segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

História dos Quadrinhos no Brasil - 2a. Edição - parte 2

Olá.
Ainda no clima do Dia do Quadrinho Nacional - que foi ontem, 30 de janeiro - , trago hoje a vocês a segunda parte da minha versão revista e ampliada da História das HQ no Brasil. Hoje, trazendo as décadas de 50 e 60.
Agora, com mais informações e ilustrações - algumas já publicadas anteriormente!



DÉCADA DE 50
Nessa época, as editoras já estavam consolidadas – elas investiam mais em material estrangeiro, embora já houvesse uma tentativa de se promover uma “indústria” brasileira de HQ. Um dos gêneros de maior popularidade no país é o de terror, que floresceu no Brasil na década de 50, enquanto que nos EUA o gênero sofria com a “cruzada antiquadrinhos” que estava sendo empreendida na referida época (como as primeiras histórias de terror publicadas no Brasil eram estrangeiras, quando elas foram proibidas nos EUA artistas brasileiros produziram histórias para suprir a demanda das editoras). Muito embora, no Brasil, também houvesse um Código de Ética dos Quadrinhos, que determinava as regras sobre o que deveria ser publicado ou não nas revistas em quadrinhos; e, além disso, de muitos pais e pedagogos desaconselharem as crianças a lerem HQ. Dentre os artistas que celebrizaram-se nas HQ de terror, estão: Júlio Yoshinobu Shimamoto (artista descendente de japoneses, celebrizado também por suas violentas HQ de samurais, no estilo gekigá, similar ao japonês), Flávio Colin, Eugênio Colonnese, Rubens Francisco (R. F.) Luchetti, Nico Rosso, Rodolfo Zalla (argentino) e Gedeone Malagola. Também nessa época, as HQ ficaram em evidência, pois a Primeira Exposição Internacional de HQ (ver adiante) adiantou-se aos estudos “sérios” sobre o papel das HQ na cultura mundial que os europeus promoveriam a partir da década de 60. Principais acontecimentos da década:
• 1951 – Por iniciativa de Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado, foi realizada, em São Paulo, a I Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, no Centro Cultura e Progresso, a primeira do mundo, e reconhecida pela imprensa européia pelo pioneirismo. No evento, que atrai a atenção do público e da mídia para as HQ, são mostrados originais de Alex Raymond, Hal Foster, Al Capp, Milton Caniff e Will Eisner, dentre outros;• 1952 – Roberto Marinho funda a editora RGE (Rio Gráfica Editora, atualmente Editora Globo), outra importante editora de HQ do século XX;• 1954 – É criado o Código de Ética da Ed. Brasil-América, objetivando salvaguardar os interesses dos editores contra possíveis críticas à violência e à suposta falta de moral de algumas historinhas; Estréia, na TV Record, o programa do herói Capitão 7, que consagrou seu intérprete, o ator Ayres Campos (a família do falecido ator detém, atualmente, os direitos sobre o personagem). Da série, é derivado o gibi, publicado a partir de 1959 pela editora Continental/Outubro, e produzido por Jayme Cortez e Júlio Shimamoto (a aparência do herói nos quadrinhos, entretanto, é diferente da versão da TV).• 1956 – a RGE lança a série Romance em Quadrinhos, de adaptações de romances literários para HQ, na mesma linha da Edição Maravilhosa da EBAL. Dentre os artistas dessa série, podemos citar os nomes de Gutenberg Monteiro (um dos primeiros artistas brasileiros a desenhar no exterior, para editoras dos EUA), Eduardo Barbosa e Gil Coimbra.
• 1957 – O personagem radiofônico Jerônimo, Herói do Sertão, criação de Moysés Weltman, chega às HQ, pela editora RGE, com arte de Edmundo Rodrigues;• 1959 – Jayme Cortez, José Sidekerskis, Victor Chiode, Heli Otávio de Lacerda, Cláudio de Souza, Arthur de Oliveira e Miguel Penteado fundam, no bairro da Mooca, em São Paulo, a Editora Continental (mais tarde, Editora Outubro, e, posteriormente, editora Taika, que funcionaria até o final dos anos 70). Essa editora era uma das que mais incentivava a produção nacional de HQ, publicando exclusivamente obras de artistas brasileiros (alguns títulos dessas editoras são listados adiante); O Anjo, personagem radiofônico criado por Álvaro de Aguiar, chega às HQ, pela editora RGE, com arte de Flávio Colin (este personagem foi homenageado no filme O Escorpião Escarlate, dirigido em 1990 por Ivan Cardoso). Flávio Colin, um dos artistas mais prolíficos do Brasil, é conhecido tanto pelas suas HQ de terror, publicadas em revistas como Calafrio e Spektro, quanto pelas suas HQ de aventura, de temática regionalista, como O Boi das Aspas de Ouro, Histórias Gerais e Fawcett (em parceria com André Diniz), entre outras; É publicada a primeira história produzida no Brasil para os Estúdios Disney. O primeiro artista brasileiro dos quadrinhos Disney foi Jorge Kato, que produziu histórias do Zé Carioca (personagem criado nos EUA em 1942 por Disney), junto com Valdir Igayara. (ficou famoso, inclusive, o caso do “Zé Fraude” – quando, em histórias de Pato Donald e Mickey publicadas no exterior, esses personagens eram substituídos pelo Zé Carioca nas publicações brasileiras – sendo que algumas destas histórias foram desenhadas por Igayara – expediente utilizado para atender a demanda). Mais tarde, em 1971, o gaúcho Renato Canini assume as HQ de Zé Carioca, criando conceitos na série no sentido de “nacionalizar” o personagem – que, anteriormente, seguia o estereótipo americano acerca dos brasileiros. O Estúdio Disney Brasileiro, mantido pela Editora Abril, contou com inúmeros artistas, como: Ivan Saidenberg, (criador de muitos personagens exclusivos das HQ Disney brasileiras, como Morcego Vermelho e Senhor X), Arthur Faria Jr., Primaggio Mantovi, Gerson B. Teixeira, Oscar Kern, Rodolfo Zalla, Fernando Ventura e Marcelo Cassaro. O Estúdio Disney Brasileiro, no entanto, parou de produzir HQ por volta de 1997; o cachorrinho Bidu, que aparece pela primeira vez em tiras publicadas no jornal Folha da Manhã, de São Paulo (atual Folha de São Paulo), e posteriormente ganharia um gibi pela editora Continental/Outubro, é o primeiro personagem criado por Maurício de Souza, o mais influente artista do gênero infantil (ver adiante);• 1960 – Ziraldo Alves Pinto, outro grande expoente das HQ e literatura infantis e do desenho humorístico (ver mais criações deste artista adiante), lança o gibi do personagem Pererê, pela editora O Cruzeiro, que, mais que uma HQ infantil, é uma profunda reflexão sobre o Brasil da era populista (em 1998, Pererê ganhou uma adaptação para a TV, em forma de seriado com atores, pela TVE – e uma segunda temporada estreou em 2010).
Outro artista célebre da década foi José Lanzellotti, um dos maiores ilustradores do Brasil, criador do personagem Raimundo, o Cangaceiro.
No início dessa década, também aparece, em São Paulo, a editora Júpiter, fundada por Gedeone Malagola, Auro Teixeira e Victor Chiode. Entre os gibis publicados por essa editora, está Capitão Astral, de Malagola.
Entre os anos 50 e 60, também vale destacar o aparecimento dos “catecismos”, ou “revistinhas de sacanagem” – quadrinhos pornográficos de desenho canhestro e roteiros que exploram fantasias sexuais masculinas. Por muitos anos, os “catecismos” serviram de guia de iniciação sexual para muitos adolescentes. Seu autor assinava como Carlos Zéfiro, e sua identidade permaneceu em segredo até 1991, quando reportagem do jornalista Juca Kfouri, para a revista Playboy, revelou que era o funcionário público e compositor Alcides Caminha, que faleceu poucos meses depois.

DÉCADA DE 60Nos anos 60, começaram a aparecer os primeiros super-heróis brasileiros. Alguns eram cópias de material estrangeiro (diz-se que isso era consenso entre os artistas brasileiros, já que os heróis estrangeiros eram os que vendiam mais). No entanto, os heróis estrangeiros suplantam os nacionais, pois, entre outros motivos, a publicação daqueles no Brasil é mais barata que o investimento necessário para produzir uma HQ do gênero. Com o aparecimento da Mônica de Maurício de Souza, o mercado das HQ infantis amplia-se – Maurício de Souza, com efeito, é o único artista brasileiro a viver de HQ, enquanto que outros artistas precisam exercer funções paralelas, como a publicidade. Por volta de 1963, havia já mais de 30 títulos de terror nas bancas. Também nessa época aparece o germe dos chamados “mangás brasileiros” – descendentes de japoneses publicavam trabalhos em pequenas revistas de pequena tiragem e vida curta, mas que não passavam de cópias de páginas de artistas japoneses de mangás de terror-erótico. O primeiro contato dos brasileiros com a produção japonesa se deu através da televisão, com os live-action (seriados com atores), como National Kid e Ultraman, e os animes (desenhos animados), como A Princesa e o Cavaleiro, Speed Racer, Fantomas, Patrulha Estelar-Yamato, entre outros. No entanto, após o Golpe de 1964, que instaurou o Regime Militar no Brasil, as HQ humorísticas e de terror começam a sofrer a pressão da censura. Fatos do período:
• 1961 – No Rio Grande do Sul, aparece a CETPA – Cooperativa Editora de Trabalhos de Porto Alegre, idealizada pelo desenhista José Geraldo Barreto Dias e apoiada pelo então governador do RS, Leonel Brizola. A CETPA objetiva a progressiva nacionalização das HQ editadas no Brasil – numa tentativa de responder política e culturalmente ao consumo em massa dos comics estrangeiros. Entre os trabalhos desenvolvidos pelos membros da Cooperativa, estão: Zé Candango, de Renato Canini, e Aba Larga, de Getúlio Delphin. Outros artistas que colaboraram com a CETPA foram Flávio Colin, Júlio Shimamoto e Ivan Saidenberg; aparece o seriado de TV do Vigilante Rodoviário, criação e direção de Ary Fernandes, na TV Tupi, estrelado por Carlos Miranda. Vigilante, o primeiro seriado brasileiro de TV, ganha no mesmo ano um gibi, pela editora Outubro, com roteiros de Gedeone Malagola e arte de Flávio Colin e Osvaldo Talo.• 1962 – Pela editora O Cruzeiro, Dr. Macarra, revista editada por Carlos Estevão, estrelada por seu personagem mais célebre, durou nove números. Estevão é conhecido também pelos desenhos que fez para a revista O Cruzeiro.
• 1963 – Millôr Fernandes, que publicava cartuns e textos dentro da revista O Cruzeiro sob o pseudônimo de Vão Gôgo, produz A Verdadeira História do Paraíso, que desperta polêmica entre os conservadores e ocasiona a demissão de Millôr da revista; surge a Mônica de Maurício de Souza, dentro das tiras do personagem Cebolinha (criado em 1960). Em 1970, a personagem ganha gibi próprio, pela editora Abril (passando, posteriormente, pela Editora Globo e, atualmente, pela Editora Panini). Com isso, Maurício inicia a mais bem-sucedida experiência editorial das HQ brasileiras, criando um rico elenco de personagens, muitos deles ganhando suas próprias revistas: Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Jotalhão e a Turma da Mata, Bidu, Astronauta, Papa-Capim, Piteco, Horácio (este, o único personagem desenhado pelo próprio Maurício nos dias de hoje), Penadinho, Louco e muitos outros. A Turma da Mônica também é uma das poucas HQ brasileiras publicadas no exterior, e a sobreviver à crise dos anos 90 – muito se devendo a isso o fato de a personagem também ter estampado diversos produtos e rendido incursões nos desenhos animados e campanhas educativas. • 1964 – Jacaré Mendonça, tira de aventuras, uma das primeiras séries produzidas por Rodolfo Zalla no Brasil (o artista chegou aqui em 1963); Aparecem Homem-Lua e Raio Negro, os dois mais conhecidos super-heróis criados por Gedeone Malagola, o mais ativo artista da Gráfica Editora Penteado (GEP), fundada por Miguel Penteado (após sua saída da Editora Continental) nessa época. Essa editora também publicava a revista dos X-Men (enquanto que outros personagens da editora americana Marvel saíam pelas editoras EBAL e Bloch – na época, os X-Men não eram tão conhecidos como hoje). Curiosidade: como a revista em questão não tinha muita publicidade, o material de Stan Lee e Jack Kirby dividia espaço com histórias curtas dos personagens produzidas por artistas brasileiros – algumas, roteirizadas por Malagola; Fradinhos, de Henfil (Henrique de Souza Filho). O mais influente artista do humor brasileiro dos anos 60 a 80, Henfil faz um retrato ácido de sua época em seu traço caligráfico. Outros personagens célebres do artista são: Zeferino, Graúna e Ubaldo, o Paranóico. Além disso, Henfil também escreveu e dirigiu o filme Tanga – Deu no New York Times?, de 1987; Millôr Fernandes edita a revista humorística Pif-Paf, que durou oito números (Pif-Paf foi uma das muitas revistas humorísticas censuradas pela ditadura militar que instala-se nesse mesmo ano); Fidêncio, o Gaúcho, de Júlio Shimamoto, no jornal Folha de São Paulo (mais tarde, essa série seria republicada nos gibis do personagem Carabina Slim, da editora Noblet, em 1985, e em 2009 a série foi republicada, em uma série de quatro números, pela SM Editora/Júpiter II). • 1965 – Aparece Ficção, o primeiro fanzine brasileiro, editado por Edson Rontani em Piracicaba, SP. Esse fanzine era dirigido aos fãs de HQ, fazendo um apanhado da produção brasileira de então (orientação que seria seguida por outros fanzines publicados nessa época). Os fanzines (revistas alternativas, artesanais, publicadas muitas vezes às custas dos próprios editores), no Brasil, são o principal veículo de divulgação das HQ nacionais, ainda que de forma independente e marginal. Muitos artistas brasileiros começaram sua carreira através dos fanzines: Marcatti, Fábio Moon e Gabriel Bá, Denise Akemi, Lourenço Mutarelli... (ver mais sobre os fanzines adiante); Aparece a editora Edrel, fundada por Minami Keizi, em sociedade com Salvador Bentivegna e Jinki Yamamoto. O artista mais notável dessa editora foi Cláudio Seto (Chuji Seto Takeguma), reconhecido como um dos primeiros desenhistas brasileiros do estilo mangá, similar ao japonês (Seto foi discípulo do artista japonês Sampei Shirato, de A Lenda de Kamui). Dentre as obras desenvolvidas por Seto para a Edrel, estão os infantis Ninja e Flavo, o épico Samurai e o erótico Maria Erótica. Outras revistas importantes da editora foram O Ídolo Juvenil e a dos heróis Pabeyma (criação de Nelson Cunha e Paulo Fukue) e Fikom (criação de Fernando Ikoma). A Edrel fecha em 1975; pela editora Taika, aparece o gibi do herói O Escorpião, desenhado por Wilson Fernandes. O personagem, cópia do Fantasma de Lee Falk, mas que combatia o crime na Amazônia, quase foi alvo de uma disputa judicial com a King Features Syndicate, representada no Brasil pela editora RGE, que publicava as HQ do Fantasma – por isso, o personagem foi reformulado em 1967, por Francisco de Assis e Rodolfo Zalla, o que garantiu a continuidade do gibi; no Jornal do Brasil, aparece Jeremias, o Bom, de Ziraldo – o personagem, que seria publicado na revista O Cruzeiro a partir de 1969, passaria a criticar a ditadura militar e, consequentemente, seria censurado; A Bienal de São Paulo, através do contato estabelecido por interessados brasileiros com o Instituto de Pedagogia da Universidade de Roma e a CELEG (Centro de Estudos sobre as Literaturas de Expressão Gráfica, antes Clube das Histórias em Quadrinhos) de Paris, traz ao Brasil a Exposição de Quadrinhos de Bordighera (Itália); • 1966 – Aparece, na TV Tupi, o herói Capitão Aza, interpretado pelo ator Wilson Viana. As HQ desse personagem saíram a partir de 1973, na revista O Cruzeiro Infantil da editora O Cruzeiro, escritas e desenhadas por Ari Moreira; no jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre (RS), aparece o personagem Sofrenildo, de Sampaulo (Paulo Brasil Gomes Pereira Sampaio); O Brasil ganha uma representação no Festival de Quadrinhos de Lucca (Itália), a única da América Latina na ocasião. Entre os artistas representantes brasileiros, estavam: Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Maurício de Souza e Sérgio Lima.• 1967 – Eugenio Colonnese e Rodolfo Zalla criam o Estúdio D-Arte, para cumprir prazos de produção de HQ para as editoras (os artistas do Estúdio chegaram a fazer cerca de 300 páginas de HQ por mês). O Estúdio dura até 1969, mas é retomado em 1981, já como uma editora; Primeira aparição, na revista O Vampiro da editora Jotaesse, da personagem Mirza, a mulher vampiro, de Eugênio Colonnese, sua mais importante personagem das HQ de terror; Zeróis, de Ziraldo, sátira aos super-heróis americanos; Golden Guitar, de Rivaldo Macedo e A. Torres, pela editora Graúna (herói criado em sintonia com o sucesso da Jovem Guarda). Outro herói importante dessa editora foi Mistiko, criação de Percival de Souza e Rubens Cordeiro.• 1968 – No jornal Correio da Manhã, aparece Capitão Cipó, de Daniel Azulay (artista também lembrado como o criador da série televisiva infantil Turma do Lambe-Lambe, exibida nos anos 70); X-Man, de Eugênio Colonnese (da linha de super-heróis criados pelo autor, também se destacam Mylar, Superargo e Pele de Cobra); O Pato, de Ciça (Cecília Whitaker Vicente de Azevedo Alves Pinto), tira de animais que critica a política e a sociedade do período; aparecem as HQ de Zé do Caixão, o célebre personagem cinematográfico criado em 1963 por José Mojica Marins. As HQ eram produzidas por R. F. Luchetti e Nico Rosso; Na mesma linha, na revista Seleções do Terror da editora Taika, aparece a personagem Naiara, a filha de Drácula, de Helena Fonseca e Juarez Odilon (mais tarde, por Nico Rosso); • 1969 – Supermãe, de Ziraldo; aparece o jornal alternativo O Pasquim, concebido por Tarso de Castro, Sérgio Cabral e Jaguar (Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe). O Pasquim é o jornal símbolo da resistência política e cultural de sua época, privilegiando o texto e o cartum (dentre os artistas-editores que publicaram no Pasquim, estão Jaguar [que lança aí sua tira Chopnics, de onde sairia seu personagem mais conhecido e mascote da publicação, o rato Sig] Ziraldo, Claudius Ceccon e Millôr Fernandes), além de publicar entrevistas célebres, como a que foi realizada com a atriz e modelo Leila Diniz. O jornal, cuja equipe sobreviveu a inúmeras prisões pelo Regime Militar e até a atentados a bomba, dura até 1991, e é relançado em 2002 (com o nome O Pasquim21), por Ziraldo e Zélio Alves Pinto – encerrado em 2004; Álvaro de Moya e o cineasta Rogério Sganzerla (de O Bandido das Luz Vermelha) produzem o documentário de curta-metragem Histórias em Quadrinhos, com um resumo da produção quadrinhística de então;• 1970 – O Brasil se insere na onda dos estudos “sérios” sobre o papel das HQ na cultura: nesse ano, são publicados os livros A Explosão Criativa dos Quadrinhos, de Moacy Cirne (RJ, Vozes), e Shazam!, organizado por Álvaro de Moya (SP, Perspectiva), as primeiras obras teóricas sobre HQ do país. Outros teóricos célebres aparecem com o passar do tempo: Zilda Augusta Anselmo, Sônia Bibe Luyten, Franco de Rosa, entre outros; Judoka, de Eduardo Baron, Pedro Anísio e Mário Silva, pela EBAL (o mais célebre desenhista do personagem foi Floriano Hermeto. Judoka é tido como um dos heróis brasileiros mais identificados com o clima de ufanismo da Ditadura Militar Brasileira. Além disso, Judoka ganhou uma adaptação cinematográfica em 1972); mais uma versão em HQ do romance O Guarani, produzida por Edmundo Rodrigues.Outros personagens, surgidos no final da década de 60, que vale a pena citar, são: Targo, cópia do Tarzan, pela editora Continental/Outubro, e a seguir pela Taika, roteirizada por Helena Fonseca e Francisco de Assis; e Fantar, pela GEP, de Milton Mattos e Edmundo Rodrigues (4 números).
Foi também no início dessa década que Júlio Shimamoto, na revista Histórias Macabras # 19, da Editora Outubro, lançou O Fantasma do Rincão Maldito, a primeira história de samurais produzida fora do Japão.

Para encerrar, hoje temos Letícia, em um novo ciclo de tiras. Na próxima postagem: as décadas de 70 e 80.
Até mais!

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