A Revolta da Chibata em Quadrinhos, de Olinto Gadelha e Hemetério, pela editora Conrad (quadrinização do polêmico episódio histórico da Revolta da Chibata de 1910); D. João Carioca – A Corte Portuguesa Chega ao Brasil (1808 – 1821), de Lilia Moritz Schwarcz e Spacca, quadrinização da história da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil; aparecem as seguintes adaptações de obras da literatura em HQ: A Relíquia, de Eça de Queirós, por Marcatti, pela editora Conrad; Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, por Arnaldo Branco e Gabriel Góes, pela editora Nova Fronteira; e O Alienista, de Machado de Assis, por Fábio Moon e Gabriel Bá, pela editora Agir (O Alienista ganha outras adaptações para HQ quase na mesma época: pela editora Escala Educacional, por Francisco Vilachã, pela editora Ática, por Luís Antônio Aguiar e César Lobo, e pela Companhia Editora Nacional, por Laílson de Holanda Cavalcanti); Irmãos Grimm em Quadrinhos, pela editora Desiderata, adaptação para HQ dos célebres contos infantis dos alemães Wilhelm e Jacob Grimm por artistas brasileiros (Allan Alex, Fido Nesti, Claudio Mor, Vinicius Mitchell, Daniel Og, Carlos Ferreira, Walter Pax, Rafael Sica, Rafael Coutinho, Eduardo Filipe, Arthuro Uranga, Roberta Lewis, Odyr, Fábio Lyra, Allan Rabelo, S. Lobo e Sr. Blond).
· 2008 – Maurício de Souza lança a polêmica série Turma da Mônica Jovem, em que seus personagens, em um traço similar ao dos mangás japoneses, são metamorfoseados em adolescentes; Aú, o Capoeirista, álbum de Flávio Luiz Nogueira; pela editora JBC, é lançado O Catador de Batatas e o Filho da Costureira, de Ricardo Giassetti e Bruno D’Angelo, em comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil; pela editora Desiderata, O Cabeleira, adaptação do romance de Franklin Távora, por Leandro Assis, Hiroshi Maeda e Allan Alex, considerada a melhor adaptação de uma obra literária brasileira para HQ; Mesmo Delivery, graphic novel de Rafael Grampá; Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá são os primeiros artistas brasileiros a receberem o prêmio Eisner Awards, a mais importante premiação mundial das HQ. Todos, no entanto, ganharam por HQ publicadas no exterior: Moon ganhou pela arte de Sugarshock (escrita por Joss Whedon); Bá, pela arte de The Umbrella Academy (escrita por Gerard Way); e Grampá, pela coletânea 5 (em conjunto com Moon, Bá, Becky Cloonan e Vasilis Lolos). É o ponto culminante da experiência quadrinhística brasileira no exterior (Moon e Bá já haviam sido indicados para o mesmo prêmio no ano anterior. Ainda em 2008, Bá recebe, pela mesma série Umbrella, o prêmio Harvey, outra importante premiação internacional das HQ).· 2009 – Pela editora Conrad, Os Brasileiros, de André Toral; pela editora Ática, aparecem as seguintes adaptações de obras literárias, ambas com roteiro de Ivan Jaf: O Guarani, com arte de Luís Gê (nova adaptação para HQ do romance de José de Alencar), e O Cortiço, com arte de Rodrigo Rosa (nova adaptação do romance de Aluísio Azevedo); pela editora Companhia das Letras, Jubiabá, adaptação do romance de Jorge Amado, por Spacca; pela editora Pixel Media, aparece a polêmica série Luluzinha Teen e sua turma, com texto de Renato Fagundes e arte do estúdio Labareda Design, que, em estilo mangá, similar à Turma da Mônica Jovem, converte os clássicos personagens criados pela cartunista americana Marjorie Henderson Buell em 1935 em adolescentes.
E, como ilustração de hoje, o personagem Máscara Noturna. Adquiram os gibis do personagem, publicado pela Editora Júpiter 2, no e-mail: smeditora@yahoo.com.br.
Quem tiver interesse, eu disponibilizo a História das HQ no Brasil e a História das Histórias em Quadrinhos, no formato arquivo do Word. Basta contactar: rafaelgrasel@yahoo.com.br.
Até mais!
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