quinta-feira, 29 de outubro de 2015

GUIA HERÓIS NO CINEMA - o maior buraco dessa represa

Olá.
Hoje, voltamos a falar de super-heróis. Hoje, voltamos a falar de filmes de super-heróis. Hoje, voltamos a falar de publicação especial sobre filmes de super-heróis. Hoje, iremos fazer alguns questionamentos a respeito da presente publicação.
Hoje, a publicação escolhida sobre super-heróis no cinema se chama GUIA HERÓIS NO CINEMA. E com muito a se tratar a respeito.

GUIA HERÓIS NO CINEMA foi lançado no início de 2015. Mas seu lançamento original é 2014 – é a tradução de uma revista, Superhero Movie Collection, lançada nos EUA pela Imagine Publishing. Por isso, está ligeiramente desatualizada. A versão brasileira é da On Line editora. E é bem proveitoso: são 180 páginas, contando capa; sem anúncios; textos extensos graças às letras reduzidas; um projeto gráfico mezzo limpo, mezzo poluído, que pode cansar os olhos e a paciência do leitor; e ilustrações, muitas ilustrações. Praticamente tudo a respeito do universo dos super-heróis no cinema, com referências adicionais aos quadrinhos. Talvez seja o guia mais completo sobre o universo que atualmente faz o público nerd e geek (se é que existem mesmo diferenças entre esses termos) o mais feliz da Terra. O guia mais completo e mais facilmente disponível no mercado, já que publicações melhores são mais caras e mais difíceis de encontrar. Mas não quer dizer que GUIA HERÓIS NO CINEMA também seja barato: custa R$ 39,90!
Mas o investimento tem muito de questionável: apesar de ser um guia bem completo sobre filmes de super-heróis, com muitas informações possíveis sobre os filmes mais representativos, com a maior quantidade de informações possíveis, até mesmo de produções que não são diretamente derivadas de HQs... enfim, apesar de todo esforço para valer a pena, há um motivo para sentir medo, muito medo: a publicação é da On Line Editora, que é uma das maiores editoras menores do mercado brasileiro, e, como tal, não é muito preocupada em fazer uma revisão cuidadosa em suas publicações: GUIA HERÓIS NO CINEMA possui muitos e notáveis erros de revisão, como textos em lugares errados, falhas de tradução e erros de ortografia. Publicações da On Line também não são do tipo que mereceriam resenha ou notas em veículos de comunicação importantes como o site Universo HQ, referência primeira (ao menos para gente como eu) em quadrinhos e cultura pop. Isso já comprometeria a qualidade do material, mas é preciso ser um leitor muito atento, e estar muito bem informado, para encontrar todos esses erros. Fora isso, tudo bem: o leitor tem em mãos material de boa qualidade, para ler e se informar por várias horas. É mais completo que o também recente Super-heróis no cinema, da Editora Agir, recentemente resenhado.
Well. A revista é dividida em cinco partes. Todas elas abrem com um miniguia de filmes: fichas técnicas e pequenas resenhas críticas (por isso, muito parciais) de filmes de super-heróis, entre conhecidos e desconhecidos, entre adaptações diretas das HQ e filmes que foram apenas influenciados por elas. Entre filmes que ainda não foram lançados até os que estão praticamente perdidos no tempo, já que foram lançados entre os anos 1940 e 1970. Entre filmes que você nunca ouviu falar ainda e aqueles que você já cansou de ouvir falar. Entre os que são da Marvel e da DC Comics, e os que nem ligados a essas editoras são. Muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos para ganhar uma matéria mais extensa, em cada uma das partes.
A primeira parte se chama O futuro dos filmes de super-herói, e trata de filmes que ainda vão ser lançados, no momento em que escrevo... e que já foram lançados. Lembrem-se: a revista foi lançada nos EUA em 2014, antes de a Marvel concluir a fase 2 de seu universo cinematográfico. Assim, uma das matérias trata de filmes como Guardiões da Galáxia e Vingadores 2 como produções que ainda estariam por vir. Bem como as expectativas por X-Men – Dias de um Futuro Esquecido, mais recente filme da franquia mutante pela Fox. Ah, mas Batman vs. Superman ainda não foi lançado, e nem o filme-solo da Mulher Maravilha; as matérias referentes a essas produções discutem, logo, especulações sobre o que o público vai ver em 2016 e adiante.
Segunda parte: A Era de Ouro dos Filmes dos Filmes de Super-Herói, cobrindo o período de 1938 a 1988. Acredite ou não, já havia filmes de super-heróis (muitos na forma de seriados para cinema) antes do lançamento do “padrão ouro” do gênero – Superman, de 1978. Surpreenda-se com o guia inicial do capítulo (a partir daqui, os filmes resenhados já vem com uma avaliação, de uma a cinco estrelas – quanto mais estrelas, melhor o filme), e depois leia a respeito dos seguintes filmes: o primeiro do Batman, derivado da infame série de TV – aquele, do “bat-repelente de tubarões”; o primeiro filme de Superman através de uma entrevista com a atriz Margot Kidder, a primeira Lois Lane (a então namorada do homem da capa vermelha) do cinema; e uma matéria completa sobre Superman II (“Ajoelhe-se perante Zod!”).
Chegamos à terceira parte, A Era Negra dos Filmes de Super-Herói, cobrindo o período de 1989 a 2000 – desde quando o gênero heroico passou por um período sombrio até que o gênero quase morreu por conta dos erros de produtores, diretores e outras gentes que não entendiam nada de HQ. Filmes contemplados com matérias extensas: Batman de Tim Burton, o primeiro (o do Batman que não consegue mexer o pescoço); Darkman, que, apesar de não ser derivado de HQ, foi a primeira experiência do diretor Sam Raimi – antes da primeira trilogia do Homem-Aranha – no gênero heroico; Batman – O Retorno, também de Burton (em ambos os filmes do morcegão, os vilões brilharam muito mais que o herói – e que bom que a revista não contemplou os filmes do herói por Joel Schumacher); O Corvo, o lendário filme onde o ator principal, Brandon Lee, morreu durante as filmagens, e que, ironicamente, é sobre um homem que volta do mundo dos mortos (e que é, sim, baseado em uma HQ, antes que perguntem); e uma matéria sobre um possível filme – ou melhor, possíveis filmes que o Superman ia ganhar ainda nos anos 1990, antes do reboot nos anos 2000. Tema de um documentário lançado recentemente (e que na época da publicação ainda estava em produção e captação de recursos), pela primeira vez em revista são mostradas imagens de projetos de um novo filme do Homem da Capa Vermelha, envolvendo: Nicholas Cage, o herói lutando contra aranhas gigantes, usando armaduras, morrendo em combate numa tentativa de adaptar sua fase mais vendida das HQ... Ganha pelo verdadeiro furo de reportagem.
Chegamos à quarta parte da revista, A Era de Prata dos Filmes de Super-Heróis, cobrindo o período 2000 a 2007, quando o gênero super-heróico não apenas se renovou como estourou. Após o guia, são contempladas com matérias extensas as seguintes produções: a primeira trilogia dos X-Men; o primeiro filme do Homem-Aranha de Sam Raimi; Hellboy, através de uma entrevista com o criador da HQ, Mike Mignola; Batman Begins, inaugurando um novo tempo para a DC no cinema; Superman, o Retorno, um fracasso em renovar o Homem da Capa Vermelha para as novas gerações, através de entrevista com o ator principal, Brandon Routh; Homem-Aranha 3, a queda da franquia, através de entrevista com o ator principal, o “boneco de cera” Tobey Maguire (ei, cadê o segundo filme?!); e os filmes do Quarteto Fantástico, com destaque para o segundo, com o Surfista Prateado – alguém levou a sério algum dos três filmes lançados até hoje? (Ei: cadê os filmes solo do Wolverine?)
E chegamos ao capítulo final: A Era de Bronze dos Filmes de Super-Heróis, contemplando de 2008 a 2014, com a verdadeira explosão da Marvel nos cinemas (agora sim com acertos!) e outras produções que consolidaram o gênero entre nós. Os contemplados com matérias extensas neste tópico são: Homem de Ferro, o primeiro filme, de quando o herói ainda não era o atual bonzão pop, nem constava entre os personagens mais ricos da ficção da revista Forbes; Hellboy 2, firmando o diretor Guillermo Del Toro como o mais novo criador de criaturas do cinema; O Incrível Hulk, o filme da Marvel Studios (não aquele dirigido por Ang Lee); Batman – O Cavaleiro das Trevas (“Why so serious?”); Watchmen, que até hoje divide opiniões – na época em que foi lançado, foi considerado ruim, hoje consideram-no bom, mas em qualquer tempo, Alan Moore, o autor da HQ, não gosta desse filme; Kick-Ass, a violência da era da internet; X-Men Primeira Classe, a renovação da franquia mutante; Lanterna Verde, através de entrevista com o ator principal, Ryan Reynolds; Os Vingadores (precisa falar algo a respeito?); O Espetacular Homem-Aranha, o reboot da cinessérie; O Homem de Aço, Superman sem cueca por cima da calça, mas com mais gás; e um minicalendário com as futuras produções de super-heróis. Alguns filmes dessa lista já tiveram as datas alteradas depois da publicação, mas o público já tem ideia do que esperar até 2020...
As matérias trazem ainda boxes com informações adicionais, citando outras produções que não entraram na lista; referências a sagas de quadrinhos, séries de TV e ao Teste de Bechdel, que avalia a presença de personagens femininas nos blockbusters; e a sensação de que poderiam ter falado mais a respeito de outros filmes que não entraram nem na lista, nem nos critérios de escolha... Bem, os redatores da Imagine Publishing já tiveram muito trabalho, e os tradutores da On Line Editora também. Só falta investir em revisores de ortografia e de diagramação.
Depois de tudo, os leitores vão cansar de ouvir falar de filmes de super-herói; na melhor das hipóteses, vão começar a procurar outras coisas para ver, até comédias românticas ou filmes antigos – ao menos, para desintoxicar antes de voltar aos filmes de super-herói. Enquanto renderem dinheiro, os super-heróis continuarão a ser explorados. Não temos como escapar, amigos.
E, pelo jeito, nem mesmo o nosso amigo Benjamin Peppe, criação do meu amigo Paulo Miguel dos Anjos. Pelo menos, nas ideias insanas que o colaborador do Projeto Benjamin Peppe, Rafael Grasel, teve para as ilustrações que encerram a matéria de hoje – com a torcida para que Anjos não reprove o que foi feito.
Na primeira ideia, o surfista riponga tirando onda (desculpem o trocadilho infame) de Surfista Prateado, com corpo cromado e tudo. Tenho de reconhecer que não ficou tão bom quando deveria, ainda mais com as cores a lápis de cor.
E, na segunda, os amigos do Benjamin Peppe continuam na onda do cosplay: a namorada, Diana, se veste como Mulher Maravilha!
Ao menos, estamos chamando atenção para o Projeto Benjamin Peppe e para o segundo gibi do personagem, lançado recentemente pela Universo Editora. Adquiram o seu, ao preço de R$ 4,90, pelo e-mail universoeditoraindependente@gmail.com, ou pelos endereços anjospaulo@zipmail.com.br e benjaminpeppe@gmail.com. Vamos investir em personagens de HQ brasileiros: aí, quem sabe, podemos competir com os super-heróis estadunidenses no cinema!

Até mais!

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