Olá.
Hoje
volto trazendo mais um gibi da editora Júpiter 2, do polêmico e persistente
José Salles. Nesta ocasião, talvez o adjetivo mais adequado seja “teimoso”.
Porque o gibi de hoje é a continuação de uma de suas obras mais controversas.
Em
novembro de 2008, Salles havia lançado a primeira parte da série Capitão
Macnamara Contra a Invasão Extraterrestre, escrita por ele e com arte de
Eduardo Manzano. A história, combinando faroeste e ficção científica, tinha uma
proposta muito boa, mas a arte irregular de Manzano afundou a história, cuja
segunda parte só seria publicada em fevereiro de 2010, com arte de E. Thomaz,
que minimizou o estrago (Manzano, por motivos pessoais, não pode cuidar da
segunda parte). Mas, infelizmente, acabei detonando essa série quando resenhei-a aqui no blog, há pouco mais de dois anos. Foi uma das piores HQ publicadas pela Júpiter 2,
infelizmente.
Mas,
como uma obra, por pior que seja, é publicada porque houve gente que acreditou
nela tanto quanto o próprio autor, José Salles conseguiu dar à luz a
continuação da série!
Em
junho de 2013, foi publicado, em edição única, CAPITÃO MACNAMARA CONTRA A
VINGANÇA EXTRATERRESTRE, que dá continuidade aos acontecimentos vistos na
primeira série.
Desta vez, Salles, o roteirista, escalou para a arte de HQ o veterano artista José Menezes, que muitos leitores conhecem por ter feito as duas histórias do personagem Flecha Ligeira para a série O Bom e Velho Faroeste (números 3 e 6). Menezes, hoje com quase 80 anos de idade, atualmente tem em Salles seu principal cliente, produzindo HQs para diversas revistas da Júpiter 2. Menezes também fez o desenho da capa acima, com cores de Adauto Silva. A revista tem 44 páginas, contando capa.
Vamos
recordar: na série anterior, uma nave espacial desceu nos desertos do estado de
Montana, nos EUA, na época da Conquista do Oeste. Em seu interior, seres
monstruosos e inteligentes capazes de assumir, com um toque, a forma de um ser
humano. Os humanos tocados pelos alienígenas acabam sendo mortos e
transformados em zumbis putrefatos, que transformam outros humanos em zumbis ao
morderem-nos. É assim que os alienígenas pretendem colocar a cabo seu plano de
dominar o Planeta Terra. Porém, seu plano vai por água abaixo por conta de uma
fraqueza: eles não conseguem absorver as memórias dos seres humanos de quem
tomam as formas, e por isso, tiveram os planos frustrados pelo Capitão de
Cavalaria Robert “Bob” Macnamara e seus comandados, que travaram uma luta de
vida ou morte com zumbis e com as criaturas simiescas gigantes que os
alienígenas, durante a fuga, deixaram para desviar a atenção dos soldados.
Pois,
em VINGANÇA EXTRATERRESTRE, a batalha entre o Capitão Macnamara e seus
comandados contra os alienígenas foi transferida das planícies de Montana para
a cidade de Chicago. Ano: 1892. A cidade é um dos reflexos do desenvolvimento
econômico que os Estados Unidos começaram a experimentar no final do século
XIX. E os alienígenas resolvem reiniciar seu plano de ataque e conquista do
planeta por ali.
Os
alienígenas agora contornaram o problema que representou a ruína do ataque
anterior: já conseguem absorver, além da aparência dos seres humanos que tocam,
também as memórias deles. Por isso, resolvem assumir a aparência dos homens que
representam o poder da cidade: bancários, políticos, chefes de polícia, membros
da imprensa. E, como no episódio anterior, as pessoas absorvidas se transformam
em zumbis, que começam a vitimizar outras pessoas. As primeiras vítimas dos
alienígenas foram um banqueiro e seu criado.
Quis
o destino que o Capitão Macnamara e alguns de seus comandados – o Tenente
Reagan, o Xerife Nixon e o soldado Ike – estivessem em Chicago naquele
instante. O objetivo do Capitão ao ir para Chicago é encontrar um jornalista
amigo e relatar os acontecimentos vivenciados em Montana. E, justo naquele
instante, quando Ike encontra um velho amigo – o policial David Tracy – os
zumbis começam a atacar as ruas da cidade. Mas os soldados, já experientes
quanto às criaturas, sabem o que fazer: atirar nas cabeças dos zumbis.
Macnamara
já começa a desconfiar do retorno dos aliens, e suas suspeitas começam a se
confirmar quando, ao procurar o chefe de polícia de Chicago, os corpos
recolhidos dos zumbis desapareceram do veículo que os recolheu. Macnamara
estava certo: um alien assumiu também a forma do chefe da polícia e deu ordens
para sumir com os corpos. E o Capitão da Cavalaria inicia a caça aos aliens no
momento em que descobre que o seu amigo jornalista também se tornou um deles.
Os
heróis não tem dificuldades em enfrentar os aliens, versados que ficaram na
batalha anterior. Tal como no episódio anterior, os aliens que acabam mortos se
dissolvem sem deixar pistas. E a batalha toma conta das ruas de Chicago,
chegando ao clímax quando Macnamara e parceiros precisam enfrentar as criaturas
simiescas gigantes que os aliens deixaram na sua fuga. O final da história
acaba ficando em aberto, sugerindo um próximo embate.
O
ponto negativo da história é a arte de Menezes, muito sofrível. É visível que a
pesquisa histórica dos cenários não foi suficiente, pois os cenários ficaram
irregulares. As pinceladas de nanquim misturadas ao hachurado e às linhas
contínuas que pretendiam criar um clima soturno, deixaram tudo ainda pior. Sem
falar que os aliens ficaram simplesmente ri-dí-cu-los em seu traço (podem ver
pela capa). Menezes deu o seu melhor com as personagens humanas, mas o leitor
terá muita dificuldade em diferenciar um personagem e outro. Por um pouquinho,
não acaba sendo pior que Edu Manzano, mas, apesar de emular o estilo de E.
Thomaz (com muitas linhas curvas e personagens definidos em poucos traços), não
consegue superá-lo. Ao menos, o texto de Salles procura manter coerência, o que
salva a HQ. Mas, como pelo capítulo anterior já conhecemos os heróis, os vilões
e suas motivações, a HQ não tem grandes surpresas, e acaba se tornando
previsível. Parece um remake da série anterior, reestudada para se passar em um
ambiente urbano.
Mais
uma vez, o que valeu foi a intenção de Salles e Menezes. Sorry.
Quem
quiser dar uma olhada, adquiram o gibi, ao preço de R$ 5,00, pelo e-mail smeditora@yahoo.com.br.
Conheçam publicações até melhores da editora Júpiter 2 no blog http://jupiter2hq.blogspot.com.br/. É
isso.
Para
encerrar, outra ilustração minha com o Capitão Macnamara – desta vez,
enfrentando o gorila gigante de chifre, um dos melhores momentos tanto de
Invasão Extraterrestre quanto de VINGANÇA EXTRATERRESTRE.
Em
breve, mais Júpiter 2 pra vocês.
Até
mais!
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