quarta-feira, 18 de maio de 2016

ALMANAQUE METEORO 6 - Condenados à espera...

Olá.
Em eras de futuro incerto para vários setores da vida nacional, nada como receber notícias de amigos dos quais há muito não recebíamos notícias.
No caso do mundo das HQ brasileiras, um desses amigos que não davam notícias era Roberto Guedes, o criador do super-herói Meteoro. A maioria dos fãs não tem como saber o que ele esteve fazendo, entre novembro de 2014 e agora – fora os artigos informativos para revistas, como a Mundo dos Super-Heróis, da editora Europa. Porque só agora, em maio de 2016, é que ele lançou um novo número do ALMANAQUE METEORO, o sexto; uma saga das HQB que já está ganhando contornos muito dramáticos.

Desta vez, o tempo de espera entre os números 5 e 6 do ALMANAQUE METEORO foi menor: 18 meses, mais ou menos. Levando em conta que o tempo de espera entre os números 4 e 5 foi de 21 meses...
Bão. Vamos recordar rapidinho. Roberto Guedes, roteirista, editor e pesquisador de HQs, criou o super-herói brasileiro Meteoro em 1992. Ao longo das décadas de 1990 e 2000, ele tentou emplaca-lo em diversas publicações. Isso incluiu reformular o personagem algumas vezes – no total, foram três visuais diferentes. Incluiu ainda lançar três números pela finada editora Júpiter 2 – em 2007, 2010 e 2012.
Aí, no outono de 2010, ele resolve lançar, pelo selo Guedes Manifesto, o ALMANAQUE METEORO. Aqui, a tentativa deu mais resultado, ainda que o Guedes tivesse de dar mais uma mexida no cânone do herói. O ALMANAQUE METEORO era uma revista diferente: além das páginas de quadrinhos, do Meteoro e de outros personagens, criados por Guedes (como Zan-Garr da Valáquia e Patrulheiro Audacioso) ou por outros amigos das HQB (como o Chet de Wilde Portela, o Mylar de Eugênio Collonese, e aparições do Capitão 7, do Fantasticman e da heroína estrangeira Jonni Star), trazia matérias e entrevistas sobre o mundo das HQ, nacionais e internacionais. Os três primeiros números tinham, cada um: 52 páginas (contando capa), tamanho 23,5 x 16,5 cm em média e capa cartonada e colorida, com miolo P&B. Saíram em: # 1, outono de 2010; # 2, inverno de 2010; e # 3, outono de 2011.
Mas, em 2013, ele deu uma mexida também na revista. Limou as páginas de matérias e entrevistas, deixando só as de quadrinhos. O # 4, lançado em fevereiro de 2013 – e a edição mais malfeita da coleção – saiu em tamanho 20,5 x 14 cm e 36 páginas (contando capa).
O # 5, lançado em novembro de 2014, também saiu com 36 páginas (contando capa), mas em tamanho maior – 21 x 15 cm. Mas, já firmado o novo formato de publicação, parece já ter entrado nos eixos, e ficado mais aceitável. É compreensível que tais mudanças tenham sido por conta de problemas operacionais, incluindo os financeiros. Mas Guedes parece decidido a expandir seu universo quadrinhístico, já que nessa segunda metade da coleção, ressuscitou um personagem do passado, o Guepardo, e deu vida a outro, o Capitão X.
Pois bem. Em maio de 2016, portanto, saiu um novo número do ALMANAQUE METEORO. Capa cartonada, 36 páginas (contando capa), tamanho 21 x 15 cm. A saga do Mascarado Voador continua. São três histórias: além do Meteoro, tem ainda mais um personagem “clássico” do Guedes, e mais uma estreia no universo do Guedes Manifesto. E o presente volume continua nos bons eixos. A espera de 18 meses valeu a pena – mas vai nos deixar na apreensão e na expectativa pelo próximo volume. Depois de tantos hiatos de tempo, estamos começando a desacreditar na série, e no Guedes, que era um editor dos mais confiáveis das HQB...
Well. Temos de relembrar também da saga do herói até aqui. Roger Mandari, um jovem meio desajustado, desprezado pelo pai jornalista, César Mandari, morando com os avós, e que não conseguia falar com a garota da qual gosta, recebe do Fantasma Encapotado, o membro arrependido de uma tal Sinarquia Universal, superpoderes para combater um grande mal que ameaça a Terra. Nesse meio tempo, Mandari/Meteoro combateu vilões espalhafatosos, se desentendeu ainda mais com o pai, ganhou a confiança da população, perdeu após eventos traumáticos... mas conseguiu conquistar o coração da estonteante Laura Lopez. Qualquer semelhança com a saga do Homem Aranha não é mera coincidência – se tem uma coisa da qual Guedes entende, é do fandom de super-heróis, principalmente da Marvel Comics, e trouxe tais influências para suas HQ.
E, cada vez mais, Guedes vai criando pontas soltas na história, a serem amarradas futuramente. Há um misterioso bandido, chefão do submundo, o Encapuzado, do qual sabemos muito pouco até agora; há uma trama envolvendo uma tal Lança do Destino. Nem sabemos direito qual é a grande ameaça ao qual o Fantasma Encapotado se refere. Mas a saga segue, na medida do possível.
E, claro, mantendo um excelente nível na parte artística: Guedes só escolhe excelentes artistas para dar vida aos voos do “Mascarado Voador”. E, desde o # 4 do ALMANAQUE METEORO, os artistas tem investido em uma arte mais linha-clara, sem aplicação de tons de cinza, só o preto-e-branco com alto nível de detalhamento das cenas e aplicação de texturas e sombras. Marcelo Borba, A-Lima e Fábio Cerqueira foram bons exemplos desses artistas de alto nível, mas pouca clientela – são poucos os que conhecem seus trabalhos, e nem se sabe se eles chegaram a publicar seus desenhos em outros lugares, com outros personagens. É uma pena, neste país lamuriento...
Bueno. O episódio do Meteoro deste ano se chama Até por Ti... Morrerei! Com roteiro de Guedes e arte de Daniel Alves (responsável também pela capa acima), com letras de Sandro Marcelo. Após um encontro com Laura Lopez (como Roger Mandari), e outro com o fã Janos Jim (como Meteoro), o herói encara seu desafio mais duro até agora: o violento Aríete, vindo do espaço. O ser alienígena chega causando destruição em São Paulo, também atrás da Lança do Destino – e ameaçando o jornal onde César Mandari trabalha. E o Meteoro, claro, coloca-se no seu caminho, e tendo três aliados inesperados: um policial, um mendigo e Janos Jim. A batalha tem um desfecho inesperado – e trágico. E um detalhe: o Fantasma Encapotado tentou avisar ao Meteoro para não enfrentar essa batalha! Embora o roteiro crie mais dúvidas do que explique, já constitui um épico. E ainda permanece o problema: tem personagem demais nessa série. Vilões que só aparecem uma vez, depois somem, sem dar tempo de criar uma empatia com o público, e deixa-lo aguardando por um possível retorno.Tememos que Guedes já esteja se “embananando” com o universo de seu super-herói...
A seguir, uma história clássica recuperada. Pasmem, fãs: Zan-Garr da Valáquia, o herói cigano, foi criado em 1999! E é justamente a primeira história do personagem que vem a seguir. Com arte altamente detalhada de Marcelo Borba e André Valle, a história havia sido feita em 1999, e ficou engavetada até 2009, quando Guedes resolveu publicá-la no seu blog. Para a presente edição do ALMANAQUE METEORO, a HQ de quatro páginas passou por um tratamento digital. Tudo isso Guedes conta no editorial da revista, na última página. E mostra o primeiro encontro do cigano com aquela que consideramos sua arqui-inimiga: Lilith, a rainha dos vampiros. A história, cronologicamente, se passa antes das duas aventuras anteriores – publicadas nos almanaques 2 e 3 da coleção. E isso torna Zan-Garr, além de Meteoro, o personagem mais longevo do selo Guedes Manifesto. Patrulheiro Audacioso, Guepardo e Capitão X ainda não ganharam novas aventuras.
E, como se não bastasse, ainda tem personagem nova entrando no Guedes Manifesto! Ela chega a seguir na terceira HQ da edição: Monique. Roteiro de Guedes, desenhos de Horácio Jordan e Marcelo Borba, arte-final de John Castelhano e letras de Sandro Marcelo. Esta HQ também havia sido iniciada por volta de 1999, para uso em uma coletânea de HQs de terror; mas nunca concluída – e foi desengavetada especialmente para a ocasião. Jordan fez os desenhos iniciais, que, depois, Borba corrigiu; e o material, desengavetado, passou por tratamento digital e pela arte-final de Castelhano. A história é ambientada na França da época da Revolução de 1789, e é um conto sobre amor, vingança e pactos demoníacos. Um nobre, que começa a sentir os efeitos do processo revolucionário que varre a França, vê a mãe ser assassinada. A responsável é uma bela mulher – a Monique do título – que, desejosa de vingança contra um destino cruel que lhe foi imposto, volta com novos e demoníacos poderes. Mas o feitiço acaba se voltando contra o feiticeiro – não dá para confiar em demônios. A personagem tem tudo para dar certo – incluindo uma roupinha escandalosa; sim, Monique é uma personagem sensual. Depende apenas do que Guedes planeja para ela a seguir. Pelo menos, ao contrário do Patrulheiro Audacioso e do Capitão X, Guedes se preocupou em fazer, com a história, uma conveniente apresentação da personagem – ela nos diz de onde veio e para onde vai, criando, desse modo, a necessária empatia com o público que pode garantir sua continuidade. Até o Zan-Garr passou pelo problema inverso – apareceu em nossas vidas sem explicar suas origens e seus propósitos, precisando de mais algumas histórias para tal.
E, assim, ficamos sem saber, nesse período de incertezas, se continuaremos acompanhando a série do Meteoro. O desfecho do presente capítulo nos deixou com um gosto amargo de expectativa. Quando sairá o próximo número do Almanaque? Será que teremos de esperar ano e meio para tal?! Ou quem sabe conseguiremos ler o quanto antes? Vai depender do desenrolar dos rumos da economia brasileira...
Mas, por hora, vocês podem ajudar o nosso amigo Guedes: peçam o ALMANAQUE METEORO # 6! Custa R$ 15,00 (frete incluso). Vendas pelo e-mail: guedesbook@gmail.com. E rápido, porque os exemplares autografados são limitados.
Saibam mais sobre o que Roberto Guedes anda fazendo, entre cada número do ALMANAQUE METEORO, em https://guedes-manifesto.blogspot.com.br/.
Para encerrar, vocês podem ver: tentei, vocês viram que eu tentei, fazer uma fanart com os personagens do Roberto Guedes. Colocar em uma ilustração todos os heróis criados pelo cara, que apareceram no ALMANAQUE METEORO, desenhados no meu estilo em preto, branco e cinza. Meteoro, Guepardo, Patrulheiro Audacioso, Zan-Garr, Monique e Capitão X. Mas falhei, vocês podem dizer que falhei - principalmente tentando desenhar a motocicleta do Patrulheiro. Nunca serei digno de trabalhar no ALMANAQUE METEORO. Fazia tanto tempo que eu não fazia fanarts de personagens de HQ brasileiras, e, no fim, quando faço... Snif! Vamos, podem opinar a respeito, eu aguento.
E, por hora, só podemos aguardar pelo que virá a seguir.

Até mais!

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