Olá.
Esta semana, a editora Escala largou nas bancas uma nova edição do gibi DIDI E LILI GERAÇÃO MANGÁ!
Para quem ainda não ouviu falar, o gibi (que neste momento tenta confirmar-se como mensal, depois de ser "devezenquandário" e depois bimestral) é produzido pelo Estúdio Franco de Rosa e traz as aventuras, em versão mangá, do humorista Renato Aragão e sua filha Lívian. Ultimamente, Lílian tem roubado muito das atenções do gibi nas historinhas, não deixando muito espaço para o próprio Didi.
Esta edição, a de número 9, traz três historinhas, sem pé nem cabeça na maior parte do tempo, voltadas ao público infantil e ainda por cima oportunizando em cima de uma onda recente. A bola da vez é a visita do cantor canadense Justin Bieber ao Brasil. Comecem a gritar, meninas.
Mas o melhor deste gibi é que, desta vez, duas historinhas são desenhadas por um velho ídolo das HQ brasileiras que andava meio sumido nos tempos mais recentes: Sergio Morettini.
Para quem não conhece, este argentino que há anos trabalha no Brasil já desenhou para muitas revistas em quadrinhos que faziam sucesso nas décadas de 80 e 90, como Xuxa, Os Trapalhões, Sérgio Mallandro, Senninha... Morettini também é o criador do personagem Mico Legal, o único personagem a emplacar um gibi próprio (pela mesma editora Escala) depois que o personagem foi publicado no contrato de risco do selo Graphic Talents (além do gibi do selo, Mico Legal ganhou mais três números).
Conheçam o trabalho dele em seus dois blogs, ambos ainda ativos apesar de desatualizados: http://humorettini.zip.net/ e http://morettini.blogspot.com/.
O Estúdio Franco de Rosa está fazendo um favor ao quadrinho nacional ao trazer de volta aos holofotes os velhos ídolos das HQ brasileiras dos anos 80 e 90 para produzir as histórias da coleção DIDI E LILI. A equipe também conta com nomes como Arthur Garcia, Wanderley Felipe (Vanderfel) e o próprio Franco de Rosa. Pena que de uma forma muito irregular.
Bem. DIDI E LILI 9 traz três historinhas. A primeira, a preto-e-branco, e principal, Lili Boa de Bola!, tem roteiro de Jeferson e Gian Danton e desenhos de Morettini. Nela, Lili, depois que os meninos de seu colégio riram de sua cara durante a aula de Educação Física, decide desafiar o time dos meninos para uma "partida do século". Até as meninas não acreditam que terão alguma chance contra os meninos, visto que não são acostumadas ao esporte. Porém, Lili conta com uma ajuda muito especial para treinar as meninas... E, entretanto, há uma menina, rival de Lili, que pretende estragar tudo...
O roteiro da historinha seria melhor se não tivesse tantos deslizes no andamento das situações e dos diálogos entre os personagens. Além disso, prejudica muito o fato de a turma do Didi e da Lili não contar com coadjuvantes fixos, o que atrapalha quem quer acompanhar o gibi - é difícil saber se um personagem que apareceu num número anterior é o mesmo que aparece no número seguinte os se é outro. O traço de Morettini é caracterizado pelo uso de um traço "duro", com figuras parecendo construídas quase todas com linhas retas. Embora funcional para gibis infantis, a tentativa de Morettini para produzir mangá deixou o traço meio esquisito. Mas é como eram as historinhas infantis dos gibis dos anos 80 e 90 - portanto, Morettini deixou sua marca na coleção. Mas teria sido melhor se ele também não tivesse abusado dos quadros grandes e em close, e muitas vezes pressionando os cenários e situações em espaços diminutos nos quadrinhos. Dispensável.
A segunda historinha (já nas páginas coloridas), Didi Bieber, tem roteiro de Marília Souza, arte de Alexandra Mattos (FFuuuu...) e cores de Vanderfel. Nela, Didi decide usar uma fantasia de Justin Bieber - com máscara e tudo - e ver a reação das pessoas. Até tenta emplacar uma conquista... Mas a garota estranha o jeito de falar do "Justin Bieber"... Embora seja o Didi aprontando, ele se movimento como o Justin Bieber. Logo, não é uma historinha de Didi até o desfecho, é uma historinha de Justin Bieber, se Bieber fosse personagem de gibi. Felizmente, o traço de Alexandra Mattos está melhor. Só a página final é que estraga tudo, pois a garota m,uda totalmente de aparência com relação ao desenvolvimento. Dispensável também.
E a terceira historinha, Bonga Chapeleiro, traz um personagem estreante na coleção: Bonga, um menino que é a cara do Didi, só que cabeludo. A bem da verdade, o personagem já havia aparecido antes, na edição número 7. Até agora, ele não interagiu com Didi e Lili, tornando o personagem deslocado na coleção. E Bonga, nesta historinha escrita por Marília Souza e desenhada por Morettini, na verdade é uma versão estendida de uma velha página do personagem Pinduca, do americano Carl Thomas Anderson e produzida por Don Trachte e John Linney. Nela, Bonga pega o chapéu de um senhor que voava com o vento e recebe uma recompensa, e se surpreende ao ver vários chapéus voando... A tirinha do Pinduca era muito melhor!!!
A capa, outra montagem com cenas internas do mangá, é de Alexandra Mattos, Morettini e Vanderfel.
Talvez seja melhor ao Estúdio Franco de Rosa tomar mais cuidado com os roteiros das historinhas de DIDI E LILI. Quem acompanha a coleção com certeza fica muito decepcionado. O pessoal do Estúdio já fez bem melhor!!! Ah: e que o Arthur Garcia desenhe pelo menos uma historinha na próxima edição! O retorno do Morettini já é motivo de comemoração, mas o Arthur Garcia ainda é o melhor desenhista da série.
Para quem quiser conferir, o gibi está nas bancas. O preço de R$ 4,90 está mantido desde o início!!!
Para encerrar, hoje trago dois materiais ligados à Biebermania. Comecem a gritar, meninas.
O primeiro é um vídeo. É a famosa esquete do programa Pânico na TV, gravada no ano passado, que traz Freddie Mercury Prateado imitando Justin Bieber. I love you, mulher!
E a segunda é a já tradicional ilustração de hoje. Eu queria fazer algo relacionado ao Justin Bieber, aproveitando a comoção de sua visita ao Brasil. Mas, depois de quebrar a cabeça, resolvi mesmo fazer um estudo de caricatura do canadensezinho "franjinha". Com as tietes perto dele. É incrível o que ele conseguiu fazer com tão pouca idade.
Ah, mas a mensagem dele, em inglês, serve para todos: nunca diga nunca! Não desista!
Até mais!
Um comentário:
Rafael,
sou um dos roteiristas da primeira história dessa edição. Você observou muito bem a dificuldade quanto aos personagens secundários: sem bons coadjuvantes é difícil costruir boas histórias. Mas parece que existe alguma dificuldade, talvez uma proibição nesse sentido. Quanto ao texto: por alguma razão, alguns balões foram cortados, o que prejudicou o entendimento da história. Talvez tenha sido problema de revisão, ou na gráfica... Vamos torcer para que não ocorra mais.
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