segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Filme: RED - APOSENTADOS E PERIGOSOS

Olá.

Hoje, continuando uma série.
Faz algum tempo que quebrei uma hierarquia aqui no blog: parei um pouco de falar de quadrinhos para voltar a falar de filme. Hoje faço de novo.
Na última postagem, falei da HQ RED – Aposentados e Perigosos, de 2003, escrita por Warren Ellis e desenhada por Cully Hamner, violenta e muito curta série que representa o atual momento do mercado de HQ.
Hoje, vou falar do filme baseado nessa HQ.

RED – APOSENTADOS E PERIGOSOS chegou aos cinemas em 2010, dirigido pelo alemão Robert Schwentke. Este diretor, que antes deste filme era conhecido pelo filme Plano de Voo, acaba de colocar nos cinemas outra adaptação de HQ dirigida por ele: R. I. P. D. – Agentes do Além, baseado na HQ de Peter Lenkov e Lucas Marangon, publicada nos EUA pela Dark Horse Comics. Este filme, ao contrário de RED, que teve boa bilheteria e boas avaliações da crítica (chegou a 72 pontos no site Rotten Tomatoes), estreou nos EUA com má bilheteria.
Para começar de forma seca e contundente, como foi a HQ de Ellis e Hamner: RED, o filme, pouco tem a ver com o quadrinho. Schwentke e os roteiristas John e Erich Hoeber apenas aproveitaram o argumento e as ideias principais, mas criaram uma história muito diferente. Além de transformarem uma violenta história de vingança em uma comédia, um filme-família, praticamente não se reconhece nada, se compararmos a HQ com a série. Algo que foi admitido pelos próprios Ellis e Hamner. RED, o filme, então, precisa ser visto como uma história à parte. Apesar disso, o filme teve indicações para o Globo de Ouro, a prévia do Oscar.
O número de personagens foi aumentado, as motivações dos personagens foram mudadas, um pouco de conspiração e alguns efeitos especiais dão à tônica da produção, e pouco sangue é derramado na tela. Ah, e um romance pouco convincente deixa o filme menos convincente ainda.
Sem falar numa curiosidade: durante as gravações do filme na locação de Toronto, no Canadá, as cenas que envolveram tiros e explosões provocaram chamados da polícia, devidamente esclarecidos.
O filme é estrelado por vários astros: Bruce Willis, John Malkovich, Morgan Freeman (todos estes praticamente dispensam apresentações) e Helen Mirren (atriz oscarizada por A Rainha). São os “Aposentados e Extremamente Perigosos” do título (o significado, em português, da sigla RED [Retired and Extremely Dangerous], conforme é explicado durante a trama do filme – estranhamente, um conceito que não ganhou explicação na HQ). Quatro ex-assassinos profissionais da CIA que voltam à ação quando alguém pretende eliminá-los . Mas com uma motivação diferente das HQ.
Bão. O personagem principal do quadrinho se chama Paul Moses; no filme, Frank Moses (Willis). Além dele, a única personagem do filme que possui semelhanças com uma personagem da HQ é Sarah Ross (Mary-Louise Parker), a supervisora pessoal de Moses – muito semelhante a Sally, que ocupa a mesma função na HQ. O filme eliminou o diretor da CIA, Michael Beesley, e o chefe de operações Adrien Kane. A menos que consideremos o personagem William Cooper (Karl Urban) a “versão” cinematográfica do agente Kane. É este personagem que coordena a caçada a Moses durante o filme.
Bem. O início do filme é semelhante à HQ: Frank Moses, um antigo matador da CIA e um RED que vive sozinho em sua casa, curtindo a aposentadoria, lendo romances baratos e iniciando um romance à distância com Sarah. (Willis, apesar de adotar o visual careca, não tem a falha nos dentes da frente do personagem da HQ). De repente, sua casa é invadida e metralhada, mas Moses elimina os agentes que queriam matá-lo. Estudando os métodos usados pelos agentes, ele descobre que estão a mando da CIA, sua antiga empregadora – e, aparentemente, subestimando sua velhice, achando que, por ser velho, seria fácil eliminá-lo. E, sabendo que eles monitoraram até seus telefonemas a Sarah, Moses resolve ir à casa dela.
A motivação para que queiram eliminar Moses é diferente da HQ: enquanto que no quadrinho a morte de Paul Moses é planejada por este representar perigo à “nova ordem mundial”, no filme, Frank Moses precisa ser eliminado por “saber demais”, como veremos mais adiante.
Sarah se assusta com Moses – ela imaginava um tipo bem diferente nas conversas telefônicas. Então, o velho resolve raptá-la, para sua segurança (e contra a vontade dela, claro), e a seu lado inicia uma saga que percorre várias cidades dos EUA – não apenas Langley, na Virgínia, onde fica a sede da CIA. Aliás, Moses só passa na sede da CIA uma vez em todo o filme, e é para conseguir alguns documentos secretos, obtidos em um cofre secreto vigiado pelo velho arquivista Henry (Ernest Borgnine, recentemente falecido). Mas, antes de ir à CIA, Moses resolve contatar seus antigos parceiros de armas, também REDs, começando com Joe Matheson (Freeman), que vive em um asilo – e também sofre um atentado.
Depois, Frank e Sarah vão até os pântanos da Flórida, onde encontram Marvin Boggs (Malkovich), um velho meio paranoico e histriônico, que acompanha o casal na jornada. Sempre com gente armada no encalço deles.
Numa das cenas, uma batalha entre Frank, Marvin e Sarah com atiradores em um porto, Marvin, que se ofende quando é chamado de “velho” por uma atiradora, protagoniza um dos melhores efeitos especiais do filme: detona um morteiro, que é lançado em sua direção, com um tiro certeiro de pistola! Tá bom, foi um efeito simpático, vai.
Na sua busca pelos motivos por que está sendo perseguido, Moses invade a sede da CIA para contatar Henry; conversa com um agente da embaixada da Rússia, Ivan Simanov (Brian Cox), com quem teve relações entre companheirismo e inimizade no passado; Joe se junta ao grupo (ele escapa do atentado graças à sua rapidez) e só aí, depois que Moses sofre ferimentos durante uma batalha, vão contatar a terceira agente, Victoria (Mirren). A mulher vive pacatamente como uma dona-de-casa, mas não se vexa em voltar a pegar em armas - isso torna a atuação de Mirren, apesar de surreal, a melhor do filme. Apesar de uma excelente atiradora, ela é simpática e até dá conselhos amorosos para Sarah enquanto está de tocaia, com um rifle nas mãos. Aliás, Ellis e Hamner dão uma declaração engraçada à respeito da atriz que interpretou Sua Majestade, Elizabeth II da Inglaterra, em A Rainha: “quem não queria ver Helen Mirren com uma metralhadora na mão?”
Na busca por respostas, eles entram em contato com Alexander Dunning (Richard Dreyfuss), o vilão do filme, que possui uma pista importante para esclarecer por que a CIA quer eliminar os agentes: todos eles, Frank, Marvin, Joe e Victoria, estão ligados a um episódio ocorrido na Guatemala, na América Central, envolvendo o vice-presidente da República, V. P. Stanton (Julian McMahon), que nesse momento está lançando sua candidatura à presidência. Esse passado é contado com detalhes em uma pasta de documentos que é obtida por Moses junto a Henry. E, durante o cerco à mansão de Dunning, um dos REDs acaba se sacrificando para que os outros fujam da emboscada da escolta do vilão. E Ivan, que possui um “passado” com Victória, que pode estar prestes a se renovar, se junta ao grupo, num ousado plano para eliminar V. P. Stanton durante uma convenção.
Enquanto que, no quadrinho, Paul Moses elimina muita gente sem levar sequer um arranhão, no filme, Frank Moses até leva ferimentos que poderiam matá-lo. Isso ajuda a humanizar um pouco mais os personagens. Ah: e enquanto Paul Moses chega a receber uma ameaça contra a sua sobrinha, Frank Moses tem por maior motivação para a luta defender Sarah – seus sentimentos pela moça parecem sérios, mas ela precisa de algum tempo para se convencer.
A ação do filme é bem desenvolvida, a violência amenizada. Mas desconto para o final um tanto água-com-açúcar, sem o mesmo efeito do final em aberto da HQ. RED, o filme, oferece alguns momentos de descontração e de diversão descompromissada. Não tem cara de adaptação de HQ, mesmo. Onde já se viu. Mas, convenhamos: quem não queria ver Helen Mirren com uma metralhadora na mão?
Bão. Da sequência, lançada em 2013, RED – Aposentados e ainda mais Perigosos, dirigida por Dean Parisot, e com o mesmo elenco, falaremos numa outra ocasião. Ainda nem chegou em DVD, no momento em que escrevo. E já estão em andamento as negociações para um terceiro filme! Aguardem mais informações.
Para encerrar, mais algumas amostras dos meus “testes de ação” com meus super-heróis, os Super-Anões. São só ilustrações conceituais de poses de ação para referência futura, se eu vier a desenhar meus heróis novamente. Lembrando que eles tiveram histórias publicadas na revista Quadrante X, do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria, RS – Quadrinhos S. A., números 10, 11 e 12 (neste último, eles tiveram um destino trágico).
Não tem muito a ver com o tema dissertado nesta postagem, mas é como eu falei: quando planejei estas postagens, estava de mãos atadas, sem pensar em algo mais a ver para colocar de ilustração – e vocês sabem, eu raramente deixo uma postagem sem ilustração minha aqui no blog.
E voltaremos com os quadrinhos a partir da próxima postagem.
Até mais!

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