Sem que ninguém esperasse, a Editora Escala larga nas bancas mais uma edição do gibi DIDI E LILI GERAÇÃO MANGÁ!
O gibi, que adapta para a linguagem dos mangás as aventuras fantásticas (e pueris) do comediante Renato Aragão e sua filha Lívian, e produzido pelo Estúdio Franco de Rosa, chega ao décimo número, novamente como um gibi "devezenquandário", apesar de no expediente constar que é uma publicação mensal.
O subtítulo do post pode ser explicado: quando comprei o gibi e li as chamadas da capa, achei que o gibi seria de inferior qualidade. E cheguei a pensar: "oh, que vontade de morrer"... Porque é triste constatar: quase nunca temos gibi feito por brasileiros nas bancas, e quando temos é quase tudo porcaria... Porém, ao ler o gibi, passou a vontade de morrer, pois as soluções encontradas para resolver as histórias são surpreendentes e inesperadas. Ou melhor, de uma das histórias, que tinha tudo para ser um pastiche de um clássico mas que tomou um rumo bastante inesperado.
E quem já conhece o gibi sabe que tanto o Estúdio Franco de Rosa quanto a Editora Escala calcam as histórias do gibi nas modas do momento, o que prejudica muito a continuidade e destrói a unidade existentena série.
São três histórias, todas desenhadas por veteranos do quadrinho nacional. Com certo atraso, a bola da vez do gibi é a criticada adaptação cinematográfica do herói Lanterna Verde.
A primeira historinha, Didi, o Lamparina Verde, tem roteiro de Jeferson e Gian Danton e arte de Sergio Morettini (que desenhou histórias do número anterior). Nela, Didi, ao escalar uma montanha para colher uma flor rara, presencia a queda de uma nave espacial e, ao averiguar os destroços, acaba recebendo do ocupante da nave um anel que lhe confere grandes poderes. Bem, esta história sim, é um pastiche da origem do Lanterna Verde - que pena que é a história colorida da edição. O Didi age tal qual Hal Jordan, o Lanterna Verde original, inclusive criando artefatos unisitados com o seu anel. O clímax da história é a luta de Didi para salvar um sábio espacial e sua filha de um vilão - porém, essa historinha perde em emoção, pois Didi salva o dia muito facilmente. Até covardia. Além disso, é difícil reconhecer a arte desta HQ como um legítimo Sérgio Morettini, pois quem conhece sua arte sabe que sus arte-final é caracterizada pelo traço "quadrado" e pelo efeito de linhas inacabadas e descontínuas. As linhas da HQ são arredondadas, completas, e alternam contornos grossos e finos, preenchidos com cores chapadas que não dão um efeito muito bom. Parece que os créditos da HQ se enganaram: acho que essahistória não foi artefinalizada pelo Morettini. Esta HQ, sim, dá vontade de morrer. Mas a mocinha, pelo menos, é bonita.
A segunda historinha, mais curta, é estrelada por Bonga, o mini-Didi. Bonga e a Corrida foi desenhada por Sergio Morettini. Esta, sim, é um legítimo Morettini nos desenhos. Porém, muita gente vai ter dificuldade para entender o que acontece na historinha. Talvez seja pela quadrinização fora de lugar, que deixa a sequência dos quadrinhos difícil de entender. Ou talvez seja pelo roteiro sem pé nem cabeça. Aliás, esta historinha deveria ter saído na edição anterior - por isso, seus créditos não constam no expediente de gibi, ficaram no gibi anterior.
Lili de Neve e os 7 Anões, a terceira história, salva a edição. Aqui, o artista Wanderley Felipe, o Vanderfel (que escreveu, desenhou, artefinalizou e reticulou a historinha) traz uma versão da clássica história de Branca de Neve - naturalmente, quem encarna a princesinha é Lili. Na verdade, é só a historinha direta, sem uma explicação prévia se ela entrou na história através do livro mágico (ver edição 6) ou coisa assim. Bem. Até uma certa altura, é a história clássica: a Rainha má resolve dar fim em Lili de Neve, mas o caçador contratado para matá-la se nega a fazer o serviço, aí Lili se perde na floresta e é acolhida pelos Sete Anões (todos iguaizinhos entre si, e com jeitão de criança no traço de Vanderfel); aí a Rainha Má se disfarça de morcego e oferece uma maçã envenenada e aí... até aí, parece, antes de uma cópia, um Pastiche do conto clássico; porém, há uma guinada inesperada: depois que Lili é dada como morta e colocada no caixão de cristal, ela desperta... como uma vampira!!! É isso mesmo! Foi uma reviravolta inesperada e muito divertida! Porém, no final, com a aparição do príncipe, volta a ser o que era antes... Realmente, uma experiência inesperada em termos de paródia de HQ. Até então, não tinha conhecimento de ninguém que tenha feito algo similar com a história da Branca de Neve. O traço de Vanderfel para o mangá é divertidamente infantil, numa arte-final de linhas bem finas e o traço "comercial" - é o estilo que Wanderley Felipe usa nas ilustrações que ele faz para outras publicações, principalmente para a Editora Escala. Muito diferente do que foi visto até agora na série. Salvou a edição.
Nosaldo final, eu diria que a edição ganhou nota média-alta. Muito melhor que a edição anterior. Porém, da próxima vez, a editora precisa revisar os créditos do expediente da revista. Ah, e que pelo menos uma história da próxima edição seja desenhada pelo mestre Arthur Garcia!!!
Para quem quiser conferir, o preço de R$ 4,90 foi mantido. Vale a pena: a reputação do quadrinho nacional ainda não caiu depois dessa.
Para encerrar, mais agumas tiras inéditas de Letícia. Estas aqui são as restantes do arco até agora publicado no Blog da Letícia. E ainda estou correndo para agilizar o material inédito. Enquanto isso, vou me servindo de um expediente: felizmente, eu tenho em meus arquivos algumas histórias inéditas de Letícia de uma página. Para segurar as pontas, já vale.
É isso aí.
Até mais!
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