quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O FANTÁSTICO MUNDO DOS SUPER-HERÓIS - com a difícil missão de se sobressair entre tantos...

Olá.
Hoje, no contraponto ao significado real do Dia de Finados – é 2 de novembro enquanto escrevo – trago a vocês, pessoal ávido por cultura nerd – e bem servido em vários nichos da nossa sociedade capitalista, nesse setor – mais uma publicação informativa recente sobre o mundo dos super-heróis. Com cada vez mais filmes e séries de super-heróis no cinema, TV e streaming de internet, as editoras que não tem como publicar quadrinhos e livros oficiais de super-heróis têm de se contentar em trazer publicações informativas extraoficiais – a dificuldade é achar a forma mais criativa de abordar um tema que a grande maioria domina e sabe de cor.
Bem, digamos que Patrícia Harumi, autora do livro em questão, conseguiu uma forma criativa e original de abordar o universo heroico em seu livro, O FANTÁSTICO MUNDO DOS SUPER-HERÓIS, do qual vou falar.

O FANTÁSTICO MUNDO DOS SUPER-HERÓIS foi lançado agora, em outubro de 2016, dentro do selo Universo Geek da editora Pixel Media, selo do grupo Ediouro, em parceria com a Criativo.
A autora, Patrícia Harumi, é natural de Sorocaba, SP, mas reside em São Paulo, Capital. Colaboradora em blogs literários e sites sobre cultura nerd, ela inclusive é nerd assumida. Apesar do nome oriental e de sua preferência, segundo a breve biografia no fim do livro, seja a cultura japonesa, ela resolveu escrever sobre super-heróis ocidentais. Mais precisamente, sobre os heróis das duas maiores editoras de HQ do mundo, DC e Marvel, Marvel e DC. Os fãs decidem quem vem na frente.
OK, mas o que há de original no livro de 96 páginas (sem contar a capa cartonada) colorido e ilustrado? Tem fichas sobre as trajetórias dos maiores heróis das duas editoras? Sim. Tem a própria trajetória das duas editoras, desde os anos 1930 até hoje? Tem. Tem ilustrações coloridas, de divulgação? Claro. Tem partes polêmicas e alguns erros de revisão no texto? Também. Então, o que tem de original?!
Eu respondo: de original, que não foi visto em nenhum dos livros resenhados até agora, tem uma matéria a respeito dos multiversos das duas editoras. Sim, aqueles universos, fora da linha principal das aventuras dos heróis, onde os autores podem brincar com os personagens sem se limitar aos “cânones”, às características “oficiais” pré-estabelecidas dos heróis, e das quais não é permitido fugir, contrariar... Enfim, vocês estão me entendendo? Já volto a essa parte.
O livro é dividido em quatro capítulos.
No primeiro capítulo, Deste ou de Outro Planeta, a autora tece as considerações iniciais sobre o surgimento do gênero super-heróico nos Estados Unidos. Ela credita como o super-herói pioneiro (o que teve características que se consolidariam em 1938, com o Superman), o Clock, de 1936 – o que já rende mais algumas polêmicas com o pessoal que discute quem foi o primeiro super-herói de fato. Bem, o capítulo relaciona ainda o surgimento dos super-heróis com seu contexto, a crise econômica dos anos 1930, que afetou os Estados Unidos e cujo clima de pessimismo favoreceu o mercado editorial dedicado à fantasia e ao escapismo.
No segundo capítulo, As Duas Grandes Frentes: DC Comics e Marvel, é contado um breve histórico das duas editoras. Mas com alguma injustiça: Harumi dedica mais páginas e mais texto à DC Comics, enquanto que a história da Marvel ficou muito resumida – ela, por alguma razão, limou os acontecimentos dos anos 1970 a 2000 do resumo, período de grandes altos e baixos da “Casa das Ideias”. Não foi justo.
O terceiro capítulo é o melhor: Multiverso: Compreendendo os Mundos trata das diversas realidades alternativas dos universos DC e Marvel. Atualmente, o universo DC, devido aos acontecimentos de uma recente série de megassagas da editora, compreende 52 universos alternativos, numerados de 0 a 51 – a “nossa” é a Terra 0. Alguns desses universos ainda não apresentam dados, mas os outros tem características próprias: tem um em que os super-heróis envelheceram, tem um em que eles são vilões, tem os que foram devastados e se tornaram distópicos, tem os que se passam em eras pré-industrialização, tem um em que não existem super-heróis, etc. Com esses, os autores podem mexer com os personagens sem se preocupar com as limitações das editoras. Nesses universos, os heróis podem ter a característica que quisermos... Já a Marvel tem menos universos paralelos, mas marcantes: o principal, onde ocorrem as aventuras da cronologia principal, é a Terra-616. Já os do universo Ultimate, com versões mais “alteradas” dos heróis, é a Terra-1610. E tem ainda a Terra-2149, onde todos são zumbis; tem a Terra-311, o universo da série 1602; tem a Terra-8311, onde todos são animais; e muitos outros, ligados à teoria dos múltiplos mundos – a escolha que deixamos de fazer cria um universo paralelo onde essa escolha ocorreu. Assim, alguma escolha, acertada ou errada, de um super-herói de um determinado momento de sua saga heroica, ou mesmo uma ideia estapafúrdia dos editores e do roteirista da vez, acabam criando um universo paralelo.
Mas o capítulo não para por aí: ainda há uma explanação sobre o universo cinematográfico da Marvel – agora chamado de Terra-199999 (talvez só uma desculpa para falar a respeito dos filmes com super-heróis Marvel, já que esses é que estão arrasando nas bilheterias) – e um breve capítulo sobre os principais crossovers entre heróis da DC e da Marvel, desde o primeiro, o encontro entre Superman e Homem-Aranha, em 1976. Mas ficou faltando um: o megacrossover de 1996, Marvel x DC, onde os super-heróis de ambas as editoras lutaram entre si. E por que não falou, ainda que brevemente, do universo cinematográfico da DC?! Também não foi justo!
Ou melhor, consideremos que agora estamos quites.
E, no quarto e último capítulo, Por Baixo das Máscaras, breves biografias de alguns super-heróis conhecidos de ambas as editoras: Aquaman, Arqueiro Verde, Batman, Caçador de Marte, Capitão América, Demolidor, Flash, Gavião Arqueiro, Homem-Aranha, Homem de Ferro, Hulk, Lanterna Verde, Superman e Thor. Todos ocupando de uma a três páginas. Ei, qual foi o critério de escolha dos heróis que iam entrar? Por que ficaram tantos outros de fora, como a Mulher Maravilha, o Homem Formiga, o Doutor Estranho...?
O livro ainda é completo com bibliografia (lista de material consultado para a elaboração do livro) e uma lista das 10 mais importantes sagas heroicas de ambas as editoras.
OK, o livro valeu os R$ 19,90 que custa. Teve sua qualidade redentora no meio de tantas outras publicações disponíveis. Ao menos ajuda a explicar as tantas inconsistências entre o que se conhece dos super-heróis nos quadrinhos e o que vimos nos cinemas e na TV. Os nerds mais obsessivos já não precisam mais brigar entre si, com as editoras e com quem mais aparecer. Aceitem que a inconsistência que vocês viram, por exemplo, na cor da sunga daquele seu herói favorito, faz parte de um universo paralelo. Talvez fadado a ser detonado na próxima megassaga, por conta do erro de um super-herói que, ao invés de confiar no parceiro, resolve fazer tudo sozinho, e não consegue segurar a rajada do laser gigante da espaçonave do vilão e...
Bem, deixa pra lá. O livro está resenhado, já podem ir pra banca, se quiserem aceitar esta recomendação de livro.
Mas antes, confiram os desenhos que deixei, para encerrar. Mais duas ilustrações conceituais para a futura série Gordon, o Viking, que eu já apresentei aqui: um personagem criado em um passado longínquo, mas que resolvi retomar.
Estas aqui ainda não são as ilustrações definitivas dos personagens, apesar de arte-finalizadas e coloridas. Ainda vou definir como a série será, de fato. Mas adianto que os personagens são familiares aos antigos leitores de HQs infantis brasileiras...
Aguardem novidades.

Até mais!

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