sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

CAPITÃO MACNAMARA II ou a volta do faroeste bleeekt!

Olá.
Hoje volto trazendo mais um gibi da editora Júpiter 2, do polêmico e persistente José Salles. Nesta ocasião, talvez o adjetivo mais adequado seja “teimoso”. Porque o gibi de hoje é a continuação de uma de suas obras mais controversas.
Em novembro de 2008, Salles havia lançado a primeira parte da série Capitão Macnamara Contra a Invasão Extraterrestre, escrita por ele e com arte de Eduardo Manzano. A história, combinando faroeste e ficção científica, tinha uma proposta muito boa, mas a arte irregular de Manzano afundou a história, cuja segunda parte só seria publicada em fevereiro de 2010, com arte de E. Thomaz, que minimizou o estrago (Manzano, por motivos pessoais, não pode cuidar da segunda parte). Mas, infelizmente, acabei detonando essa série quando resenhei-a aqui no blog, há pouco mais de dois anos. Foi uma das piores HQ publicadas pela Júpiter 2, infelizmente.
Mas, como uma obra, por pior que seja, é publicada porque houve gente que acreditou nela tanto quanto o próprio autor, José Salles conseguiu dar à luz a continuação da série!
Em junho de 2013, foi publicado, em edição única, CAPITÃO MACNAMARA CONTRA A VINGANÇA EXTRATERRESTRE, que dá continuidade aos acontecimentos vistos na primeira série. 



Desta vez, Salles, o roteirista, escalou para a arte de HQ o veterano artista José Menezes, que muitos leitores conhecem por ter feito as duas histórias do personagem Flecha Ligeira para a série O Bom e Velho Faroeste (números 3 e 6). Menezes, hoje com quase 80 anos de idade, atualmente tem em Salles seu principal cliente, produzindo HQs para diversas revistas da Júpiter 2. Menezes também fez o desenho da capa acima, com cores de Adauto Silva. A revista tem 44 páginas, contando capa.
Vamos recordar: na série anterior, uma nave espacial desceu nos desertos do estado de Montana, nos EUA, na época da Conquista do Oeste. Em seu interior, seres monstruosos e inteligentes capazes de assumir, com um toque, a forma de um ser humano. Os humanos tocados pelos alienígenas acabam sendo mortos e transformados em zumbis putrefatos, que transformam outros humanos em zumbis ao morderem-nos. É assim que os alienígenas pretendem colocar a cabo seu plano de dominar o Planeta Terra. Porém, seu plano vai por água abaixo por conta de uma fraqueza: eles não conseguem absorver as memórias dos seres humanos de quem tomam as formas, e por isso, tiveram os planos frustrados pelo Capitão de Cavalaria Robert “Bob” Macnamara e seus comandados, que travaram uma luta de vida ou morte com zumbis e com as criaturas simiescas gigantes que os alienígenas, durante a fuga, deixaram para desviar a atenção dos soldados.
Pois, em VINGANÇA EXTRATERRESTRE, a batalha entre o Capitão Macnamara e seus comandados contra os alienígenas foi transferida das planícies de Montana para a cidade de Chicago. Ano: 1892. A cidade é um dos reflexos do desenvolvimento econômico que os Estados Unidos começaram a experimentar no final do século XIX. E os alienígenas resolvem reiniciar seu plano de ataque e conquista do planeta por ali.
Os alienígenas agora contornaram o problema que representou a ruína do ataque anterior: já conseguem absorver, além da aparência dos seres humanos que tocam, também as memórias deles. Por isso, resolvem assumir a aparência dos homens que representam o poder da cidade: bancários, políticos, chefes de polícia, membros da imprensa. E, como no episódio anterior, as pessoas absorvidas se transformam em zumbis, que começam a vitimizar outras pessoas. As primeiras vítimas dos alienígenas foram um banqueiro e seu criado.
Quis o destino que o Capitão Macnamara e alguns de seus comandados – o Tenente Reagan, o Xerife Nixon e o soldado Ike – estivessem em Chicago naquele instante. O objetivo do Capitão ao ir para Chicago é encontrar um jornalista amigo e relatar os acontecimentos vivenciados em Montana. E, justo naquele instante, quando Ike encontra um velho amigo – o policial David Tracy – os zumbis começam a atacar as ruas da cidade. Mas os soldados, já experientes quanto às criaturas, sabem o que fazer: atirar nas cabeças dos zumbis.
Macnamara já começa a desconfiar do retorno dos aliens, e suas suspeitas começam a se confirmar quando, ao procurar o chefe de polícia de Chicago, os corpos recolhidos dos zumbis desapareceram do veículo que os recolheu. Macnamara estava certo: um alien assumiu também a forma do chefe da polícia e deu ordens para sumir com os corpos. E o Capitão da Cavalaria inicia a caça aos aliens no momento em que descobre que o seu amigo jornalista também se tornou um deles.
Os heróis não tem dificuldades em enfrentar os aliens, versados que ficaram na batalha anterior. Tal como no episódio anterior, os aliens que acabam mortos se dissolvem sem deixar pistas. E a batalha toma conta das ruas de Chicago, chegando ao clímax quando Macnamara e parceiros precisam enfrentar as criaturas simiescas gigantes que os aliens deixaram na sua fuga. O final da história acaba ficando em aberto, sugerindo um próximo embate.
O ponto negativo da história é a arte de Menezes, muito sofrível. É visível que a pesquisa histórica dos cenários não foi suficiente, pois os cenários ficaram irregulares. As pinceladas de nanquim misturadas ao hachurado e às linhas contínuas que pretendiam criar um clima soturno, deixaram tudo ainda pior. Sem falar que os aliens ficaram simplesmente ri-dí-cu-los em seu traço (podem ver pela capa). Menezes deu o seu melhor com as personagens humanas, mas o leitor terá muita dificuldade em diferenciar um personagem e outro. Por um pouquinho, não acaba sendo pior que Edu Manzano, mas, apesar de emular o estilo de E. Thomaz (com muitas linhas curvas e personagens definidos em poucos traços), não consegue superá-lo. Ao menos, o texto de Salles procura manter coerência, o que salva a HQ. Mas, como pelo capítulo anterior já conhecemos os heróis, os vilões e suas motivações, a HQ não tem grandes surpresas, e acaba se tornando previsível. Parece um remake da série anterior, reestudada para se passar em um ambiente urbano.
Mais uma vez, o que valeu foi a intenção de Salles e Menezes. Sorry.
Quem quiser dar uma olhada, adquiram o gibi, ao preço de R$ 5,00, pelo e-mail smeditora@yahoo.com.br. Conheçam publicações até melhores da editora Júpiter 2 no blog http://jupiter2hq.blogspot.com.br/. É isso.
Para encerrar, outra ilustração minha com o Capitão Macnamara – desta vez, enfrentando o gorila gigante de chifre, um dos melhores momentos tanto de Invasão Extraterrestre quanto de VINGANÇA EXTRATERRESTRE.
Em breve, mais Júpiter 2 pra vocês.
Até mais!

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