sábado, 26 de janeiro de 2013

Anime: HYAKKA RYOURAN - SAMURAI GIRLS

Olá.

Hoje, volto a falar de animação japonesa, que faz muito tempo que não falo. Porém, acho que preciso melhorar minhas escolhas sobre o que baixar para assistir...
Bom. O anime, infelizmente, é daqueles que não vão passar no Brasil – nem passam pelo Ministério Público e seus critérios. E, certamente, não é daqueles que vão aumentar nossa cultura, mesmo.
A série de hoje se chama HYAKKA RYOURAN – SAMURAI GIRLS.

Quando conheci o anime de Ikkitousen, não podia imaginar que talvez se tratasse de um marco. O mangá de Yuji Shiozaki, sem querer, lançou uma espécie de mania no Japão: séries que recriam momentos históricos da conturbada história japonesa nos dias atuais, com guerreiros do passado reencarnando no corpo de garotas bonitas. Uma boa desculpa para ver briga de mulher – e com as roupas se rasgando, é claro. Ié, beibê: por mais que os temas escolhidos sejam absurdos, oportunistas ou sem sentido algum, não podemos reclamar que o grande forte da produção de animes e mangás do Japão é a variedade, a existência de mídias para todos os públicos e gostos, por mais mórbidos ou pervertidos que sejam.
Esse tipo de história, a das “reencarnações” de personagens históricos nos corpos de garotas, certamente não é palatável para o público ocidental, pois, além de promover uma exposição sexista e grosseira de corpos femininos, exige algum conhecimento de história do Oriente – o que o público médio não dispõe facilmente – para se compreender as complexas ligações entre personagens e fatos. Ikkitousen, no caso, exige algum conhecimento da história da China da época dos Três Reinos, que serve de base para as aventuras de Sonsaku Hakufu, Ryomou Shimei, Kan’u Unchou e companhia. Tirando isso, é só “diversão para garotos nerds e virgens”, como pejorativamente chamam as mídias ecchi.
SAMURAI GIRLS é algo parecido – exige algum conhecimento de história do Japão do período Tokugawa para se entender as ligações. Na verdade, exige conhecimento da história do Japão inteira! Bem, mas vamos desde o princípio.
Para começar, HYAKKA RYOURAN – SAMURAI GIRLS, (o prenome significa “encontro de muitas garotas bonitas”) assim como Queen’s Blade, começou com uma mídia atípica. A história começou com uma série de Light Novels (romances ilustrados), lançados pela revista de modelismo Hobby Japan (a mesma que lançou os jogos originais de RPG do já citado Queen’s Blade!), a partir de fevereiro de 2009, em comemoração aos 40 anos da publicação. Os romances foram escritos por Akira Suzuki, e quem assina as ilustrações é um artista que assina Niθ. Os romances, que até o momento totalizam 13 volumes, ganharam, com o sucesso que alcançaram, versão em mangá (desenhado por Yura Shimano, e com seis volumes até agora), as bonecas decorativas (garage kit), um áudio-drama para internet e, claro, os animes.
A animação foi lançada em 2010, pelo “respeitável” estúdio ARMS (o mesmo de Elfen Lied e das franquias Ikkitousen e Queen’s Blade), com 12 episódios de cerca de 24 minutos cada, dirigidos por KOBUN (pseudônimo), mais seis mini-episódios de OVA (Original Vídeo Animation), de cerca de três minutos cada, exclusivos para o blu-ray da série. Só de citar o nome desse estúdio, o leitor já deve saber o que vai encontrar se assistir HYAKKA RYOURAN: sim, esse é um anime “mostruário de calcinhas”, ou melhor, um ecchi de aventura. Cheio de garotas gostosas, com as roupas “estrategicamente” rasgadas em briga, calcinhas aparecendo sob as saias e rapazes sem muita voz ativa. Mas tem lutas fenomenais, apesar das técnicas de luta limitadas das bonecas.
Mas não se pode dizer que esse anime é totalmente igual ao Ikkitousen ou ao Queen’s Blade. Primeiro, porque, desde as light novels, é usada a temática do “o que aconteceria se...”: Suzuki imaginou uma realidade alternativa para o seu país, o que de certa forma deixa a história minimamente mais atraente. E, segundo, porque o espectador pode ver pelo visual da animação que esse anime “pretende” ser anti-convencional. Utilizando técnicas de pintura dos cenários que remetem à arte do ukiyo-e (xilogravuras coloridas), os personagens desenhados com linhas grossas e, o que é mais interessante, tinta nanquim respingando por todos os lados (às vezes passando como numa pincelada, respingando na tela como gotas de chuva e cobrindo a tela nas transições de cena), imitando o efeito da arte da caligrafia japonesa (shodô), HYAKKA RYOURAN já começa a se fazer um anime diferente, nunca antes visto por estas bandas.
Bão. A animação pode ser original, de uma forma ou de outra; mas o argumento da história não é. A história que conduz a ação dos personagens é cheia daqueles elementos que a gente já viu em outros animes – inclusive os do próprio Estúdio ARMS: garotas bonitas encarnando personagens históricos do Japão medieval (como, de certa forma, na franquia Ikkitousen); uma disputa de poder dentro de um colégio onde se faz de tudo, menos estudar (como em Tenjho Tenge); um protagonista masculino tímido e meio irritante de tão certinho que, de repente, vê uma porção de garotas se atirando em seus braços (como no saudoso Tenchi Muyo ou em Mouse); a heroína com dupla personalidade e passado misterioso (como em Elfen Lied); uma entidade maligna que não mostra o rosto e que se usa de asseclas para consumar seus planos (como a Bruxa do Pântano de Queen’s Blade); uma menina mais “novinha” disputando o coração do protagonista com a garota de seios maiores, incluindo as naturais discussões sobre o tamanho do busto ideal, e o protagonista masculino se envolvendo numa série de mal-entendidos que comprometem sua imagem, sem ele querer (como em Onegai Twins). E por aí se vai.
Bem, agora vamos ver como é que é a trama, né?
Suzuki imaginou uma realidade alternativa para o Japão, onde, nos dias de hoje, o país ainda é governado pelo xogunato do clã Tokugawa (dinastia que governava o país desde o século XVII até a abertura do país às potências estrangeiras no século XIX). O Japão conseguiu resistir à ameaça dos bombardeiros do almirante norte-americano Perry, em 1853, o evento que “abriu” o Japão ao mundo. O país, que continua fechado ao mundo, desenvolveu uma tecnologia própria, mas vive como se fosse no século XIX, uma terra de costumes rígidos e o domínio dos samurais. Aliás, o grande trunfo do Grande Japão, como o país é chamado nessa realidade alternativa, são os guerreiros a serviço do xogunato. Mas, além dos samurais normais, existe uma casta especial, os Master Samurais, poderosos guerreiros (ou guerreiras) cujos poderes se baseiam no domínio dos quatro elementos. Casta, aliás, extremamente rara. Isso porque, para a existência de um Master Samurai, é necessário um pacto com um General (Xogum), que possui dentro de si um poder conhecido como Shô, com o qual transforma qualquer guerreiro em Master Samurai. Há um bom motivo para que os Master Samurais sejam preferencialmente mulheres: o tal pacto é feito através de... um beijo na boca!!! Se os japoneses normais já são muito arredios com beijos, imagine nessa realidade, de costumes mais rígidos, onde não existia nem um ideograma – ou conjunto de ideogramas – na forma de escrita japonesa comum (hirakana) próprio para “beijo”; a forma atual em japonês para beijo, “kissu”, deriva do inglês, “kiss”, escrito na grafia própria para palavras estrangeiras (katakana).
A casta dos Master Samurais garantiram a vitória do Grande Japão em todas as guerras em que o país se envolveu, e deram ao país reconhecimento mundial como potência. Entretanto, por motivos pouco conhecidos, os Master Samurais entraram em extinção no século XX – já não existem mais Generais com Shô. Os Master Samurais que restam estão sob vigilância da dinastia Tokugawa.
O cenário da aventura é um “colégio”, a Academia Buou, localizada aos pés do Monte Fuji, em Edo (Tóquio). A Tóquio desse anime parece ter parado no tempo, pois se vêem apenas edifícios antigos, no estilo tradicional japonês, ruas sem automóveis, e sem o trem-bala (só as locomotivas comuns), mas pessoas usando alguma tecnologia moderna, como telefones celulares e notebooks. É nesse colégio, exclusivo para filhos de famílias samurais, que se desenvolvem as aventuras de Yagyu Muneakira e suas garotas.
Ah, eu ia me esquecendo: todos os personagens possuem nomes de grandes personalidades da história japonesa. Mas apenas o nome – não são reencarnações de guerreiros ou coisa parecida. É muito mais uma homenagem de Akira Suzuki aos grandes personagens, pois praticamente não existem ligações entre fatos e pessoas que remetam à história japonesa – ou quase. Se você não entende nada de história japonesa, então você nunca ouviu falar de Sen Tokugawa, Yagyu Jubei, Hattori Hanzo, Shiro Amakusa e tantos outros que são citados - a menos que você também tenha jogado os videogames da franquia Samurai Shodown, aí dá pra contornar essa deficiência.
Bão. A história começa quando o samurai Yagyu Muneakira, um rapaz respeitável, de cabelos verdes e um indefectível sobretudo militar, chega a Edo. Ele deve assumir um dojo (escola de artes marciais) dentro da escola, e instruir a sua amiga de infância, a jovem Senhime Tokugawa, filha dos presidentes da escola, e irmã de Yoshihiko Tokugawa, candidato a imperador.
Entretanto, as coisas começam a tomar um rumo bastante inesperado no momento em que chega ao dojo: ele flagra, sem querer, duas garotas trocando de roupa. Elas são: Sanada Yukimura, uma menina de 14 anos, de testa grande, inteligência elevada e personalidade esquentada; e sua fiel guarda-costas, a gostosona, corajosa e meio pateta Goto Matabei, que usa um punhal para prender os cabelos. Ambas se vestem de um modo deveras “sensual”: Sanada, com um vestidinho que parece um suéter, e o chapelão em forma de leque na cabeça; e Matabei, apenas com uma camiseta e uma tanguinha. Depois de passar por uma série de mal-entendidos, Yukimura e Matabei explicam ao rapaz que estão ali no dojo, que deveria estar vazio, refugiadas da perseguição que estão sofrendo do conselho estudantil da Academia Buou. E, antes mesmo que Muneakira consiga dizer o próprio nome, entra em cena um grupo de guardas, liderada por Hattori Hanzo, a meio masoquista serva de Senhime; uma mulher que usa um uniforme de empregada com lâminas na barra da saia (como é que ela se equilibra com os solados “agulha” dos chinelos dela?!), é hábil com armas brancas (espadas, punhais, shurikens, kunais...) e usa um par de óculos especial, computadorizado, com o qual analisa o poder dos adversários. Depois de serem encurralados por Hanzo, Muneakira, Yukimura e Matabei conseguem fugir de modo espetacular, e na perseguição que se segue, mais fatos estranhos acontecem. No correr da perseguição, quando o rapaz decide defender as novas amigas, de repente, uma garota nua desce dos céus, diretamente nos braços de Muneakira, e, depois de chamá-lo de “onii-chan” (irmãozinho), beija o rapaz. E a garota se transforma em uma Master Samurai! E revela seu nome: Yagyu Jubei.
A garota nova, por pouco, não derrota Hanzo com seu grande poder, avaliado em 5 milhões de pontos. Enquanto isso, Muneakira fica preso por correntes invisíveis – os Generais, geralmente, perdem mobilidade enquanto os Master Samurais estão lutando. Apenas Muneakira consegue parar Jubei. E, nesse momento, entra em cena Senhime, uma garota bonita, de cabelos castanhos, roupinhas curtinhas porém respeitáveis, e, sendo nobre, é arrogante e cheia de manias.
Sen, como a garota é conhecida, aprisiona Muneakira, Matabei e Yukimura em prisão domiciliar dentro do dojo – as garotas, por causa das sublevações que promoveram dentro do colégio; Muneakira, por ter furado o encontro com Sen na estação ferroviária. Através de um tabuleiro de adivinhação de i-ching, Yukimura prevê o aparecimento de uma “sombra que cobrirá o Grande Japão” – o que ela queria, através da sublevação, era avisar os Tokugawa de um possível perigo. As discussões intermináveis entre Yukimura e Sen – principalmente porque ambas se apaixonam por Muneakira – garantem boa parte do humor da série.
Mas o grande mistério é Jubei: a garota ruiva, quando acorda, praticamente não recorda quem é e de onde veio. E, ao longo da série, Jubei apresenta duas personalidades: no normal, Jubei é uma menina dengosa, burrinha, de grande apetite e vozinha irritante, que adora o “irmãozinho” Muneakira, tomar banho de ofurô e tem a capacidade de gostar de todo mundo; mas, como Master Samurai, ela adquire grande habilidade de luta, atitudes quase sádicas, voz grossa e sede de sangue. Mas a roupa é a mesma, um vestidinho rosa que parece mais um suéter, e um penteado quase impossível de se reproduzir na vida real. O grande mistério também é saber sob que condições Jubei assume o poder de Master Samurai. Ah: e a garota ganha um “selo” de confirmação entre os seios (a maneira como Muneakira descobre isso chega a ser cômica).
Mas não demora, e Yukimura descobre que Muneakira, apesar de não pertencer à “nobreza”, possui o shô – e, aparentemente, é o único General vivo no Grande Japão. E começa a ter idéias. Só que Sen decide morar junto com Muneakira no dojo, e está disposta a não deixar a garotinha se aproximar do amigo de infância. Mas, de um modo bastante impróprio, Yukimura consegue, afinal, beijar Muneakira, e ela própria se transforma em Master Samurai, com uma roupa diferente – um maiô por baixo de um grande robe aberto, e o inseparável chapéu – e o poder de manipular o vento através de grandes leques, além de ter o selo impresso na nádega esquerda. Porém, quando Yukimura está na forma de Master Samurai, Muneakira não perde a mobilidade – isso só acontece quando Jubei assume a forma guerreira. E não demora, Yukimura consegue controlar os poderes.
Bão. O movimento da série já está formado: Muneakira, rapaz respeitável, agora mora no mesmo teto com Jubei, Yukimura, Matabei, Sen e Hanzo. Cinco garotas bonitas, quatro de seios grandes, e duas delas – Yukimura e Sen – brigando o tempo todo pela atenção de Muneakira. Matabei e Hanzo, apenas observando, como se o assunto não fosse com elas. E Jubei, tentando conquistar a amizade de todo mundo. Mas não demora, Sen também consegue se transformar em Master Samurai, em eventos diversos ao ocorrido com Yukimura. Mas não pense que acabou...
É aí que a sexta garota entra na vida de Muneakira, num total de sete. A mando de Yoshihiko, que está no exterior cuidando de assuntos diplomáticos, chega ao dojo uma espiã: Naoe Kanetsugu, uma garota trapalhona, de grandes cabelos amarrados em marias-chiquinhas, arrogante, e cuja arma é uma marreta gigante. A princípio, Kanetsugu chega aprontando alguma confusão – ela foi amiga de infância de Yukimura, que vivia pregando-lhe peças, e, por isso, tem uma pendenga com a baixinha. Mais tarde, Kanetsugu, mandada para espionar as atividades de Sen, devido a uma série de mal-entendidos, acredita que Muneakira é um pervertido, e assume a missão de “salvar” as garotas dele; porém, a “guerreira do amor”, como se intitula, é derrotada – é no combate entre Kanetsugu e Muneakira que Sen beija o rapaz e vira Master Samurai, com todos os poderes que tem direito, uma roupinha estilosa (e bem mais curtinha) e o selo impresso perto da virilha. Entretanto, ao contrário de Yukimura e Sen, Jubei não consegue se transformar em Master Samurai quando quiser.
Kanetsugu é, infelizmente, a personagem mais chata da série – ganha até de Jubei, de Yukimura e de Sen, pois é a mais falastrona e convencida. E, por causa de sua falastronice, ela é constantemente nocauteada pelas outras personagens. Chega a dar pena o tanto que ela apanha. Mesmo assim, ela foi integrada à “turminha”, depois que sua vida foi salva, após ser engolida por uma gigantesca água-viva mandada por Yoshihiko, por Muneakira, Yukimura, Sen e Jubei.
Entretanto, há um outro motivo que traz Muneakira ao dojo: vários estudantes da Academia Buou estão desaparecendo misteriosamente. Nas investigações, iniciadas por Sen e assumidas por Muneakira, descobre-se que os estudantes desaparecidos são de famílias descendentes de Mestres Samurais. Mais: uma análise de documentos secretos de Yoshihiko acabam ligando o irmão de Sen não apenas aos desaparecimentos, mas também aos atentados à vida do pessoal do dojo.
Até aqui – os sete primeiros episódios – a história não parece fazer muito sentido. Grande parte do tempo dos episódios é marcado pelos personagens que falam sem parar, pelo humor malicioso, não palatável ao público ocidental, e algo grosseiro, e pelos cansativos mal-entendidos, bem como o irritante argumento de as garotas, de repente, quererem todas beijar Muneakira para virar Master Samurai. Matabei, Hanzo e Kanetsugu são intimadas a também beijarem Muneakira, porém são as mais relutantes para tal. Jubei acredita que uma garota só deve ser beijada se houver amor entre elas – é um ótimo argumento. E, claro, não podia faltar um episódio passado na praia, com as garotas de biquíni!!! As coisas só começam a acontecer quando a sétima garota entra em cena – a grande vilã da série – justo quando Matabei toma coragem.
Tal como Jubei, Yagyu Gisen aparece vinda dos céus, nua, nos braços de Muneakira. Porém, o rapaz não chega a beijá-la, já que Jubei impediu. Gisen, uma garota de cabelos brancos, um tapa-olho vermelho e comportamento lascivo – uma grande tarada, para quem não entendeu – fica no dojo, e tenta seduzir Muneakira de todas as formas, para desespero de Yukimura a Sen, que não param de bater nele. Com idéias totalmente diferentes das demais garotas sobre como deve se portar um Master Samurai, Gisen ameaça as outras garotas, porém Jubei consegue contê-la – ela parece ter o mesmo poder de Gisen. Entretanto, mais tarde, Gisen pega pesado: com o olho maligno que fica embaixo de seu tapa-olho, hipnotiza Muneakira e controla sua mente, ameaçando novamente as garotas. É aí que fica claro que a grande ameaça ao Grande Japão não é Yoshihiko.
E ele entra em cena justo no momento em que Jubei e Gisen estão batalhando, trazendo a tiracolo George Dartagnan, sua amante e uma samurai muito poderosa – apesar da vestimenta surreal. Portando duas espadas enormes, Dartagnan, capaz de controlar os elementos como se fosse um robô – podendo mudar a forma de ataque de acordo com a necessidade – consegue espantar Gisen, porém, Yoshihiko captura Jubei e Muneakira, e aprisiona as outras garotas.
Dartagnan é mais que a guarda-costas de Yoshihiko: é o resultado de uma experiência científica perpetrada pelo próprio herdeiro dos Tokugawa, que pretende criar, artificialmente, seu próprio exército de Master Samurais. Tudo para conter uma ameaça ainda pior que o maquiavélico irmão de Sen: uma entidade maligna há tempos desaparecida, que exterminou os últimos Master Samurais que haviam antes de Muneakira; e essa entidade, que atende pelo nome de Shiro Amakusa, é a “chefe” de Gisen, e parece também ter ligação com a origem de Jubei.
Os grandes conflitos da série são entre os ideais de um e outro para a criação de Master Samurais, o que explica o desaparecimento dos Generais: enquanto Gisen e Yoshihiko acreditam que os samurais devem servir apenas à vontade dos Generais, sem que um ou outro se importem com seus sentimentos, Muneakira e suas garotas acreditam que, antes de tudo, deva haver uma confiança mútua e união entre General e Samurai, o que leva um a defender o outro, independente do tipo de contrato que firma. É esse segundo ideal que pode possibilitar que Muneakira se liberte do domínio mental de Gisen, que as garotas sejam salvas da morte pelas mãos de Yoshihiko e que as Master Samurais consigam enfrentar e talvez vencer Amakusa. E mais: é esse ideal que pode levar Yoshihiko a entender os sentimentos que levam sua amante/serva Dartagnan, uma garota vinda da França e que foi “conquistada” pela conversa do xogum, a contestar suas ordens, mas, ao mesmo tempo, continuar sendo sua serva fiel.
Apesar de guardar uma “lição escondida”, a segunda metade dos episódios já fica mais arrastada, com fatos que a gente nem consegue entender como aconteceram, por causa dos cortes na edição. O final pode decepcionar quem tenha, em algum momento, achado a história interessante, emocionante, sedutora, o que mais valer.
HYAKKA RYOURAN não tem a mesma safadeza de Queen’s Blade – apesar das cenas de nudez e fanservice, chega a ser até mais leve que as outras séries do Estúdio ARMS. Mas tanto faz: não é recomendada para mulheres pudicas, homossexuais masculinos, cardíacos e crianças em geral.
E ainda podem ser encontrados os seis mini-episódios de OVA, esses sim muito mais safados, e com um acabamento mais precário que o restante da série. Nem queiram saber do que tratam as seis mini-situações com as garotas do dojo – numa delas, até Gisen entra.
Oh: uma segunda temporada da série já foi anunciada. Estreia no Japão em abril de 2013. E isso é tudo.
Aos interessados em baixar esta “maravilha” da animação nipônica (vale mais pelos cenários, pela animação e pelas gotas de tinta respingando na tela, o que deixa tudo mais atraente), os arquivos podem ser baixados em diversos sites, como o Anime House (www.an-house.net) e o blog Ecchi-Nya (http://ecchinya.blogspot.com.br/). Procurem e vejam por si mesmos. A melhor versão legendada é a do confiável fansubber AnimeNSK – apesar da tradução ineficiente, que elimina um elemento crucial da série: Jubei se refere a ela mesma em terceira pessoa, tipo: “Jubei vai lutar”, “Jubei gosta do onii-chan”, etc. A tradução fez Jubei falar em primeira pessoa, estragando esse elemento interessante.
Bão, os desenhos de hoje vocês puderam ver ao longo da matéria, minha releitura dos dez personagens principais da série. Desenhar esses personagens, com essas roupinhas cheias de elementos de significado obscuro, portanto supérfluos (como as plaquinhas nos cabelos da Sen, o pergaminho nos cabelos da Hanzo ou os entalhes na marreta da Kanetsugu) foi um sofrimento, principalmente quando não temos imagens de referência disponíveis fora da internet. E não ajuda certamente a mania dos desenhistas japoneses de fazer essas roupas cheias de detalhes e, além disso, mais sensuais que práticas – já repararam nisso? A roupa mais sofrível de copiar foi a da George Dartagnan, com todos aqueles detalhes. E as minhas canetas de arte-final estavam com a tinta no fim, mas insisti com elas para aproveitá-las até a última gota. Bem, agora já foi. Buá!
Em breve, outro anime para vocês. Desta vez, um melhor escolhido.
Até mais!

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