Olá.
Sim, eu esperava que não tivesse de interromper novamente minha série sobre os álbuns de Luluzinha pela Pixel Media, mas infelizmente vou ter de fazer isso... Disse, na última postagem, que a série só seria interrompida de novo se chegasse às bancas o mais recente número do gibi do Miracleman. E, bem, chegou. Então, vou ter de interromper para escrever outra resenha mensal.
Como vocês já devem saber, é a Panini Comics que está trazendo ao Brasil o trabalho da Marvel Comics em resgatar a série original do super-herói inglês Miracleman, escrita por Alan Moore, digo "Escritor Original" nos anos 80. E a série já está chegando a seu clímax...
MIRACLEMAN # 6
Lançado em maio de 2015.
O segundo livro da série que compila os capítulos publicados originalmente na revista Warrior, publicada na Inglaterra pela Quality Communications a partir de 1982. Estamos na metade do segundo "livro" da série, A Síndrome do Rei Vermelho. E as coisas já começam a ficar complicadas para o alter-ego do jornalista Mick Moran, o Miracleman. Na edição anterior, sua esposa, Liz, foi raptada pelo antigo inimigo de Miracleman, o Dr. Emil Gargunza. E, com a ajuda do outrora ameaçador Evelyn Cream, Miracleman, que recentemente descobriu a verdade sobre sua origem - e que nunca atuara, de verdade, como super-herói, toda sua carreira heróica ao lado de Jovem Miracleman e Kid Miracleman não passa de uma simulação mental projetada pela agência Circo do Horrores - já está a caminho da América do Sul, mais precisamente o Paraguai, onde Gargunza está. Assim começa o primeiro capítulo desta edição, A Luz que se Aproxima (Warrior 16, dezembro de 1983). Enquanto isso, Liz e seu bebê estão sob análise. A mulher de Moran não sofre mal algum - o baque maior, quem sofre é Gargunza, ao ver o bebê no ultrassom. A arte deste episódio é de Alan Davis, já estabelecido como principal titular da série, substituindo Gary Leach, que desenhou os primeiros episódios. Mas a história seguinte, A Síndrome do Rei Vermelho (Warrior 17, março de 1984) foi desenhada por John Ridgway. É que este episódio na realidade é um interlúdio: recuando no tempo, assistimos a mais um experimento, conduzido por Gargunza, para condicionar as mentes de Miracleman e seus companheiros. Os três heróis vivem uma aventura surreal dentro de uma dimensão paralela, e estão prestes a despertar do "sonho" - algo que Gargunza tenta impedir a todo custo. O título faz referência à uma passagem de um dos livros de Alice, de Lewis Carroll - sim, a do País das Maravilhas. Esta história oferece, ainda, uma explicação plausível para a mudança do símbolo do peito do Marvelman, diferenciando o herói de sua versão publicada nos anos 50. Alan Davis retorna a seguir com a arte do episódio seguinte, "Eu Escutei as Armas de Woodrow Wilson..." (Warrior 18, abril de 1984). Nela, começamos a saber, através da narrativa de Gargunza para Liz, seu passado, sua infância e adolescência sofridos na América do Sul e sua carreira na Europa (Gargunza nasceu no México, viveu a adolescência e fez fortuna, ilícita, no Brasil, mudou-se para a Europa, trabalhou inicialmente para a Alemanha Nazista e, após a 2a. Guerra, debandou para o lado da Inglaterra), até iniciar o Projeto Zaratustra, que deu origem ao Miracleman. As menções de "Escritor Original" ao Brasil não são as mais elogiosas, mas é compreensível, levando em conta a época (em 1984, o Brasil ainda não havia saído do Regime Militar) - e, bem o Brasil não era mesmo o melhor lugar para viver por vários períodos do longo século XX, a "Era dos Extremos". Gargunza, por sua vez, já mostra, aqui, sua principal motivação de vida: superar a morte. Mas ficou para o próximo número a segunda parte da biografia de Gargunza - e preparem-se para dias de fúria: quando a série da Warrior terminar e começarem os trechos do título próprio publicado pela editora estadunidense Eclipse, a violência será constante. A seguir, as páginas de bastidores: artes originais de Mick Austin, Alan Davis e John Ridgway para as histórias deste número. Encerrando, temos novamente uma aventura clássica do Marvelman por Mick Anglo, o criador do personagem! Já que a presente edição falou em mundo dos sonhos, a aventura Marvelman e a Terra da Pestana (Marvelman 34, abril de 1954) mostra o alter-ego do ainda menino Mick Anglo confrontando o mitológico rei da Terra da Pestana - onde, segundo a lenda europeia, as almas das pessoas vão quando dormem - que resolveu entrar em greve. O resultado dessa greve são pessoas insones e irritadas. A solução para resolver a trama, evidente, é forçada, só pra mostrar o quanto Marvelman era f(...). Mas eram os anos 50, compreensível. A edição de 52 páginas (contando capa) é completa com ilustrações pin-up de Mike Dal Mundo, Totino Tedesco e Neal Adams.
E, felizmente, a revista não sofreu reajuste neste tempo de aumentos: continua a R$ 7,50. Ainda.
Para encerrar, a ilustração do mês traz minha interpretação do parceiro extra-oficial do Miracleman, Evelyn Cream, o negro com dentes de safira, ladeado pelo herói. O ex-cupincha de Dennis Archer, o presidente da organização Circo dos Horrores, começou como um homem perigoso e, posteriormente, praticamente "amoleceu". Dá até vontade de gostar desse cara.
Que o Grande Desenhista do Universo permita a continuidade da série sem interrupções! Amém!
Na próxima postagem, continuaremos a série sobre os álbuns de Luluzinha, pela Pixel, do ponto onde paramos - que o Grande Desenhista do Universo permita isso também!
Até mais!
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