Olá.
Hoje,
vou falar de quadrinhos. Voltando para o submundo do quadrinho brasileiro, das
produções independentes, mais modestas que os projetos que estão tentando sua
publicação através de financiamento do público (Crowdfunding. Catarse. Vocês
devem ter me entendido).
O
meu amigo Paulo Miguel dos Anjos conseguiu lançar, no fim de abril, mais um
gibi de seu personagem, o Benjamin Peppe, pela Universo Editora Independente do
editor e quadrinhista Gil Mendes. É o número 4! E, cada vez mais, fazendo valer
sua nova identidade visual.
Desde
o fechamento da editora Júpiter 2 e o relançamento do gibi pela Universo
Editora, o Projeto Benjamin Peppe, pelo qual Anjos pretende licenciar o
personagem, vem dando mais frutos. O personagem foi criado em 1973 (e, no
momento em que escrevo, 2 de maio, o Benjamin Peppe está completando 43 anos!),
mas Anjos vem aproveitando bem as atuais tecnologias para tornar o personagem
mais conhecido. E está tendo bastante ajuda. Vários artistas, profissionais, iniciantes
e “no meio do caminho”, tem colaborado com o Projeto, com ilustrações, tiras e
histórias em quadrinhos com Benjamin e seus amigos.
Até
o momento foram: seis fanzines, lançados pelo próprio Anjos, entre 2009 e 2013;
cinco números do gibi pela editora Júpiter 2, entre 2007 e 2014; e, agora,
quatro edições pela Universo Editora, desde maio de 2015.
A
quarta edição do Benjamin Peppe já deixa um pouco o jeito de almanaque. Isso
porque, além de o gibi estar um pouco mais “magrinho” – 20 páginas contando
capa, contra as 28 dos três números anteriores – desta vez traz uma história
completa ocupando todo espaço. E, só pelo visual da capa, o leitor já pode
fazer ideia do que lhe espera.
Bem.
Para começar, uma informação. Quem quiser publicar um gibi pela Universo
Editora, pode se deparar com uma proposta interessante por parte do Sr. Gil
Mendes: se o criador de um personagem quiser poupar-se do trabalho de produzir
ele mesmo uma historinha para o sonhado gibi, basta mandar a ideia do
personagem, e um roteiro completo, e a editora pode designar um artista para
produzir os desenhos. Tudo incluído na tabela de preço divulgada no site da
editora.
Esse
foi o caso da presente edição do Benjamin Peppe: a história foi produzida,
roteiro e desenhos, por artistas (segundo informações passadas pelo próprio
Anjos) designados pela editora. São eles: Waine Beraldo (roteiro) e Luke Oliver
(arte e capa acima), produzindo o episódio Ordem na
Casa.
O
Projeto Benjamin Peppe dá ao artista a liberdade de interpretar o personagem
surfista-skatista-ecologista, visualmente, da forma como desejar, desde que não
se separe das características psicológicas definidas pelo próprio Anjos. Logo,
o personagem e seus amigos vivem suas aventuras na defesa do meio ambiente e na
prática de esportes saudáveis, mas no visual podem se afastar do estilo cubista
de Anjos. Muitos artistas, logo, já nos ofereceram uma versão mais anatômica e
realista do Peppe e de seus amigos. Foi o que vimos em ilustrações de artistas
como Rafael Pereira, Dennis Oliveira e, de certa maneira, Chagas Lima, em
edições anteriores dos gibis do Projeto. Outros, ou melhor, a maioria dos
colaboradores, quando interpretam o Peppe, preferem um estilo mais próximo do
de Anjos, como é o caso de Júlio Shimamoto, Bira Dantas e eu, Rafael Grasel.
Luke
Oliver (cujo verdadeiro nome é Luciano Oliveira) segue a cartilha realista
(confiram uma amostra de seu trabalho no blog dele: http://luckeoliver.blogspot.com.br/). E
a sua arte é o melhor de todo gibi. Não apenas o Peppe ganhou massa muscular (e
um penteado diferente) no seu traço, mas também os amigos do Peppe, que
participam desta edição – o negro Miguel, a namorada deste, Bell, e a namorada
do Peppe, Diana – ganham um visual diferenciado. Ainda mais as garotas, muito
sensuais no traço do cara. Ainda mais a Diana, que, na maior parte da história,
anda de biquíni (ah, já se interessaram, né, safados?).
Para
a história, também foram criados novos personagens – ou talvez eles já existiam
em histórias anteriores criadas por Beraldo e/ou Oliver, ou por outros
colaboradores do Projeto: Thomas, Guri, Carl e Luka. Os quatro foram
apresentados, visualmente, aos leitores, na contracapa interna do Benjamin Peppe # 3.
E a
trama, em si, não é muito original: é mais uma disputa de voleibol entre a
turma do Peppe e os representantes de uma empreiteira que pretende, com sua
próxima obra, alterar o ambiente da região pretendida – no caso, uma praia –
algo que o Peppe e sua turma não vão admitir. Esse roteiro faz eco a Vôlei pelo Meio Ambiente, de Chagas Lima
(Benjamin Peppe # 1 da Universo Editora). O diferencial está no roteiro de
Beraldo, que dá ao argumento um andamento diferente.
Para
começar, o Peppe não participa do jogo. Ele está, aparentemente, cuidando de
outros assuntos, e nem parece estar ligando para o jogo. E, enquanto Diana está
à sua procura, o time do Peppe – Miguel, Bell, Thomas, Guri e Luka – estão
sofrendo em quadra. E, aparentemente, há um dilema moral: se o time do Peppe
perder, a praia acabará destruída pela obra; se o time do Peppe ganhar, os
jogadores adversários serão demitidos pela empreiteira.
Mas
mal sabem todos que o Peppe está, sim, interessado na questão. E que está
resolvendo as coisas da maneira dele, com a ajuda do amigo Carl. De modo que
todos saiam ganhando, e conduzindo a uma reviravolta no roteiro.
Só o
visual da história já garante a nova identidade visual do Peppe, com o estilo
anatômico, bonito, realista e dinâmico, com variações de ângulo de visão,
closes e panorâmicas de boa construção – e, certamente, os fãs vão querer que
Oliver desenhe mais histórias do Peppe. Mas melhor que chamem outro
roteirista... porque o roteiro de Beraldo, com o perdão da palavra, não garantiu
um bom resultado. A história é meio confusa, naquele estilo em que o leitor
deve deduzir, através dos acontecimentos, o que está acontecendo. Nem ao menos
houve preocupação em apresentar os personagens novos aos leitores que estão
chegando agora (mas seria o Carl o mesmo Marc Carl, a identidade secreta do
super-herói Icfire, de Chagas Lima, de Vôlei
pelo Meio Ambiente?). Nenhum se inclui na turma do Peppe original. E, em
verdade, é preciso ler com atenção para encontrar Guri, Thomas, Carl e Luka em
cena. E mesmo Miguel e Bell aparecem pouco, e concentram menos cenas
importantes. São praticamente figurantes. Os melhores tempos de cena pertencem
ao Peppe e à Diana.
Eis
o conselho aos futuros colaboradores do Projeto Benjamin Peppe que estiverem
lendo esta modesta resenha: são 19 personagens ao todo, e não faria nada mal
deixa-los brilhar em cena, seja quais forem usados – Luís, Lysa, Miguel, Bell,
Herman, Romeu Vanilla, Tia Lily, Badbad, Maumau... Não apenas o Peppe, ou a
Diana. Personagens mal utilizados contribuem para arruinar qualquer história.
Completam
o gibi textos de Anjos com o perfil geral do Benjamin Peppe. E ilustrações
extras de Luke Oliver.
O
número 5 está sendo encaminhado, mas vocês ainda podem colaborar! Saibam mais
no site oficial do Peppe: www.benjaminpeppe.webnode.pt.
O
gibi pode ser adquirido junto ao Paulo Miguel dos Anjos (anjospaulo@zipmail.com.br ou benjaminpeppe@gmail.com) ou
à editora (universoeditoraindependente@gmail.com).
Preço: R$ 4,90 (vamos, não é nenhum desperdício de dinheiro, está certo que
estamos numa crise econômica, mas...) Saibam como publicar seu gibi, e de
quebra conheçam outras publicações da editora, em www.universoeditora.com.
Colabore
com o quadrinho brasileiro! Não colabore com a crise!
Para
encerrar, posso divulgar, aqui, a última página do Benjamin Peppe, por Rafael
Grasel, publicada no gibi anterior da Universo Editora. Vem mais por aí, turma!
E...
tudo HQB pra vocês, como diria o Anjos!
Até
mais!
Um comentário:
Pois é, o gibi Benjamin Peppe n° 4 Esta sensacional!!! Agradeço ao amigo colaborador e participante do projeto Benjamin Peppe, Rafael Grasel! Sua resenha esta muito legal, Parabéns!
Fique com um forte abraço de Paz, Luz e com muitas HQBS para você Rafael Grasel e seus leitores. Paulo Anjos
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