Olá.
O
ano parece ter começado bem para o mercado editorial brasileiro. Pelo menos,
para a Pixel Media, selo do grupo Ediouro.
Bem.
A editora, antes mesmo de terminar o ano de 2012, largou nas bancas mais
números de seus gibis clássicos, incluindo os dos personagens da editora
norte-americana Harvey Comics.
Bão.
Quando a editora largou nas bancas os gibis do Gasparzinho e do Riquinho, os
fãs mais velhos ficaram felizes de verem esses personagens de volta. E o
restante do elenco da Harvey foi voltando aos poucos: Tininha, Bolota,
Brotoeja, Miudinho... mas muita gente se perguntava sobre o Brasinha, o
diabinho, que também era um personagem bastante popular.
Bão. Nos números deste mês do Gasparzinho e do Riquinho, foram publicadas duas historinhas curtas com o Brasinha. Mas os fãs mal desconfiavam que a editora preparava uma surpresa para eles.
E a
surpresa foi: Brasinha voltou com seu PRÓPRIO GIBI!!!
É
isso aí! Agora, são três os gibis da Harvey Comics disponíveis no Brasil!
Gasparzinho, Riquinho e... Brasinha! Uma presença mais que bem-vinda.
Bão.
É melhor esclarecer alguns pontos, antes que a bancada evangélica, possível
leitora deste blog, caia em cima de mim.
BRASINHA
(Hot Stuff, no original) foi criado em 1957. Diz-se que seu criador foi Warren
Kremer, mas outros creditam Alfred Harvey, o dono da editora, como criador. E
sua estréia foi ousada: ao invés de ser testado em um dos gibis da editora
Harvey, o diabinho estreou com um gibi próprio logo de cara! E, em 1962, o gibi
chega ao Brasil, pela editora O Cruzeiro.
Curiosamente,
Brasinha fez mais sucesso no Brasil do que nos Estados Unidos. Talvez se deva
ao fato de que um diabinho “fofinho” tenha pegado meio mal para a conservadora
sociedade norte-americana, e, desse modo, Brasinha teve menos projeção que o
Gasparzinho – isso explica o fato de o personagem não ter ganho, como os outros
personagens da Harvey, um desenho animado. Aqui no Brasil, Brasinha foi
ligeiramente mais popular que nos Estados Unidos – sua figura serviu de mascote
em vários lugares.
Bem.
Antes que os setores evangélicos, que abominam esse tipo de coisa, caiam em
cima de mim e da Pixel Media, é bom esclarecer que as aventuras de Brasinha
passam longe da religião. Apesar da aparência consagrada de um demônio – pele vermelha,
orelhas pontudas, chifrinhos, rabo com ponta e tridente na mão – o diabinho age
muito mais como um moleque travesso, na melhor tradição das “crianças
terríveis” dos quadrinhos, do que como um demônio propriamente dito. Tanto que
sua aparência é, antes de tudo, inofensiva – ele usa algo que parece ser uma
fralda. Ou pelo menos é o que querem que ele pense. Brasinha geralmente só faz
mal às pessoas quando é provocado – fora isso, o que ele quer, mesmo, é
diversão. E sua idéia de diversão passa longe de fazer mal às pessoas ou
dominar suas almas.
Boa
parte do humor das aventuras de Brasinha se deve à personalidade (literalmente)
esquentada do diabinho. Capaz de voar, gerar calor com o corpo (e,
consequentemente, derreter paredes, por mais grossas que sejam, ou secar
pequenos lagos), respirar debaixo d’água e assar qualquer coisa que pegue com seu
tridente sem usar fogo, o diabinho, em boa parte do tempo, é boa-praça e pouco
interessado em confusão; porém, quando provocado, ele se irrita facilmente,
solta fogo pelas ventas, e ai do provocador. E não adianta pegar seu tridente:
este pode queimar a mão de qualquer um que roube-o. O diabinho também gosta de
comer pimenta e coisas “quentes”, como maçãs assadas – que ele mesmo assa.
As
histórias de Brasinha costumavam ser mais bem-escritas e elaboradas que as do
Gasparzinho, explorando mais o lado irreverente do que o “tradicional” da
figura do diabo – ora, já diz o ditado, “o diabo não é tão feio quanto se
pinta”. Além disso, os tempos hoje são outros, o diabo não causa tato medo que
nos tempos antigos, não há nada errado em usar sua figura na mídia – desde que
não se faça apologia ao mal.
O
universo do personagem é bastante rico em seres encantados com os quais
interage, como gnomos, ogros, dragões, fadas e bruxas. Aliás, Brasinha tem uma
namorada, Noelita, uma fadinha.
Nos
gibis de Brasinha, outra figura que era bastante popular era o gigante Miudinho
(que, até agora, apareceu em histórias curtas nos gibis do Gasparzinho). O
gigante, inspirado no Gulliver do escritor inglês Jonathan Swift, é bondoso e
bem-intencionado. Está sempre tentando ajudar as pequenas pessoas da vila onde
mora próximo, mas muitas vezes acaba mais atrapalhando que ajudando. Claro,
qualquer um acaba causando estragos, por acidente, quando vai interagir com
coisas muito menores do que a pessoa. No gibi do Brasinha, desse modo, Miudinho
aparece em histórias mais longas.
Bem.
No primeiro número deste novo gibi, as histórias de destaque são as seguintes:
na primeira, de uma página, o diabinho se apresenta ao leitor; na seguinte,
Amizades Quentes, depois de ser queimado pelo sol, Brasinha tenta esfriar o
corpo de todas as maneiras possíveis; em Macacos me Mordam, um macaquinho vai
causar muitos problemas ao diabinho durante a estada deste numa ilha tropical;
em O Dragão Tímido, Brasinha tenta ajudar o dragão do título a agir como tal;
numa história em três partes, o diabinho, ao ver seus poderes sendo afetados
por um estranho clima de cordialidade no ar, acaba conhecendo o culpado por
isso: um cupido. Porém, Brasinha vê as coisas se voltarem contra ele quando
decide atrapalhar o jovem cupido; em Mágica Furada, um coelhinho, e depois um
mágico meio malandro, vão esquentar a cabeça do nosso diabinho; em O Calorão, o
gigante Miudinho, acometido de uma estranha quentura, pode estar doente – mas a
verdadeira causa de sua estranha suadeira pode ser pior do que a gente pensa;
e, em O Mundo Molhado, após ter seu tridente roubado, Brasinha vive uma
aventura surreal no fundo do oceano. O gibi se completa com histórias curtas de
Brasinha e Miudinho.
Para
a próxima edição, está prometida a presença de Noelita. Pelo menos, órfãos não
estamos mais.
O
gibi, tal como os outros, sai pelo preço de R$ 3,10.
Agora,
só falta aparecer, os gibis, o pato gigante Zezinho. Aí, estaremos satisfeitos.
Para
encerrar, propondo minorar a possível revolta dos grupos evangélicos e/ou
conservadores, coloco aqui um desenho de dois anjinhos. Para contrabalançar o
diabo, um anjo, certo?
Porém,
escolhi dois anjinhos “pop” numa pegada irreverente. Abaixo, então, temos a
figura da anjinha Nanael, do anime Queen’s Blade, que não é exatamente um anjo
no sentido da palavra; e, ao lado dela, o anjo Malaquias, criação do poeta
gaúcho Mário Quintana, o anjinho com asinhas na bunda. Relembrando o poeta.
É
isso aí. Deus me perdoe por tudo isso.
Mas
não me importo muito. Sou como Voltaire: não me dou muito bem com a Igreja e
com as instituições religiosas, mas não sou ateu. Acredito em Deus, mas não da
forma como os padres e pastores querem que eu acredite. Vocês entenderam.
Até
mais!
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