Olá.
Esta
semana, que no momento em que escrevo está chegando ao fim, foi marcada pela
“morte” do Orkut, a rede social que criou o conceito de rede social. Foi no dia
30 de setembro, às 10h30.
Esse
assunto me faz recuperar uma lembrança há tempos afastada: foi através do Orkut
que firmei uma parceria de publicação semanal de tiras. Vocês já devem ter
acompanhado, entre novembro de 2011 e abril de 2012. Estou, logicamente,
falando da série Mãe de Gatos.
A série nasceu da parceria entre a administradora do blog de mesmo nome, Denise “Deninha” Bacellar e eu, Rafael Grasel. Para relembrar esta história, resolvi hoje entremear o relato de como a série nasceu com a republicação de todas as tiras que produzi. Com isso, esquecemos um pouco o assunto “chato” do momento, as eleições. Além disso, quem não gosta de ver gatinhos fazendo travessuras?
Tudo
começou em meados de outubro de 2011. Eu estava acessando uma comunidade do
Orkut, quando apareceu em um tópico: uma moça chamada Deninha procurava um
desenhista para produzir uma série de tiras sobre gatos, e que tivesse gato em
casa. Afinal, se tratava de uma proprietária de gatos, que tinha um blog
relatando de sua convivência com eles. Não era, naturalmente, a única na
internet com essa temática, mas buscava um diferencial para seu blog –
entremear matérias sobre gatos com historinhas em quadrinhos.
Mesmo
não tendo gato em casa (mas tendo um gato entre meus personagens – o Gatudo,
gato da Letícia), resolvi me candidatar a essa parceria – estava mesmo à
procura de um trabalho que me permitisse desenhar. Não seria um trabalho
remunerado, ela advertiu, mas uma parceria visando mais a promoção do artista.
Por incrível que pareça, Deninha entrou em contato no dia seguinte, fomos
firmando a parceria, e ficou, em pouco tempo, tudo acertado.
Tudo
pela internet, logicamente. Afinal, eu morava, e moro em Vacaria, RS, e Deninha
no Rio de Janeiro. Nossa comunicação se dava basicamente pela internet, por
redes sociais e MSN.
Denise
era cadeirante e morava com quatro gatos em casa, a quem ela se referia, no
blog, como filhos: Natan, o único macho da família, preto e branco, “gordo,
brincalhão, comilão e ciumento”; Melissa, a gatinha branca, “carinhosa, fresca,
controladora, gostava de chamar a atenção”; Monique, também preta e branca,
“tímida, ‘na dela’, não era chegada em contato corporal, preferia ficar no
alto, apenas observando”; e Isabella, a gatinha toda preta, “bagunceira,
espoleta, desastrada, um furacãozinho que está sempre correndo”. Sim, Deninha
era mais uma que curtia dar nome de gente a seus gatos.
Ela
foi me enviando fotos de referência dela e dos gatos, e também do apartamento
onde morava. A ideia era retratar, em quadrinhos, o seu cotidiano de
convivência com os gatos. Quase todas as histórias são baseadas em fatos reais
– algumas eram praticamente inventadas. O blog dela, inclusive, era cheio de
informações sobre gatos, além de seções onde os gatos dela relatavam causos em
primeira pessoa.
Por
MSN e e-mail, eu recebia os argumentos para a construção das tiras. E fui as
construindo, naturalmente enviando-as, mais tarde, à Denise, que dava seu aval.
Ela aprovou quase todas, e firmamos a publicação semanal das mesmas para as
quartas-feiras. Enquanto isso, nas quintas, eu publicava as tiras do Teixeirão
no blog do Cruzaltino, dos amigos gaúchos Henrique Madeira e Greice Pozzatto.
Começou
com os estudos dos personagens. Foram três até a versão final.
A
cada contato, a cada roteiro remetido, a cada tira pronta enviada, eu me
inteirava da vida de Denise e seus “filhos”. A coitada morava sozinha, era
cadeirante, tinha de lidar com as manias de seus gatos (que proprietário de
gatos não tem de lidar com as manias de seus gatos, não é?), e ainda estava
fazendo autoescola, tendo aulas práticas em automóvel adaptado para
cadeirantes. Era fascinante. E eu, o encarregado de traduzir esse cotidiano de
forma gráfica! Ganhei, inclusive, "carta branca" para criar piadas, textos, enfim, "turbinar" as histórias, deixando-as mais cômicas.
Em
nossos contatos, eu procurava ser o mais educado possível. E ela demonstrava
simpatia. Ela me contou que inclusive chegou a participar de uma HQ da Turma da
Mônica! Me passava referências visuais, como fotografias e diagramas feitos em
computador para ajudar na composição das tiras. Eu fazia os desenhos no papel,
arte-finalizava a mão, escaneava e coloria no computador.
Para
compor as figuras simpáticas dos gatos, mudei radicalmente minha forma de
desenhar: reparem que eu desenhava os gatos de olhos grandes. Como o Natan, a
Monique e a Isabella tem faces pretas, seria mais fácil distinguir seus olhos
se eles fossem grandes. Com esses quatro gatinhos, aprendi mais sobre gatos do
que nunca na vida – sobre roubo de comida, o momento certo de castrá-los... As
instruções que ela me passava não eram fáceis de traduzir graficamente, mas
procurava não decepcionar minha nova amiga. Inclusive cheguei a incluir uma
vizinha dela nas tiras, em um causo de desobediência dos bichanos.
Até
um especial de Natal ela idealizou, e eu produzi!
E
eu, que não sou de faltar compromissos nem com meus clientes, nem com meus
leitores, procurava deixar tiras prontas para colocar no ar toda quarta-feira,
sem falta, mesmo que a Deninha atrasasse os roteiros – mas ela enviava uma boa
quantidade de argumentos, que davam para várias semanas, e que eu só tinha de
desenhar.
A
série foi anunciada em 9 de novembro de 2011 aos leitores do blog, e no mesmo
dia estreou a primeira tira, junto com o blog Mãe de Gatos. E prosseguiu, até
abril de 2012. No total, foram 23 tiras produzidas, sempre com o “logotipo”, um
dos gatinhos anunciando os créditos.
A
série fez sucesso, inclusive entre os fãs de gatos – vários leitores
proprietários de gatos diziam se identificar com as histórias retratadas,
inclusive aquela em que os gatos ganham um enorme brinquedo de arranhar, mas
preferem brincar com a caixa de papelão! Mesmo não tendo gato em casa, eu
também me maravilhava com aquele cotidiano em que os gatos ditavam o rumo dos dias.
Na
próxima postagem, a segunda parte do relato: a entrada de novos gatos em cena,
e o fim da série.
Até
mais!
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