terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ALMANAQUE SHOUJO MANGÁ

Olá.
Há algum tempo, deixo exarcebar o quanto sou fã de mangás e animes japoneses. O estilo de desenho japonês se tornou muito popular nos anos 90 e nos anos 2000.
O que mais chama a atenção na produção japonesa é a diversidade. Apesar de existir uma espécie de traço "standard", ou seja, os personagens precisam ter "obrigatoriamente" olhos grandes e traços caucasianos, vários tipos de histórias podem ser contadas. Existem mangás para todos os tipos de público: desde o mais popular, o shounen ou mangá para garotos, até o gekigá, de temática mais adulta, passando pelo mangá shoujo, destinado (primordialmente) ao público feminino.
Bem, não que eu goste de comprar mangás, mesmo. Eu sou meio seletivo com o que costumo comprar, afinal a diversidade de títulos é beeem grande, e, além disso, nem me interesso muito em comprar tudo o que vejo em mangá: às vezes,é um título do qual nem sei do que se trata. Uma boa constatação do que eu afirmo está na imensa quantidade de mangás shoujo recentemente nas bancas: títulos como Marmalade Boy, Kare First Love, Honey & Clover, Kare Kano, Sunadokei, Colégio Ouran Host Club, Colégio Feminino Bijinzaka, Nana, Full Moon Wo Sagashite... Muitos desses títulos eu nem compro, não por serem para garotas, mas por que nem sei do que se trata. Ou pelo menos não sabia até recentemente.
Informação é fundamental para adentrar no caudaloso e às vezes cheio de riscos mundo dos quadrinhos. Por isso, fãs de HQ não podem desprezar os livros teóricos, que além de informações preciosas, traz opiniões fundamentadas sobre a oitava arte.

Hoje, vou falar de um livro teórico sobre mangás - e um que chega em boa hora. Trata-se do ALMANAQUE SHOUJO MANGÁ - O Poder da Sedução Feminina, Organizado por Eloyr Pacheco - escrito por Pacheco, Gustavo Zolinger Zanin, Humberto Yashima, Lucas Tanaka, Priscilla Murakami e Franco de Rosa.
ALMANAQUE SHOUJO MANGÁ foi publicado em 2009, pela editora Escala, e afirma-se "a mais completa obra do gênero em português". É repleto de ilustrações e informações.
Para começar, a orelha do livro afirma que "shoujo, shojo ou shojô" são as três formas corretas de pronunciar o nome do gênero aqui no ocidente. Necas de pitibiriba! Eu aprendi que o correto de pronunciar é SHOUJO, que significa garota em japonês; SHOJO, sem o U, significa "virgem".
Bem, tirando isso, o ALMANAQUE SHOUJO MANGÁ traz tudo o que um fã precisa saber para se inteirar nessa mania mundial.
Após uma introdução sobre o estilo em si, no primeiro capítulo somos informados dos primórdios do estilo shoujo, que teve como precursor o "Deus Mangá" Osamu Tezuka e seu A Princesa e o Cavaleiro, em 1953. Até os anos 60, os shoujo mangá eram elaborados exclusivamente por homens, até a ascensão de Machiko Satonaka, que começa a trabalhar em 1964, ao ganhar o concurso de novos talentos da revista Ribbon; a partir daí, os shoujo mangá são elaborados exclusivamente por mulheres. Após essa breve introdução, há um pequeno relatório sobre o grupo CLAMP, o mais famoso grupo de artistas de mangá do mundo (são das quatro mulheres, egressas de um grande grupo de fanzineiros nos anos 80, simplesmente: Guerreiras Mágicas de Rareyarth, Sakura Card Captor, Chobits, Angelic Layer, X, Tokyo Babylon, XXX Holic e muitos outros; e uma breve biografia de Cláudio Seto, o primeiro artista brasileiro em estilo mangá.
No capítulo seguinte, temos uma pequena relação das bandas musicais japonesas de maior sucesso da atualidade - já que, no Japão, os músicos que fazem temas para animes são muito famosos, equivalente aos popstars ocidentais. Dentre as bandas que são biografadas no livro, estão L'arc~en~ciel, Malice Mizer, Do As Infinity, X-Japan e a mais conhecida aqui no ocidente: Puffy Amiyumi, que viraram desenho animado pelo Cartoon Network.
No terceiro capítulo, um pouco sobre a moda mangá - vocês sabiam que os mangás influenciam a moda japonesa? E não falo apenas dos cosplays, as pessoas que se vestem como personagens!
Os capítulos 4, 5, 6 e 7 tratam exclusivamente de Brasil: no capítulo 4, consagrados artistas brasileiros dão suas opiniões sobre sua convivência com os shoujo mangá; no 5, um panorama da produção independente de revistas - boa parte da produção brasileira em estilo mangá é feita de forma independente, seja em editoras pequenas, seja nos chamados fanzines (no japonês, doujinshis); no 6, três entrevistas com gente, daqui do Brasil, que lida com a área: Beth Kodama, a roteirista da série brasileira Ethora e editora de mangás da editora Panini; Marcelo Del Greco, o editor da editora JBC; e Bárbara Linhares, uma das maiores fanzineiras e ilustradoras do país; e, no 7, algumas biografias de artistas brasileiras que lidam, de alguma forma, com o mangá, e que tiveram atuação marcante no final dos anos 90 e início dos anos 2000: desde a professora e escritora teórica Sônia Bibe Luyten (Mangá, o poder dos Quadrinhos Japoneses e Cultura Pop Japonesa) até artistas: Érica Awano (conhecida como a desenhista de Holy Avenger), Érica Horita (Ethora), Denise Akemi (do fanzine Tsunami), Elza Keiko (roteirista e editora de mangás da Mythos e da Panini), Eddie Van Feu (roteirista de, entre outros, Clube dos 5, Heróis S. A., Alcatéia), Carolina Mylius (desenhista de Alcatéia), Petra Leão (roteirista de Victory 2 e alguns especiais de Holy Avenger), o Studio Seasons (Oiran e Sete Dias em Alesh) e as irmãs Adriana e Débora Usagi (respectivamente, artistas de Clube dos 5 e Heróis S. A.).
No capítulo seguinte, as biografias e obras das 10 maiores desenhistas de mangá da atualidade. Aqui são listadas oito artistas de mangá shoujo (Miwa Ueda [Peach Girl], Ryoko Ikeda [A Rosa de Versalhes], Natsuki Takaya [Fruits Basket], Masami Tsuda [Kare-Kano], Yuu Watase [Fushigi Yuugi], Mokona Apapa [desenhista principal do grupo CLAMP], Ai Yazawa [Nana] e Naoko Takeuchi [Sailor Moon]) e duas mulheres que trabalham com mangás shounen (Hiromu Arakawa [Fullmetal Alchemist] e Rumiko Takahashi [Ranma 1/2, InuYasha]).
No capítulo seguinte, os 100 maiores shoujo mangás de todos os tempos, uma lista seleta que reúne desde obras inéditas e desconhecidas no Brasil como títulos conhecidos apenas pelos animes, títulos cujos mangás foram publicados por aqui e muitas séries célebres. Todas com resumo, ano de publicação, autores e informações adicionais. Entre as obras mais conhecidas da lista, Sailor Moon, Sakura Card Captor, Guerreiras Mágicas de Rareyarth, A Rosa de Versalhes, Kare Kano, Peach Girl, A Princesa e o Cavaleiro, Nana e muitas mais.
O capítulo seguinte lista os 50 meninos mais bonitos dos mangás (o capítulo mais dispensável do livro se você for rapaz).
O próximo capítulo lista os 50 melhores animês - todos com informações sobre número de episódios, adaptações para cinema, etc. Esta lista está em ordem alfabética.
O penúltimo capítulo lista os 50 melhores vídeos de shoujo disponíveis no YouTube. Trechos de animes, vídeos musicais, aberturas, etc.
E, finalmente, um panorama dos shoujo mangá no Japão: quais são as séries que estão fazendo sucesso atualmente nas principais revistas do gênero (como a Ribon, a Nakayoshi, a Bessatsu Margaret e a Hana to Yume).
Esta é uma publicação teórica imperdível! Para quem gosta de mangás, vale a pena ter na estante - e não precisa ser necessariamente meninas: os meninos que se interessam pelo estilo mangá também podem apreciar sem medo.
O único porém é que o livro apresenta graves erros de diagramação de texto como frases repetidas, legendas erradas e informações contraditórias. Ha, mas o que se pode esperar da editora Escala, uma das editoras que menos primam pelo cuidado de suas publicações?! Está certo que erros acontecem com qualquer editora, mas os da Escala são mais gritantes que qualquer outra!
Tirando isso, podem apreciar a obra sem medo. E as ilustrações são lindas. Ah, mas eu comprei o livro apenas pela parte teórica, caras. Para aperfeiçoar a minha História das Histórias em Quadrinhos e minha História dos Quadrinhos no Brasil. Quem quiser pedir esses arquivos em word (a partir da série já anteriormente publicada aquino blog), é só pedirem através do e-mail: rafaelgrasel@yahoo.com.br.
Para encerrar, um desenho que fiz de Sailor Moon. A personagem símbolo dos shoujo mangá e que mais marcaram minha infância. Até hoje me arrepio se consigo assistir algum trecho do anime da guerreira da lua! Mas acho que acabei errando o modelo do cetro dela... buá.
Até mais!

Um comentário:

Fabrício disse...

Comprou pela parte teórica... sei..
Vai dizer q tu compras Playboy só pra as entrevistas também...
Rapaiz, pior q é tanta coisa q sai q um guia desses realmente ajuda e complementa o conhecimento do cara pra melhor apreciar o estilo.
Ah! finalamente uma postagem pra todas as idades!