segunda-feira, 19 de outubro de 2015

MESTRES DO RISO - Vidas cômicas sob sorrisos amarelos

Olá.
Hoje, vou falar de livro. Dos que são vendidos nas bancas de revista – mas que não deixam de ser interessantes, já que se trata de um livro de curiosidades. Várias editoras estão investindo no formato.
O livro de hoje se chama MESTRES DO RISO, e foi publicado pela editora Agir.

Já se tornou moda entre algumas editoras, como já dito, os livros populares sobre assuntos variados. Desde história geral até a história das histórias em quadrinhos, passando por cursos de desenho, filosofia, culinária... esses livros tem por características: medida 24 x 17 cm, 96 páginas em média, capa cartonada, ilustrações coloridas em profusão, preços populares (em média, de R$ 19,90 a R$ 24,90). E, no geral, pecam na revisão ortográfica ou possuem algum erro de diagramação. Aqui, no Estúdio Rafelipe, já falei de várias publicações nesse formato – os livros das editoras Discovery Publicações e Geek. Da Discovery, tivemos: 400 Imagens – Mangá do Começo ao Fim, de Sérgio Peixoto; 100 Super Heróis, de Guilherme Kroll (e sua segunda edição pela Geek); 300 Mangás, de Heitor Pitombo (que também teve remake pela Geek); 120 Anos de História – Almanaque dos Quadrinhos, organizado por Franco de Rosa; Maciota – Fome de Bola, reunião dos cartuns do personagem de Paulo Paiva; e 200 American Anime, reunião de artigos da revista Neo Tokyo sobre os animes produzidos no ocidente.
Agora quem entrou nesse filão foi a editora Agir, selo da editora Nova Fronteira, cujo carro-chefe continua sendo a versão brasileira do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. A Agir já lançou alguns livros de assuntos gerais no mesmo formato das publicações da Discovery. Desses livros vou falando no decorrer do tempo.
O de hoje então é MESTRES DO RISO – HUMORISTAS CLÀSSICOS DA TV E DO CINEMA. Lançado no primeiro semestre de 2015 pela Agir, em parceria com a editora Criativo (coeditora, também, de Mangá do Início ao Fim), não há indicação do autor. Tem menos páginas: 50, sem contar capa. Mas possui as medidas 17 x 24 cm, capa cartonada... E, pela capa, é fácil perceber que o livro aproveita a comoção gerada pelo falecimento do comediante mexicano Roberto Gomez Bolaños, o Chespirito, ocorrida em novembro de 2014.
O livro se propõe a tratar sobre os humoristas clássicos da TV e do cinema – priorizando os comediantes que fazem uma comédia universal, que pode ser compreendida por qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, em qualquer época. Por mais questionáveis que sejam os atuais humoristas do cinema e da TV, e suas piadas apelativas ou grosseiras (segundo o público), em algum momento da vida eles precisam admitir a influência dos velhos mestres do humor. De alguma forma, ainda precisamos rir, em um mundo cada dia mais neurótico. Ainda que seja assistindo aos antigos filmes de comédia ou mesmo às reprises dos programas televisivos de Chaves e Chapolin.
Bem. MESTRES DO RISO não trata de todos os comediantes, só dos mais consagrados – e com algumas ausências. O livro é cheio de ilustrações, mas quase todas estas são fotos submetidas a um tratamento digital que as deixa com uma aparência de pintura. Os textos contam a vida, curiosidades e algumas obras de humoristas que se consagraram no século XX.
A vida de Chespirito e suas criações, Chapolin Colorado e Chaves, ocupa a maior parte do livro. Há citações aos parceiros de comédia de Bolaños, como Ruben Aguirre (Professor Girafales) e Ramon Valdez (Seu Madruga), mas toda a atenção é concentrada sobre o saudoso Bolaños, que ocupa 16 das 50 páginas do livro.
Já os outros humoristas escolhidos ocupam cada um duas páginas, com sua vida e obra. Começando com os Clássicos Internacionais: os artistas dos tempos do cinema mudo, Harold Lloyd (o primeiro a escorregar em uma casca de banana diante das câmeras), Buster Keaton (o comediante que não ria), Charles Chaplin (só duas páginas para falar de Chaplin e de Carlitos?!), Oliver Hardy e Stan Laurel (O Gordo e o Magro para os mais íntimos) e Os Três Patetas (os maiores expoentes do humor de pancadas e tortadas na cara). Ainda na parte dos clássicos internacionais, temos os ainda vivos Jerry Lewis (o primeiro Professor Aloprado) e Rowan Atkinson, o Mr. Bean (o maior expoente do estilo “na dúvida, improvise”).
O Brasil conta com quatro representantes no trecho Clássicos Nacionais. Começando com Os Trapalhões: Mussum (forévis), Zacarias (cadê minha peruca?), Didi (Mocó Sonrisal Colesterol Novalgina Mufumbo) e Dedé (o maior escada do Brasil) tem suas vidas analisadas em separado – Renato Aragão e Dedé Santana são os únicos ainda vivos deste segmento. Depois vem Ronald Golias (o eterno “Ô Cride, Fala pra Mãe”, também conhecido como Bronco), Chico Anysio (só duas páginas para falar do maior criador de personagens do Brasil?!) e Amácio Mazzaropi (o eterno Jeca Tatu). A última página é reservada para pequenas curiosidades sobre os homenageados.
Há quem possa questionar os critérios de escolha dos homenageados, e o espaço que lhes foi reservado. Reservar só duas páginas para falar de Charles Chaplin e Chico Anysio pareceu muito pouco frente ao que eles fizeram para o humor mundial; e faltou gente, ainda. Por que não falaram mais de Ramon Valdez e de Carlos Vilagrán, o eterno Quico, e de outros membros do elenco de Chespirito, o programa de TV? E onde estão nomes como Jacques Tati, os Irmãos Marx, Oscarito e Grande Otelo, Tom Cavalcante, Steve Martin, Manuel da Nóbrega, seu filho Carlos e seus comparsas da Praça, Dercy Gonçalves...? Teriam estes envelhecido mal, sua linguagem humorística não alcança todas as épocas? E, bem, não é todo mundo, das atuais gerações, que viu, ou pode ver, atuações de Harold Lloyd e Buster Keaton para comprovar se eles são realmente grandes comediantes. Ainda bem que não entraram na conta gente como Johnny Knoxville e seus comparsas do violento Jackass, bem como seus discípulos brasileiros, a turma tarada do Pânico.
Well. De todo modo, com este guia parcial, já dá para o entusiasta procurar filmes desses artistas. Ainda bem que temos YouTube, não é?
E ainda é possível encontrar esse livro, nas bancas, ao preço promocional de R$ 12,00.
Para encerrar, um cartum baseado em fatos reais – mas, já que falamos de Chespirito, fazendo referências a um dos mais famosos personagens desse programa. Conseguem saber qual é?
Num mundo cada vez mais neurótico, os humoristas cumprem seu papel. Mas, infelizmente, é difícil não concordar com alguns críticos de internet, que falam mal da baixa qualidade dos programas de “humor”. Mirem-se no exemplo de um certo mexicano que, mesmo na casa dos 40 anos, interpretava um menino de oito...

Até mais!

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