quinta-feira, 12 de maio de 2016

MIRACLEMAN 16 - O fim do começo de uma era

Olá.
Nos dias que correm, mudanças estão ocorrendo. No momento em que escrevo, um novo presidente assume interinamente o governo brasileiro - teve golpe ou não teve?! Só os próximos dias vão dizer... Já nos quadrinhos, uma era termina, e outra começa.
Anuncio perante vós, amigos: com a presente edição, a fase de Alan Moore, ops, "Escritor Original" no gibi de Miracleman termina. Em breve, a série prossegue sob nova direção - mais detalhes adiante. Por hora, nos limitamos a resenhar uma nova edição do gibi do personagem criado nos anos 1950, retomado nos anos 1980, retomado de novo nos anos 2000 pela Marvel Comics, e publicado no Brasil pela Panini.


MIRACLEMAN # 16
Com data de capa de março de 2016, mas lançado em maio de 2016.
Com este último número, termina o livro três, Olimpo. O capítulo final se chama, justamente, Olimpo (Miracleman # 16, dezembro de 1989). A capa acima e os desenhos ainda são de John Totleben, que se despede da fase de forma apoteótica. Uma coisa que esqueci de dizer nas resenhas anteriores: desde o número 14, o gibi tem um novo editor brasleiro - Leo "Kitsune" Camargo, substituindo Paulo França. A fase de "Escritor Original" à frente da reformulação do super-herói criado por Mick Anglo termina com uma grande dose de otimismo. Ou talvez nem tanto... Bem. No último capítulo, acontece a apoteótica e sangrenta batalha entre o Panteão Terrestre (Miracleman, Miracewoman, Dragão de Fogo, Aza Chorn e Phoon Mooda) e Jonathan Bates, o Kid Miracleman. Terminando de maneira trágica, com o sacrifício de Bates, após ele ter matado cruelmente milhares de pessoas, a batalha tem um saldo desagradável: milhares de mortos, metade de Londres destruída, o Ferreiro Cósmico Aza Chorn acaba morto, e os superseres que até então vigiavam a humanidade acabam revelados ao mundo, não é mais possível se ocultar da humanidade - não agora que a Terra faz parte do quadrante inteligente do Universo. Desse modo, Miracleman e Miraclewoman tomam a frente das medidas que visam transformar o mundo, enquanto constroem a nova morada. Aos poucos, eles promovem mudanças que transformam o mundo em uma utopia: conversam com líderes mundiais, dão fim às armas de destruição em massa, redistribuem a riqueza, extinguem a necessidade do dinheiro, enfrentam algumas oposições na base do diálogo, legalizam as drogas, até mesmo ressuscitam mortos! E tem mais ajuda nesse processo: novos seres aparecem para tomar seu lugar no Panteão, cuidando de cada área da vida. Até o herói louco Big Ben volta, com identidade e uniforme novos, para se juntar ao Panteão. Até mesmo Winter Moran, a filha "desenvolvida" de Miracleman, retorna à Terra. E, tomados pelo desejo, Miracleman e Miraclewoman acabam protagonizando uma "transa nas estrelas", mais artística que sensual, mas não menos impressionante. Mas uma pessoa não está interessada em fazer parte dessa nova realidade: Liz Moran, a ex-mulher de Miracleman. Um mundo novo se constrói no universo de Miracleman. Crueldade essas mudanças "para melhor" terem ficado limitados aos anos 1980 imaginados por "Escritor Original", quando ainda era mais simples "mudar o mundo"... Aliás, quase tudo é apenas sugestionado pelos textos (Miracleman é quem narra os acontecimentos), enquanto as imagens seguem um estilo "econômico", uma única ilustração, na maioria das vezes, para ilustrar o que se passa, sem maiores detalhamentos. Mas Totleben continua arrasando em seus desenhos, fazendo misturas de técnicas - em uma mesma página, desenhos totalmente pintados a guache dividem espaço com desenhos finalizados a nanquim, com cores chapadas; em outros, aparecem desenhos costruídos puramente em pontilhismo; imagens "borradas", como que pintadas com giz de cera... e por aí vai. Não que ele não tenha feito tais coisas nas edições anteriores, mas Totleben nos proporcionou um fecho digno para uma fase aclamada de um clássico dos quadrinhos. Mas esse fecho pode acabar decepcionando algumas pessoas, que talvez esperassem mais... Ah, importante é que tivemos um privilégio que até agora só cabia aos que procuraram scans da série original na internet: ler a fase do "Escritor Original" de Miracleman na íntegra. Oh: a presente edição é a mais "gordinha" da coleção, com 68 páginas (contando capa), sendo 34 para a história, e 29 para as páginas de Bastidores, toda, claro, com os esboços e artes originais de Totleben, bem como capas alternativas para a coleção dos anos 1980. Completa o gibi uma ilustração para capa alternativa, por Esteban Maroto.

Agora, estamos prestes a ver uma nova fase. Segundo informações colhidas da internet, na futura próxima edição, a ser lançada entre maio e junho, será publicado, na forma de uma edição anual, um capítulo especial com roteiro de Grant Morrison e desenhos de Joe Quesada, antes de partirmos para a fase com roteiros de Neil Gaiman. Isto é, se a fase de Gaiman reamente estiver nos planos da Panini Comics. Mas acho que sim, pois a fase Gaiman começou em setembro do ano passado a ser reeditada, e parece que a Marvel já convenceu o roteirista a retomar a série de onde ela foi interrompida nos anos 1990.
O presente gibi teve um aumento de preço: R$ 7,90. Mas ainda está dentro do que podemos pagar, turma - em relação à edição anterior, o aumento foi apenas de R$ 0,40. Ao menos isso a crise econômica ainda não conseguiu afetar.

Para encerrar, ilustração especial, certamente. Hoje, apresento os três novos membros do Panteão do mundo de Miracleman: Dragão de Fogo, Mors e Winter Moran. O Qys Mors, o novo Deus da Morte, estreou na presente edição. Já Dragão de Fogo não foi devidamente apresentado porque sua participação no universo de Miracleman, até agora, tem sido idiossincrática - Huey Moon, o ex-mendigo com poder de manipular o fogo, teve pouco destaque nas aventuras anteriores (sua estreia foi no # 14). Ele integra o Panteão por ser um dos humanos com poderes, frutos dos experimentos do Dr. Gargunza com os genes dos cadáveres de alienígenas Qys que caíram na Terra. Bem, para entenderem do que falo, consultem postagens anteriores - ou edições anteriores do gibi do Miracleman, o que estiver mais ao alcance de vocês.
É, reconhecidamente a ilustração não ficou muito boa, ainda mais porque foi feita às pressas. Sabem, comprar a edição, ler, fazer ilustração, escrever o texto e publicar no blog, tudo no mesmo dia. Snif.
Agora, reforcemos nossas orações ao Grande Desenhista do Universo para que continuemos lendo Miracleman apesar da continuidade da crise econômica, e das decisões nem sempre justas da Panini. E isso é tudo por hora.
Até mais!

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