Hoje, inicio uma nova série de postagens.
Neste ano de 2012, o Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria – RS, Quadrinhos S. A., completou 10 anos de existência. E, ainda neste ano de 2012, foi lançado o 12º número da sua publicação oficial, a revista Quadrante X.
Esta série de postagens, será toda dedicada à revista – trarei, até vocês, um levantamento de todos os 13 números da revista lançados até agora. Sim, eu disse 13 – a primeira Quadrante foi a de número 0.
Bom. Eu entrei no Núcleo em 2003, ainda no primeiro ano da faculdade. Nessa época, a associação estava ativa, mas ainda não contava com uma sala própria na Casa de Cultura de Santa Maria, e sua gibiteca ainda era muito reduzida. E nem todos os membros compareciam às reuniões semanais.
Bem. Histórias a parte, nesta primeira postagem eis aqui as edições do 0 ao 4, para iniciar.
Lançado em maio de 2003.
O Núcleo de Quadrinhistas mal completara 1 ano de vida (segundo o editorial, a associação foi fundada em 21 de março de 2002, e o seu primeiro presidente era Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata, criador do Xirú Lautério), e já lançara o primeiro número da Quadrante. Nesta edição, de 24 páginas (sem contar capa), participam os seguintes artistas: começando com Mário Luís Trevisan, o Al Mário, com o texto cômico Propostas para a Travessia do Passo do Verde, com ilustrações de Marcel Jacques, onde o autor discute possíveis soluções para contornar a falta de uma ponte que liga Santa Maria a uma das cidades da região; a seguir, Milton Soares, criador do Trava, com o faroeste cômico Desafio de Fogo; depois, Mário Lúcio Bonotto Rodrigues, o Máucio, comparece com Homem Bomba, uma sátira com os atentados terroristas; a seguir, Elias Ramires Monteiro, chargista do jornal Diário de Santa Maria, com uma história sem título sobre a condição masculina; A seguir, Franklin Carvalho Neto, o Frank, nos dá uma amostra das tiras do Eremita do Taperinha, um ermitão que mora no alto de um dos edifícios mais altos de Santa Maria; em seguida, Fabiano, com o personagem gaúcho Tchebúrcio, na história curta Ovo por Ovo, Dente por Dente (confesso: o Tchebúrcio foi uma das inspirações para o meu personagem Teixeirão – ao menos, os bigodes de um e outro são parecidos); a seguir, Gabriel Cóser traz a primeira das duas únicas aventuras de seu super-herói, o Nada, invencível porém imprestável; depois, Kiko Paim aparece com uma história curta do seu personagem Guapito, o conquistador azarado; Depois, vem Fabrício Réquia Parzianello, o Bício (criador dos Bobonecos e dos The Formosos) com uma amostra das tiras de seus personagens Mano & Véio, dois jovens amigos que curtem a vida em Santa Maria; em seguida, Jéssica, com a cartunesca Atirei no Pau do Gato; em seguida, Alex Cruz comparece com Morte no Parque, a primeira aventura do herói Capoeira Negro, meio que um mascote oficial da revista em seus primeiros anos – e ainda em um traço de iniciante; em seguida, também em traço de iniciante, Marcel Jacques, com Grandes Bobagens da Civilização e Idiotiras, humor negro em pequenas doses; em seguida, Carlos Gomide e Simone comparecem com Boca do Monte, o Azarado (mais tarde, o personagem seria redesenhado por Alex Cruz; estas primeiras tiras mostram o personagem ainda em traço rústico); e, fechando a revista, Byrata, com o pequeno clássico A Mulher do Tempo, o modo campeiro de saber as condições do clima, às vezes mais eficiente que a previsão do tempo. Republicação de um trabalho anterior da revista Garganta do Diabo, importante publicação de humor que circulou em Santa Maria nos anos 90.
QUADRANTE X no. 1
Lançado em novembro de 2003.
O projeto começa a decolar; ainda em 2003 (e quando eu já estava integrado ao grupo), o Núcleo lança o número 1 da publicação, com 32 páginas (contando capa). Começando com uma história curta de Elias sobre a paquera dos cachorros; em seguida, uma seção informativa, Quadrinhos pelo Brasil, redigido por Byrata, sobre novos talentos e projetos educacionais envolvendo HQ (aqui, Byrata já se mostra preocupado com os rumos de então dos quadrinhos brasileiros, com poucas condições de disputar espaço com os comics americanos e os mangás japoneses); a seguir, começam os quadrinhos, começando por Frank, com a comédia de casais Frank & Lu; a seguir, um cartum de Máucio; continuamos com Al Mário e Marcel, com Fábulas Modernas, textos e ilustrações que imaginam novas possibilidades para as fábulas infantis; a seguir, Miralha, então chargista do jornal A Razão de Santa Maria, com amostras de seu trabalho; continuamos com Byrata, que traz o primeiro capítulo de sua série Xirú Lautério e os Dinossauros (posteriormente compilado, com os outros capítulos publicados na Quadrante, em um álbum homônimo lançado em 2007); em seguida, Braziliano, em um traço de grafiteiro, nos traz uma de suas Histórias de Sucesso, sua única participação na coleção; a seguir, Alex Cruz retorna com mais uma aventura do Capoeira Negro, Assalto na Joalheira; continuamos com Milton, com o pequeno clássico das amazing stories, Feliz Aniversário!; em seguida, Fabiano volta com o Tchebúrcio na história cômica O Caixão (roteiro do poeta Antônio Pereira Mello); em seguida, Bício nos traz uma história curta de Mano e Véio, Certa Noite num Bar (o original desta história é colorido, mas os tons de cinza não prejudicam a publicação); a seguir, o bonitão aqui, Rafael Grasel, estréia na Quadrante o seu Teixeirão (ainda com o nome pomposo de Na Estância do Teixeirão), em traço mais rústico e letra cursiva; Marcel Jacques volta a seguir com mais humor negro e ironia em Cúmulos; e, fechando o número, Jerônimo Strehl traz, em sua única participação na coleção (e olha que eu também o conheci pessoalmente!), as situações cômicas de seu personagem bêbado Copo Seco, em Desventuras de um Bebum. A ilustração do Capoeira da capa acima é de Alex Cruz.
QUADRANTE X no. 2
Lançado em junho de 2004
Bem que tentávamos dar à Quadrante uma periodicidade mais regular, mas os quadrinhos nacionais, naquela época, não estavam passando por uma fase das melhores. A Quadrante X 2 demorou um pouco para aparecer. E, no período, o presidente eleito do Núcleo foi Al Mário, substituindo Byrata. A Quadrante, com 24 páginas (sem contar capa), começa com a seção Quadrinhos pelo Rio Grande, pelo Brasil e pelo Mundo..., por Byrata, destacando o trabalho do ilustrador e ambientalista Céu D’elia e da ilustradora Dadí, autora da série Os Pleistocênicos e da revista Bichos do Mato; os quadrinhos começam com Milton, com Herança Cósmica, mais uma amostra de sua ótima arte; continuamos com uma matéria da professora Ladi Mayer sobre o programa de computador Hagáquê e seu uso na escola; na mesma página, Kiko Paim coloca uma tira de seu personagem Tonico; seguimos com Bício, trazendo duas páginas de tiras de Mano & Véio; a seguir, o segundo capítulo de Xirú Lautério e os Dinossauros de Byrata; continuamos com Cérebro Contra os Músculos, uma pequena história de esperteza, escrita por Antônio Pereira Mello e ilustrada por Aílton Elias Gonçalves, o Aelias, co-criador da série Brigada das Selvas; a seguir, Al Mário estréia na revista o personagem Bombaca, o bombado babaca (aqui, Al Mário já nos dá uma amostra de seu traço simples e ao mesmo tempo detalhado); em seguida, Alex Cruz, com mais Capoeira Negro, na história Desarmamento; a seguir, mais Rafael Grasel (eu) com mais Na Estância do Teixeirão; A seguir, Marcel Jacques volta com Acontecimento Insólito, uma história de UFOs (argumento de Milton e roteiro de Antônio Mello); e encerrando a edição, Gabriel Cóser com A Revanche do Gargalo, pequena crônica surreal da noite nos bares. A capa acima é de Frank.
QUADRANTE X no. 3
Lançado em agosto de 2004.
Uma tentativa de fazer uma revista bimestral, mas a ideia não durou muito. E a revista, de 24 páginas (sem contar capa) traz mais histórias em cima dos fatos jornalísticos de então – uma edição mais sintonizada com a realidade nacional. Começando com Milton, trazendo uma (então) história inédita de seu personagem árabe Jafá, que ele publicava na revista Garganta do Diabo, Adeus, Sossego!. E Mílton é o tema da seção Quadrinhos Made em Santa Maria, de Byrata, comemorando os então dois anos de publicação das tiras do personagem Trava no jornal Diário de Santa Maria (as tiras hoje podem ser lidas no blog do autor); os quadrinhos começam com Al Mário, com os cartuns de seu personagem Bombaca como candidato à prefeitura de Santa Maria nas eleições daquele ano; a seguir, Frank, com uma história do Eremita do Taperinha, em Um Fantasma Despejado, feita com muita montagem de computador e discutindo, com muita metalinguagem, o desmonte de um importante ponto comercial da cidade, a Rua 24 Horas; em seguida, Bício volta com suas tiras sobre a Lei do Desarmamento (naquele ano, estava em curso o grande referendo sobre a proibição do porte das armas de fogo no Brasil); a seguir, eu, Rafael Grasel, com mais Teixeirão (desta vez, com as letras e os balões de Marcel Jacques); falando em Marcel, ele volta ilustrando o texto de Al Mário, SIAC – Serviço Irritante de Atendimento ao Cliente, ironizando os call centers (a personagem feminina que ilustra a matéria foi baseada em um personagem de mangá); seguimos com Gabriel Cóser, que, com muitas hachuras, ilustra Overdose, relato do abuso de drogas; Kiko Paim vem a seguir, com Karatê Queda; a seguir, Alex Cruz com mais Capoeira Negro, na aventura O Monstro, onde o autor experimenta um método diferente de quadrinização; seguimos com Rafael Zart (então um pretenso novo membro do Núcleo), na estréia da seção Caricultura, trazendo um retrato de Oscar Niemayer (e é o único trabalho de Zart publicado na coleção); e, encerrando, Byrata traz o terceiro capítulo de Xirú Lautério e os Dinossauros. Capa de Milton.
QUADRANTE X no. 4
Lançado em janeiro de 2005.
Não pude comparecer, pela primeira vez, no lançamento de uma Quadrante com trabalho meu – era o período de férias da faculdade e eu estava em casa, em Vacaria. Mas eis aí uma nova Quadrante, com 28 páginas (contando capa), a primeira com capa-pôster (uma só ilustração na 1ª e na 4ª capas) de Byrata, e cartonada (as outras capas foram em papel couchê). Começamos com Al Mário, com duas tiradas do Bombaca; a seguir, após o editorial, uma extensa matéria de Carla Torres, então acadêmica de jornalismo da UFSM, sobre o Núcleo de Quadrinhistas, que então completava 3 anos de vida; e, depois, a seção Quadrinhos Made in Santa Maria e Brasil, de Byrata, trazendo um gibi raro produzido em Santa Maria, o lançamento da graphic novel Amana ao Deus Dará de Edna Lopes e o lançamento do fanzine ATTOM, de João André Motta, que fez um editorial sobre o Núcleo. Os quadrinhos recomeçam com o Mílton, com o primeiro capítulo de sua história de suspense O Forasteiro (que, infelizmente, ficou incompleta na Quadrante, mas que recentemente foi lançada integralmente na internet); A seguir, Marcel Jacques comparece com roteiro e desenhos de O Encontro, mais um diálogo entre o Bem e o Mal; a seguir, Bício traz mais de seus cartuns malucos em Flagrantes de um Vestibular (como Santa Maria é uma cidade universitária...); em seguida, mais Capoeira Negro, desta vez em uma quadrinização mais convencional, na aventura A Vitória do Bem (roteiro de Antônio Mello e arte de Alex Cruz); em seguida, mais um capítulo do Xirú Lautério e os Dinossauros de Byrata; e, encerrando, eu (Rafael Grasel) com mais Na Estância do Teixeirão (infelizmente, a sequência de tiras que planejei para este número não foi publicada na íntegra). Em tempo: esta edição se tornou a mais rara da coleção, uma vez que, ao contrário das outras edições, ela não ganhou uma segunda impressão, e a pequena tiragem se esgotou rápido.
Na próxima postagem: os números 5, 6, 7, 8 e 9. E mais curiosidades da produção de cada número.
Visitem o blog oficial do Quadrinhos S. A. para conhecer um pouco mais sobre o nosso trabalho.
Para encerrar, uma ilustração especial. Coloquei lado a lado o Capoeira Negro e meu personagem Black Ape, dos Super-Anões. Um encontro de gerações de heróis.
Até mais!
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