Olá.
Hoje
vou falar de quadrinhos, como comumente faço. Hoje vou falar de Pixel Media,
selo do grupo Ediouro. Hoje vou falar de Recruta Zero.
Mas
não se precipitem: o novo número do gibi bimestral do personagem ainda não chegou
às bancas. E, na verdade, nem sabemos se chegará. Mas vou falar de outro
material do personagem, pela mesma editora: o segundo volume do LIVRO DE OURO
DO RECRUTA ZERO, compilação de tiras em lombada quadrada e mais páginas.
Triste
é saber que aparentemente minhas postagens, no Estúdio Rafelipe, parecem não
estar adiantando de nada para despertar o interesse do leitor nesses
personagens. Se eles estão sendo cortados, é porque provavelmente não estão
mais vendendo como na estreia - e por mais propaganda que se faça. Ao que
consta, a Pixel ficará com os álbuns, mesmo, pois estes ainda estão sendo
lançados. Um álbum especial de Hagar, o
Horrível, e um terceiro do Fantasma
já foram lançados.
Bem,
vamos deixar para nos lamuriar em outro momento. O assunto agora é álbum. O
assunto agora é Recruta Zero.
Em
maio de 2014, a Pixel Media lançara o primeiro volume do chamado LIVRO DE OURO DO RECRUTA ZERO, uma compilação de tiras do personagem do estadunidense Mort
Walker com material produzido nos anos 80 - considerada a fase áurea do
personagem, quando todo o elenco de personagens e o formato de desenhos já
estavam definidos. Zero, seus colegas de quartel Quindim, Dentinho, Roque,
Platão e Cosme, o irascível Sargento Tainha, o cozinheiro Cuca, o religioso
Capelão, os superiores Tenente Escovinha, Tenente Mironga, Capitão Durindana e
General Dureza, o motorista Júlio e o elenco feminino de apoio, Dona Marta,
Srta. Blips e Dona Tetê, viviam seus dias mais áureos depois de décadas de
polêmicas e crescimento. Claro que, entre os fãs das tiras de jornal, porque no
Quartel Swampy, o quase esquecido quartel de algum lugar dos Estados Unidos, a
vida continua dura.
E
fica mais dura ainda: em novembro de 2014 (mas chegando com atraso a algumas
localidades), a Pixel, devido á boa receptividade do primeiro álbum, resolveu
lançar um segundo volume do LIVRO DE OURO DO RECRUTA ZERO, também com material
dos anos 80. E na mesma base do primeiro álbum: 128 páginas (sem contar capa),
em papel couché, totalmente colorido, as tiras selecionadas por temas, e
separadas em capítulos. Mas, desta vez, com a inclusão de páginas dominicais,
situações encerradas em até oito quadros. Este segundo volume ainda inclui a
participação de personagens pouco lembrados do universo do Quartel Swampy: o
tenente Mironga, o Capelão e a sargenta Louise Lorota, uma espécie de versão
feminina do Sargento Tainha, e destinada a formar um par romântico com o gordo
e atrapalhado sargentão... se o cara ainda tivesse jeito com mulheres. E também
a gata de estimação de Lorota, Bella, com sua cara de poucos amigos. Bella é
pouco lembrada porque não possui as características que tornam seu rival, o
cachorro Oto, o bicho de estimação de Tainha, mais popular entre os leitores.
Bem.
O conteúdo. Dividido em capítulos e subcapítulos. E todas as tiras produzidas
pelo próprio Walker - hoje, devido à idade avançada, ele fica apenas na
supervisão do trabalho, assumido pelo filho, Greg Walker.
Depois
de uma breve introdução com Um Quartel às
Avessas, as tiras começam com Começando
pelo Zero..., e suas situações de fuga do trabalho pesado; e Passando pelo Tainha..., e a conflituosa
relação entre este e Zero.
Aí,
temos quatro subcapítulos dedicados à relação entre Tainha e Lorota: somos
praticamente apresentados à sargenta em Uma
Companheira à Altura do Sargento; ela e Tainha vivem um "romance"
em O Amor Está no Ar; e os
subcapítulos seguintes são dedicados aos animais: Homens são de Cães, com o antropomórfico Oto; e Mulheres São de Gatos..., com a
rabugenta Bella.
Zero
e Tainha voltam a seguir com Sessão
Xingamento e Sessão Pancada.
Tainha aplicando tudo isso em Zero, e o Soldado Raso levando tudo na
esportiva... ou quase.
Uma
passadinha na enfermaria do quartel (em Hora
de Ir ao Médico) depois, o intelectual Platão ganha seu próprio capítulo,
em Platão, o Praça Boa-Praça. E, a
seguir, uma “crítica” à burocracia militar em Respeitando a Hierarquia. E, em seguida, em Passando a Perna no Sargento, os soldados do Swampy, na expressão
moderna, "trollam" seu superior hierárquico de várias maneiras.
Em
seguida, um capítulo especialmente dedicado ao Capelão e suas tentativas de
tentar moralizar, nem que seja por um breve momento, um quartel tão cheio de
pecado: Senhor, Dai-me Forças. Só
mesmo pedindo ajuda a Deus. E em seis páginas.
Após
uma breve discussão entre o revoltado Roque e o General Dureza em Liberdade de Imprensa, dois capítulos
dedicados ao negro Tenente Mironga: Tenente
Mironga na Área, retratando-o pela sua raça, e As Invenções do Mironga mostrando seu lado inventor. Não por ser
racista, mas seu talento nessa área é questionável.
A
seguir, três capítulos dedicados ao ingênuo soldado Dentinho: Festival Dentinho; O Caminho da Roça, quatro páginas em que o soldado vai visitar a
família no campo - e leva Zero e Tainha a tiracolo; e De Volta à Programação Normal com Dentinho já é o festival de
trapalhadas do soldado cabeça-oca. Mais sete páginas! No total, Dentinho ocupa
doze páginas - mas não chega perto do Sargento Tainha, que ocupa muito mais
capítulos, somadas suas aparições ao lado de Zero.
Só e Gordo Quem Come é
um desses capítulos-solo do Tainha, retratando, claro, seu lado glutão. E já
que falamos de comida, o terrível cozinheiro Cuca ocupa as dez próximas páginas
com A Conversa Chegou na Cozinha. Mas
não esqueçam: parte da culpa pela comida do Cuca ser ruim reside no fato de
Zero estar ajudando na cozinha.
Tempo de Manobras já
traz as tropas em campo de batalha. E Dando
uma Volta traz situações envolvendo os jipes do exército.
Em
seguida, sete páginas e dois capítulos dedicados ao mauricinho Tenente
Escovinha: Ninguém Suporta esse Tenente,
e suas tentativas de se fazer ouvir no quartel, e Aprendendo a Falar em Público, seu embaraço na frente dos
espectadores. Ah: uma das páginas desse capítulo traz uma quebra na hierarquia
das tiras: é composta de repetições da cabeça e da expressão fisionômica de
Tainha, diante da reação de um dos discursos de Escovinha. Uma aula para
quadrinhistas de como quebrar a rotina.
A
seguir, dezessete páginas com o General Dureza. A Dura Vida de um General, tratando-o como é: um oficial
conservador, que não se faz respeitar, pau-mandado da esposa e encantado pelos
"brotos", incluindo a musa Dona Tetê; Ninguém Escreve ao General, e sua inútil espera por uma carta do
Pentágono; e, em Onde os Oficiais se
Encontram, o "bode velho" em momentos de descontração junto com
outros oficiais - no clube, no golfe...
As
mulheres da tira ganham seu espaço na coletânea em Alguém Quer Ser um Professor de Tênis?, trazendo outro personagem
pouco lembrado do universo "zeriano", o elegante Rolf, o instrutor de
tênis de Dona Marta e das mulheres do Swampy. Para inveja do General Dureza.
Perdidos na Noite é o
capítulo dedicado à vida noturna dos soldados - digo, quando conseguem uma
folguinha.
Jogos de Guerra, o
penúltimo capítulo, é dedicado aos duvidosos exercícios dos soldados no front.
E,
para encerrar, Nos Tempos da Guerra Fria
é uma pequena aulinha de História. Como os soldados veem a relação entre os
Estados Unidos e a Rússia, e vice-versa (lembrem-se: no tempo em que estas
tiras estavam sendo produzidas, a União Soviética [1922 - 1991] ainda não havia
terminado, nem a Guerra Fria [1945 - 1989], quando EUA e URSS mais latiram do
que morderam – e o mundo assistindo, entre a apreensão do provável ataque
nuclear e o tédio dos visíveis ataques midiáticos).
Ou
melhor, ainda não. Para encerrar mesmo, há um capítulo escrito por Otacílio
d'Assunção (Ota) sobre os bastidores da produção das tiras de Zero. Com
esboços, rascunhos de tiras e até piadas censuradas. Ou pensa que vida de
quadrinhista é fácil, ainda mais de um cartunista que teve problemas com o
exército estadunidense e com as feministas de seu país?
Mas
amamos Zero mesmo assim. Desconstruindo o lado heroico do exército
norte-americano.
O
novo álbum custa R$ 19,90. Diversão garantida, e da forma como os bons
quadrinhos deveriam ser publicados.
Para
encerrar, trago, de praxe, tiras minhas. O escalado hoje é o Teixeirão, meu
gauchão. E, no mais recente arco de tiras, envolvido com outra loucura das
crianças que habitam o universo de sua tira. E este arco, amigos, ainda não tem
uma previsão exata de término, mas já estou trabalhando nisso. Mas, até o
momento, A Irmandade do Chimarrão é o
arco mais longo do personagem.
E,
em outra oportunidade, continuaremos nos lamuriando sobre o encerramento dos
gibis de Luluzinha e Bolinha. Torçamos para que Recruta Zero continue sendo nosso herói
da resistência, em bancas atulhadas de Mônicas, super-heróis e mangás!
Até
mais!
Um comentário:
Amigo, tenho todos os gibis do Bolinha e Lulu lançados pela Ediouro. E li todas as suas resenhas dos referidos gibis. Parabéns pelo blog. Acompanho sempre. Gostaria de sugerir uma postagem sobre o cancelamento de Bola e Lulu. Obrigado.
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