segunda-feira, 2 de maio de 2016

BENJAMIN PEPPE # 4 - Visando ao público "babão"

Olá.
Hoje, vou falar de quadrinhos. Voltando para o submundo do quadrinho brasileiro, das produções independentes, mais modestas que os projetos que estão tentando sua publicação através de financiamento do público (Crowdfunding. Catarse. Vocês devem ter me entendido).
O meu amigo Paulo Miguel dos Anjos conseguiu lançar, no fim de abril, mais um gibi de seu personagem, o Benjamin Peppe, pela Universo Editora Independente do editor e quadrinhista Gil Mendes. É o número 4! E, cada vez mais, fazendo valer sua nova identidade visual.

Desde o fechamento da editora Júpiter 2 e o relançamento do gibi pela Universo Editora, o Projeto Benjamin Peppe, pelo qual Anjos pretende licenciar o personagem, vem dando mais frutos. O personagem foi criado em 1973 (e, no momento em que escrevo, 2 de maio, o Benjamin Peppe está completando 43 anos!), mas Anjos vem aproveitando bem as atuais tecnologias para tornar o personagem mais conhecido. E está tendo bastante ajuda. Vários artistas, profissionais, iniciantes e “no meio do caminho”, tem colaborado com o Projeto, com ilustrações, tiras e histórias em quadrinhos com Benjamin e seus amigos.
Até o momento foram: seis fanzines, lançados pelo próprio Anjos, entre 2009 e 2013; cinco números do gibi pela editora Júpiter 2, entre 2007 e 2014; e, agora, quatro edições pela Universo Editora, desde maio de 2015.
A quarta edição do Benjamin Peppe já deixa um pouco o jeito de almanaque. Isso porque, além de o gibi estar um pouco mais “magrinho” – 20 páginas contando capa, contra as 28 dos três números anteriores – desta vez traz uma história completa ocupando todo espaço. E, só pelo visual da capa, o leitor já pode fazer ideia do que lhe espera.
Bem. Para começar, uma informação. Quem quiser publicar um gibi pela Universo Editora, pode se deparar com uma proposta interessante por parte do Sr. Gil Mendes: se o criador de um personagem quiser poupar-se do trabalho de produzir ele mesmo uma historinha para o sonhado gibi, basta mandar a ideia do personagem, e um roteiro completo, e a editora pode designar um artista para produzir os desenhos. Tudo incluído na tabela de preço divulgada no site da editora.
Esse foi o caso da presente edição do Benjamin Peppe: a história foi produzida, roteiro e desenhos, por artistas (segundo informações passadas pelo próprio Anjos) designados pela editora. São eles: Waine Beraldo (roteiro) e Luke Oliver (arte e capa acima), produzindo o episódio Ordem na Casa.
O Projeto Benjamin Peppe dá ao artista a liberdade de interpretar o personagem surfista-skatista-ecologista, visualmente, da forma como desejar, desde que não se separe das características psicológicas definidas pelo próprio Anjos. Logo, o personagem e seus amigos vivem suas aventuras na defesa do meio ambiente e na prática de esportes saudáveis, mas no visual podem se afastar do estilo cubista de Anjos. Muitos artistas, logo, já nos ofereceram uma versão mais anatômica e realista do Peppe e de seus amigos. Foi o que vimos em ilustrações de artistas como Rafael Pereira, Dennis Oliveira e, de certa maneira, Chagas Lima, em edições anteriores dos gibis do Projeto. Outros, ou melhor, a maioria dos colaboradores, quando interpretam o Peppe, preferem um estilo mais próximo do de Anjos, como é o caso de Júlio Shimamoto, Bira Dantas e eu, Rafael Grasel.
Luke Oliver (cujo verdadeiro nome é Luciano Oliveira) segue a cartilha realista (confiram uma amostra de seu trabalho no blog dele: http://luckeoliver.blogspot.com.br/). E a sua arte é o melhor de todo gibi. Não apenas o Peppe ganhou massa muscular (e um penteado diferente) no seu traço, mas também os amigos do Peppe, que participam desta edição – o negro Miguel, a namorada deste, Bell, e a namorada do Peppe, Diana – ganham um visual diferenciado. Ainda mais as garotas, muito sensuais no traço do cara. Ainda mais a Diana, que, na maior parte da história, anda de biquíni (ah, já se interessaram, né, safados?).
Para a história, também foram criados novos personagens – ou talvez eles já existiam em histórias anteriores criadas por Beraldo e/ou Oliver, ou por outros colaboradores do Projeto: Thomas, Guri, Carl e Luka. Os quatro foram apresentados, visualmente, aos leitores, na contracapa interna do Benjamin Peppe # 3.
E a trama, em si, não é muito original: é mais uma disputa de voleibol entre a turma do Peppe e os representantes de uma empreiteira que pretende, com sua próxima obra, alterar o ambiente da região pretendida – no caso, uma praia – algo que o Peppe e sua turma não vão admitir. Esse roteiro faz eco a Vôlei pelo Meio Ambiente, de Chagas Lima (Benjamin Peppe # 1 da Universo Editora). O diferencial está no roteiro de Beraldo, que dá ao argumento um andamento diferente.
Para começar, o Peppe não participa do jogo. Ele está, aparentemente, cuidando de outros assuntos, e nem parece estar ligando para o jogo. E, enquanto Diana está à sua procura, o time do Peppe – Miguel, Bell, Thomas, Guri e Luka – estão sofrendo em quadra. E, aparentemente, há um dilema moral: se o time do Peppe perder, a praia acabará destruída pela obra; se o time do Peppe ganhar, os jogadores adversários serão demitidos pela empreiteira.
Mas mal sabem todos que o Peppe está, sim, interessado na questão. E que está resolvendo as coisas da maneira dele, com a ajuda do amigo Carl. De modo que todos saiam ganhando, e conduzindo a uma reviravolta no roteiro.
Só o visual da história já garante a nova identidade visual do Peppe, com o estilo anatômico, bonito, realista e dinâmico, com variações de ângulo de visão, closes e panorâmicas de boa construção – e, certamente, os fãs vão querer que Oliver desenhe mais histórias do Peppe. Mas melhor que chamem outro roteirista... porque o roteiro de Beraldo, com o perdão da palavra, não garantiu um bom resultado. A história é meio confusa, naquele estilo em que o leitor deve deduzir, através dos acontecimentos, o que está acontecendo. Nem ao menos houve preocupação em apresentar os personagens novos aos leitores que estão chegando agora (mas seria o Carl o mesmo Marc Carl, a identidade secreta do super-herói Icfire, de Chagas Lima, de Vôlei pelo Meio Ambiente?). Nenhum se inclui na turma do Peppe original. E, em verdade, é preciso ler com atenção para encontrar Guri, Thomas, Carl e Luka em cena. E mesmo Miguel e Bell aparecem pouco, e concentram menos cenas importantes. São praticamente figurantes. Os melhores tempos de cena pertencem ao Peppe e à Diana.
Eis o conselho aos futuros colaboradores do Projeto Benjamin Peppe que estiverem lendo esta modesta resenha: são 19 personagens ao todo, e não faria nada mal deixa-los brilhar em cena, seja quais forem usados – Luís, Lysa, Miguel, Bell, Herman, Romeu Vanilla, Tia Lily, Badbad, Maumau... Não apenas o Peppe, ou a Diana. Personagens mal utilizados contribuem para arruinar qualquer história.
Completam o gibi textos de Anjos com o perfil geral do Benjamin Peppe. E ilustrações extras de Luke Oliver.
O número 5 está sendo encaminhado, mas vocês ainda podem colaborar! Saibam mais no site oficial do Peppe: www.benjaminpeppe.webnode.pt.
O gibi pode ser adquirido junto ao Paulo Miguel dos Anjos (anjospaulo@zipmail.com.br ou benjaminpeppe@gmail.com) ou à editora (universoeditoraindependente@gmail.com). Preço: R$ 4,90 (vamos, não é nenhum desperdício de dinheiro, está certo que estamos numa crise econômica, mas...) Saibam como publicar seu gibi, e de quebra conheçam outras publicações da editora, em www.universoeditora.com.
Colabore com o quadrinho brasileiro! Não colabore com a crise!
Para encerrar, posso divulgar, aqui, a última página do Benjamin Peppe, por Rafael Grasel, publicada no gibi anterior da Universo Editora. Vem mais por aí, turma!
E... tudo HQB pra vocês, como diria o Anjos!

Até mais!

Um comentário:

Paulo Anjos disse...

Pois é, o gibi Benjamin Peppe n° 4 Esta sensacional!!! Agradeço ao amigo colaborador e participante do projeto Benjamin Peppe, Rafael Grasel! Sua resenha esta muito legal, Parabéns!
Fique com um forte abraço de Paz, Luz e com muitas HQBS para você Rafael Grasel e seus leitores. Paulo Anjos