terça-feira, 2 de junho de 2015

MIRACLEMAN 6 - Passeios pela mente, passado e presente

Olá.
Sim, eu esperava que não tivesse de interromper novamente minha série sobre os álbuns de Luluzinha pela Pixel Media, mas infelizmente vou ter de fazer isso... Disse, na última postagem, que a série só seria interrompida de novo se chegasse às bancas o mais recente número do gibi do Miracleman. E, bem, chegou. Então, vou ter de interromper para escrever outra resenha mensal.
Como vocês já devem saber, é a Panini Comics que está trazendo ao Brasil o trabalho da Marvel Comics em resgatar a série original do super-herói inglês Miracleman, escrita por Alan Moore, digo "Escritor Original" nos anos 80. E a série já está chegando a seu clímax...



MIRACLEMAN # 6
Lançado em maio de 2015.
O segundo livro da série que compila os capítulos publicados originalmente na revista Warrior, publicada na Inglaterra pela Quality Communications a partir de 1982. Estamos na metade do segundo "livro" da série, A Síndrome do Rei Vermelho. E as coisas já começam a ficar complicadas para o alter-ego do jornalista Mick Moran, o Miracleman. Na edição anterior, sua esposa, Liz, foi raptada pelo antigo inimigo de Miracleman, o Dr. Emil Gargunza. E, com a ajuda do outrora ameaçador Evelyn Cream, Miracleman, que recentemente descobriu a verdade sobre sua origem - e que nunca atuara, de verdade, como super-herói, toda sua carreira heróica ao lado de Jovem Miracleman e Kid Miracleman não passa de uma simulação mental projetada pela agência Circo do Horrores - já está a caminho da América do Sul, mais precisamente o Paraguai, onde Gargunza está. Assim começa o primeiro capítulo desta edição, A Luz que se Aproxima (Warrior 16, dezembro de 1983). Enquanto isso, Liz e seu bebê estão sob análise. A mulher de Moran não sofre mal algum - o baque maior, quem sofre é Gargunza, ao ver o bebê no ultrassom. A arte deste episódio é de Alan Davis, já estabelecido como principal titular da série, substituindo Gary Leach, que desenhou os primeiros episódios. Mas a história seguinte, A Síndrome do Rei Vermelho (Warrior 17, março de 1984) foi desenhada por John Ridgway. É que este episódio na realidade é um interlúdio: recuando no tempo, assistimos a mais um experimento, conduzido por Gargunza, para condicionar as mentes de Miracleman e seus companheiros. Os três heróis vivem uma aventura surreal dentro de uma dimensão paralela, e estão prestes a despertar do "sonho" - algo que Gargunza tenta impedir a todo custo. O título faz referência à uma passagem de um dos livros de Alice, de Lewis Carroll - sim, a do País das Maravilhas. Esta história oferece, ainda, uma explicação plausível para a mudança do símbolo do peito do Marvelman, diferenciando o herói de sua versão publicada nos anos 50. Alan Davis retorna a seguir com a arte do episódio seguinte, "Eu Escutei as Armas de Woodrow Wilson..." (Warrior 18, abril de 1984). Nela, começamos a saber, através da narrativa de Gargunza para Liz, seu passado, sua infância e adolescência sofridos na América do Sul e sua carreira na Europa (Gargunza nasceu no México, viveu a adolescência e fez fortuna, ilícita, no Brasil, mudou-se para a Europa, trabalhou inicialmente para a Alemanha Nazista e, após a 2a. Guerra, debandou para o lado da Inglaterra), até iniciar o Projeto Zaratustra, que deu origem ao Miracleman. As menções de "Escritor Original" ao Brasil não são as mais elogiosas, mas é compreensível, levando em conta a época (em 1984, o Brasil ainda não havia saído do Regime Militar) - e, bem o Brasil não era mesmo o melhor lugar para viver por vários períodos do longo século XX, a "Era dos Extremos". Gargunza, por sua vez, já mostra, aqui, sua principal motivação de vida: superar a morte. Mas ficou para o próximo número a segunda parte da biografia de Gargunza - e preparem-se para dias de fúria: quando a série da Warrior terminar e começarem os trechos do título próprio publicado pela editora estadunidense Eclipse, a violência será constante. A seguir, as páginas de bastidores: artes originais de Mick Austin, Alan Davis e John Ridgway para as histórias deste número. Encerrando, temos novamente uma aventura clássica do Marvelman por Mick Anglo, o criador do personagem! Já que a presente edição falou em mundo dos sonhos, a aventura Marvelman e a Terra da Pestana (Marvelman 34, abril de 1954) mostra o alter-ego do ainda menino Mick Anglo confrontando o mitológico rei da Terra da Pestana - onde, segundo a lenda europeia, as almas das pessoas vão quando dormem - que resolveu entrar em greve. O resultado dessa greve são pessoas insones e irritadas. A solução para resolver a trama, evidente, é forçada, só pra mostrar o quanto Marvelman era f(...). Mas eram os anos 50, compreensível. A edição de 52 páginas (contando capa) é completa com ilustrações pin-up de Mike Dal Mundo, Totino Tedesco e Neal Adams.

E, felizmente, a revista não sofreu reajuste neste tempo de aumentos: continua a R$ 7,50. Ainda.
Para encerrar, a ilustração do mês traz minha interpretação do parceiro extra-oficial do Miracleman, Evelyn Cream, o negro com dentes de safira, ladeado pelo herói. O ex-cupincha de Dennis Archer, o presidente da organização Circo dos Horrores, começou como um homem perigoso e, posteriormente, praticamente "amoleceu". Dá até vontade de gostar desse cara.
Que o Grande Desenhista do Universo permita a continuidade da série sem interrupções! Amém!
Na próxima postagem, continuaremos a série sobre os álbuns de Luluzinha, pela Pixel, do ponto onde paramos - que o Grande Desenhista do Universo permita isso também!
Até mais!

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