quinta-feira, 29 de julho de 2010

Livro: CONTOS DE VAMPIROS

Olá.
Hoje, volto a falar de livro.
Como muitos de vocês devem saber, o vampirismo é muito popular. Quer dizer, os vampiros da literatura, do cinema e da TV. De todos os monstros já imaginados pelo homem, os vampiros são os que gozam de maior popularidade - mais até que Frankenstein ou os lobisomens. Culpa de quem? Stephenie Meyer e Crepúsculo? Não. Seria melhor dizer Bram Stoker e seu Drácula. Muito embora os vampiros gozassem de algum prestígio na literatura antes de 1897, quando o livro de Stoker foi publicado.

Bem, hoje vou trazer a vocês CONTOS DE VAMPIROS, uma antologia de contos. São 14 clássicos escolhidos, com organização do gaúcho Flávio Moreira da Costa, um dos maiores antologistas da literatura brasileira, responsável por trazer até o público muitas coletâneas temáticas com o melhor da literatura universal. Moreira da Costa já organizou livros de contos de humor, de crime e mistério... e agora, de Vampiros.
CONTOS DE VAMPIROS foi publicado em 2009, pela Pocket Ouro - selo da Editora Agir de livros de bolso. É uma reedição de uma coletânea já anteriormente lançada, 13 dos melhores contos de vampiros, de 2002, lançada pela Ediouro. Esta edição foi revista e ampliada.
CONTOS DE VAMPIROS traz 14 contos consagrados sobre o vampirismo. Não que sejam os vampiros como os conhecemos do cinema e TV. Cada escritor tem uma visão diferente do vampirismo - de como os vampiros sugam o sangue de suas vítimas e sobre as formas de eliminá-los. Alguns contos, à primeira lida, nem poderiam ser classificados como vampirismo propriamente dito - alguns são de vampirismo implícito, que cabe ao leitor identificar com clareza. E alguns dos contos apresentados são bem célebres e fundamentais para a mitologia vampírica na literatura.
Começando com O Estranho Misterioso, de um autor anônimo da Alemanha, publicado em 1860 na Inglaterra. Nele, um estranho cavalheiro salva a vida de uma jovem e passa a conviver com a família dela. No entanto, sua saúde vai ficando estranhamente debilitada, e só quem pode salvá-la é um homem de quem ela não gosta...
A seguir, um clássico do vampirismo: Carmilla, do irlandês Sheridan Le Fanu. O conto traz como atração o componente sexual, ao tratar da história de um protótipo de vampira lésbica. A misteriosa Carmilla é uma jovem que dorme de dia e prefere sugar o sangue de moças jovens. Bram Stoker, inclusive, reconheceu a influência de Le Fanu ao compor seu Drácula - Carmilla srviu de inspiração para o irlandês compor seu vampiro. É o conto mais longo desta antologia.
O americano Edgar Allan Poe, o grande mestre do gótico e do suspense e precursor das histórias policiais, comparece aqui com o conto Berenice, de vampirismo implícito, no relato de uma obsessão de um homem pelos dentes de sua esposa.
Outro clássico que aparece aqui é O Vampiro, do inglês John Polidori, o conto inédito da antologia. Esse conto aliás tem uma história interessante: ele foi concebido na mesma noite em que Frankenstein, de Mary Shelley, foi iniciado - Polidori, médico do poeta Lord Byron, esteve na ocasião em que o poeta inglês propôs aos convidados de sua mansão que escrevessem contos de terror, numa noite de junho de 1816. Mary Shelley, então noiva do também poeta Percy Shelley, como todos sabem, ganhou a disputa, porém Polidori concebeu o primeiro vampiro popular da literatura, Lord Ruthven. Foi o conto de Polidori que iniciou o rol de vampiros célebres da literatura - por isso, não pode faltar aqui.
A Boa Senhora Ducayne, de Mary Elizabeth Braddon, é o conto mais alegre e "pra cima" da coletânea, onde uma jovem, ao se oferecer para ser acompanhante de uma estranha senhora idosa, não percebe os efeitos que pode causar na sua saúde.
Bram Stoker também não poderia faltar aqui nesta coletânea. O autor de Drácula comparece com um conto, O Hóspede de Drácula, que originalmente seria o primeiro capítulo do romance, mas que não entrou por razões da estrutura do romance. Neste conto, é relatada uma aventura inicial do corretor imobiliário Jonathan Harker a caminho do castelo do Conde Drácula.
O conto seguinte é A Morta Apaixonada, do francês Théophile Gauthier. Neste conto, é relatado como um rapaz, aspirante a padre, conhece uma misteriosa mulher que quase o leva à perdição.
Luella Miller, da americana Mary Eleanor Wilkins-Freeman, narra a história de uma mulher de vida parasitária (frequentemente é sustentada por outras pessoas) que consome a vida de todos que cuidam dela.
Porque o sangue é vida, do ítalo-americano Francis Marion Crawford, traz um homem relatando a um amigo uma estranha história envolvendo um tesouro escondido, um jovem arruinado e uma maldição devida a um segredo oculto.
A seguir vem O Conde Magnus, do inglês Montagne Rhodes James, no qual o narrador reconstrói uma estranha história.
O também inglês Edward Frederic Benson comparece com O Quarto na Torre, um conto de paranóia e medo, que vem desde os sonhos do narrador.
O Vampiro, do uruguaio Horácio Quiroga, é o primeiro conto de vampiros escrito na América do Sul - é a primeira incursão de um sul-americano num gênero tradicionalmente europeu.
O inglês Augustus Hare comparece com mais um relato obscuro: O Vampiro da Granja Croglin.
E, fechando a coletânea, A família do Vourdalak (Fragmento Inédito das Memórias de um Desconhecido), do russo Alexei Tolstói, narra a história de um morto-vivo que começa a atormentar a própria família, e as consequências que ocorrem ao se mexer com ele.
As traduções dos contos são de Adriana Lisboa, Octavio Marcondes, Celina Portocarrero, Renato Rezende, Rubem Mauro Machado, Roberto Grey, Fernanda Abreu e Léo Schlafman.
Bem, essa coletânea começa bem, com os contos fundamentais (os de Le Fanu, Polidori e Stoker); porém, no final, com os contos pouco conhecidos (muitos dos contos aqui trazidos até então eram inéditos em português), a qualidade vai caindo; outro problema da coletânea é que os contos trazem visões diferentes dos vampiros, o que certamente vai confundir quem já tem noções sobre os vampiros. Por isso, esta coletânea é recomendada mais para quem já é familiarizado com o vampirismo literário, sob risco de se confundir.
Se tiver coragem, pode encarar. Conheça vampiros muito mais terríveis que os de Crepúsculo. Perto destes vampiros, a família Cullen não passa de um bando de monges beneditinos. Além disso, é um livro de preço bem módico, que vale a pena ter na estante de todo fã de vampiros.
Para encerrar, eis aqui duas tiras de uma nova série que produzi: Drácula de Rafael Stoker. Minha visão dos vampiros, é claro. Se vocês gostarem, eu produzo mais. Não que isso vá mesmo fazer diferença...

MAIS REI TARDADO
Para encerrar, trago, para download, mais doze faixas do CD O REI TARDADO. Faixas da 11 à 22, formato MP3. Baixem e divirtam-se!
Uma recompensa por vocês terem me acompanhado até aqui...
Até mais!

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