sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O que teve para ler sobre super-heróis - que não são gibis...

Olá.
Em celebração à Semana do Quadrinho Nacional, eu programei – por falta de outra coisa – um panorama de tudo o que esteve disponível sobre HQ e super-heróis. Opções acessíveis aos que querem se tornar fãs de HQ em uma época de radicalismos, quando tem tanta gente querendo influenciar nossos gostos.
Hoje, as revistas teóricas de outras editoras. Vocês podem não acreditar em quantas editoras existem no Brasil, e em quantas se aproveitam da onda gerada pelos filmes de super-heróis para pescar o leitor desavisado com publicações informativas.
Todas as publicações a seguir são de 2012 para cá. O mundo não acabou, e essa enxurrada de publicações indica a continuidade daquele.

Começando com uma das mais irregulares: Mundo em Foco Especial – Tudo Sobre os Heróis é da editora On Line, e lançada em 2012. Em princípio, nada que não tenha sido dito anteriormente em outras publicações, principalmente as da Abril (vide postagem anterior) sobre Liga da Justiça, Batman, Superman, Mulher Maravilha, Vingadores, Homem de Ferro, Hulk, Thor, Homem Aranha, Capitão América... Fora informações adicionais, tem de especial a diagramação (incluindo textos em caixas redondas, circulares), as ilustrações grandes... e algumas vantagens: inclui heróis de outras editoras estadunidenses, como Spawn, Hellboy e até Luke Skywalker (Star Wars), e até fichas para cada integrante dos supergrupos – assim, há fichas de membros pouco lembrados da Liga da Justiça, como Gavião Negro, Mulher Gavião, Elektron e Ajax (Caçador de Marte), dos membros dos X-Men e até unitárias dos membros dos Novos Titãs – Cyborg, Ravena, Mutano e Estelar. Até os membros do Quarteto Fantástico são analisados em separado. No final, uma (rasa) galeria de supervilões, e só figurinhas carimbadas como Coringa, Darth Vader, Loki e Duende Verde. Mas essas editoras menores de revistas devem encontrar dificuldades em achar bons revisores de texto, pois há informações desnecessariamente repetidas entre páginas e os já notáveis erros de ortografia. Ah, mas que seja dado o desconto para a On Line.
Em 2014, a Duetto Editorial, que faz parte do grupo Ediouro (do qual também faz parte a Pixel Media, que atualmente publica os gibis de Luluzinha e Recruta Zero) traz uma edição especial da revista História Viva, sua célebre publicação dedicada a temas históricos, versão brasileira da centenária revista francesa Historia, sobre super-heróis. Super-Heróis Contam a História do Século XX, em artigos assinados por vários especialistas da área histórica, estrangeiros e brasileiros, relaciona o surgimento dos super-heróis com grandes acontecimentos da história mundial no século XX. Muitas coisas que vocês não sabiam sobre os super-heróis, porque fugiram das aulas de história no colégio. O primeiro artigo, Um Golpe de Mestre da Imprensa Americana, de Jean-Marc Lainé, trata do contexto do surgimento das modernas HQ, na virada dos séculos XIX e XX, a partir da disputa entre os grandes editores estadunidenses, William Randolph Hearst e Joseph Pullitzer, que legaram ao mundo Yellow Kid, Sobrinhos do Capitão e os primeiros personagens heroicos de sucesso, Buck Rogers, Mandrake e Fantasma; Superman – O Salvador da América, de Helène Harter, relaciona o surgimento do Superman ao período da Grande Depressão Americana, e como o Homem da Capa Vermelha ajudou a levantar a moral dos EUA; Capitão América Vai a Guerra, de Victor Battagion, trata da Segunda Guerra Mundial a partir de um dos maiores símbolos patrióticos dos EUA; Batman na Luta Contra o Crime, de Jean-Paul Gabilliet, relaciona a criação do morcegão com o período do gangsterismo nos EUA – a Lei Seca e o subsequente banditismo influenciaram na criação e na aceitação do personagem; Hulk – Uma Vítima da Era Atômica, de Simon Veille, conta a história dos anos subsequentes à Bomba Atômica sobre Hiroshima (1945) e como isso influenciou na criação do Gigante Esmeralda; Homem de Ferro de Olho nos Vermelhos, de Rémi Kauffer, relaciona a criação do Gladiador Dourado com a Guerra Fria e o embate entre capitalismo (EUA) e comunismo (URSS), que teve como ápice a Guerra do Vietnã; X-Men – A Genética em Ação, de Charles Giol, trata de como as teorias da hereditariedade e da genética de Gregor Mendel influenciaram Stan Lee na criação dos Filhos do Átomo; O Fantasma – Um Espírito Contra Todos os Males, de Rodrigo Fonseca, conta um pouco da história do Fantasma e de como ele atuou na Segunda Guerra Mundial (não se trata de um texto original: é, na verdade, o texto introdutório da edição Fantasma Vai à Guerra, lançado pela editora Pixel Media, segunda coletânea de aventuras clássicas do Espírito-que-Anda, adaptado para a revista); Censura – O Mais Perigoso dos Supervilões, de Xavier Donzelli, trata do período de censura aos comics norte-americanos, a partir do livro A Sedução do Inocente, de Fredric Wertham (1953), e como isso afetou as grandes editoras; Heróis Brazucas Não Desistem Nunca, de Roberto Guedes (criador do Meteoro) conta a saga dos super-heróis brasileiros para se tornarem conhecidos no mercado nacional – claro que não é coincidência um artigo escrito por um autor de heróis brasileiros, sobre heróis brasileiros, mas Guedes é de confiança; Defensores do Islã, de Clémentine Vieillard-Baron, trata dos super-heróis criados e publicados no Oriente Médio (vocês sabiam que existem editoras de HQ no Kuwait, publicando heróis que louvam os valores do islamismo, mas sem confabular com os terroristas islâmicos? Para pensar...); Novos Heróis para Novos Vilões, de Eduardo Souza Lima, trata dos tempos mais recentes, de protestos e radicalismos, a partir das séries O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, e Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons, ambas de 1985; e, finalmente, A Máscara que Virou um Símbolo, de Michele Aparecida Evangelista e Patrícia Vargas Lopes de Araújo, fala da relação entre V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd, com os atuais protestos em diversas partes do mundo. A revista se complementa com um quiz e um jogo de palavras cruzadas sobre o tema. Não é apenas para historiadores; o público geral pode apreciar se der um desconto à linguagem è a sisudez dos textos.
E, afinal, chegamos ao Almanaque dos Super-Heróis, também de 2014, pela editora Alto Astral. Talvez a melhor revista informativa já lançada fora da Abril. Com textos de David Cintra, Karina Alonso, Erica Aguiar e Tamirys Seno, e design de Jamile Cury Gandara e Nathalia Oliveira (cada artigo é creditado com dois desses nomes). História, curiosidades e breves fichas de super-heróis conhecidos e pouco lembrados. Além dos carimbados, Superman, Batman, X-Men, Homem Aranha, Quarteto Fantástico, Hulk, Thor, Capitão América..., há espaço para os pouco lembrados: Deadpool, Kick-Ass, Os Incríveis, Hellboy, Homem Formiga, Doutor Estranho, Tartarugas Ninja, Robocop, Mandrake, Zorro, Conan, Spirit, Tarzan e Tintin, e menções a Aquaman, Capitão Marvel e Super Choque. Além de breves capítulos sobre os primeiros heróis das HQ (desde Hugo Hércules [1902] até o Superman), Super-Heroínas, Super-heróis japoneses (dando ênfase aos tokusatsu e super-sentai – Jaspion, Ultraman, Jiraya, Power Rangers), os sidekicks (ajudantes de heróis) e os super-vilões. Quase todos os personagens são acompanhados com uma microficha com anos de criação, aparições em outras mídias, poderes e origens. Das revistas informativas, é a mais recente, e uma das mais caprichadas, fora alguns deslizes de edição, ser outra publicação que subestima os heróis japoneses (e mais ainda os brasileiros) e erros de ortografia. Pensar que a Alto Astral é uma das editoras mais subestimadas do mercado...
Todas estas revistas já se encontram esgotadas, mas podem ser encontradas em lojas, sebos e bancas que tenham esquecido de entregar o encalhe. Para se tornar fã de quadrinhos, é preciso conhecer os quadrinhos, para depois criar suas preferências. Um alerta pelo Dia do Quadrinho Nacional.
Para encerrar, também não é relacionado ao tema, mas vou deixar aqui o início do mais recente arco de tiras do Teixeirão, meu personagem campeiro. E, hoje é Dia 30 de Janeiro, Dia do Quadrinho Nacional, então, o que é que tem? Estas tiras foram as divulgadas até o final do ano passado. Estas aqui fazem a transição para o atual arco...
...e estas aqui já iniciam o arco. Não sei por que tomei afeição pelas crianças do universo do Teixeirão, que ultimamente tenho dado mais destaque a elas que ao personagem-título. Além do quê, tinha muita gente, com que conversei nas redes sociais, que pedia uma sequência de tiras envolvendo o chimarrão gaúcho...
Confiram as mais recentes em http://naestanciadoteixeirao.blogspot.com.br/.
E, por enquanto é só, gurizada. E não se esqueçam: apoiem os quadrinhos nacionais! Podem continuar lendo seus comics e mangás, mas tirem um tempinho para dar uma olhada na produção brasileira – e vejam como é rico o mundo dos quadrinhos brasileiros!

Até mais!

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