sábado, 7 de agosto de 2010

Livro: A FILHA DO FABRICANTE DE FOGOS DE ARTIFÍCIO

Olá.
Amanhã será um domingo, Dia dos Pais. E a data vem a calhar para eu hoje falar de livro.
O livro desta semana é um infanto-juvenil dos mais saborosos: A FILHA DO FABRICANTE DE FOGOS DE ARTIFÍCIO, de Philip Pullman.


Pullman é escritor infanto-juvenil inglês e ateu. Apesar de suas opiniões controversas sobre religião, Pullman é admirado como escritor. Seus livros mais conhecidos são os da série Fronteiras do Universo, da qual fazem parte A Bússola de Ouro (adaptado recentemente para o cinema), A Faca Sutil e A Luneta Âmbar.
A FILHA DO FABRICANTE... foi publicado pela primeira vez em 1995, e foi ganhador do prêmio Smarties Book Prize, uma das mais importantes premiações da literatura infanto-juvenil mundial. A tradução brasileira de Heloisa Maria Leal é da editora Bertrand Brasil. Ilustrações de Nick Harris.
Com razão A FILHA DO FABRICANTE... foi premiada: trata-se de um livro de texto agradável, uma história fascinante, passada em um cenário exótico e com personages cativantes.
A menina do título se chama Lila. Moradora de um vilarejo de uma região não-determinada do sudeste asiático, "Quinze mil quilômetros atrás, em um país a leste das selvas e ao sul das montanhas...", em uma época não-determinada. Seu pai, Lalchand, conforme diz o título, é fabricante de fogos de artifício. Lila, desde muito cedo, almeja ser fabricante de fogos, assim como o pai - algo o qual o próprio Lalchand sente-se contrariado, apesar de a filha já conseguir fabricar os fogos mais simples e inventar outros.
Lila tem como amigo o menino Chulak, bem-humorado e com uma profissão importante: cuidar de Hamlet, o elefante branco pertencente ao rei do vilarejo. O elefante costuma ser usado num costume muito esquisito: sempre que o rei quer punir um de seus cortesãos, ele manda o elefante branco de presente, e, como o elefante precisa de altas mordomias, as finanças desse cortesão em pouco tempo são arruinadas. Pois Hamlet só aceita a companhia de Chulak e Lila por um motivo: eles são os únicos que sabem que Hamlet sabia falar. E, enquanto esperam a próxima vítima, Chulak costuma usar o elefante branco como outdoor, permitindo que pessoas escrevam anúncios em seu corpo.
Pois, um dia, Lila, irritada porque o pai não quer ensinar à filha os segredos mais importantes de ser fabricantes de fogos de artifício, desabafa com Chulak e Hamlet, e aquele, querendo ajudar a amiga, decide conversar com Lalchand. E este revela sem querer: para se tornar fabricante de fogos de artifício profissional, o aspirante deve viajar à Gruta de Ravazni, o Demônio do Fogo, no coração do Monte Merapi, e trazer um punhado de Enxofre Real, um suposto ingrediente com o qual se fabrica os melhores fogos de artifício.
Lila, contrariada ao saber desse segredo, decide subir até o monte Merapi. No entanto, isso não era suficiente: ela também necessita dos Três Dons a serem apresentados a Ravazni, e de um frasco de água mágica da Deusa do Lago de Esmeralda. Claro que Lalchand fica desesperado ao saber da fuga da filha, mas Chulak e Hamlet se comprometem em ajudar Lila antes que o pior aconteça.
O problema é que os fatos acontecem justo no dia em que o rei envia Hamlet a outro cortesão castigado. Chulak e Lalchand ajudam Hamlet a fugir, e o menino e o elefante embarcam numa jornada cheia de perigos e surpresas.
Enquanto isso, Lila, na sua travessia até o monte Merapi, encontra outro personagem hilariante: o azarado Rambashi e seu bando, que nunca têm sorte nos empreendimentos em que se metem para ganhar dinheiro. Sempre que eles tentam uma coisa, Rambashi acaba, minutos mais tade, tendo outra ideia. Bem, quando eles entram em cena, eles atuam, de modo atabalhoado, como um serviço de taxi flutuante pelo rio; a seguir, tentam assaltar Lila, dizendo-se piratas, porém não conseguem levar nada; e, a seguir, abrem um restaurante - porém, Rambashi não cobra pela comida, já que naquela noite ia ser a aparição da Deusa do Lago de Esmeralda, para onde se dirigem Chulak e Hamlet para pegar a tal água - em tempo: Rambashi é tio de Chulak.
No Monte Merapi, Lila enfrenta um duro desafio ao subir a montanha e se confrontar com Ravazni. E ela vêm despreparada, sem a água e sem os Três Dons - quer dizer, ela aparentemente está sem os Três Dons. E, tendo de enfrentar as chamas de Ravazni para obter o Enxofre Real, Lila só não leva a pior porque Chulak e Hamlet chegam bem a tempo. E ela acaba saindo - aparentemente - de mãos vazias.
Mas a encrenca não para por aí: Lalchand, denunciado por ter ajudado na fuga do elefante branco - um crime gravíssimo - corre o risco de ser executado. Lila, Chulak e Hamlet tentam impedir, e, graças à intervenção de Hamlet, o rei propõe o seguinte a Lila: se, no Festival do Ano Novo, quando o rei promoverá um grande concurso de queima de fogos de artifício, Lalchand vencer com sua apresentação, ele será perdoado; se perder, será executado.
E assim, Lila e Lalchand devem correr contra o tempo para preparar uma apresentação espetacular, que fascine a todos. E não será fácil, já que eles devem concorrer com profissionais de pirotecnia de todo o mundo, com apresentações igualmente espetaculares.
E Lila acabará descobrindo que as coisas não são o que aparentam ser à primeira vista, e que ela tinha os Três Dons o tempo todo. Aliás... quais são esses "Três Dons"? E o que é na verdade o tal Enxofre Real? E como termina essa verdadeira queima de fogos literária? Só lendo para descobrir!
A narrativa de Pullman é excepcional, sempre com descrições fáceis de entender, e emocionantes também - a impressão que se tem é que o fogo pode se desprender das páginas do livro. E, como se trata de um livro passado em um país asiático, o exotismo da narrativa acaba ficando divertido sem parecer preconceituoso ou estereotipado. E as ilustrações de Nick Harris são um show à parte - um traço belíssimo, que ajuda a caracterizar o aparentemente absurdo da história. E algumas páginas são margeadas, ainda por cima, com molduras de varas de bambu! Um projeto gráfico realmente invejável!
E mais: não são apenas os Fabricantes de Fogos de Artifício que necessitam dos tais Três Dons - todos os profissionais, de qualquer área, devem tê-los à mão para executar bem suas tarefas.
Um livro legal para ler de uma só assentada! Altamente recomendável.
Para encerrar a postagem, duas ilustrações que fiz: uma imagem de raios caindo numa tempestade, e a imagem de uma fogueira.
A tempestade foi pintada a lápis - pena que o scanner não captou todo o efeito do lápis - a intenção era reproduzir, no lápis, o efeito das nuvens de tempestade. Buá!

A segunda, já que falamos em fogo, seria uma fogueira, pintada no computador. Fiz de nodo que as labaredas lembrassem um figura. Aliás, o que vocês enxergam nestas chamas?
Se eu pudesse ainda reproduzir no Photoshop o efeito real do fogo... acho que me faltam os tais Três Dons. Buá!!
Feliz Dia dos Pais a todos os pais - marinheiros de primeira viagem, profissionais e futuros papais.
Até mais!

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