domingo, 16 de janeiro de 2011

Filme: AVATAR

Olá.
Hoje, aproveitando a oportunidade e que eu já passeei de carro, vou falar de um filme que há muito tempo eu queria falar, mas faltava oportunidade.
Muita gente já deve ter visto, comentado e até enjoado desse filme, que atualmente detém o título de maior bilheteria de todos os tempos. É claro que estou falando de AVATAR.

Bem. AVATAR estreou em 2009, e foi dirigido por James Cameron, atualmente envolvido em campanhas em prol do meio ambiente - este filme mostra seu engajamento à causa. Cameron trabalhou nesse filme por mais de dez anos, e conseguiu um excelente resultado.
Explico. AVATAR é considerado um marco em uma nova tecnologia cinematográfica em 3D, que deu mais realismo aos blockbusters. Esse filme só não havia estreado antes, em 1999 para ser mais exato, porque Cameron imaginava um filme realmente grandioso, e a tecnologia disponível na época não permitia o que diretor imaginava. Com a nova tecnologia, o 3D ficou muito mais realista, e os cenários, máquinas e criaturas parecem reais. Com tudo isso, combinado com uma história bem construída, Cameron bateu, em bilheteria, seu próprio recorde anterior (Titanic): AVATAR arrecadou mais de 2 bilhões de dólares, e o filme hoje é a maior bilheteria da história. E acrescentou no imaginário popular criaturas um certame de criaturas que a gente não via desde a segunda fita de Hellboy.
Bem, eu só pude assistir o filme quando ele saiu em DVD, por isso não pude constatar toda essa babação em torno da nova tecnologia. Mas o que é uma nova tecnologia em relação ao que é mais importante - a história do filme?
Bem. AVATAR apresenta-se como um filme de ficção científica, porém trata-se de um filme bem fácil de entender, apesar de a mitologia que cerca o filme seja bastante complexa e detalhada. A ficção científica camufla uma mensagem sobre a relação entre o homem e a natureza.

O ENREDO
AVATAR tem como principal personagem o ex-fuzileiro naval Jake Sully (Sam Wortington), que havia ficado paraplégico. Porém, ele acaba sendo designado para uma nova missão: ele parte para a lua Pandora, que circula um planeta chamado Polifemo, a mais de 4 mil anos-luz da Terra (a história se passa em 2154 d.C.), para substituir o irmão gêmeo, cientista que havia sido morto, em um serviço que ele estava desenvolvendo. O serviço seria contatar uma raça de humanóides, que habita aquela lua florestal, que estavam em conflito com os humanos, que colonizaram aquele planeta com a intenção de extrair dele metais preciosos. A mineradora traz ao planeta também muitos militares, que atuam na condição de mercenários, e que inclusive controlam grandes máquinas semelhantes a helicópteros e andróides.
Pandora, uma lua florestal cheio de criaturas muito diferentes das nossas, tem uma atmosfera rica em gás carbônico e amônia, por isso imprópria para humanos respirarem - o que implica o uso de máscaras de respiração em trabalhos externos.
E esse trabalho de contato não é feito de forma direta, mas através de um avatar, uma espécie de corpo construído com o DNA dos nativos do planeta - conhecidos cmo Na'vi - e DNA humano. O avatar funciona quando o ser humano, através de uma cabine, entra em sintonia mental com seu corpo Na'vi, e a partir daí esse corpo age como se fosse o do próprio usuário - algo que acontece com os avatares dos jogos de computador, onde o boneco que vive as aventuras dentro do jogo seria uma representação de nós mesmos. Os avatares desligam quando os corpos dormem, e o corpo humano acorda.
Bem. Jake só foi escolhido para dirigir um desses avatares pelo fato de seu DNA ser compatível com o do irmão morto, o usuário original. E o fato de ter sido um fuzileiro ser escolhido, ao invés de um cientista, desagrada a coordenadora do projeto, a durona doutora Grace Augustine (Sigouney Weaver, a eterna Ripley da cinessérie Alien), que há muito tempo estuda as peculiaridades do planeta.
Os outros humanos que trabalham nesse projeto são: Parker Selfridge (Giovanni Ribisi), o chefe da operação mineradora, interessado apenas nas reservas de minerais no subsolo; a piloto Trudy Chacon (Michelle Rodriguez), que prefere mais a companhia das grandes máquinas voadoras que dos homens; Norm Spellmann (Joel David Moore) e Max Patel (Dileep Rao), cientistas assistentews da Dra. Grace; e o coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), o grande vilão do filme, um militar maquiavélico que vê os Na'vi como inimigos a serem destruídos.
Bem. Jake Sully não demora a testar o seu avatar - e, uma vez conectado, o que mais alegra o fuzileiro é a possibilidade de poder andar usando as próprias pernas outra vez.
Ah, sim: esquecia de falar dos próprios Na'vi. Esses seres, fisicamente, têm três metros de altura, pele azulada e brilhante, o rosto com a aparência de um gato, caudas e ossos reforçados com fibra de carbono. Além disso, eles possuem uma trança no cabelo, que contém dentro uma terminação nervosa. São ligados à natureza e considerados primitivos pelos humanos. Bem, inicialmente é o que é preciso saber.
Após passar por um treinamento para se acostumar ao Avatar (e começar a gravar suas impressões sobre a experiência em um video-diário), Jake sai na sua primeira missão em campo, acompanhada da Dra. Grace, que também usa um avatar (ela chegou a contatar os nativos e até a montar uma escola para as crianças Na'vi, mas acabou sendo expulsa da comunidade). Porém, ao tentar contatar os animais locais, Jake se separa do grupo. E, explorando as florestas de Pandora, é atacado por animais ferozes, mas salvo por Neytiri (Zoë Saldaña), uma Na'vi - e, não por coincidência, a princesa do clã Omaticaya, um dos maiores clãs Na'vi. Apesar de não gostar do modo como Jake procede, mesmo tendo um corpo Na'vi, Neytiri o leva para a aldeia, que fica em uma grande árvore - ela recebe um sinal da divindade principal dos Na'vi, Eywa, favorável a Jake. A princípio, os Na'vi, comandados pelo líder Eytucan (Wes Studi) e pela rainha Tsu'Tey (Laz Alonso), sabendo que se trata de um humano em corpo Na'vi, pensam em executar Jake; mas, ao saber que Jake é um guerreiro, ao invés de um cientista, decidem deixá-lo vivo, e ensinar a ele seus costumes. Neytiri é escolhida para instruir Jake. Mas quem não gosta dessa história é o guerreiro Mo'at (CCH Pounder), o noivo de Neytiri, que vê Jake como um rival.
Bem. Ao saberem que Jake foi aceito na comunidade, Selfridge e o Col. Quaritch decidem deixar Jake como uma espécie de espião dentro da aldeia Omaticaya, embaixo da qual está a maior reserva de um mineral muito valioso - Quaritch promete inclusive devolver a mobilidade das pernas de Jake. Por isso, ele, a Dra. Grace e mais um grupo de cientistas muda suas cabines para uma base distante, dentro da floresta. Enquanto isso, Jake vai aprendendo os costumes Na'vi, como lidar com animais, manejar o arco e flecha e andar entre as imensas árvores que compõem o planeta.
Na parte de lidar com animais, não basta apensa conhecer o animal: também é preciso fazer a ligação mental com os mesmos, sintonizar-se com eles. É para isso que serve a terminação nervosa na trança dos Na'vi: ligada às terminações nervosas que as criaturas apresentam em tentáculos saídos da cabeça delas, é possível controlar os estranhos animais semelhantes a cavalos e até a dragões.
Ah: um dos maiores rituais de passagem dos guerreiros Na'vi é escalar as chamadas Montanhas Flutuantes (que literalmente ficam acima do solo) e domar as criaturas conhecidas como Banshee, os dragões alados. Jake passa por isso, naturalmente, e apesar da dificuldade do desafio, consegue domar o seu Banshee.
Jake vai percebendo a ligação existente entre os Na'vi e a natureza - e não é por simples contato filosófico. Com as terminações nervosas, os Na'vi podem fazer a ligação com qualquer animal ou mesmo árvore, que são todas interligadas por terminações nervosas, como um grande cérebro. E a chamada Grande Árvore, cujas sementes, que se espalham em diversos pontos do planeta, podem ser interpretadas como sinais de Eywa, possui a maior parte das ligações.
Jake não apenas vai se afeiçoando a esse modo de vida, como também acaba se apaixonando por Neytiri - apesar de ela ser noiva, o sentimento é recíproco.
Isso, porém, ocorre em um péssimo momento: os humanos, através da informações obtidas através de Jake, resolvem desfechar um ataque cruel e covarde na aldeia Omaticaya. Jake, ao tentar defender uma área que estava para ser destruída, é considerado um traidor pelo Col. Quaritch. E recebe a incumbência de convencer os Na'vi a saírem da árvore, que vai ser bombardeada - apesar dos protestos dele e da Dra. Grace.
Os humanos, claro, não estão nem aí com a natureza do planeta: após o fracasso do aviso de Jake e Grace, uma frota bombardeia a árvore Omaticaya, e a derruba covardemente. Jake e Grace acabam presos como traidores.
No entanto, graças a Trudy, eles conseguem fugir do confinamento, e fogem da base - no entanto, Grace acaba ferida. E, numa base distante dentro da floresta, Jake continua comandando seu Avatar. E, após convencer os Na'vi que estava do lado deles - após conseguir domar Leonopteryx, um dragão alado muito poderoso e mais difícil de domar - , resolve unir os clãs para lutar contra os humanos, que nesse momento resolvem desfechar um ataque final contra os Na'vi. Assim, chega o momento da batalha final entre os Na'vi e as forças do Col. Quaritch, que resolve não descansar até destruir Jake e a árvore sagrada.

OS ASPECTOS TÉCNICOS
AVATAR é exuberante com relação aos cenários e criaturas. Em muitos momentos, é difícil acreditar que as criaturas foram realmente geradas por computador, de tão realistas que ficaram. Assim, os Na'vi agora integram o imaginário nerd.
No entanto, o filme padece um pouco por causa do roteiro. Embora a mensagem seja boa, e o roteiro seja bem amarrado e bem construído, é cheio de lugares comuns. O envolvimento de Jake com os Na'vi lembra até o personagem de Kevin Costner em Dança com Lobos. Se vocês repararem bem, praticamente é a mesma coisa: um homem que se envolve com uma cultura diferente da sua e que se apaixona por uma mulher dessa mesma cultura; assim, ele abandona seu modo de vida anterior e passa a defender os nativos das agressões de sua própria raça. Soa clichê e dèja vu. Mas Cameron tinha mesmo a preocupação de que o grande público compreendesse o filme. Logo, não se trata de uma ficção científica "cabeça".
O momento mais forte do filme é mesmo o ataque à árvore Omaticaya: nela percebemos o quanto nós, seres humanos, chegamos a ser cruéis com a própria natureza em torno de um interesse. Com isso, Cameron chama a atenção para o que nós viemos fazendo com a Terra há tempo, e que já fugiu do controle, haja vista o aquecimento global.
O filme alterna momentos criativos, inventivos e clichezões, tudo se encaminhando ao "final que todo mundo queria ver". Mas não vou dizer como termina o filme.
Ah: AVATAR, na parte da trilha sonora, marca mais uma parceria entre Cameron e James Horner, o compositor da trilha sonora de Titanic. Porém, desta vez Horner trocou as melodias tristes e grudentas pelas sonoridades tribais, mais a ver com o clima de ação. Culminando com o belíssimo tema final, I See You, interpretado por Leona Lewis.
Bem. Hoje em dia todo mundo fala mal de Titanic. Mas AVATAR não é pior que Titanic. A ficção científica ecológica pode não ser de todo inteligente ou surpreendente, mas conseguiu garantir a Cameron bater o próprio recorde de bilheteria - porém, não o de Oscars. O filme foi indicado em nove categorias, mas ganhou em três: Melhor Fotografia, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Direção de Arte. Nos prêmios de Melhor Filme e Melhor Diretor, AVATAR perdeu para Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow, coincidentemente ex-mulher de Cameron. Este filme ganhou no total seis Oscars, três a mais que AVATAR!
Bem, mas o importante é que AVATAR é um filme exuberante, e a mensagem eclógica convida à reflexão. Cameron já deu o seu recado. Revolucionou a história do cinema, etc. Não foram dez anos perdidos. Agora, só nos resta, como diz Jake Sully, acordar.
Ah: há especulações de que este filme pode ganhar uma continuação. Bem, por que não uma continuação? Ainda mais depois que o final do filme abriu essa possibilidade...
Outra coisa: recentemente, Cameron soltou nos cinemas uma versão com 25 minutos a mais. Claro que a versão que eu assisti em DVD é a primeira, e em 2D. Droga.

ILUSTRAÇÃO DE HOJE
Para encerrar, hoje resolvi desenhar um Na'vi.
Pintado a lápis de cor, pensei em usar uma técnica que permitisse reproduzir o tom de pele dos Na'vi - azul-claro com listras azul-escuras. Porém, não saiu como eu imaginava. Talvez devesse ter tentado outra coisa, como Photoshop ou canetinhas...
Mas agora já foi. Buá!
Até mais!

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