Olá.
Hoje,
dou continuidade à “celebração” da memória pelos gibis de Luluzinha e Bolinha
pela editora Pixel Media, selo do grupo Ediouro, finados em abril último. Para
“celebrar” tal memória, estou resenhando os álbuns dos personagens, que a Pixel
lançou concomitante aos gibis de linha.
Da
série, o próximo álbum a ser resenhado é LULUZINHA – A TURMA DO BARULHO. Também
com histórias clássicas dos anos 1940 e 1950.
Ao
contrário do que vocês podem estar pensando, LULUZINHA – A TURMA DO BARULHO é o
quarto álbum da série, não o terceiro. Este, é Luluzinha – Aventuras com Bolinha. Mas, como ainda não consegui
adquirir esse álbum, ficará para outra ocasião, outra oportunidade. Mas os
outros, já tenho todos, e vão sendo resenhados com o correr do tempo.
Os
álbuns de Luluzinha pela Pixel não possuíram períodos certos de tempo de
lançamento entre eles. Luluzinha –
Aventuras com Bolinha saiu em agosto de 2013, no mês seguinte a Luluzinha – Meninos x Meninas (julho de
2013), que por sua vez foi lançado dois meses depois de Luluzinha – Primeiras Histórias (maio de 2013).
Já
LULUZINHA – A TURMA DO BARULHO foi lançado em dezembro de 2013. Quatro meses
depois do último, mas foi lançado, e com as mesmas características dos álbuns
anteriores: 128 páginas, lombada quadrada, papel couché, colorido. Todo com
histórias de Luluzinha dos anos 1940 e 1950, mas sem ordem de publicação. Todas
as histórias são das revistas Four Color
e Little Lulu, ambas da editora
estadunidense Dell Comics. E todas, indubitavelmente, da “dupla de ouro” de
criação, John Stanley e Irving Tripp. Ambos trabalhando em cima dos personagens
criados por Marjorie H. Buell.
O
tema deste álbum são aventuras centradas no trio Luluzinha, Bolinha e Alvinho.
Apenas os dois primeiros são criações de Marge, ou seja, que saíram nos cartuns
publicados no Saturday Evening Post;
Alvinho é um dos coadjuvantes criados por John Stanley. Mas, ainda assim,
conquistou lugar cativo dentro da turminha, estrelando, inclusive, histórias
solo. Afinal, com o espevitado garotinho, Luluzinha e Bolinha aprenderam a
lidar com crianças mais novas.
No
álbum, constam histórias com os três juntos, Luluzinha, Bolinha e Alvinho;
histórias só com Lulu e Bolinha; histórias só com Luluzinha e Alvinho; e
histórias solo com Luluzinha e solo com Alvinho. Mas todas do início da série
pela Dell Comics; os roteiros de Stanley são elaborados e inteligentes, com longas
sequências de diálogos ou microssituações entre episódios (consequentemente
alongando algumas histórias para mais de dez páginas), lidando com o lado
ingênuo combinado com o inteligente do trio, dentro da receita para se fazer um
bom gibi infantil. E o traço das histórias ainda é de iniciante, com linhas
finas e personagens com aparência mais “tosca”. Mas, aqui, temos um Alvinho
perfeitamente definido: do garoto carequinha de boné vermelho, visto em Luluzinha – Primeiras Histórias, temos o
menino de macacão azul e topete, mas igualmente “perigoso”.
Well.
As histórias.
Começando
com Bam! Bam! (Little Lulu 1, janeiro de 1948). Bolinha e Alvinho estão brincando
tranquilamente de bangue-bangue, até que Lulu resolve entrar na brincadeira. E
quem se dá mal na correria é um vizinho, que, como solução para o conflito,
resolve se mudar... mas acaba levando as crianças junto, sem saber!
Depois,
vem Uma Tuba do Barulho (Four Color 120, outubro de 1946).
Luluzinha, meio que invejando Bolinha por suas aulas de música, decide praticar
um instrumento musical também. Mas escolhe... uma tuba, comprada em uma loja de
produtos usados. E você deve saber: mesmo que toque mal, toda criança acredita
que tem talento musical (também já passei por isso, quando uma vez acreditei
que sabia tocar violão – e até hoje não sei tocar). E as tentativas de
Luluzinha tocar um instrumento tão grande e difícil vão provocar algumas doses
de confusão... quando as pessoas ouvirem a menina “tocando”.
Da Four Color 131, janeiro de 1947, vem Um Cãozinho Fiel. Uma pequena “disputa”
entre Alvinho e Bolinha, intermediada por Lulu, para ver quem fica com um
cachorro vira-latas encontrado na rua. É óbvio que este fato, mais a confusão
provocada pelo tal cachorro, vai dificultar que este fique em alguma das
casas...
Da Four Color 110, junho de 1946, vem a
seguir O Desafio. Lulu decide ajudar
Bolinha a vencer uma briga contra um garoto (chamado aqui de Juca – muito
provavelmente, protótipo de quem seria um dos mais destacados membros do Clube
do Bolinha). Mas o gordinho nem parece disposto a aceitar o desafio, por mais
que Lulu insista em treiná-lo... Como acabará?
Problemas de Família, da
Four Color 97 (fevereiro de 1946),
vem a seguir. Nas primeiras histórias, Lulu tinha um bicho de estimação – uma
gatinha chamada Isadora. Com o tempo, a gata foi abandonada, e Lulu chegou a
ter como substituto um cachorro. Que também foi descartado com o tempo. Bem,
nesta história, Lulu se depara com o milagre da criação: a gata Isadora teve
filhotes. Mas a gata se mostra bastante manhosa: primeiro, esconde os filhotes
de Lulu e seus amiguinhos; e depois, quando Lulu resolve doar os filhotes, a
gata insiste em pegá-los de volta. E Isadora ainda fala! Não com Lulu, mas o
leitor pode ler o que a gata está pensando...
O Chapéu Perdido
(também de Little Lulu 1) é a
história solo de Alvinho. O menininho provoca alguma confusão quando seu chapéu
cai em um bueiro. Detalhe: era um chapéu feito de papel, desses que se usa pra
brincar de marcha soldado!
Um Pato em Apuros (de
Little Lulu 4, julho de 1948) mostra
Lulu e Bolinha aprontando todas na praça da cidade. A maior parte delas se dá
quando, com a melhor das intenções, a dupla resolve capturar um pato na lagoa.
Mas o bicho é tão sabido quanto a gata Isadora...
Atrás do Alvinho (Little Lulu 7, janeiro de 1949) mostra o
quanto vida de babá é sofrida. Os dois praticamente lutam enquanto Lulu tenta
trazer o menininho para casa! É, das narrativas longas, a mais curta – só duas
páginas.
Luluzinha Arruma um Emprego
(também da Four Color 110) é uma
história sem falas, mas cheia de acontecimentos engraçados e até surreais. O
tal emprego que a menina consegue é o de entregadora – e, no caminho para
entregar uma coroa de flores para uma loja, tem ônibus lotados, um bonequinho
de corda desgarrado, um soldadinho de corda e uma volta por uma loja de
departamentos. Uma aula sobre como fazer uma historinha pantomímica (sem
palavras)!
Em O Pote de Ouro (Little Lulu 9, março de 1949), Bolinha leva Lulu – e Alvinho – para
pescar um suposto tesouro no fundo de um lago. O difícil vai ser domar o
Alvinho, cuja maior diversão é bater em quem se dispõe a tentar salvá-lo dos
perigos.
Em Confusão em Dose Cavalar (também da Four Color 110), Lulu quer comprar um
presente de aniversário para sua mãe. Para tanto, resolve colocar uma ideia
absurda em prática: embalsamar – mesmo sem entender nada de taxidermia – um
cavalo. Calma, o cavalo não sofre nenhum mal: pelo contrário, é ele quem causa
o mal na casa de Lulu.
E O Voo Solo do Alvinho (Four Color 165, outubro de 1947) é a
última história longa. Após uma longa sequência de pequenas confusões (só a
introdução da história ocupa cinco páginas!), Lulu e Bolinha vão à praia – mas
tem de levar Alvinho junto. Mas o menininho insiste em aprontar,
naturalmente... até que ele se perde dos dois. E vai parar... na cidade. Só
lendo para saber como. É a história mais longa da edição – 22 páginas.
O
álbum é completo com histórias curtas, de uma página, de Luluzinha, Bolinha e
Alvinho – todas páginas complementares da Four
Color.
LULUZINHA
– A TURMA DO BARULHO acaba sendo o melhor álbum da coleção, graças à elaboração
dos roteiros de Stanley. Não à toa que Harvey Pekar, falecido criador da série American Splendor, afirmou que Luluzinha
é um dos quadrinhos “mais subestimados da história – Simples o bastante para a
garotada se divertir, porém adequadamente brilhante para arrancar gargalhadas
dos adultos”.
Este
álbum é um dos mais fáceis de encontrar atualmente em algumas lojas e sites.
Preço de capa: R$ 16,90.
Para
encerrar, vou começar a partilhar com vocês uma experiência minha.
Houve
uma época, no final da faculdade de História pela Universidade Federal de Santa
Maria - UFSM, que eu fui professor de Histórias em Quadrinhos para educadores.
A ideia era ministrar uma oficina sobre HQ para educadores em estágio
obrigatório – ou seja, alunos da faculdade que naquele momento estavam
prestando estágio de sala de aula em escolas, como disciplina extracurricular.
E, como professor de HQ, com auxílio do Prof. Francisco Estigarribia Freitas,
que naquele período entre março e abril de 2008, época da oficina, ainda era
professor do Centro de Educação da UFSM, ensinei a uma turma seleta os
rudimentos para se fazer uma história em quadrinhos. Meu trabalho de pesquisa,
a História das Histórias em Quadrinhos
e a História dos Quadrinhos no Brasil
(publicada aqui no blog em três edições) é derivado desta experiência.
Mas
ainda há um outro material elaborado para esse curso, o qual resgatei
recentemente dos meus arquivos. Por sugestão do professor Estigarribia,
elaborei um material teórico... em quadrinhos, numa linha similar à do
pesquisador teórico Scott McCloud (do lendário livro Desvendando os Quadrinhos). E, embasando o material, coloquei a
turma da Letícia – que, então, ainda não era uma personagem muito conhecida –
para explicar a teoria das HQ. Até o Teixeirão faz uma discreta participação especial. Um exercício de metalinguagem que tornava o
entendimento do mundo das HQ mais prazeroso. E aplicando muito do que aprendi
como frequentador da sede do Núcleo de Quadrinhistas de Santa Maria –
Quadrinhos S. A..
A
partir desta postagem, então, vou publicando, em partes, meu “livro teórico”, Quadrinhos – Conceito e Prática.
Aprendam a fazer HQ vocês também!
Na
próxima postagem, mais um álbum de Luluzinha pela Pixel – e mais um trecho do
meu livro teórico sobre HQ.
Até
mais!
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