Olá.
Hoje, continuamos a nossa série sobre os livros da tetralogia de Léo e seus amigos, do paulistano Marcos Rey.
Hoje, continuamos a nossa série sobre os livros da tetralogia de Léo e seus amigos, do paulistano Marcos Rey.
Já
falamos dos dois primeiros volumes, O
Mistério do Cinco Estrelas e O Rapto
do Garoto de Ouro. Agora, vamos falar do terceiro volume, UM CADÁVER OUVE
RÁDIO.
Publicado em 1983, imediatamente aos outros dois volumes, UM CADÁVER OUVE RÁDIO é o segundo melhor da tetralogia, atrás apenas de O Rapto do Garoto de Ouro, publicado no ano anterior. A edição da Editora Ática, dentro da histórica série Vaga-Lume, tem capa e ilustrações de Jayme Leão, falecido este ano, em março.
Como
os outros livros infanto-juvenis de Marcos Rey, UM CADÁVER OUVE RÁDIO também
ganhou edição, no início do século XXI, pela Global Editora, com capa e ilustrações
de Dave Santana.
Mais
um mistério, cheio de pistas que mais confundem que explicam, suspeitos
inesperados e uma solução surpreendente marcam esta nova investigação de
Leonardo Fantini, o Léo, o bellboy do
Emperor Park Hotel, sua esperta quase-namorada Ângela e seu primo gênio e
cadeirante Gino. E o amigo mais velho de Léo, Guima, volta a ter um papel
importante na coleção, depois de praticamente “sumir” no livro anterior. Desta
vez, eles penetram no universo dos imigrantes nordestinos na cidade de São
Paulo (o destino mais comum dos retirantes e flagelados pelas secas); e o caso
é de assassinato.
A
história começa na delegacia de polícia, quando o nervoso e desempregado
Muriçoca está sendo interrogado pelo delegado Arruda, por conta de um corpo encontrado
em uma obra abandonada, com o rádio ligado, tocando um ritmo nordestino. Pouco
depois, Léo é chamado, do hotel, para reconhecer o corpo, de um tal Alexandre
da Silva. A princípio, Léo não parece saber de quem se trata: só depois de ver
o corpo, reconhece: no bairro da Bela Vista, todos conheciam Alexandre como
Boa-Vida, um nordestino simpático, ótimo sanfoneiro, que vivia de bicos, tinha
um espírito livre – não parava em emprego algum por muito tempo – e sonhava
ganhar o primeiro prêmio da loteria esportiva para viajar pelo mundo.
A
notícia deixa todos os conhecidos do nordestino consternados – inclusive Tia
Zula, mãe de Gino. É diante da tristeza de Tia Zula que Léo e Gino resolvem
descobrir quem matou Boa-Vida. E, para ajudar, Léo chama Ângela, que também
conhecia o nordestino.
Uma
porção de evidências, que a princípio não possuem muita ligação entre si,
aparece no caso. O primeiro de todos eles Léo nota ainda na cena do crime: a
sanfona de estimação de Boa-Vida, com suas iniciais marcadas a canivete, fora
roubada. A segunda, que vai se tornar importante na segunda parte da trama, é
um bilhete de loteria não conferido. A arma do crime aparece pouco depois: um
sabre chinês. Durante o enterro da vítima, aparece uma personagem que os
pessoal nem conhecia: a ex-mulher de Boa-Vida, Elvira, dona de uma loja de
pássaros no bairro da Liberdade. As revelações que ela faz sobre a vida
pregressa de Boa-Vida, inclusive quando Léo e Ângela vão interroga-la na loja,
deixam os investigadores com um ponto de interrogação.
Mas
não demora, os investigadores já levantam um suspeito: João Valentão, ex-amigo
e ex-sócio de Boa-Vida, com fama de encrenqueiro. Léo, Ângela, Gino e o amigo
Guima decidem focar suas suspeitas em João, pois pode ter sido ele o autor do
roubo da sanfona e quiçá do assassinato. Léo e Guima vão procura-lo
inicialmente numa casa de forró, onde João colaborava como sanfoneiro. Depois,
os dois vão a um bar-restaurante típico nordestino, onde João estava dormindo. Entretanto,
no primeiro encontro entre Léo e João Valentão, o garoto se dá mal: entrando
meio de intrometido no quarto do nordestino, Léo acha a sanfona, mas apanha do
violento João Valentão – e a situação só não fica pior porque Guima salva o
garoto.
Pouco
depois, um novo personagem aparece para incrementar o caso: um primo distante
de Boa-Vida, Sandoval de Souza, um elegante vendedor ambulante, e que
supostamente guarda remorsos porque poderia ter salvado a vida de Alexandre.
Sandoval chega a oferecer uma recompensa para quem der informações sobre o
paradeiro do assassino de Boa-Vida.
A
perseguição de Léo a João Valentão continua (o nordestino, visado pela polícia,
passa a se esconder, e uma amante sua confunde a polícia dando pistas falsas de
seu paradeiro). Um novo plano para localizar o paradeiro de João, traçado por
Léo, tem a colaboração de Ângela, que se infiltra disfarçada de entrevistadora
para descobrir, com a amante de João, seu paradeiro (um dos trechos de maior
tensão); a perseguição chega a um circo onde o nordestino colabora como sanfoneiro,
mas João consegue escapar novamente. Porém, Elvira e Muriçoca acabam envolvidos
na teia de intrigas, ao receberem telefonemas ameaçadores. Muriçoca, com medo
de morrer, chega a se abrigar na casa de Tia Zula, a oferecimento dela. As
pistas obtidas até agora revelam ligações comprometedoras entre os personagens
secundários, como supostos negócios “paralelos” de Elvira com um tal Sr. Slang,
um contrabandista. E a tensão aumenta quando Elvira é assassinada.
No
fim, o caso tem uma inesperada reviravolta: o assassino não é quem todos a
princípio pensavam que fosse, mas o personagem menos suspeito, e o detalhe
menos importante do caso acaba sendo a chave para a solução do mistério. Mais
uma vez, é Gino quem acerta onde todos erram. Surpreendente é o mínimo que se
pode dizer de UM CADÁVER OUVE RÁDIO.
E
ainda serve como o retrato de uma época passada. Nos anos 80, a influência dos
imigrantes nordestinos em São Paulo ainda não era muito forte, tornando esse
universo meio exótico aos personagens e ao leitor. E é um dos melhores livros
de detetive de Marcos Rey. Um dos melhores: na minha opinião, o melhor de todos
os livros policiais de Marcos Rey é Enigma
na Televisão, fora da série Léo e Seus Amigos. Deste falaremos em outra
ocasião.
Na
parte das ilustrações, Jayme Leão utiliza novamente o nanquim para compor as
cenas. E ainda faz um teste de um novo penteado para Ângela.
Porém,
Rey só escreveria uma nova aventura para Léo, Ângela e Gino quase nove anos
depois. E é desse romance que falaremos na próxima postagem, Um Rosto no Computador.
Para
encerrar, bem, sei que seria cedo para tal, mas vou colocar para vocês uma
ilustração: minha interpretação pessoal do trio Léo, Gino e Ângela, baseado nos
desenhos de Jayme Leão. Mesmo assim, sinto que errei em algo. Sinto, sim.
Até
mais!
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