sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Relembrando - Mãe de Gatos... (parte 1)

Olá.
Esta semana, que no momento em que escrevo está chegando ao fim, foi marcada pela “morte” do Orkut, a rede social que criou o conceito de rede social. Foi no dia 30 de setembro, às 10h30.
Esse assunto me faz recuperar uma lembrança há tempos afastada: foi através do Orkut que firmei uma parceria de publicação semanal de tiras. Vocês já devem ter acompanhado, entre novembro de 2011 e abril de 2012. Estou, logicamente, falando da série Mãe de Gatos.

A série nasceu da parceria entre a administradora do blog de mesmo nome, Denise “Deninha” Bacellar e eu, Rafael Grasel. Para relembrar esta história, resolvi hoje entremear o relato de como a série nasceu com a republicação de todas as tiras que produzi. Com isso, esquecemos um pouco o assunto “chato” do momento, as eleições. Além disso, quem não gosta de ver gatinhos fazendo travessuras?
Tudo começou em meados de outubro de 2011. Eu estava acessando uma comunidade do Orkut, quando apareceu em um tópico: uma moça chamada Deninha procurava um desenhista para produzir uma série de tiras sobre gatos, e que tivesse gato em casa. Afinal, se tratava de uma proprietária de gatos, que tinha um blog relatando de sua convivência com eles. Não era, naturalmente, a única na internet com essa temática, mas buscava um diferencial para seu blog – entremear matérias sobre gatos com historinhas em quadrinhos.
Mesmo não tendo gato em casa (mas tendo um gato entre meus personagens – o Gatudo, gato da Letícia), resolvi me candidatar a essa parceria – estava mesmo à procura de um trabalho que me permitisse desenhar. Não seria um trabalho remunerado, ela advertiu, mas uma parceria visando mais a promoção do artista. Por incrível que pareça, Deninha entrou em contato no dia seguinte, fomos firmando a parceria, e ficou, em pouco tempo, tudo acertado.
Tudo pela internet, logicamente. Afinal, eu morava, e moro em Vacaria, RS, e Deninha no Rio de Janeiro. Nossa comunicação se dava basicamente pela internet, por redes sociais e MSN.
Denise era cadeirante e morava com quatro gatos em casa, a quem ela se referia, no blog, como filhos: Natan, o único macho da família, preto e branco, “gordo, brincalhão, comilão e ciumento”; Melissa, a gatinha branca, “carinhosa, fresca, controladora, gostava de chamar a atenção”; Monique, também preta e branca, “tímida, ‘na dela’, não era chegada em contato corporal, preferia ficar no alto, apenas observando”; e Isabella, a gatinha toda preta, “bagunceira, espoleta, desastrada, um furacãozinho que está sempre correndo”. Sim, Deninha era mais uma que curtia dar nome de gente a seus gatos.
Ela foi me enviando fotos de referência dela e dos gatos, e também do apartamento onde morava. A ideia era retratar, em quadrinhos, o seu cotidiano de convivência com os gatos. Quase todas as histórias são baseadas em fatos reais – algumas eram praticamente inventadas. O blog dela, inclusive, era cheio de informações sobre gatos, além de seções onde os gatos dela relatavam causos em primeira pessoa.
Por MSN e e-mail, eu recebia os argumentos para a construção das tiras. E fui as construindo, naturalmente enviando-as, mais tarde, à Denise, que dava seu aval. Ela aprovou quase todas, e firmamos a publicação semanal das mesmas para as quartas-feiras. Enquanto isso, nas quintas, eu publicava as tiras do Teixeirão no blog do Cruzaltino, dos amigos gaúchos Henrique Madeira e Greice Pozzatto.
Começou com os estudos dos personagens. Foram três até a versão final.
A cada contato, a cada roteiro remetido, a cada tira pronta enviada, eu me inteirava da vida de Denise e seus “filhos”. A coitada morava sozinha, era cadeirante, tinha de lidar com as manias de seus gatos (que proprietário de gatos não tem de lidar com as manias de seus gatos, não é?), e ainda estava fazendo autoescola, tendo aulas práticas em automóvel adaptado para cadeirantes. Era fascinante. E eu, o encarregado de traduzir esse cotidiano de forma gráfica! Ganhei, inclusive, "carta branca" para criar piadas, textos, enfim, "turbinar" as histórias, deixando-as mais cômicas.
Em nossos contatos, eu procurava ser o mais educado possível. E ela demonstrava simpatia. Ela me contou que inclusive chegou a participar de uma HQ da Turma da Mônica! Me passava referências visuais, como fotografias e diagramas feitos em computador para ajudar na composição das tiras. Eu fazia os desenhos no papel, arte-finalizava a mão, escaneava e coloria no computador.
Para compor as figuras simpáticas dos gatos, mudei radicalmente minha forma de desenhar: reparem que eu desenhava os gatos de olhos grandes. Como o Natan, a Monique e a Isabella tem faces pretas, seria mais fácil distinguir seus olhos se eles fossem grandes. Com esses quatro gatinhos, aprendi mais sobre gatos do que nunca na vida – sobre roubo de comida, o momento certo de castrá-los... As instruções que ela me passava não eram fáceis de traduzir graficamente, mas procurava não decepcionar minha nova amiga. Inclusive cheguei a incluir uma vizinha dela nas tiras, em um causo de desobediência dos bichanos.
Até um especial de Natal ela idealizou, e eu produzi!
E eu, que não sou de faltar compromissos nem com meus clientes, nem com meus leitores, procurava deixar tiras prontas para colocar no ar toda quarta-feira, sem falta, mesmo que a Deninha atrasasse os roteiros – mas ela enviava uma boa quantidade de argumentos, que davam para várias semanas, e que eu só tinha de desenhar.
A série foi anunciada em 9 de novembro de 2011 aos leitores do blog, e no mesmo dia estreou a primeira tira, junto com o blog Mãe de Gatos. E prosseguiu, até abril de 2012. No total, foram 23 tiras produzidas, sempre com o “logotipo”, um dos gatinhos anunciando os créditos.
A série fez sucesso, inclusive entre os fãs de gatos – vários leitores proprietários de gatos diziam se identificar com as histórias retratadas, inclusive aquela em que os gatos ganham um enorme brinquedo de arranhar, mas preferem brincar com a caixa de papelão! Mesmo não tendo gato em casa, eu também me maravilhava com aquele cotidiano em que os gatos ditavam o rumo dos dias.
Na próxima postagem, a segunda parte do relato: a entrada de novos gatos em cena, e o fim da série.

Até mais!

Nenhum comentário: